quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Saiba como PL que deve ser vetado por Lula reduz penas de Bolsonaro e golpistas

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. Foto: Reprodução

O projeto da Dosimetria aprovado pelo Senado nesta quarta-feira (17) e que agora será analisado pelo presidente Lula (PT) pode reduzir em mais da metade o tempo de prisão em regime fechado dos condenados pela trama golpista, incluindo Jair Bolsonaro, Walter Braga Netto, Paulo Sérgio Nogueira e Alexandre Ramagem. Com informações do Globo.

Pelos cálculos feitos a partir do texto aprovado, Bolsonaro teria o período em regime fechado reduzido de 5 anos e 11 meses para cerca de 3 anos e 3 meses, o que permitiria sua saída da prisão, no máximo, no início de 2029. A redução decorre da mudança nas regras de progressão de regime previstas na Lei de Execução Penal.

O impacto é ainda maior para outros réus. Walter Braga Netto, que, pela legislação atual, deixaria a prisão em aproximadamente 5 anos e 7 meses, poderia cumprir menos de dois anos em regime fechado. Já Paulo Sérgio Nogueira, militar com a menor pena entre os condenados, poderia sair após cerca de 1 ano e 4 meses.

O deputado federal Alexandre Ramagem, atualmente foragido nos Estados Unidos, também pode ser beneficiado. Com a nova dosimetria, sua pena total poderia cair para menos de oito anos, abrindo a possibilidade de cumprimento já em regime semiaberto.

Segundo a professora de Direito da Fundação Getulio Vargas Luísa Ferreira, isso depende de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF): “A lei diz que quem tem a pena entre quatro e oito anos pode ir para o regime inicial semiaberto. Não é uma progressão imediata: nesse caso, a defesa pediria para o Supremo reanalisar a situação dele para ver se poderia ser aplicado o regime inicial semiaberto. Mas dependeria de uma decisão judicial, porque não é algo automático; a lei diz apenas que pode”.

Progressão pode ser ainda menor

Além da mudança nas regras de progressão, os condenados podem se beneficiar da remição de pena, mecanismo que reduz o tempo de prisão por meio de trabalho e estudo. A legislação prevê:

  • redução de 1 dia de pena a cada 3 dias trabalhados;
  • redução de 1 dia de pena a cada 12 horas de estudo, presencial ou a distância;
  • redução de até 4 dias por livro lido, com apresentação de resumo;
  • abatimento adicional por cursos profissionalizantes.
Esses fatores também são avaliados pelo STF ao analisar pedidos de progressão, junto com o comportamento do réu no sistema prisional.

Montagem: Jair Bolsonaro, Walter Braga Netto, Augusto Heleno, Anderson Torres, Alexandre Ramagem, Almir Garnier Santos e Paulo Sérgio Nogueira — Foto: g1
Jair Bolsonaro, Walter Braga Netto, Augusto Heleno, Anderson Torres, Alexandre Ramagem, Almir Garnier Santos e Paulo Sérgio Nogueira. Foto: Reprodução

Como muda o cálculo das penas

O novo cálculo considera alterações centrais na Lei de Execução Penal. Bolsonaro e integrantes da cúpula do governo foram condenados por cinco crimes: golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa, dano qualificado e deterioração do patrimônio público.

Pela regra atual, a progressão exigiria o cumprimento de 25% da pena para crimes cometidos com violência ou grave ameaça e 16% para deterioração do patrimônio. Com o projeto, a progressão passa a ser de 16% para todos os crimes, reduzindo significativamente o tempo em regime fechado.

O texto também aplica o concurso formal aos crimes de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, permitindo que apenas o crime mais grave seja considerado, com acréscimo de 1/6 até metade da pena.

Redução maior para réus sem liderança

Outra previsão beneficia militares e outros condenados que não exerceram papel de liderança: nesses casos, a pena pelos crimes políticos pode ser reduzida em até dois terços. No julgamento, apenas Bolsonaro teve a pena agravada por liderança, o que amplia os efeitos da redução para os demais réus.

No caso do ex-presidente, a pena total cairia de 27 anos e 3 meses para cerca de 22 anos e 1 mês. Para a progressão, a pena considerada seria de 19 anos e 7 meses, exigindo o cumprimento de 16%, o equivalente a aproximadamente 3 anos e 3 meses em regime fechado — prazo que pode ser ainda menor com a remição.

