quinta-feira, 24 de julho de 2025

VÍDEO – Haddad pede que clã Bolsonaro “saia do caminho” em negociação entre Brasil e EUA

Fernando Haddad em entrevista à Rádio Itatiaia. Foto: reprodução

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez duras críticas à família Bolsonaro durante entrevista à Rádio Itatiaia nesta quinta-feira (24), afirmando que o grupo e seus aliados estão obstruindo as negociações com os Estados Unidos sobre as tarifas de 50% anunciadas pelo presidente Donald Trump.

“Quem está obstruindo esse canal de negociação é a família Bolsonaro e os seus apoiadores. Vocês brasileiros que pensam que estão fazendo bem pelo Brasil, estão fazendo bem para uma família. Vocês perderam uma eleição. Saiam do caminho, deixem o governo negociar”, declarou Haddad.

O ministro petista fez um apelo direto aos simpatizantes do ex-presidente: “Para aqueles que têm vínculos com a extrema direita, vários governadores celebraram a eleição do Trump. Essas pessoas deveriam se mobilizar junto ao Bolsonaro, para que o Paulo Figueiredo, Eduardo [Bolsonaro], parem de militar contra o Brasil”.

Veja a fala de Haddad:


Haddad destacou que o governo brasileiro está pronto para negociar, mas enfrenta resistência: “A questão do Bolsonaro é central. Nós já estaríamos em uma mesa de negociação se não fosse a interveniência desses personagens para impedir que essa negociação aconteça, porque nós estamos disponíveis o tempo todo. Agora, precisa desobstruir esse canal”.

Em tom mais contundente, o ministro comparou a atuação de aliados bolsonaristas nos EUA a episódios históricos de traição: “A batata quente está sendo assada por gente de dentro do país. É uma força política nacional que está instaurada em Washington neste momento. Isso nunca aconteceu no país. Acho que desde a Inconfidência Mineira… há quanto tempo não se vê um traidor?”.

Haddad sugeriu que as tarifas podem estar relacionadas ao sucesso do sistema Pix: “Eles no Vale do Silício desenvolveram centenas de tecnologia e nós desenvolvemos uma melhor do que a deles”. A declaração vem após o governo estadunidense solicitar investigação sobre o sistema brasileiro de pagamentos instantâneos.

O ministro ressaltou o respaldo que o país vem recebendo: “A União Europeia está dando apoio ao Brasil, o mundo livre está apoiando o Brasil, não está apoiando essa ação unilateral dos EUA. A OMC está apoiando o Brasil, os organismos internacionais estão acompanhando o Brasil”.

Haddad finalizou fazendo uma distinção entre oposição política e oposição aos interesses nacionais: “Nós não podemos nos dividir e passar para a opinião pública que o que a oposição está fazendo é normal, você não pode se opor ao país, se opõe ao governo”.

O discurso do ministro ocorre no mesmo dia em que o Itamaraty condenou, na Organização Mundial do Comércio, as tarifas “implementadas de forma caótica”, embora sem citar diretamente Donald Trump.

Fonte: DCM

Marcos do Val foge do Brasil e vai para os EUA mesmo com passaporte bloqueado


      O senador Marcos do Val. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O senador Marcos do Val (Podemos-ES), alvo de investigações no Supremo Tribunal Federal (STF), viajou para Miami, nos Estados Unidos, no dia 23 de julho, mesmo tendo os passaportes comum e diplomático bloqueados por ordem do ministro Alexandre de Moraes.

A entrada do parlamentar em território americano foi confirmada por autoridades alfandegárias dos EUA e admitida pelo próprio senador ao UOL.

Apesar da decisão judicial que manteve o bloqueio dos documentos em março deste ano, Do Val embarcou em um voo que partiu de Manaus utilizando o passaporte diplomático, o mesmo que, segundo ele, não estava em sua posse na ocasião da apreensão do passaporte comum.

Durante a viagem, o senador foi reconhecido e cumprimentado por tripulantes da aeronave. “Estou dentro da lei, seguindo a lei. Se tinha um bloqueio, como é que eu saí? Tem que perguntar para a Polícia Federal”, afirmou.

O senador é investigado por crimes como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa, associação para o crime e divulgação de documentos sigilosos. A apuração corre sob sigilo no STF. Perturbado e sob efeito de substâncias estupefaciantes, Do Val grava vídeos delirantes com ataques tarados a Alexandre de Moraes.

Em junho de 2023, ele foi alvo de operação da Polícia Federal após afirmar que o ex-presidente Jair Bolsonaro teria tentado envolvê-lo em um plano golpista. Na ação, foram apreendidos seus dispositivos eletrônicos e uma pistola Glock, ainda retida pela PF por decisão judicial.

Do Val, que teve suas redes sociais suspensas desde que passou a ser investigado por intimidação contra um delegado da PF, enviou à reportagem três documentos em PDF para embasar sua defesa. Nenhum deles é reconhecido oficialmente. Os arquivos tratam da suposta ilegalidade da decisão do STF e incluem um ofício de direitos humanos da Suíça, sem valor jurídico no Brasil.

