domingo, 2 de novembro de 2025

Datafolha: 68% dos moradores do Rio desconhecem a ADPF das Favelas

O governador Cláudio Castro (PL) – Reprodução

Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (1º) mostra que 68% da população da cidade do Rio de Janeiro e da região metropolitana desconhecem a ADPF das Favelas, ação apresentada ao STF em 2019. O tema voltou ao debate após a Operação Contenção, considerada a mais letal do país. O índice de apoio à ADPF ficou em 41%, enquanto 43% se disseram contrários, 13% não souberam responder e 3% se declararam indiferentes.

O levantamento ouviu 626 pessoas com 16 anos ou mais por telefone, nos dias 30 e 31 de outubro, com margem de erro de quatro pontos percentuais. Na capital, 63% nunca ouviram falar da ADPF, e no Grande Rio o percentual chega a 73%. Entre quem considerou a operação mal executada, o apoio à ação judicial alcança 78%.

Os dados mostram divisão entre eleitores de 2022: entre apoiadores de Jair Bolsonaro, 64% são contrários à ADPF, enquanto entre eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 66% são favoráveis. Moradores de comunidades da capital e da região metropolitana demonstraram 50% de apoio, enquanto entre quem vive fora de favelas o índice é de 38%.

Corpos dos mortos pela “Operação Conteção” enfileirados na rua no Morro do Alemão. Reprodução
A ADPF passou a impor regras sobre operações em áreas sensíveis desde 2020, restringindo o uso de helicópteros e ações próximas a escolas, creches e hospitais. Em abril deste ano, o STF flexibilizou parte das normas, mas manteve exigências como produção de autópsias com laudos em até dez dias, acionamento do Ministério Público e preservação do local para perícia.

A pesquisa aponta que 57% dos moradores do Rio consideraram a operação um sucesso. A aprovação do governador Cláudio Castro (PL) chegou a 40%, maior índice desde o início do mandato. Na segurança pública, 37% avaliam positivamente o trabalho do governo, percentual semelhante ao dos que consideram a atuação ruim ou péssima.

A presença de militares em ações de segurança registrou apoio de 76% dos entrevistados, e 72% concordam que as Forças Armadas deveriam ter participado da operação realizada na última terça-feira (28). Após a ação, Castro classificou a ADPF como “maldita” e atribuiu a ela dificuldades logísticas e crescimento de barricadas em comunidades do Rio.

Fonte: DCM

Risco de temporada da Papuda apavora o entorno de Bolsonaro; saiba mais


        O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – Reprodução

Aliados próximos de Jair Bolsonaro reagiram com apreensão após a circulação de rumores, nesta semana, de que o Supremo Tribunal Federal pode determinar que o ex-presidente cumpra 15 dias de prisão na Papuda antes de seguir para um período em regime domiciliar. Com informações do blog de Lauro Jardim no jornal O Globo.

O temor tomou força após a condenação de 27 anos por envolvimento na tentativa de golpe de Estado, relacionada aos ataques de janeiro de 2023. A versão se espalhou rapidamente entre parlamentares e assessores.

O clima de incerteza se intensificou com a avaliação de que novos desdobramentos judiciais podem ocorrer a qualquer momento. A condenação inclui acusações de organização e incentivo a atos antidemocráticos, com impacto direto sobre sua atuação política. Interlocutores afirmam que o avanço dos autos dificulta estratégias de defesa e amplia o risco de execução de penas restritivas de liberdade.

Ao mesmo tempo, relatos que circulam em Brasília apontam que Bolsonaro estaria mais recluso e enfrentando possível quadro de depressão. Pessoas próximas dizem que o ex-presidente tem evitado compromissos e reduzido interações políticas. Não há confirmação médica pública sobre o caso, e a família mantém silêncio sobre a condição emocional do ex-mandatário.