Confira:

Jair Bolsonaro

  • Projeção de saída da prisão antes: 5 anos e 11 meses
  • Projeção de saída da prisão agora: 3 anos e 3 meses. Cálculos de congressistas indicam que a redução poderia cair para até 2 anos e 3 meses
  • Pena total antes: 27 anos e 3 meses
  • Pena total agora: 22 anos e 1 mês

Braga Netto

  • Projeção de saída da prisão antes: 5 anos e 7 meses
  • Projeção de saída da prisão agora: 1 ano e 11 meses
  • Pena total antes: 26 anos
  • Pena total agora: 14 anos e 1 mês

Anderson Torres

  • Projeção de saída da prisão antes: 5 anos e 1 mês
  • Projeção de saída da prisão agora: 1 ano e 9 meses
  • Pena total antes: 24 anos
  • Pena total agora: 13 anos e 1 mês

Almir Garnier Santos

  • Projeção de saída da prisão antes: 5 anos e 1 mês
  • Projeção de saída da prisão agora: 1 ano e 9 meses
  • Pena total antes: 24 anos
  • Pena total agora: 13 anos e 1 mês

Augusto Heleno

  • Projeção de saída da prisão antes: 4 anos e 6 meses
  • Projeção de saída da prisão agora: 1 ano e 7 meses
  • Pena total antes: 21 anos
  • Pena total agora: 11 anos e 6 meses

Alexandre Ramagem

  • Projeção de saída da prisão antes: 4 anos
  • Projeção de saída da prisão agora: 1 ano e 3 meses; também poderia iniciar já no semiaberto devido ao tamanho da pena, mas com autorização do Supremo
  • Pena total antes: 16 anos e 1 mês
  • Pena total agora: 7 anos e 9 meses

Paulo Sérgio Nogueira

  • Projeção de saída da prisão antes: 3 anos e 4 meses
  • Projeção de saída da prisão agora: 1 ano e 4 meses
  • Pena total antes: 16 anos e 4 meses
  • Pena total agora: 10 anos e 2 meses
Fonte: DCM com informações do jornal O Globo

Governo prevê retirar 20 milhões da pobreza no Brasil até o fim de 2025

Ministro Wellington Dias afirma que políticas sociais já permitiram a saída de 14 milhões da pobreza desde 2023

        Wellington Dias (Foto: Lula Marques - Agência Brasil)

O governo federal projeta alcançar, ainda em 2025, a marca de 20 milhões de pessoas fora da pobreza no Brasil. A estimativa foi apresentada pelo ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias (PT), em entrevista ao Metrópoles, ao comentar os resultados das políticas públicas adotadas desde o início do atual mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O ministro destacou que, apenas nos dois primeiros anos do governo, cerca de 14 milhões de brasileiros já superaram a condição de pobreza, impulsionados por iniciativas como o Cadastro Único e o fortalecimento dos programas de transferência de renda.

Segundo Wellington Dias, o avanço observado permite uma projeção otimista para este ano. “Quando a gente tira 14 milhões de pessoas da pobreza, acho que vamos alcançar 20 milhões neste ano, mais de 2 milhões de famílias que estavam no Cadastro Único saindo da pobreza”, afirmou o ministro durante a entrevista.

Ele ressaltou que a saída da pobreza não implica a exclusão das famílias do sistema de proteção social. “Quando sai da pobreza, não sai do cadastro. Se lá na frente perder o emprego, não volta para a pobreza, não volta para a fome, volta para o Bolsa Família”, explicou.

Os dados apresentados pelo ministro indicam uma redução significativa da extrema pobreza no país. Em 2023, havia 26,1 milhões de domicílios nessa condição. Já em julho de 2025, esse número caiu para 19,56 milhões, o que representa uma diminuição de aproximadamente 25% no contingente de famílias em situação de extrema vulnerabilidade.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, 6,55 milhões de famílias elevaram sua renda para patamares superiores a R$ 218 mensais por pessoa no período analisado. Considerando o total de indivíduos, o número de pessoas que melhoraram de vida chega a 14,17 milhões, segundo o próprio ministro.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

Lula vai citar pesquisas ao vetar PL da Dosimetria

Levantamentos de diferentes institutos mostram que a maioria da população rejeita o projeto

Presidente Lula durante entrevista à TV Verdes Mares. Fortaleza (CE) (Foto: Foto: Ricardo Stuckert / PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve recorrer aos resultados de pesquisas de opinião recentes para embasar a decisão de vetar o Projeto de Lei da Dosimetria, aprovado pelo Senado Federal na noite de quarta-feira (17). A avaliação no Palácio do Planalto é de que a proposta enfrenta resistência expressiva da sociedade, especialmente por ser associada a uma possível anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.

Em conversas reservadas com senadores aliados ao longo da última semana, Lula destacou que levantamentos de opinião indicam rejeição majoritária ao conteúdo do projeto, inclusive entre eleitores de perfil moderado. Recentemente, pesquisas da Quaest e AtlasIntel mostraram que a maioria da população rejeita o PL da Dosimetria.

De acordo com interlocutores do governo, o presidente tem reforçado que sancionar o texto poderia gerar desgaste político desnecessário, sobretudo junto à militância de esquerda, que se posiciona de forma contundente contra qualquer medida interpretada como leniência com os responsáveis pelos ataques às sedes dos Três Poderes. A leitura no Planalto é de que o custo político da sanção superaria eventuais ganhos institucionais.

A expectativa é que Lula anuncie a decisão nos próximos dias. O objetivo, segundo assessores, é evitar que avance a narrativa de que a própria base governista teria articulado a aprovação do projeto no Congresso Nacional. A avaliação interna aponta para a necessidade de preservar a coerência do discurso do governo em defesa da responsabilização dos envolvidos nos atos antidemocráticos.