O Itamaraty afirmou desconhecer a viagem e declarou que a responsabilidade é da Polícia Federal. Fontes da PF confirmaram que o passaporte comum do senador foi efetivamente apreendido e bloqueado no sistema desde agosto de 2024, mas o diplomático permaneceu sob posse dele. Em suas declarações recentes, o senador elevou o tom contra Moraes: “Isso vai mostrar que Alexandre está derrotado, já acabou. Acabou Alexandre. A decisão é ilegal”.

Fonte: DCM

“Pintou um clima”: Justiça condena Bolsonaro a pagar R$ 150 mil por fala sobre menores


Bolsonaro exibindo a tornozeleira eletrônica. Foto: reprodução

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi condenado nesta quinta-feira (24/7) pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) a pagar R$ 150 mil por danos morais coletivos, em razão de uma declaração feita durante a campanha de 2022. Em entrevista a um podcast, Bolsonaro relatou um episódio envolvendo adolescentes venezuelanas no Distrito Federal, dizendo que “pintou um clima”, o que gerou acusações de conotação sexual imprópria.

A decisão foi tomada pela 5ª Turma Cível do TJDFT, que analisou recurso do Ministério Público contra a sentença de primeira instância que havia julgado improcedente a ação. O valor da indenização deverá ser destinado a fundos ou projetos voltados à promoção dos direitos da infância e adolescência.

Além da multa, a Justiça determinou que Bolsonaro se abstenha de utilizar imagens de crianças e adolescentes em qualquer tipo de material publicitário, vídeo ou transmissão sem autorização dos responsáveis. Também foi proibido de forçar menores a simular gestos violentos, como o uso de armas, ou de empregar qualquer linguagem ou atitude de conotação sexual envolvendo esse público.

O episódio ocorreu no dia 14 de outubro de 2022, quando Bolsonaro ainda era presidente. Na entrevista, ele contou que, ao andar de moto por uma comunidade de Brasília, abordou meninas venezuelanas de 14 a 15 anos, descrevendo-as como “bonitinhas” e afirmando que “pintou um clima” antes de entrar na residência onde elas estavam.

Após a repercussão negativa, o ex-presidente divulgou um vídeo pedindo desculpas e alegando que não teve a intenção de sugerir que as jovens estariam se prostituindo. Mesmo assim, a fala foi considerada ofensiva e inapropriada, violando princípios do Estatuto da Criança e do Adolescente.

A decisão do TJDFT ainda cabe recurso. A defesa de Bolsonaro poderá levar o caso ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), conforme informaram advogados consultados. A multa diária por eventual descumprimento das determinações judiciais foi fixada em R$ 10 mil.

Fonte: DCM

Apucarana conquista prêmios na campanha de prevenção à dengue do Sesc-PR

Apenas em Apucarana, foram eliminados 21.789 focos do mosquito Aedes aegypti


Na tarde desta quinta-feira (24/07), o Serviço Social do Comércio (Sesc) realizou a cerimônia de premiação da campanha de prevenção à dengue “Aqui o Mosquito Não Entra”. Apucarana mais uma vez se destacou na competição, conquistando sete prêmios nas categorias Município, Equipe e Pessoa Física.

Nesta quinta edição da campanha, participaram 4.335 pessoas de 217 municípios paranaenses. Na área de abrangência do Sesc Apucarana, que inclui 12 cidades, houve 1.181 inscritos.

“Quase 25% de todos os participantes do Estado são da nossa região. Apucarana sempre demonstra grande envolvimento e, desta vez, não foi diferente. A importância que o município dá à campanha, especialmente por meio da Autarquia Municipal de Educação, reflete diretamente na conscientização da população. Apenas em Apucarana, foram eliminados 21.789 focos do mosquito”, destacou Ronaldo Romani Ficagno, gerente do Sesc Apucarana.

O prefeito Rodolfo Mota reforçou que o município tem investido fortemente em ações de combate à dengue. “Em 2024, enfrentamos, pela primeira vez, uma epidemia de dengue, com 18.619 casos confirmados e 27 óbitos. Para evitar que essa tragédia se repita, lançamos em fevereiro deste ano a operação Guerra contra a Dengue. Foram realizados mutirões de limpeza, recolhimento de móveis e inservíveis, visitas domiciliares por agentes de endemias e militares do Exército, além da ampla distribuição de materiais educativos. A campanha do Sesc veio somar forças e é uma grande aliada. Somos gratos por essa parceria”, afirmou.

Promovida pelo Sesc Paraná, a campanha utiliza estratégias de gamificação para engajar a população na identificação e eliminação de focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. Os participantes se cadastram por meio do site oficial ou do aplicativo da campanha e, ao encontrarem focos de água parada, registram fotos do local antes e depois da eliminação. Cada foco eliminado e documentado gera pontuação. Os participantes e municípios mais atuantes são reconhecidos com troféus e medalhas.

Na categoria Pessoa Física, o primeiro lugar foi conquistado pelo professor Vitor Felipe Bota, da Escola Municipal Professor Bento Fernandes Dias (Jardim Malibu), que eliminou 3.123 focos de água parada. A segunda colocação ficou com a professora Maria Alice da Silva, do CMEI Antônio do Carmo Ribeiro (Distrito de Caixa de São Pedro), com 2.645 pontos. Já o terceiro lugar foi para a professora Rosiane Cristina Françolin da Silva, da Escola Municipal José de Alencar (Distrito de Vila Reis), com 2.003 pontos.