Rota para o Complexo Penitenciário da Papuda, no DF – Reprodução
A repercussão dos rumores mobilizou grupos de apoio nas redes sociais, que buscam organizar manifestações preventivas. Deputados da base bolsonarista afirmam acompanhar de perto movimentações judiciais e aguardam eventuais despachos. Para aliados, qualquer detenção, ainda que temporária, pode provocar desgaste interno e reduzir influência sobre alas radicais.

Nos bastidores do Congresso, partidos do Centrão avaliam que o cenário de prisão pressiona negociações e impacta cálculos eleitorais. Líderes partidários observam que a condenação por golpe de Estado reduz espaço para articulação política e pode fragmentar o movimento bolsonarista. Enquanto isso, a defesa afirma que pretende recorrer e aguarda prazos judiciais para próximos passos.

Fonte: DCM com informações do jornal O Globo

VÍDEO – As quatro propostas de Pimenta para o combate ao crime organizado


      O deputado federal Paulo Pimenta (PT) -Reprodução

O deputado federal Paulo Pimenta (PT) divulgou neste domingo (2) um vídeo com quatro propostas para fortalecer o combate ao crime organizado no Brasil, em meio ao debate provocado pela megaoperação policial no Rio de Janeiro, que deixou mais de cem mortos. A primeira iniciativa prevê a recuperação de territórios dominados por facções, com presença contínua do Estado e oferta de educação, saúde, emprego e outros serviços públicos.

A segunda proposta trata da reformulação do sistema penitenciário. Segundo Pimenta, as facções se consolidaram nas prisões, onde muitos detentos acabam dependendo dessas organizações para sobreviver. O parlamentar defende a separação entre presos provisórios e condenados, ampliação de vagas, desconcentração de lideranças e fortalecimento da polícia penal, citando presídios federais como modelo.

Como terceira medida, ele sugere ampliar a fiscalização sobre fintechs e instituições financeiras digitais para bloquear a lavagem de dinheiro. O deputado cita investigações recentes e afirma que a falta de controle facilitou a circulação de recursos ilícitos. Iniciativas anteriores nessa área, segundo ele, enfrentaram resistência pública e de parlamentares da direita.

A quarta proposta mira o controle da venda de armas e munições. Pimenta afirma que mudanças feitas no governo Jair Bolsonaro permitiram a comercialização de armamento de grosso calibre para civis, enfraqueceram o rastreamento de munições e facilitaram o acesso de facções a armamentos de alto poder de fogo por meio de lojas e clubes de tiro.

Além dos quatro pontos, o petista defende a valorização de profissionais da segurança. Ele critica mudanças previdenciárias de 2019 e diz que policiais civis, federais, rodoviários federais e agentes socioeducativos perderam integralidade e paridade, com impacto direto em famílias de servidores mortos em serviço.

Por fim, Pimenta afirma que o governo federal já discute iniciativas estruturais sobre o tema. Ações coordenadas entre Estados, integração policial e políticas públicas articuladas, afirma, podem ampliar a capacidade estatal de enfrentamento ao crime organizado.

Fonte: DCM

Sakamoto: Maioria é a favor das mortes no Rio, mas também é contra anistia a golpista

 

Policiais civis avançam por viela nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Foto: Jose Lucena/TheNewsS2/Estadão Conteúdo

Por Leonardo Sakamoto

Após o Boeing derrubado pelo governo do Rio nos Complexos do Alemão e da Penha na semana que passou, matando 121 pessoas, institutos de pesquisa foram a campo para tomar o pulso dos vivos em relação à operação policial. Quem vive em Nárnia ficou surpreso com o apoio a ações violentas, mas o restante sabe que, em uma sociedade em que o Estado falha em garantir segurança, corpos sempre produziram votos. O preocupante é que os que governam o estado são os que mais sabem disso.