Relatos feitos à CNN Brasil indicam ainda que o presidente ficou incomodado com a atuação do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). Sem aval direto do Palácio do Planalto, o senador teria costurado um acordo de procedimentos que viabilizou a votação do PL da Dosimetria na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), com o objetivo de destravar a pauta e permitir o avanço de propostas econômicas de interesse do Executivo.

Apesar de reconhecer o esforço para aprovar medidas arrecadatórias, assessores presidenciais avaliaram a iniciativa como imprudente. O incômodo aumentou após Wagner mencionar, em discurso na CCJ, a possibilidade de o presidente sancionar o projeto antes do Natal, declaração que provocou reação negativa entre setores da militância de esquerda.

Fonte: Brasil 247

Celso Amorim: Diante de Trump, Brasil deve reforçar postura de diálogo na Venezuela

Brasil se coloca contra uso da força dos EUA na Venezuela, afirmou o embaixador em entrevista à TV 247. Assista

O assessor-chefe da Assessoria Especial do Presidente da República para Assuntos Internacionais, Celso Amorim (Foto: Roque de Sá/Ag. Senado)

O assessor-chefe da Assessoria Especial do Presidente da República para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, detalhou, em entrevista à TV 247, a posição diplomática do Itamaraty diante da pressão exercida pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a Venezuela, bem como das ofensivas militares de Washington no mar do Caribe

Amorim explicou que Brasília mantém relações com Caracas, embora a nível reduzido, em razão das controvérsias em torno do último pleito presidencial venezuelano.

"Mantemos uma relação, é óbvio, com Caracas. Não quero usar a palavra reconhecer, porque não nos cabe reconhecer ou deixar de reconhecer [a vitória do presidente venezuelano, Nicolás Maduro]. Não achamos que correu bem, não tanto a eleição, quanto a apuração, então não nos pronunciamos a esse respeito. Mantivemos a relação, temos uma embaixadora lá, mas não tinha mais havido contato de nível alto, presidencial", disse Amorim.

Amorim detalhou o telefonema recente entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. "O telefonema foi para mostrar que o Brasil se preocupa com a América do Sul e a possibilidade totalmente indesejável e repudiável de uso da força e, digamos, sem que necessariamente essas palavras tenham sido ditas, que o Brasil estaria disposto a ajudar se houver disposição", afirmou.

Ao abordar a possibilidade de mediação, Amorim ressaltou que o diálogo depende de vontade política das partes envolvidas. "Sem vontade política, não há técnica de mediação. Tem que haver dos dois lados, e as declarações de Trump não são animadoras", frisou.

Amorim foi enfático ao criticar as ações militares dos Estados Unidos na região costeira da Venezuela e afirmou que é preocupante que a situação tenha evoluído a esse nível de tensão.

"São dois países com níveis de poderes muito diferentes e então essas coisas acontecem, não se justificam, e é importante que o Brasil mantenha uma posição de diálogo, porque vimos situações, como na Coreia do Norte, de pressão, às vezes elevada ao máximo, o que é lamentável, para se negociar em termos mais vantajosos... vamos ver se é por aí", disse.

Na entrevista, Amorim também negou a existência de um suposto acordo entre os presidentes Lula e Trump em torno da situação na Venezuela. Amorim ainda classificou a interceptação de navios venezuelanos por forças dos EUA como ilegal, destacando que "não há evidências de que esses navios estariam transportando drogas".

Desde o início de setembro, o governo Trump autorizou uma série de ataques contra embarcações supostamente envolvidas no tráfico de drogas na costa da Venezuela. O governo venezuelano classificou essas ações como uma provocação destinada a desestabilizar a região e uma violação dos acordos internacionais sobre o status desmilitarizado e livre de armas nucleares do Caribe.

Em novembro, Trump afirmou acreditar que os dias de Maduro como chefe de Estado estavam contados, ao mesmo tempo em que garantiu que Washington não tinha planos de entrar em guerra com Caracas.

As tensões aumentaram ainda mais quando o presidente dos EUA anunciou, em 10 de dezembro, a apreensão de um navio-tanque na costa venezuelana. A Procuradoria Geral dos EUA afirmou que a embarcação era suspeita de transportar petróleo sancionado da Venezuela e do Irã. Assista à entrevista na íntegra:
Fonte: Brasil 247

Lula vence todos os adversários e lidera 1º e 2º turno de 2026, diz AtlasIntel


      O presidente Lula (PT). Foto: Reprodução

A pesquisa AtlasIntel/Bloomberg divulgada nesta quinta-feira (18) aponta que o presidente Lula (PT) lidera todos os cenários de primeiro e segundo turnos das eleições de 2026, vencendo todos os adversários testados caso o pleito fosse realizado hoje.

A pesquisa simulou cinco cenários com Lula candidato à reeleição. Em todos, o presidente aparece na liderança. No cenário com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Lula registra 48,1%, contra 29,3% de Flávio e 7,2% do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União).