Na categoria Equipe, as três primeiras colocações também foram de instituições apucaranenses. O CMEI Antônio do Carmo Ribeiro, de Caixa de São Pedro, conquistou o primeiro lugar com 7.878 focos eliminados. Em segundo lugar, ficou a Escola Municipal Professor Bento Fernandes Dias, com 5.209 pontos. A terceira colocação foi da Escola Municipal do Campo Professor Wilson de Azevedo, também do Distrito de Caixa de São Pedro, com 2212 pontos.

Já na categoria Município, os vencedores foram: Apucarana (1º lugar – 21.541 pontos), Rio Bom (2º lugar – 226 pontos) e Kaloré (3º lugar – 22 pontos).

A cerimônia de premiação ocorreu no Sesc Apucarana e contou com a presença de diversas autoridades, entre elas: o prefeito de Kaloré, Washington Luiz da Silva; o vice-prefeito de Kaloré, Décio Bocchio; a secretária municipal de Educação de Kaloré, Ana Cláudia Vicentin das Neves; o chefe da Vigilância Sanitária de Rio Bom, Jurandir Pinto Bueno (Didi); a presidente do Sivana, Aída Assunção; a presidente da Câmara Empreendedora e Gestora de Negócios, Rosângela Tormina; o gerente do SENAC Apucarana, Lucas Salvalaggio; e a secretária municipal de Educação de Apucarana, Ana Paula do Carmo Donato, entre outros convidados.



Fonte: Prefeitura de Apucarana

Prefeito e vereadores anunciam investimentos de R$ 2,5 milhões de emendas parlamentares para Apucarana



Apucarana receberá R$ 2,5 milhões em verbas de emendas parlamentares para melhorias nas áreas de saúde, esporte, serviço funerário, APAE e Conselho Tutelar. O anúncio foi feito ontem (23/7) em ato conjunto pelo prefeito Rodolfo Mota e os vereadores Danylo Acioli, presidente da câmara e Eliana Rocha, vice-presidente, durante entrevista coletiva no salão nobre da Prefeitura. Os recursos foram viabilizados pelos vereadores Danylo e Eliana, em articulação com o deputado federal Sérgio Souza (MDB) e as deputadas estaduais Flávia Francischini (União Brasil) e Mara Lima (Republicanos).

Segundo o prefeito Rodolfo Mota, além das emendas parlamentares, o município deve aportar cerca de R$ 500 mil como contrapartida. “Assim, o investimento total nessas áreas chegará a aproximadamente R$ 3 milhões. O mais importante é que essas emendas correspondem a recursos novos, que não estavam previstos em nosso orçamento, e que não gerarão parcelas a pagar, pois não se tratam de empréstimos. Agradeço ao Danylo Acioli, à Eliana Rocha e aos demais vereadores, que são parceiros dedicados e empenhados em acelerar o desenvolvimento de Apucarana”, afirmou o prefeito. Mota reforçou a importância da cooperação entre Executivo e Legislativo. “Fazer as coisas sozinho é mais difícil e demorado. Quando temos parceiros alinhados, devemos unir forças para avançar. Tenho certeza de que imprimiremos um novo ritmo de desenvolvimento para Apucarana,” concluiu.

Com uma emenda de R$ 800 mil da deputada Flávia Francischini, o Núcleo João Paulo será beneficiado com a construção de uma capela mortuária. “Em 2016, quando Rodolfo Mota era vereador e eu sua suplente, o prefeito já sonhava com essa obra, mas não foi possível realizá-la naquele momento. Agora, atendendo à solicitação da comunidade, vamos concretizar essa conquista,” comemorou a vereadora Eliana Rocha.

A deputada também destinou R$ 100 mil para a aquisição de um veículo para o Conselho Tutelar de Apucarana. “Minha irmã é conselheira tutelar e conheço bem as necessidades do órgão. Por isso, empenhei-me para garantir esse recurso,” declarou a vereadora. Além disso, Flávia Francischini destinou R$ 220 mil para a construção de uma meia quadra de basquete e uma academia ao ar livre. Já a deputada Mara Lima assegurou outros R$ 210 mil para a edificação de uma quadra poliesportiva. Juntas, essas emendas totalizam R$ 430 mil para o desenvolvimento de um complexo esportivo no Parque Jaboti.

“É uma alegria anunciar recursos para construção de uma meia quadra — também chamada quadra de 21 — para os amantes do basquete que não possuem local adequado para praticar. Estive em Curitiba com a vereadora Eliana, conversando com a deputada Flávia, que viabilizou esse projeto junto à Secretaria de Estado das Cidades,” explicou o vereador Danylo Acioli.

Ainda segundo o vereador Danylo Acioli, a deputada Mara Lima destinou R$ 100 mil para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Apucarana, que utilizará os recursos na aquisição de equipamentos para o setor de fisioterapia, aprimorando o atendimento aos alunos. “Essa é mais uma importante conquista para a nossa comunidade,” complementou. Já o deputado federal Sérgio Souza encaminhou uma emenda parlamentar de R$ 1 milhão para a área da saúde. “O recurso será investido no Hospital da Providência, especialmente para equipar a Unidade de Terapia Intensiva (UTI),” adiantou o presidente da Câmara.

