domingo, 2 de novembro de 2025

Brasil busca solução rápida para “tarifaço”, mas EUA ainda travam negociações

Governo quer resolver impasse tarifário com os EUA em até 15 dias, mas risco de Trump usar pressões e chantagens é grande

Bandeiras do Brasil e dos Estados Unidos (Foto: Reuters/Evelyn Hockstein)

O governo brasileiro tenta acelerar uma solução diplomática para o chamado “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos. A expectativa do Planalto é que uma reunião com representantes da Casa Branca aconteça em até 15 dias, em Washington, com o objetivo de discutir a retirada das sobretaxas de até 40% sobre produtos brasileiros.

Segundo o G1, devem participar do encontro o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Apesar do otimismo moderado, fontes do governo reconhecem que a ausência de clareza sobre as exigências norte-americanas gera preocupação e levanta o alerta para possíveis pressões do presidente Donald Trump, que pode tentar transformar a negociação em uma demonstração de força.

No Planalto, há receio de que o presidente dos Estados Unidos utilize o impasse tarifário para impor chantagens diplomáticas e cobrar concessões que extrapolem o campo comercial, especialmente em temas sensíveis como meio ambiente, tecnologia e geopolítica regional. Diplomatas avaliam que Trump pode tentar “vender” internamente um eventual acordo como uma vitória pessoal, o que limitaria a margem de manobra brasileira.“Se Trump se reúne com Lula e não menciona os termos da carta de julho, significa que esses tópicos estão fora da mesa da conversa”, disse uma fonte ouvida pelo G1, referindo-se às tentativas anteriores da Casa Branca de vincular a pauta tarifária a temas políticos. Mesmo assim, no Itamaraty, cresce o entendimento de que o presidente norte-americano pode recorrer a táticas de pressão para obter vantagens nas negociações.

◈ Brics e Venezuela seguem fora da pauta

O governo brasileiro descarta, por ora, a inclusão de temas como a participação do Brasil no Brics ou o comércio de terras raras na rodada de conversas. No entanto, diplomatas admitem que a Venezuela pode voltar a ser citada por Washington como forma de barganha, embora o assunto não deva ocupar posição central no encontro. “É um tema muito preocupante e traz consequências complicadas para a região, portanto não descartamos que volte a ser ventilado”, afirmou outra fonte do governo.

◈ Estratégia do Planalto busca preservar soberania e equilíbrio

A equipe econômica e diplomática brasileira tenta montar uma estratégia de negociação que evite concessões assimétricas, preservando a autonomia política do país e, ao mesmo tempo, garantindo uma saída rápida para o impasse comercial. Embora ainda não haja data confirmada para o encontro entre os negociadores, o governo teme que a cúpula do clima em Belém atrase a viagem da comitiva brasileira a Washington. Mesmo assim, o Ministério das Relações Exteriores segue empenhado em construir um entendimento que combine pragmatismo comercial e resistência a possíveis manobras de pressão política.

◈ Expectativas e riscos

A depender da postura americana, o Brasil pode enfrentar um dilema entre aceitar condições que favoreçam Washington ou prolongar o impasse, com impactos econômicos imediatos. Para diplomatas experientes, o risco de chantagem política não pode ser descartado, e o governo brasileiro precisa “negociar com firmeza, sem perder a independência”.

O resultado das conversas será decisivo para o comércio exterior e para a imagem do Brasil como ator relevante e soberano no cenário internacional. O desfecho também servirá como termômetro das relações entre o governo Lula e o presidente Donald Trump.

Fonte: Brasil 247 com informações do G1

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