Em uma simulação ampliada que inclui o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Lula marca 47,9%, Flávio 21,3%, Tarcísio 15% e Caiado 4,4%.

Quando o confronto é direto entre Lula e Tarcísio, sem Flávio Bolsonaro, o presidente tem 48,8%, enquanto o governador paulista soma 28,3% e Caiado, 5,5%.

Em outro cenário, contra a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), Lula aparece com 48,8%, Michelle com 30% e Caiado com 7,5%.

Já em uma simulação sem nenhum membro do clã Bolsonaro ou Tarcísio, Lula pontua 48,8%, seguido por Caiado com 16,3%, Romeu Zema (Novo) com 11,7% e Ratinho Júnior (PSD) com 9%.

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Pesquisa AtlasIntel/Bloomberg – Cenários de 1° turno. Foto: Reprodução

O instituto também testou um cenário sem Lula, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como candidato do PT. Nesse caso, Haddad teria 43,9%, Tarcísio 28,5%, Caiado 6,1% e Ratinho Júnior 4,1%.

Disputas de segundo turno

Nos cenários de segundo turno, Lula vence todos os adversários testados. Contra Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível, o placar é de 50% a 46%.

O presidente também superaria Tarcísio de Freitas por 49% a 45%, Michelle Bolsonaro por 50% a 45% e Flávio Bolsonaro por 53% a 41%.

Nas simulações contra governadores, Lula aparece com 49% frente a 39% de Ronaldo Caiado, Romeu Zema e Ratinho Júnior, além de vencer Eduardo Leite (PSD) por 49% a 24%.

A AtlasIntel ouviu 18.154 pessoas em todo o país, por meio de questionários online, entre os dias 10 e 15 de dezembro. A margem de erro é de um ponto percentual.

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Pesquisa AtlasIntel/Bloomberg – 2° turno. Foto: Reprodução
Fonte: DCM

Lula é aprovado por 48,8% e desaprovado por 50,7%, diz AtlasIntel

Pesquisa mostra estabilidade na avaliação do presidente em comparação ao mês anterior

Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A mais recente pesquisa do instituto AtlasIntel revela que os índices de aprovação e desaprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) permaneceram praticamente inalterados entre novembro e dezembro, reforçando um cenário de forte divisão na opinião pública brasileira. Os dados mostram que 50,7% dos entrevistados desaprovam a atual gestão, enquanto 48,8% afirmam aprová-la, diferença considerada estatisticamente irrelevante diante da margem de erro de um ponto percentual.

Em relação ao mês anterior, houve apenas uma leve oscilação positiva entre os que aprovam o governo: em novembro, esse grupo representava 48,6%. Já o percentual de desaprovação permaneceu exatamente o mesmo no período.

Apesar da estabilidade nos índices de aprovação, a avaliação geral do governo apresentou uma mudança sutil, porém relevante. Cresceu o número de brasileiros que classificam a gestão Lula como “boa” ou “ótima”, passando de 44,4% em novembro para 46,5% em dezembro. No sentido oposto, a parcela que considera o governo “ruim” ou “péssimo” oscilou dentro da margem de erro, indo de 48,6% para 48,9%.

Segundo os pesquisadores do AtlasIntel, o movimento observado na avaliação do governo “sugere interrupção do processo de deterioração observado anteriormente e abre espaço para ganho de fôlego ao longo de 2026”. O instituto avalia que esse possível alívio no desgaste pode estar associado à expectativa em torno de novas políticas públicas com impacto direto na população, como a proposta de isenção do Imposto de Renda e o fim da obrigatoriedade das autoescolas.

A pesquisa ouviu 18.154 pessoas em todo o país entre os dias 10 e 15 de dezembro, por meio do método de Recrutamento Digital Aleatório (Atlas RDR). O nível de confiança do levantamento é de 95%, o que confere robustez estatística aos resultados apresentados.

Fonte: Brasil 247

PF faz buscas contra empresária Roberta Luchsinger em apuração sobre fraudes no INSS

Operação autorizada pelo STF mira Roberta Moreira Luchsinger, investigada por transações financeiras com Antônio Carlos Antunes, o Careca do INSS

     Roberta Moreira Luchsinger (Foto: Reprodução/YouTube/DCM TV)

A Polícia Federal realizou nesta quinta-feira (18) uma operação de busca e apreensão contra a empresária Roberta Moreira Luchsinger, no bairro de Higienópolis, região central de São Paulo, informa Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo. A ação integra a operação Sem Desconto, que apura possíveis irregularidades envolvendo repasses financeiros e alcançou também autoridades públicas ligadas à área previdenciária.

Roberta Luchsinger é apontada pelos investigadores como ligada a Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS", após o recebimento de valores financeiros provenientes dele. Segundo a apuração, esse vínculo financeiro motivou a inclusão do nome da empresária no conjunto de medidas judiciais autorizadas no âmbito da operação.

A empresária sustenta que as transferências não têm relação com o Instituto Nacional do Seguro Social. De acordo com sua versão apresentada às autoridades, os valores estariam associados a um projeto de canabidiol que ela desenvolvia em parceria com Antunes, sem conexão com atividades no INSS.