Fonte: Prefeitura de Apucarana

"Pague pelas merdas que fez e respeite os brasileiros", diz Lula a Bolsonaro

Presidente volta a condenar ação de Jair e Eduardo Bolsonaro por sanções de Trump contra a economia e autoridades brasileiras

Cerimônia de entregas do governo federal ao Vale do Jequitinhonha - Parque de Eventos de Minas Novas, Minas Novas-MG - 24/07/2025 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Durante evento nesta quinta-feira (24) no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar duramente Jair Bolsonaro (PL), exigindo que ele arque com as consequências de seus atos relacionados à tentativa de golpe após as eleições de 2022 e pare de agir junto ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a economia e autoridades brasileiras.

“É uma vergonha. É uma falta de caráter, falta de coragem”, afirmou Lula, em referência à ação de Bolsonaro, por intermedio do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), junto a Trump. “Fez as merdas que fez, pague pelas merdas que fez e respeite os brasileiros”, declarou Lula, provocando aplausos dos presentes.

Lula ainda lembrou de quando esteve - injustamente - sob a mira da Justiça, constratando sua postura com a de Bolsonaro. O presidente passou 580 dias preso em Curitiba. “Quando inventaram as mazelas contra mim, quando inventaram as mentiras contra mim, massacraram não a mim, mas muita gente nesse país”, relembrou. “Tinha gente que falava assim: ‘Lula, vai para o exterior, para uma embaixada’. E eu dizia: ‘um cara que não morreu de fome até os cinco anos de idade e sobreviveu, não vai correr não. Vou provar minha inocência’”, declarou.

Fonte: Brasil 247

Filipe Martins diz no STF que não redigiu e nunca teve contato com 'minuta do golpe'

Ex-assessor internacional de Bolsonaro disse ao STF que nunca viu o documento atribuído a ele e que só soube de sua existência pela imprensa

Filipe Martins (Foto: Filipe Martins/ Reprodução X )

Felipe Pontes - Repórter da Agência Brasil
Filipe Martins, ex-assessor da Presidência da República para Assuntos Internacionais, afirmou nesta quinta-feira (24) ter sido usado como bode expiatório pelo tenente coronel Mauro Cid, delator de uma trama golpista cujo objetivo seria manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder mesmo após derrota eleitoral.

Em sua delação, Cid colocou Martins, por exemplo, numa reunião com comandantes das Forças Armadas e Bolsonaro, em 7 de dezembro, na qual Martins teria apresentado aos presentes uma minuta de decreto golpista a ser assinada pelo ex-presidente para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Em seu depoimento, que durou mais de quatro horas, Martins apontou para pareceres da Polícia Federal (PF) e da Procuradoria-Geral da República (PGR) que colocaram em dúvida a credibilidade da delação de Cid, “chegando a dizer inclusive que havia indícios de que ele poderia estar protegendo pessoas”, observou o ex-assessor de Bolsonaro.

“E eu tenho a convicção de que ele poderia também procurando bodes expiatórios, me colocando numa reunião em que eu nunca estive”, acrescentou. “Somente com base na palavra dele que se criou essa ideia de que eu teria redigido uma minuta de decreto golpista”.

Martins foi interrogado nesta quinta como um dos seis réus do núcleo 2 da trama golpista que teria atuado para manter Bolsonaro no poder, conforme narra denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Os seis réus estão sendo ouvidos nesta quinta por videoconferência, em ordem alfabética. Os depoimentos são transmitidos ao vivo nos canais do Supremo Tribunal Federal (STF). A audiência é presidida pelo juiz auxiliar Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, que atua no gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.

O núcleo 2 foi apontado pela PGR como sendo composto por assessores de alto escalão que desempenharam papel de gerenciamento de ações, como a redação de uma minuta de decreto golpista ou o uso da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em prol dos objetivos do complô.

Todos os réus respondem por cinco crimes:

• Organização criminosa armada,

• Golpe de Estado,

• Tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito,

• Dano qualificado,

• Deterioração de patrimônio tombado

Somadas, as penas podem superar os 30 anos de cadeia.

O interrogatório dos réus é uma das principais etapas do processo criminal, em que os acusados têm a oportunidade de falar por contra própria e realizar sua autodefesa das acusações.

◎ Reunião e minuta

Martins chegou a se desculpar aos presentes, ao alertar que desejava ser demorado em sua defesa. Ele disse estar há dois anos sem poder dar entrevistas ou se manifestar de forma pública sobre o caso, devido a restrições impostas por Moraes.

“Estou sob censura há quase dois anos, não posso conceder entrevistas, não posso me manifestar por redes sociais, não posso ser filmado , não posso ser fotografado”, elencou. “Ainda não tive a oportunidade de fazer isso que eu estou fazendo hoje. Há muita coisa a ser dita”, disse.

Questionado pela procuradora Gabriela Starling, que atua no gabinete do PGR, sobre o registro de sua entrada no Palácio da Alvorada no mesmo horário da reunião do 7 de dezembro, que foi confirmada pelos comandantes das Forcas Armadas à época, Martins negou que tenha estado no local naquele horário.