A extrema direita, aliás, celebrou que, segundo o Datafolha, 57% dos moradores do Rio viram a ação como um sucesso e outros 39%, como um fracasso — margem de erro de quatro pontos. A Genial/Quaest também fez a mesma pergunta, chegando a números semelhantes: 58% dos fluminenses apontam sucesso e 32%, fracasso — neste caso, margem de três pontos.

Com pesquisas embaixo do braço, a extrema direita brada que a minoria deveria aceitar calada a posição da maioria, o que é puro oportunismo. Porque, quando ela é minoria, ignora as pesquisas, chamando-as de mentirosas.

O Datafolha também questionou se a população chancela a afirmação “bandido bom é bandido morto”. Os que concordam totalmente ou em parte somam 51% e os que discordam totalmente ou em parte, 45%. Com quatro pontos de margem, poderíamos alegar um empate técnico, mas seria forçar a amizade. Historicamente sabemos que a maioria tende a concordar com a frase.

Contudo, o dado surpreendente não são os 57% ou 58% que veem a operação como um sucesso e os 51% que abraçam essa declaração, mas os 39% e 32% que viram fracasso e os 45% que discordam da afirmação. Apesar de toda violência, respiram fundo, racionalizam e ainda são capazes de não se deixar levar por soluções populistas e superficiais (que não consideram as causas, mas atacam apenas as consequências), pela vingança pura e simples, pela histeria coletiva do discurso do medo e pelo olho por olho, dente por dente.

A vocês, meus parabéns. Pois não é simples viver em uma sociedade em que pessoas temem ser agredidas por bandidos, mas também pelo próprio governo.

Corpos de vítima do massacre policial no Rio de Janeiro enfileirados. Reprodução
E se os números estiverem corretos, os índices de 39%, 32% e 45% mostram que não é todo o Rio que pensa que matar é a solução. Esse montante é mais do que suficiente para manter um debate público construtivo, buscando alternativas que não abram o alçapão que fica no fundo do poço.

Se você chegou até aqui no texto, bufando, saiba que não estou defendendo bandido, mas que o Estado comporte-se para não atuar como bandido. A polícia, um dos braços armados do Estado, deve seguir as leis e não usar os mesmos métodos de criminosos sob a pena de gerar filhotes monstruosos. Como as milícias brotadas no seio da polícia e que mantém o poder político e econômico em comunidades. Ou matando inocentes no meio de operações.

Tampouco o Estado deveria expor a vida de policiais como fez nesta semana, quando quatro deles, quatro trabalhadores, morreram em meio ao caos. Eles carregam nas costas uma profissão precarizada, sem apoio estrutural, pouco remunerada, jogados para matar e morrer sem se beneficiarem de um trabalho prévio de inteligência, que minimize os riscos que eles correm. Enquanto isso, muitos daqueles que os mandam para a guerra, não se importa se eles voltam para suas famílias.

Parte da população, cansada da violência, apoia desvios de Justiça por parte do Estado. O problema é que o impacto desse apoio se faz sentir no dia a dia do país nas periferias das grandes cidades, em que o Estado aterroriza jovens negros e pobres com a anuência velada de uma parcela de brancos ricos, ou na zona rural, com chacinas policiais cometidas contra quem questiona os interesses de produtores rurais.

A justificativa que damos para nós é a mesma usada nos anos da última ditadura: estamos em guerra contra aqueles que querem destruir nosso modo de vida. Ninguém explicou, contudo que essa guerra atropela os valores que nos fazem humanos e que, a cada batalha, vamos deixando um pouco para trás. Quando, sob a justificativa de erradicarmos um crime, limamos liberdades individuais e garantias de direitos fundamentais, estamos cavando nossa própria sepultura como sociedade.

Sim, a erosão da democracia pode vir através de um golpe rápido ou a conta gotas.

Novamente para quem está com o Tico e o Teco desligado neste domingo: não defendo o crime, muito menos bandidos e quero o Comando Vermelho desarticulado, denunciado, julgado, punido e preso. Defendo o pacto que os membros da sociedade fizeram entre si para poderem conviver (minimamente) em harmonia. Em suma, não entregamos para o Estado o poder de usar a violência como último recurso a fim de proteger os cidadãos para que ele a use como padrão de solução de todos os conflitos, matando inclusive cidadãos inocentes.