A operação Sem Desconto também cumpriu medidas contra o senador Weverton Rocha (PDT-MA) e o secretário-executivo do Ministério da Previdência, Adroaldo Portal, ampliando o alcance das investigações sobre eventuais esquemas envolvendo recursos e influência na área previdenciária.

Embora o ministro do STF André Mendonça tenha determinado que o cumprimento dos mandados ocorresse de forma discreta, moradores da rua onde Luchsinger reside relataram movimentação intensa no local. Segundo esses relatos, houve interrupção do trânsito e presença ostensiva de agentes policiais, o que chamou a atenção de quem vive na região.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

A escala 6x1 e o cansaço do país devem pautar a eleição de 2026, diz Felipe Nunes, da Quaest

Cientista político aponta que flexibilização da jornada, segurança e preço dos alimentos tendem a influenciar o voto em 2026

        Mobilização contra a escala 6x1 (Foto: Letycia Bond/Ag. Brasil)

Cientista político Felipe Nunes aponta que flexibilização da jornada, segurança e preço dos alimentos tendem a influenciar o voto e a disputa entre proteção social e renda

A discussão sobre o fim da escala 6x1 e a flexibilização da jornada de trabalho deve ganhar centralidade na corrida eleitoral de 2026, impulsionada por um sentimento disseminado de exaustão, frustração e desejo de mais autonomia sobre o tempo. Na avaliação do cientista político Felipe Nunes, sócio-fundador da Quaest, o tema dialoga com mudanças profundas na forma como os brasileiros enxergam trabalho, renda e expectativas de futuro.

A análise foi apresentada em entrevista à BBC News Brasil, a partir de resultados de uma pesquisa com quase 10 mil brasileiros, realizada entre novembro e dezembro de 2023 e encomendada pela TV Globo, que embasa o livro O Brasil no Espelho - Um guia para entender o Brasil e os brasileiros (Globo Livros). No debate público, o governo federal tem buscado sinalizar apoio ao fim da escala: em 2 de dezembro, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), afirmou que a gestão Lula tem “compromisso em defesa do fim da jornada de trabalho 6x1 sem redução de salário”.

Nove "tribos" e um país dividido em identidades

No livro, Nunes descreve o Brasil a partir de nove perfis identitários, com valores e preferências políticas distintas: conservadores cristãos (27%), dependentes do Estado (23%), agro (13%), progressistas (11%), militantes de esquerda (7%), empresários (6%), liberais sociais (5%), empreendedores individuais (5%) e extrema direita (3%). Segundo ele, o objetivo foi olhar além das segmentações tradicionais e identificar bolhas de valores e atitudes: “eu peguei toda essa bateria de valores que a gente estudou, atitudes e preferências e rodei uma análise estatística que me deu quais são as bolhas, as tribos que a gente vive”.

O cientista político sustenta que, mesmo num ambiente de forte polarização, há pontos de convergência que atravessam os grupos. Para ele, o primeiro eixo de união é a religiosidade: “O brasileiro acredita muito em Deus, independentemente da sua religião”. O segundo é a importância atribuída à família — numa definição que, segundo o pesquisador, vem se ampliando: “O que define família para o brasileiro é o amor, mais do que o laço sanguíneo”.

◉ Agro, consumo e símbolos de pertencimento

Um dos recortes que mais chamam atenção na tipologia apresentada é a consolidação do “agro” como terceira maior identidade, com 13% dos brasileiros. Nunes afirma que a homogeneidade do grupo não está apenas na atividade econômica, mas em padrões culturais e de consumo: “o agro hoje tem um modo de se comportar, tem consumo muito parecido. O tipo de carro que ele compra, o tipo de comida que ele gosta, o churrasco é muito importante, o tipo de bebida, a cerveja”.

◉ Jovens da periferia e a frustração que vira ressentimento

Ao tratar dos empreendedores individuais — descritos como filhos das classes D e E —, Nunes aponta um sentimento de expectativa rompida, que pode influenciar escolhas políticas em 2026. Ele relata que esse público viu políticas públicas beneficiarem suas famílias, mas não percebeu a mesma ascensão prometida a partir do esforço individual e do estudo: “esse público de empreendedor individual tem uma frustração muito grande, porque a ele foi prometida uma melhora depois da universidade e essa grande expectativa produziu neles uma frustração gigantesca”. E completa: “Essa frustração, para alguns, acabou se transformando em ressentimento. E esse ressentimento afasta esse público”.

Segundo Nunes, esse deslocamento ajuda a explicar por que parte desse segmento passa a rejeitar a ideia do Estado como solução e migra para valores ligados à iniciativa individual: “Eles acabaram passando a acreditar que o Estado não é o solucionador do problema”.