Apresentando documentos que disse ter obtido junto à Corregedoria-Geral da União (CGU) sobre os registros de entrada no Alvorada, a defesa de Martins negou que o registro sirva como prova de que o ex-assessor esteve no local, apontando ainda para erros de grafia na anotação de seu nome.

Em sua fala, Martins ressaltou que o general Freire Gomes, comandante do Exército em dezembro de 2022, disse em depoimento como testemunha na ação penal se recordar que o ex-assessor não estava na reunião de 7 de dezembro com Bolsonaro.

Ele afirmou que a defesa obteve o vídeo do depoimento à PF em que Freire Gomes menciona que “possivelmente” Martins estava presente na ocasião. “‘Possivelmente’ indica dúvida, incerteza. No entanto, a PGR, ao concretizar o texto da denúncia, suprime a palavra ‘possivelmente’”, acusou o ex-assessor de Bolsonaro.

◎ Prisão

Martins disse acreditar que foi denunciado pela PGR, apesar da falta de provas de sua participação na trama golpista, para justificar ele ter ficado preso preventivamente por mais de seis meses sem justificativa.

O ex-assessor ficou preso entre fevereiro e agosto do ano passado. A prisão fora pedida pela Polícia Federal (PF), que apontou uma suposta intenção de fuga após ter encontrado na nuvem de dados de Mauro Cid uma lista de passageiros para o voo de 30 de dezembro de 2022 em que Bolsonaro deixou o país rumo aos Estados Unidos.

Em depoimento na ação penal, Cid negou que a lista fosse definitiva e disse que não havia previsão de Martins embarcasse naquele voo. O embaixador André Chermont, ex-chefe do cerimonial da Presidência da República, também afirmou que Martins não constava da lista final de passageiros, tampouco era esperado que embarcasse.

A defesa de Martins sustenta que a PF agiu “seletivamente” para prender Martins, ignorando provas claras de que o ex-assessor não deixou o país no fim de 2022.

Fonte: Brasil 247 com informações da Agência Brasil

Centrão barra “pacote anti-STF” e impõe nova derrota a bolsonaristas no Congresso


Deputados bolsonaristas em coletiva após Bolsonaro sofrer medidas cautelares. Foto: Alan Santos/Câmara dos Deputados

O grupo político mais próximo ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enfrenta uma série de derrotas no Congresso Nacional, com a rejeição de suas principais propostas de enfrentamento ao Supremo Tribunal Federal (STF). A tentativa de avançar com um pacote legislativo em resposta às medidas cautelares impostas a Bolsonaro, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, foi rechaçada pela cúpula do Legislativo e até por parte do próprio PL.

O plano bolsonarista concentrava-se em três eixos principais: anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro; uma PEC que restringe o foro privilegiado (o que poderia tirar o caso Bolsonaro do STF); e mudanças na Lei do Impeachment para ministros da Corte. No entanto, a proposta é vista como isolada no cenário político atual.

“Não sei quem está levando isso a sério além de Bolsonaro e das figuras que são retrato dele. Não são pautas para o momento. O conjunto da obra e o contexto geral dão vergonha alheia”, afirmou Isnaldo Bulhões (MDB-AL) ao Globo, líder da bancada na Câmara e próximo ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).

O líder do Republicanos, Gilberto Abramo (MG), reforçou a posição cautelosa da maioria: “Temos que agir com cautela”. A postura reflete o clima no Congresso, onde até mesmo parlamentares do PL demonstram resistência às iniciativas mais radicais.

Mesmo no período de recesso parlamentar, bolsonaristas tentaram manter a pressão. Um grupo chegou a solicitar o cancelamento das férias legislativas, mas o pedido foi negado por Motta e pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

“Isso (fazer sessão durante o recesso) é um absurdo. Como derrubo uma agenda com o prefeito de São Paulo? Não é assim, a gente tem uma programação. Dá para fazer por videoconferência, mas ir a Brasília é para deputado da internet. Deputado que trabalha não pode ir a Brasília a qualquer momento”, criticou Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP), da ala menos radical do partido.

Ainda durante o recesso, tentativas da oposição de convocar comissões para homenagear Bolsonaro foram barradas por Motta, que alegou que tais reuniões “restringem a participação dos demais componentes” e não garantem “heterogeneidade de ideias”.

O cenário de dificuldades não é novo. Um requerimento de urgência para o projeto de anistia, que permitiria votação direta em plenário, está parado desde abril, mesmo com as assinaturas necessárias. Medidas aprovadas no ano passado pela CCJ – então presidida por Caroline de Toni (PL-SC) – que limitavam ações do STF, nunca chegaram ao plenário.

Bolsonaro exibindo a tornozeleira eletrônica. Foto: reprodução

No Senado, a situação se repete. Alcolumbre resiste a pautar pedidos de impeachment contra ministros do STF, incluindo o mais recente, apresentado por Flávio Bolsonaro (PL-RJ) contra Alexandre de Moraes. O senador antecipou seu retorno do recesso em meio às pressões, mas não há perspectiva de votação.

Alcolumbre chegou a articular com Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Sergio Moro (União-PR) e Alessandro Vieira (MDB-SE) uma versão reduzida da anistia, mas a proposta nunca foi formalizada.