Por fim, vale a pena lembrar que uma democracia verdadeira passa pelo respeito à vontade da maioria, desde que garantindo a dignidade das minorias. Até porque, como sabemos, a maioria pode ser avassaladoramente violenta. Se não forem garantidos os direitos fundamentais das minorias (e quando digo “minoria”, não estou falando de uma questão numérica mas, sim, do nível de direitos efetivados, o que faz das mulheres uma minoria no país), estaremos apenas criando mais uma ditadura.

Ninguém esculacha morador de bairro rico, apesar de ser lá onde moram quem realmente lucra com o crime organizado.

A redução da violência passa pela ação policial nos territórios, claro, mas antes é necessário reduzir a capacidade bélica dos criminosos com ações de inteligência, estrangulando a conta bancária dos meliantes, cortando bens, grana e fluxo de drogas e de armas. Mas também com uma presença maioria do Estado, que precisa entrar na comunidade não apenas para atirar, mas para levar saúde e educação de qualidade, além de bons empregos aos jovens, cultura, lazer.

“Ah, mas a maioria quer isso, japonês. Você deveria calar sua boca.”

Oportunismo e cinismo em estado mais puro. O mesmo instituto Datafolha aponta que 54% da população são contra uma anistia por parte do Congresso para livrar Jair Bolsonaro de ser preso por tentar um golpe de Estado, enquanto 39% afirmam ser favoráveis à iniciativa. Já a Genial/Quaest aponta que 47% dos entrevistados são contra qualquer tipo de anistia, enquanto 35% a defendem.

Mas não vemos a extrema direita andar com essas pesquisas embaixo do braço. Ou assumir que tanto a execução sumária sem julgamento quanto a dissolução violenta do Estado democrático de direito são crimes em nosso ordenamento jurídico. Muito menos se lembrar que golpistas são criminosos extremamente perigosos, porque tentaram mobilizar militares para assassinar a democracia, ao defender em momentos como este que “bandido bom é bandido morto”.

Quem dera todos tivessem o mesmo direito de ter o seu dia no tribunal, como foi com o julgamento dos condenados pelos atos golpistas, sem ser morto ou preso sem acusação.

Publicado originalmente no Uol

Desesperados, filhos de Bolsonaro usam Segurança Pública para atacar a gestão Lula


        Flávio, Jair e Eduardo Bolsonaro – Reprodução

Desde terça-feira (29), após a megaoperação no Rio de Janeiro que resultou em pelo menos 121 mortos, os filhos de Jair Bolsonaro (PL) passaram a concentrar postagens sobre o tema da segurança pública. Eles interromperam temporariamente a praticamente fracassada campanha por anistia ao ex-presidente e direcionaram críticas ao governo Lula (PT), mencionando facções criminosas como o Comando Vermelho. As publicações apontam falhas no combate ao crime organizado.

O senador Flávio Bolsonaro, candidato à reeleição em 2026, realizou aproximadamente 50 postagens em quatro dias. Ele destacou elogios ao governador Cláudio Castro (PL) e ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Flávio também citou temas relacionados a policiamento e ações militares em comunidades do Rio, apresentando comparações com governos anteriores em suas redes sociais.


Presidente da Comissão de Segurança Pública do Senado, Flávio integra a CPI do Crime Organizado como membro titular ao lado do senador Sérgio Moro. Eduardo Bolsonaro (PL), que vinha comentando divergências entre Lula e Donald Trump, passou a abordar o tema da segurança no país. Carlos Bolsonaro também realizou postagens, mas em menor escala. Jair Renan (PL) não comentou o assunto.