◉ "A eleição de 2026 vai ser uma eleição sobre o mercado de trabalho"

Para o pesquisador, o tema do trabalho tende a funcionar como eixo organizador da próxima disputa, justamente por condensar o mal-estar social. Em uma das passagens centrais da entrevista, ele afirma: “Pouca gente se deu conta de que a eleição de 2026 vai ser uma eleição sobre o mercado de trabalho. O Brasil está cansado”. Nunes descreve uma realidade de múltiplas ocupações, renda insuficiente e ampliação do desejo por flexibilidade: “As pessoas estão muito cansadas, trabalhando demais, frustradas e querendo uma vida mais flexível. Por isso, a escala 6x1 é um debate que, na minha visão, vai ser fundamental para a eleição de 26”.

Nunes também vincula o tema a pressões distintas sobre homens e mulheres. Sobre elas, ele reforça o peso da dupla (ou tripla) jornada: “Para as mulheres que, como eu disse aqui, têm que cuidar da casa, cuidar da família, ir trabalhar, flexibilidade é importantíssimo”. E, ao falar da expectativa social que recai sobre as brasileiras, resume: “há uma palavra que define bem o que se espera das mulheres no Brasil: coragem. Coragem ao quadrado”.

◉ Segurança pública: país "punitivista", mas não "armamentista"

O pesquisador afirma que o medo é um fator com potencial de reorganizar o voto e pressionar por respostas mais duras do Estado, sem que isso signifique, necessariamente, apoio à liberação ampla de armas. “O Brasil, por exemplo, é um país punitivista do ponto de vista da violência”, diz. Ao mesmo tempo, ressalta: “Mas nós não somos um país armamentista. A gente não acredita que a solução para os problemas da violência está em armar a população de maneira generalizada”.

Nunes também avalia que, caso o eleitor chegue às urnas inseguro, a tendência é votar por mudança: “Quanto mais inseguro o eleitor for, mais ele vai buscar outro tipo de postura, uma postura mais forte, de mais combate a essa dinâmica”. E observa que a preocupação com violência ultrapassa fronteiras ideológicas e atinge até regiões onde Lula costuma ter maior força: “mesmo na base eleitoral do Lula, onde ele é mais forte, que é a região Nordeste, a preocupação com a violência chegou em níveis muito altos”.

◉ O "supermercado" como termômetro de continuidade ou mudança

Além do trabalho e da segurança, Nunes aponta um terceiro eixo decisivo para o humor eleitoral: a comida. “O supermercado”, resume, ao explicar que o custo dos alimentos pesa desproporcionalmente sobre os mais pobres: “Boa parte da renda dos brasileiros é utilizada para comprar alimentos. Isso é ainda mais forte quanto mais pobre se é”. Na lógica apresentada por ele, preços controlados aliviam o orçamento e aumentam a chance de avaliação positiva do governo; preços altos apertam o caixa e alimentam o mau-humor nas urnas.

◉ Redes sociais, WhatsApp e a "ilusão do conhecimento"

No campo informacional, Nunes descreve um país dividido em bolhas que se retroalimentam. “As redes são fundamentais para entender esse novo processo de disputa informacional”, afirma, defendendo que elas tendem menos a deslocar pessoas de um lado para outro e mais a reforçar convicções já existentes.

Ele também relata um dado preocupante sobre desinformação e autopercepção: “42% dos brasileiros não acertaram nenhuma dessas quatro questões. Quase metade dos brasileiros não tinha ideia do que estava acontecendo à sua volta”. Em seguida, destaca o descompasso entre desconhecimento e confiança: “70% dos brasileiros superestima o que sabe”. Para o cientista político, essa combinação amplia conflitos e radicaliza o debate público, alimentando o que ele chama de “ilusão do conhecimento”.

◉ Terceira via e outsiders: demanda existe, mas o sistema limita

Ao discutir a possibilidade de uma alternativa fora dos polos, Nunes diz que existe “demanda social” por uma terceira via, mas que a mecânica de dois turnos tende a empurrar o eleitor ao voto estratégico: “Quando a gente tem um jogo que é jogado em dois turnos, o eleitor é chamado, de alguma maneira, a fazer um movimento estratégico”. Na mesma linha, ele afirma ver espaço para candidaturas de fora da política tradicional, impulsionadas por fadiga com o sistema: “eu vejo, sim, espaço para um outsider. Exatamente por esse cansaço, exatamente por essa fadiga da visão política”.

Ao final, Nunes sustenta que a eleição de 2026 deve condensar dilemas centrais do Brasil contemporâneo — trabalho, renda, proteção social, medo e custo de vida — com disputas que não se limitam à polarização clássica, mas atravessam identidades, valores e expectativas sobre o futuro do país.

Fonte: Brasil 247 com informações da BBC News Brasil

Rejeição ao PL da Dosimetria chega a 63%, diz AtlasIntel

34% dos brasileiros são favoráveis à proposta, aprovada no Senado nesta quarta

      Atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023 (Foto: Joedson Alves/Agencia Brasil)

A aprovação do Projeto de Lei da Dosimetria no Senado Federal, ocorrida na noite de quarta-feira (17), enfrenta forte resistência da opinião pública. Levantamento nacional indica que mais de seis em cada dez brasileiros se posicionam contra a proposta, que altera regras para a definição de penas em condenações criminais, incluindo casos relacionados aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.