O grupo bolsonarista enfrenta ainda o dilema de como manter o mandato do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos EUA e teme ser preso ao retornar ao Brasil. Ele é investigado por suposta articulação contra o STF.

Apesar das dificuldades da oposição, líderes partidários avaliam que o governo Lula não terá caminho fácil após o recesso. A queda de braço envolvendo o aumento do IOF e o veto ao projeto que amplia o número de deputados indica que o Legislativo continuará desafiando o Executivo.

“Hugo Motta está distante das demandas extremas. Isso é bom senso. Outras pautas e posições da direita foram respeitadas e votadas, como a derrubada do IOF, por exemplo. O governo vai continuar tendo vida difícil, porque optou pelo enfrentamento com o Legislativo”, analisou Mário Heringer (PDT-MG).

Fonte: DCM

Governo Trump e embaixada dos EUA atacam Moraes: ‘coração da perseguição’ a Bolsonaro

Alexandre de Moraes, ministro do STF. Foto: reprodução

O Escritório de Diplomacia Pública do Departamento de Estado dos Estados Unidos afirmou nesta quinta-feira (24), por meio de sua conta oficial na rede X, que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), estaria no centro de uma “campanha de censura e perseguição” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo o órgão, as ações do magistrado afetam inclusive a liberdade de expressão dentro do território norte-americano.

“Alexandre de Moraes é o coração pulsante do complexo de perseguição e censura contra Jair Bolsonaro, que por sua vez restringiu a liberdade de expressão na América. Graças à liderança do presidente Trump e do secretário Marco Rubio, estamos atentos — e estamos tomando providências”, diz a publicação. O escritório integra a estrutura do Departamento de Estado dos EUA e responde ao secretário de Estado.

A postagem foi feita em resposta a um texto do próprio secretário Marco Rubio, publicado dias antes. Nele, Rubio declara que o governo Trump não tolerará ações de estrangeiros que limitem a liberdade de expressão protegida por lei nos Estados Unidos. O secretário também classificou a atuação de Moraes como parte de uma “caça às bruxas política”.



Apesar da retórica, os norte-americanos ainda não informaram quais medidas efetivas estão em estudo. No entanto, o gesto amplia a pressão diplomática sobre o Brasil num momento em que as tensões bilaterais crescem, impulsionadas pela decisão dos EUA de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.

A Casa Branca trata a tarifação como parte de sua nova política comercial, mas o governo Lula vê o gesto como uma retaliação direta ao andamento dos processos contra Bolsonaro no STF. Até o momento, o Itamaraty não se manifestou sobre a nova declaração do Departamento de Estado. Em pronunciamentos anteriores, o governo brasileiro reforçou que decisões do Supremo são prerrogativas constitucionais e que pressões externas violam princípios básicos da diplomacia internacional.

Fonte: DCM

VÍDEO – Ex-assessor de Bolsonaro leva bronca de auxiliar de Moraes: “Vai concluir?”


O antigo assessor para assuntos internacionais de Jair Bolsonaro, Filipe Martins. Foto: Divulgação

O ex-assessor internacional de Jair Bolsonaro, Filipe Martins, protagonizou momentos de tensão durante seu depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (24). A sessão, conduzida pelo juiz auxiliar Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, integrante do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, faz parte da fase de interrogatórios dos réus ligados aos núcleos 2 e 4 da investigação sobre tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Martins divergiu diversas vezes do juiz ao relatar as condições de sua prisão preventiva. Ao ser advertido por estar sendo “circular”, ouviu de Rocha: “Aqui não é momento para ficar dando aula sobre o que é utilitarismo ou não, o que é pragmatismo ou não. Vamos concluir, por favor. Aqui é sobre fatos”.

O ex-assessor insistiu em continuar sua fala, questionando: “Mas a minha palavra compete ao senhor?”, o que levou o juiz a reagir com firmeza: “O interrogado não sou eu, o interrogado é o senhor”.

O advogado de defesa, Jeffrey Chiquini, interveio em defesa de Martins, afirmando que “uma semana não seria suficiente” para um réu do porte de seu cliente. O juiz respondeu que o tribunal não dispunha de todo esse tempo. Chiquini então replicou: “Se for necessário, ficaremos um mês fazendo a defesa”.



Durante o interrogatório conduzido pela representante da Procuradoria-Geral da República (PGR), Gabriela Starling, o clima voltou a esquentar. A acusação mencionou o uso de ERBs (Estações Rádio Base) para rastreamento de localização e alegou que Martins teria manipulado o sinal do celular para encobrir presença em reuniões suspeitas com Bolsonaro. A defesa contestou a tese e exigiu provas da suposta “ilação” feita pela acusação.

Martins negou qualquer relação com a chamada “minuta do golpe” e rebateu as acusações da Polícia Federal sobre sua suposta fuga do país no fim de 2022. Ele afirmou que esteve isolado em condições precárias durante sua prisão, o que também foi alvo de contestação por parte do juiz: “O senhor que está dizendo que era solitária”.

A sessão foi marcada por embates recorrentes entre o réu, seu advogado, o juiz e a representante do Ministério Público. Ainda assim, o interrogatório prosseguiu e Martins manteve a negativa sobre qualquer participação em planos de ruptura institucional.