A megaoperação realizada no Rio de Janeiro começou na terça-feira (29) e teve como foco o combate a facções criminosas que atuam em áreas dominadas pelo tráfico. A ação mobilizou policiais civis, militares e forças especiais, com incursões simultâneas em regiões de difícil acesso. O objetivo declarado era interromper rotas de armamentos, prender lideranças locais e apreender armas de alto calibre usadas em confrontos frequentes.


As ações ocorreram principalmente em complexos de favelas, onde agentes enfrentaram forte resistência armada. Durante os confrontos, helicópteros e blindados foram deslocados para apoio, e equipes de solo avançaram em áreas de mata e becos estreitos. Moradores relataram interrupções em serviços, fechamento de escolas e suspensão de atividades comerciais devido ao intenso tiroteio.

Ao menos 121 pessoas morreram, segundo balanços divulgados por autoridades locais ao longo da semana. Entre os mortos, a maior parte é apontada como integrante de organizações criminosas, segundo a polícia. O número elevado reacendeu discussões sobre operações de alto impacto, métodos de atuação e consequências para comunidades afetadas.

Fonte: DCM

Mulheres ganham 21% menos que homens mesmo com avanço no mercado

Relatório do Ministério do Trabalho mostra que mulheres negras ganham até 53% menos que homens brancos, apesar de avanços pontuais

Mulheres ganham 21% menos que homens mesmo com avanço no mercado (Foto: José Paulo Lacerda/CNI)

As mulheres continuam recebendo, em média, 21,2% menos que os homens nas 54 mil empresas brasileiras com cem ou mais funcionários. Os dados fazem parte do 4º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com base na Lei da Igualdade Salarial, sancionada em 2023.

Segundo o levantamento, publicado pela Folha de S.Paulo, a remuneração média feminina é de R$ 3.908,76, enquanto os homens recebem R$ 4.958,43. A desigualdade é ainda mais acentuada quando se consideram cor e raça: mulheres negras (pretas e pardas) ganham, em média, 53,3% menos que homens brancos. A diferença equivale a uma renda de R$ 2.986,50 contra R$ 6.391,94.

O estudo analisou 19,4 milhões de vínculos trabalhistas, sendo 41,1% de mulheres e 58,9% de homens, a partir dos dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) enviados pelas empresas entre o segundo semestre de 2024 e o primeiro de 2025.

Apesar do aumento de 11% no número de mulheres contratadas, que passou de 7,2 milhões para 8 milhões, a diferença salarial entre os gêneros permanece praticamente estagnada desde o início da divulgação do relatório, há dois anos. “O avanço ainda é tímido”, afirma Paula Montagner, subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho do MTE.

Segundo Montagner, o relatório não tem caráter punitivo, mas funciona como um instrumento de diagnóstico. “Ele mostra que há algo a ser corrigido dentro da empresa”, explica. Quando são identificadas diferenças salariais entre homens e mulheres na mesma função, as companhias são obrigadas a preencher um questionário adicional para justificar os motivos.

Entre os principais fatores apontados pelas empresas para justificar desigualdades estão o tempo de experiência (78,7%), metas de produção (64,9%) e planos de cargos e salários (56,4%).

◈ Mais mulheres contratadas, mas com salários menores

O aumento da presença feminina no mercado de trabalho, sobretudo em cargos de entrada, ajuda a explicar a persistência da disparidade. “O ingresso de mais mulheres é positivo, mas como muitas entram com salários mais baixos, isso pesa na massa salarial final”, avalia Paula Montagner.

Ela destaca que a redução da desigualdade depende também de mudanças culturais dentro das empresas. “Hoje, gestores já convidam mulheres para cargos de liderança, e elas têm respondido positivamente. São mais assertivas e buscam qualificação”, afirma.

Mesmo com avanços discretos, há sinais de melhora. De 2023 a 2025, cresceu 21,1% o número de empresas com ao menos 10% de mulheres negras em seus quadros, subindo de 29 mil para 35 mil. Também aumentou em 6,4% o número de companhias com diferença salarial de até 5% entre homens e mulheres, chegando a 17,8 mil.