Os dados constam de pesquisa divulgada nesta quinta-feira (18) pela AtlasIntel. Segundo o levantamento, 63,3% dos entrevistados afirmaram ser contrários ao projeto, enquanto 34% declararam apoio à iniciativa aprovada pelos senadores.

O PL da Dosimetria tem como principal efeito a redução das penas aplicadas a réus condenados por mais de um crime cometido no mesmo contexto, ao vedar a soma dessas punições. Na prática, a proposta modifica critérios tradicionais utilizados pela Justiça para calcular o tempo total de prisão em sentenças criminais.

Além disso, o texto estabelece o menor prazo possível para progressão de regime em crimes contra o Estado Democrático de Direito, sem considerar fatores como reincidência ou a existência de violência e grave ameaça. Essas mudanças têm sido apontadas por críticos como um abrandamento excessivo das punições previstas na legislação atual.

O projeto foi construído como alternativa à proposta de anistia defendida por setores da oposição para os condenados por atos antidemocráticos, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A iniciativa, no entanto, também gerou reações políticas, com partidos de esquerda acionando o Supremo Tribunal Federal contra a medida.

A pesquisa ouviu 18.154 pessoas entre os dias 10 e 15 de dezembro. A margem de erro é de um ponto percentual, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. O estudo integra o Latam Pulse, iniciativa conjunta da AtlasIntel e da Bloomberg voltada ao acompanhamento da opinião pública na América Latina.

Fonte: Brasil 247

Zezé Di Camargo teve R$ 2,5 milhões em isenções no governo Lula e recebeu R$ 20 milhões em dinheiro público em 2025

Além das isenções fiscais, Zezé Di Camargo também foi destaque por ter recebido quase R$ 20 milhões em verbas públicas ao longo de 2025

      Cantor Zezé Di Camargo (Foto: Reprodução / Instagram)

O cantor sertanejo Zezé Di Camargo foi beneficiado com R$ 2,47 milhões em isenções fiscais após a prorrogação do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, ao longo de 2025, o artista recebeu quase R$ 20 milhões em recursos públicos por meio de contratos para shows financiados por prefeituras de diferentes regiões do país.

As informações sobre as isenções constam no relatório de acompanhamento do Perse divulgado em junho pela Receita Federal, conforme levantamento do Metrópoles, que revelou os valores obtidos por empresas ligadas ao cantor no período entre abril de 2024 e março de 2025.

◎ Empresas do cantor foram isentas de impostos

Na prática, duas empresas de Zezé Di Camargo foram beneficiadas com a prorrogação do programa. A Classical Holding Intermediação de Negócios Ltda deixou de pagar cerca de R$ 1,9 milhão em tributos, enquanto a MAC Produções Ltda foi isentada de aproximadamente R$ 571,4 mil.

O Perse previa a redução a zero das alíquotas de IRPJ, CSLL, Cofins e PIS/Pasep sobre receitas e resultados de empresas do setor de eventos, um dos mais impactados pela pandemia da Covid-19.

Criado em 2021, durante o governo Jair Bolsonaro, o programa foi pensado como medida emergencial para socorrer o setor. Em 2023, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentou encerrar o benefício por meio de Medida Provisória, alegando impacto fiscal. O Congresso, no entanto, reagiu e aprovou a manutenção do Perse, que passou a vigorar até atingir o teto de R$ 15 bilhões em renúncias fiscais — limite alcançado em abril de 2025, quando o programa foi oficialmente extinto.

◎ Críticas a Lula e polêmica com o SBT

Os benefícios recebidos contrastam com a postura pública do cantor. Recentemente, Zezé Di Camargo esteve no centro de uma polêmica ao criticar o SBT e as filhas de Silvio Santos após a emissora receber o presidente Lula e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes no evento de lançamento do SBT News, novo canal de notícias do grupo.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, o sertanejo afirmou que o SBT estaria “se prostituindo” ao promover a presença das autoridades no evento institucional, declaração que gerou forte repercussão e críticas.

Dias depois, Zezé pediu desculpas públicas à emissora, reconhecendo o excesso nas declarações.

◎ R$ 20 milhões em shows pagos com dinheiro público

Além das isenções fiscais, Zezé Di Camargo também foi destaque por ter recebido quase R$ 20 milhões em verbas públicas ao longo de 2025 segundo levantamento do Metrópoles, confirmado pelo Splash.

O montante corresponde a contratos firmados com prefeituras para apresentações em festas municipais, aniversários de cidades e eventos culturais, realizados tanto em carreira solo quanto em parceria com o irmão Luciano.

As contratações foram feitas por meio da Classical Holding Intermediação de Negócios Ltda, empresa que representa o artista nos acordos com o poder público. Os cachês pagos variaram entre R$ 350 mil e R$ 600 mil por show, conforme documentos oficiais de acesso público.

Há registros de contratos em estados como Paraná, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte e Sergipe.