Fonte: DCM

Eduardo pode provocar prisão de Bolsonaro se burlar cautelar, alerta Moraes

Caso Eduardo Bolsonaro republique sobre seu pai, poderá ser configurado novo descumprimento da ordem judicial

   Eduardo e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)

Eduardo Bolsonaro violou as medidas cautelares impostas a Jair Bolsonaro ao divulgar, nas redes sociais, trechos de um discurso feito pelo pai na Câmara dos Deputados, em uma tentativa deliberada de contornar a proibição de uso de redes sociais imposta ao ex-mandatário, alertou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (24).

“Não há dúvidas de que houve descumprimento da medida cautelar imposta, uma vez que as redes sociais do investigado Eduardo Nantes Bolsonaro foram utilizadas a favor de Jair Messias Bolsonaro dentro do ilícito modus operandi”, escreve Moraes na decisão.

O ministro ressalta que a publicação ocorreu “momentos após o acontecimento”, e configura “a tentativa de burlar a medida cautelar”.

Com isso, caso Eduardo Bolsonaro republique sobre seu pai, poderá ser configurado novo descumprimento da ordem judicial — o que abriria caminho para a decretação de prisão.

Na decisão, Moraes disse ainda não ter dúvida de que Jair Bolsonaro violou a proibição de utilizar as redes sociais, mas que o episódio foi pontual e não seria o bastante para decretar a prisão preventiva.

Moraes apontou para publicação de Eduardo Bolsonaro na rede social Facebook, feita momentos depois de uma ida do ex-presidente ao Congresso, onde Jair Bolsonaro mostrou a tornozeleira eletrônica que foi obrigado a usar e deu declarações à imprensa.

Fonte: Brasil 247

'Trump, nossa soberania é feita pelo povo brasileiro, e aqui ninguém põe a mão', afirma Lula

Presidente reage à carta de Donald Trump e exige respeito à Justiça, à economia e às decisões internas do Brasil

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia de entregas do governo federal ao Vale do Jequitinhonha - Parque de Eventos de Minas Novas, Minas Novas-MG (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Durante pronunciamento nesta quinta-feira (24), no Vale do Jequitinhonha (MG), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rebateu com firmeza as declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que publicou em seu site uma carta com ameaças diretas ao Brasil. O documento, que não foi enviado por canais diplomáticos formais, gerou forte reação do líder brasileiro.

"Eu, de surpresa, recebi uma carta do presidente Trump. Mas não como uma carta que eu mando para os outros presidentes. Eu recebi pelo jornal, porque ele publicou uma carta no site dele fazendo uma ameaça ao Brasil", revelou Lula, diante de uma plateia que o ovacionou. Na publicação, Trump exige o fim do que chamou de "perseguição" a Jair Bolsonaro (PL), critica a regulação das big techs no Brasil e ameaça aplicar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros caso não haja resposta até o dia 1º de agosto.

☆ "Desrespeito com o Brasil e a Justiça brasileira" - Lula classificou a atitude de Trump como afrontosa e mentirosa, criticando ponto a ponto a carta. "Foi a primeira coisa que ele fez, um desaforo, desrespeito com o Brasil e com a Justiça brasileira", afirmou. "Depois ele disse: 'nossas big techs, nossas empresas, não podem ser controladas, não pode ter controle porque isso é ferir a liberdade de expressão'. Não. O que queremos é evitar a liberdade de agressão. [...] Nós vamos proteger nosso povo e aqui dentro do Brasil elas serão regulamentadas."

O presidente também desmentiu a acusação de que os Estados Unidos estariam sofrendo prejuízos comerciais nas relações bilaterais. "É mentira. Em 15 anos, os americanos tiveram superávit de US$ 410 bilhões em negócios com o Brasil", pontuou.

☆ "Imperador do mundo nós não queremos" - A carta de Trump foi acompanhada de uma ameaça explícita de sanções caso o governo brasileiro não respondesse até 1º de agosto. Lula, no entanto, reagiu com ironia e altivez: "Eu não sou mineiro, mas sou bom de truco. E se ele estiver 'trucando', ele vai tomar um 6".

Lula ressaltou que o Brasil mantém uma tradição diplomática de diálogo e que aguardava respostas concretas dos Estados Unidos a propostas já enviadas. "No dia 16 de maio**,** mandamos uma carta para eles pedindo explicação das propostas que tínhamos feito. Não responderam."

☆ Defesa da soberania brasileira - Encerrando sua fala com uma convocação simbólica à população, Lula fez um apelo direto ao presidente dos Estados Unidos. "Presidente Trump, a nossa soberania é feita por esse povo brasileiro, que trabalha, que produz", disse. E completou: "Temos 8,5 milhões de km² para proteger, 8,5 mil km de fronteira marítima para proteger, 16,7 mil km de fronteira terrestre, a maior floresta do mundo, 12% da água doce do mundo, 215 milhões de pessoas, todo o nosso petróleo, todo o nosso ouro, todos os minerais ricos que vocês querem — e aqui ninguém põe a mão. Esse país é do povo brasileiro."