Em diversas ocupações, o rendimento feminino apresentou leve aumento: 1,5% em serviços administrativos, 2,1% em atividades operacionais, 2,7% em cargos de direção e gerência e 3,5% entre profissionais com nível superior.

◈ Disparidades regionais e políticas públicas

Os estados com maior desigualdade salarial são Paraná (28,5%), Rio de Janeiro (28,5%), Santa Catarina (27,9%), Mato Grosso (27,9%) e Espírito Santo (26,9%). Já as menores diferenças aparecem no Piauí (7,2%), Amapá (8,9%), Acre (9,1%), Ceará (9,9%), Pernambuco (10,4%) e Distrito Federal (9,3%).

Para a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, a simples inserção feminina no mercado de trabalho não é suficiente. “É inaceitável que mulheres negras recebam metade do rendimento de homens não negros. Temos como compromisso intensificar medidas que resolvam essas distorções”, afirmou.

Márcia defende políticas estruturais que enfrentem as desigualdades de gênero, como a ampliação da licença-paternidade, o auxílio-creche e a redistribuição do trabalho doméstico, que ainda recai majoritariamente sobre as mulheres.

A Lei da Igualdade Salarial, sancionada em 3 de julho de 2023, determina que empresas com cem ou mais empregados adotem medidas para assegurar a igualdade de remuneração entre homens e mulheres e publiquem relatórios semestrais de transparência. A norma também estimula práticas de conciliação entre vida profissional e familiar, como licença parental estendida (presente em 44% das empresas) e auxílio-creche (oferecido por 21,9%).

Fonte: Brasil 247

Brasil busca solução rápida para “tarifaço”, mas EUA ainda travam negociações

Governo quer resolver impasse tarifário com os EUA em até 15 dias, mas risco de Trump usar pressões e chantagens é grande

Bandeiras do Brasil e dos Estados Unidos (Foto: Reuters/Evelyn Hockstein)

O governo brasileiro tenta acelerar uma solução diplomática para o chamado “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos. A expectativa do Planalto é que uma reunião com representantes da Casa Branca aconteça em até 15 dias, em Washington, com o objetivo de discutir a retirada das sobretaxas de até 40% sobre produtos brasileiros.

Segundo o G1, devem participar do encontro o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Apesar do otimismo moderado, fontes do governo reconhecem que a ausência de clareza sobre as exigências norte-americanas gera preocupação e levanta o alerta para possíveis pressões do presidente Donald Trump, que pode tentar transformar a negociação em uma demonstração de força.

No Planalto, há receio de que o presidente dos Estados Unidos utilize o impasse tarifário para impor chantagens diplomáticas e cobrar concessões que extrapolem o campo comercial, especialmente em temas sensíveis como meio ambiente, tecnologia e geopolítica regional. Diplomatas avaliam que Trump pode tentar “vender” internamente um eventual acordo como uma vitória pessoal, o que limitaria a margem de manobra brasileira.“Se Trump se reúne com Lula e não menciona os termos da carta de julho, significa que esses tópicos estão fora da mesa da conversa”, disse uma fonte ouvida pelo G1, referindo-se às tentativas anteriores da Casa Branca de vincular a pauta tarifária a temas políticos. Mesmo assim, no Itamaraty, cresce o entendimento de que o presidente norte-americano pode recorrer a táticas de pressão para obter vantagens nas negociações.

◈ Brics e Venezuela seguem fora da pauta

O governo brasileiro descarta, por ora, a inclusão de temas como a participação do Brasil no Brics ou o comércio de terras raras na rodada de conversas. No entanto, diplomatas admitem que a Venezuela pode voltar a ser citada por Washington como forma de barganha, embora o assunto não deva ocupar posição central no encontro. “É um tema muito preocupante e traz consequências complicadas para a região, portanto não descartamos que volte a ser ventilado”, afirmou outra fonte do governo.