◎ Contradição em evidência

A soma dos valores — R$ 2,5 milhões em isenções fiscais e R$ 20 milhões em contratos públicos — expôs uma contradição entre o discurso crítico de Zezé Di Camargo em relação ao governo federal e os benefícios financeiros obtidos por meio de políticas públicas e recursos estatais.Todos os contratos e isenções citados são legais, públicos e previstos em lei, mas reacenderam o debate sobre o uso de dinheiro público para financiar artistas que se posicionam politicamente contra a gestão responsável pelos recursos.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

Justiça da Itália julga extradição de Zambelli nesta quinta

No governo brasileiro, a expectativa é de que o Judiciário italiano dê aval à extradição da ex-deputada

       Carla Zambelli (Foto: Lula Marques/ EBC)

A Corte de Apelação de Roma analisa nesta quinta-feira (18) o pedido de extradição da ex-deputada federal Carla Zambelli, que deixou o cargo no último sábado (13) depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) declarar a perda de seu mandato. Nos bastidores, a avaliação é de que a Justiça italiana tende a autorizar a entrega da ex-parlamentar ao Brasil, diante do conjunto de elementos apresentados no processo, informa Malu Gaspar, do jornal O Globo.

Há convergência de expectativas tanto entre integrantes do governo brasileiro quanto entre aliados de Zambelli sobre o desfecho do julgamento. Um interlocutor próximo à ex-deputada afirmou que a audiência não deve ser favorável. “Vai ser um fuzilamento. Não vai ser uma boa audiência”, disse.

Do lado do governo brasileiro, fontes que acompanham o caso indicam que a Justiça italiana não demonstra disposição para sustentar a defesa da ex-parlamentar. Para um integrante do Executivo, os magistrados não parecem “interessados em defender uma criminosa que disse ser intocável na Itália”.

Para responder a questionamentos levantados pelo relator do caso, o governo brasileiro encaminhou às autoridades italianas informações detalhadas sobre o sistema prisional do país e sobre o local onde Zambelli ficaria detida caso a extradição seja confirmada. O objetivo foi demonstrar que não há risco à integridade física da ex-deputada no cumprimento da pena.

Segundo a documentação enviada, Zambelli deverá cumprir eventual prisão na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia. O material destaca que internas dos regimes fechado, semiaberto e presas provisórias são mantidas em “blocos distintos, assegurando a não convivência entre internas de regimes diversos”.

O relatório da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal também enfatiza o histórico da unidade. “Registra-se que nunca houve rebelião na PFDF. No sistema prisional destinado ao público masculino, o último episódio de rebelião data de 2001 — o que evidencia a capacidade de controle e atuação técnica da Polícia Penal do Distrito Federal”, afirma o documento. Ainda segundo o texto, a Colmeia “adota rotinas institucionais de monitoramento e prevenção de violação de direitos, com inspeções periódicas dos órgãos de controle e mecanismos internos de supervisão”.

Independentemente do resultado desta quinta-feira, a legislação italiana prevê a possibilidade de recurso à Corte de Cassação, última instância do país.

Zambelli deixou o Brasil em junho, após comunicar sua saída do país numa tentativa de evitar o cumprimento da pena de dez anos de prisão imposta por unanimidade pela Primeira Turma do STF. A condenação se refere ao envolvimento da ex-parlamentar na invasão hacker dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O pedido de extradição conta com parecer favorável do Ministério Público italiano, que concluiu estarem preenchidos todos os requisitos legais. Para o MP, não houve perseguição política nem cerceamento do direito de defesa no processo que levou à condenação no Brasil.

No entendimento do procurador Erminio Carmelo Amelio, Zambelli “de forma livre, consciente e voluntária, ordenou a invasão dos sistemas do CNJ por meio do planejamento, contratação e gestão operacional de uma pessoa, o hacker Walter Delgatti Neto, que possuía as habilidades técnicas e os meios necessários para executar o plano, com a intenção de alterar informações”.

O parecer também minimiza o vínculo da ex-deputada com a Itália. Segundo o procurador, Zambelli é “apenas formalmente cidadã italiana”. “Ela não reside na Itália, não está integrada ao tecido social, não tem seu centro de interesses de qualquer espécie na Itália (muito pelo contrário: ela é deputada federal no Brasil)”, afirma o documento.

A trajetória de fuga teve início em 24 de maio, quando Zambelli deixou o Brasil pela fronteira com a Argentina, em Foz do Iguaçu (PR), região sem controle migratório. De Buenos Aires, seguiu para a Flórida, nos Estados Unidos, em voo comercial. Em entrevista concedida no país ao canal do influenciador de direita Paulo Figueiredo, afirmou que pretendia ir para a Itália e disse que faria no exterior uma campanha semelhante à de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) contra o ministro Alexandre de Moraes, o que não se concretizou.

Posteriormente, a ex-deputada viajou para Roma, onde declarou se considerar “intocável” por possuir cidadania italiana. A avaliação não se confirmou, e Zambelli acabou presa em 29 de julho.

O caso é acompanhado de perto pelo governo brasileiro. A administração federal decretou sigilo de cinco anos sobre os documentos enviados pela Advocacia-Geral da União às autoridades italianas e à embaixada do Brasil em Roma.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo