domingo, 2 de novembro de 2025

Boulos critica chacina de Castro e diz que governo não ficará calado

Ministro reage à operação sangrenta no Rio, acusa o governador de tentar transferir culpas e afirma que o Planalto responderá a cada ataque

Brasília (DF), 29/10/2025 - O novo o Secretário-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos, fala durante cerimônia de posse, realizada no Palácio do Planalto. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O ministro Guilherme Boulos, da Secretaria Geral da Presidência, criticou duramente a operação policial conduzida pelo governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), que resultou em dezenas de mortes e foi classificada por ele como uma “pirotecnia com sangue”. Em entrevista ao jornal O Globo, o ministro afirmou que o governo federal não permanecerá em silêncio diante das acusações do governo fluminense e prometeu uma resposta firme a cada tentativa de confronto político.

“O que acirra é o governador, depois de fazer uma operação sem pedir ajuda, querer jogar a conta no governo federal”, disse. “A PEC da Segurança Pública foi enviada ao Congresso há meses, e o Cláudio Castro foi contra. Uma coisa é ter relação institucional, outra é apanhar calado. Cada ataque vai ter resposta.”

A declaração foi interpretada como um recado direto ao Palácio Guanabara, após a sequência de críticas de Castro ao governo federal. Segundo o ministro, a operação não só desrespeitou a coordenação entre os entes federativos, como também serviu a propósitos midiáticos. “O governador tenta se descolar da responsabilidade, mas ele próprio rejeitou mecanismos de cooperação nacional em segurança pública”, destacou.

☆ “O governo não ficará calado”

O ministro reforçou que o Planalto vai manter o diálogo institucional com os estados, mas não aceitará ataques políticos baseados em tragédias. “O governo não ficará calado diante de injustiças e manipulações”, afirmou. Segundo ele, é necessário discutir segurança pública com responsabilidade e planejamento, e não por meio de operações que expõem as comunidades a massacres e reforçam a lógica do confronto.

☆ Diálogo com trabalhadores e movimentos sociais

Apesar do embate com o governo do Rio, o ministro destacou que sua prioridade à frente da pasta será fortalecer a interlocução com a sociedade. De acordo com ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o encarregou de percorrer o país até maio, com o objetivo de conversar com movimentos sociais, trabalhadores informais e pequenos empreendedores.

“A primeira missão dada pelo presidente é rodar o Brasil. Vou para todos os estados até maio. Conversar com os movimentos sociais e os setores com os quais às vezes temos dificuldade de dialogar”, explicou.

O plano inclui a criação de grupos de trabalho com trabalhadores de aplicativos e pequenos empreendedores. “A ideia é construir soluções para um setor que em geral está na informalidade e que às vezes tem um grau de resistência às políticas do governo. A classe trabalhadora mudou”, afirmou.

☆ Regulação das plataformas e autocrítica à esquerda

Questionado sobre a proposta de regulação do trabalho por aplicativos, o ministro disse que o novo texto será aprimorado. “Os trabalhadores querem uma garantia, mas a remuneração mínima tem um peso maior para eles”, afirmou.

Ele também defendeu maior transparência nas taxas cobradas pelas empresas. “Por que as plataformas ficam com uma fatia tão relevante de cada viagem? Só pela intermediação tecnológica? Isso precisa ser regulamentado.”

O ministro reconheceu que a esquerda errou ao impor visões sem escutar a base. “A esquerda errou muitas vezes porque sempre colocou o que quer para os trabalhadores dessas novas formas de trabalho. Poucas vezes parou para ouvir o que eles querem.”

☆ “Democracia não é apertar um botão a cada quatro anos”

As viagens pelo país, segundo o ministro, não têm caráter eleitoral. “Diálogo com a população não pode ser só de quatro em quatro anos apertando um botão na urna. Isso é uma democracia limitada”, afirmou. Ele ressaltou que a escuta ativa é parte essencial da atuação governamental e deve ser constante.

☆ Aproximação com evangélicos e periferias

Outro foco de sua gestão será o fortalecimento do diálogo com as comunidades evangélicas e religiosas. “Quero dialogar com evangélicos, católicos, gente de todas as religiões. Se o presidente me der essa atribuição, farei com gosto”, declarou.

O ministro lembrou que o movimento dos sem-teto, do qual é oriundo, possui forte presença de lideranças religiosas. “Eles estão concentrados nas periferias e se beneficiam com políticas do governo. É essencial destravar a conexão com milhões de evangélicos nas periferias.”

☆ Governabilidade, sucessão e Supremo

O ministro rejeitou a ideia de que sua nomeação represente uma guinada à esquerda no governo e reafirmou que sua atuação seguirá as diretrizes de Lula. “Quem teve 60 milhões de votos para conduzir o governo é o presidente Lula. Ele vai definir a minha atuação.”

Ele também classificou como “desrespeitoso” antecipar o debate sobre sucessão presidencial. “Ele é presidente do Brasil pela terceira vez e será eleito novamente no ano que vem. Fazer um debate sobre sucessão é extemporâneo.”

Fonte: Brasil 247 

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