◈ Estratégia do Planalto busca preservar soberania e equilíbrio

A equipe econômica e diplomática brasileira tenta montar uma estratégia de negociação que evite concessões assimétricas, preservando a autonomia política do país e, ao mesmo tempo, garantindo uma saída rápida para o impasse comercial. Embora ainda não haja data confirmada para o encontro entre os negociadores, o governo teme que a cúpula do clima em Belém atrase a viagem da comitiva brasileira a Washington. Mesmo assim, o Ministério das Relações Exteriores segue empenhado em construir um entendimento que combine pragmatismo comercial e resistência a possíveis manobras de pressão política.

◈ Expectativas e riscos

A depender da postura americana, o Brasil pode enfrentar um dilema entre aceitar condições que favoreçam Washington ou prolongar o impasse, com impactos econômicos imediatos. Para diplomatas experientes, o risco de chantagem política não pode ser descartado, e o governo brasileiro precisa “negociar com firmeza, sem perder a independência”.

O resultado das conversas será decisivo para o comércio exterior e para a imagem do Brasil como ator relevante e soberano no cenário internacional. O desfecho também servirá como termômetro das relações entre o governo Lula e o presidente Donald Trump.

Fonte: Brasil 247 com informações do G1

Boulos critica chacina de Castro e diz que governo não ficará calado

Ministro reage à operação sangrenta no Rio, acusa o governador de tentar transferir culpas e afirma que o Planalto responderá a cada ataque

Brasília (DF), 29/10/2025 - O novo o Secretário-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos, fala durante cerimônia de posse, realizada no Palácio do Planalto. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O ministro Guilherme Boulos, da Secretaria Geral da Presidência, criticou duramente a operação policial conduzida pelo governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), que resultou em dezenas de mortes e foi classificada por ele como uma “pirotecnia com sangue”. Em entrevista ao jornal O Globo, o ministro afirmou que o governo federal não permanecerá em silêncio diante das acusações do governo fluminense e prometeu uma resposta firme a cada tentativa de confronto político.

“O que acirra é o governador, depois de fazer uma operação sem pedir ajuda, querer jogar a conta no governo federal”, disse. “A PEC da Segurança Pública foi enviada ao Congresso há meses, e o Cláudio Castro foi contra. Uma coisa é ter relação institucional, outra é apanhar calado. Cada ataque vai ter resposta.”

A declaração foi interpretada como um recado direto ao Palácio Guanabara, após a sequência de críticas de Castro ao governo federal. Segundo o ministro, a operação não só desrespeitou a coordenação entre os entes federativos, como também serviu a propósitos midiáticos. “O governador tenta se descolar da responsabilidade, mas ele próprio rejeitou mecanismos de cooperação nacional em segurança pública”, destacou.

☆ “O governo não ficará calado”

O ministro reforçou que o Planalto vai manter o diálogo institucional com os estados, mas não aceitará ataques políticos baseados em tragédias. “O governo não ficará calado diante de injustiças e manipulações”, afirmou. Segundo ele, é necessário discutir segurança pública com responsabilidade e planejamento, e não por meio de operações que expõem as comunidades a massacres e reforçam a lógica do confronto.

☆ Diálogo com trabalhadores e movimentos sociais

Apesar do embate com o governo do Rio, o ministro destacou que sua prioridade à frente da pasta será fortalecer a interlocução com a sociedade. De acordo com ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o encarregou de percorrer o país até maio, com o objetivo de conversar com movimentos sociais, trabalhadores informais e pequenos empreendedores.

“A primeira missão dada pelo presidente é rodar o Brasil. Vou para todos os estados até maio. Conversar com os movimentos sociais e os setores com os quais às vezes temos dificuldade de dialogar”, explicou.