Em tom firme, Lula também reforçou sua disposição para manter relações diplomáticas respeitosas: "A única coisa que eu peço ao governo americano é que respeite o povo brasileiro como eu respeito o povo americano. O Trump foi eleito para ser presidente deles. Imperador do mundo nós não queremos. Nós somos donos do nosso nariz. Se quiserem negociar, nós queremos negociar. Temos os melhores negociadores do mundo."

Fonte: Brasil 247

Tarifas de Trump causam estragos no cinturão citrícola do Brasil

Nova taxação de 50% sobre o suco brasileiro, em vigor a partir de agosto, pressiona produtores e ameaça exportações ao maior mercado do setor

      Colheita de laranja em Minas Gerais (Foto: Reuters/Adriano Machado)

Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) - O plano do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma nova tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto pode devastar o cinturão citrícola do Brasil, uma vez que as fábricas reduzem os trabalhos e os produtores de laranja consideram deixar as frutas apodrecerem em meio a uma queda acentuada nos preços.

"Eu vejo que pode realmente já ficar fruto no pé por não ter mercado e você não vai gastar para tirar e não ter para quem vender", disse o produtor Fabrício Vidal em sua fazenda em Formoso (MG).

As novas tarifas podem impossibilitar a entrada de suas frutas nos Estados Unidos, que compram 42% do suco de laranja exportado pelo Brasil, um comércio avaliado em cerca de US$1,31 bilhão na safra encerrada em junho.

Neste mês, os preços da laranja no Brasil caíram para 44 reais a caixa, quase metade do que eram há um ano, de acordo com medições do Cepea, da Universidade de São Paulo (USP), ilustrando como as políticas comerciais disruptivas de Trump podem semear o caos antes mesmo de serem implementadas.

"Cada dia que vai chegando mais perto da entrada em vigor das tarifas aumenta a ansiedade em relação ao que pode acontecer", disse Ibiapaba Netto, diretor-presidente do CitrusBR, que representa exportadores de suco de laranja, em entrevista à Reuters.

✱ IMPACTO PARA OS CONSUMIDORES

A produção de suco de laranja dos EUA caiu para o menor nível em meio século na safra 2024/25, com um volume estimado em 108,3 milhões de galões, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos citados pelo Cepea em relatório recente, que mostra que as importações representarão 90% do abastecimento dos EUA até setembro.

Os consumidores norte-americanos sofrerão o impacto, assim como os produtores brasileiros de laranja. Metade do suco de laranja que os norte-americanos bebem vem do Brasil, vendido por marcas como Tropicana, Minute Maid e Simply Orange.

O Brasil, que produz 80% do suco de laranja do mundo, também será difícil de substituir.

Os EUA se tornaram mais dependentes das importações de suco de laranja nos últimos anos devido à doença "greening" nas lavouras cítricas, furacões e adversidades climáticas.

Mas a nova tarifa sobre as importações brasileiras representa um aumento de 533% em relação ao imposto de US$415 por tonelada já atualmente cobrado quando o suco entra no país.

Na semana passada, a Johanna Foods, produtora e distribuidora de sucos de frutas de Nova Jersey, contestou na Justiça as tarifas propostas sobre o suco de laranja brasileiro, alegando que elas causariam "danos financeiros significativos e diretos" à empresa e aos consumidores dos EUA.

As tarifas também podem significar problemas para Coca-Cola e Pepsi, que respondem por cerca de 60% do suco de laranja vendido nos Estados Unidos, disse Netto. Nenhuma das empresas respondeu a pedidos de comentário.

✱ SEM RESPOSTA FÁCIL

O Brasil não terá facilidade em substituir os consumidores norte-americanos, que estão entre os mais ávidos consumidores de suco de laranja do mundo.

Normalmente, apenas países de renda mais alta importam suco de laranja, limitando o potencial de alcance do Brasil em novos mercados. O suco de laranja brasileiro é vendido somente para cerca de 40 países, o que representa cerca de um terço dos destinos que compram carne brasileira, por exemplo, segundo dados comerciais.

Netto, da CitrusBR, observou que altas tarifas já aplicadas por mercados como Índia e Coreia do Sul, bem como a baixa renda familiar na China, prejudicaram o comércio com o Brasil.

A União Europeia, por sua vez, já compra cerca de 52% do total das exportações brasileiras, o que torna improvável que os países de lá ajudem a compensar o Brasil por negócios perdidos com os EUA.

As empresas ficarão com poucas opções.

Uma delas seria exportar suco de laranja brasileiro pela Costa Rica, o que algumas empresas já fazem para evitar as tarifas atuais, disse Arlindo de Salvo, consultor independente especializado em laranja. Mas não está claro se os exportadores conseguirão fazer isso quando a nova taxa começar a ser aplicada.

A CitrusBR disse que tal "triangulação" via Costa Rica é impossível segundo as regras da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Enquanto as empresas precisam encontrar novos caminhos para os consumidores do suco brasileiro, os agricultores de Formoso temem o pior. Os preços pagos a eles já caíram para cerca de um terço do que os produtores recebiam na mesma época do ano passado, disseram os produtores, fazendo com que o custo da colheita das laranjas quase não valha a pena.

O produtor Ederson Kogler disse que a única solução seria encontrar outros mercados. Mas, acrescentou, "só que são coisas que não acontecem do dia para a noite".

Fonte: Brasil 247 com Reuters