O plano inclui a criação de grupos de trabalho com trabalhadores de aplicativos e pequenos empreendedores. “A ideia é construir soluções para um setor que em geral está na informalidade e que às vezes tem um grau de resistência às políticas do governo. A classe trabalhadora mudou”, afirmou.

☆ Regulação das plataformas e autocrítica à esquerda

Questionado sobre a proposta de regulação do trabalho por aplicativos, o ministro disse que o novo texto será aprimorado. “Os trabalhadores querem uma garantia, mas a remuneração mínima tem um peso maior para eles”, afirmou.

Ele também defendeu maior transparência nas taxas cobradas pelas empresas. “Por que as plataformas ficam com uma fatia tão relevante de cada viagem? Só pela intermediação tecnológica? Isso precisa ser regulamentado.”

O ministro reconheceu que a esquerda errou ao impor visões sem escutar a base. “A esquerda errou muitas vezes porque sempre colocou o que quer para os trabalhadores dessas novas formas de trabalho. Poucas vezes parou para ouvir o que eles querem.”

☆ “Democracia não é apertar um botão a cada quatro anos”

As viagens pelo país, segundo o ministro, não têm caráter eleitoral. “Diálogo com a população não pode ser só de quatro em quatro anos apertando um botão na urna. Isso é uma democracia limitada”, afirmou. Ele ressaltou que a escuta ativa é parte essencial da atuação governamental e deve ser constante.

☆ Aproximação com evangélicos e periferias

Outro foco de sua gestão será o fortalecimento do diálogo com as comunidades evangélicas e religiosas. “Quero dialogar com evangélicos, católicos, gente de todas as religiões. Se o presidente me der essa atribuição, farei com gosto”, declarou.

O ministro lembrou que o movimento dos sem-teto, do qual é oriundo, possui forte presença de lideranças religiosas. “Eles estão concentrados nas periferias e se beneficiam com políticas do governo. É essencial destravar a conexão com milhões de evangélicos nas periferias.”

☆ Governabilidade, sucessão e Supremo

O ministro rejeitou a ideia de que sua nomeação represente uma guinada à esquerda no governo e reafirmou que sua atuação seguirá as diretrizes de Lula. “Quem teve 60 milhões de votos para conduzir o governo é o presidente Lula. Ele vai definir a minha atuação.”

Ele também classificou como “desrespeitoso” antecipar o debate sobre sucessão presidencial. “Ele é presidente do Brasil pela terceira vez e será eleito novamente no ano que vem. Fazer um debate sobre sucessão é extemporâneo.”

Fonte: Brasil 247 

PT e PL travam disputa pela presidência da CPI do crime organizado

Senadores Fabiano Contarato e Flávio Bolsonaro são os principais nomes na disputa pela chefia da comissão

Rio de Janeiro (RJ) - 29/10/2025 - Protesto contra a operação policial que deixou mais de 120 pessoas mortas no Complexo da Penha, em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo do estado (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

A disputa pela presidência da CPI do crime organizado promete acirrar os ânimos entre PT e PL no Senado.

Segundo informações da Folha de S.Paulo, os dois partidos se movimentam intensamente nos bastidores e devem decidir o comando da comissão no voto, na próxima terça-feira (4), diante da falta de consenso entre as bancadas.O governo tenta convencer o senador Fabiano Contarato (PT-ES), delegado aposentado da Polícia Civil, a assumir o posto, mas ele tem demonstrado resistência. Diante disso, o líder da bancada petista, Rogério Carvalho (PT-SE), foi acionado como alternativa caso o colega mantenha a recusa.

Pelo lado bolsonarista, o nome mais cotado é o do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), presidente da Comissão de Segurança Pública do Senado e figura de destaque da chamada “bancada da bala”. A escolha do comando da CPI é vista como estratégica, já que a comissão deve analisar temas sensíveis envolvendo facções criminosas, operações policiais e o papel dos estados no combate ao crime organizado.

O senador Alessandro Vieira (MDB-SE), considerado um nome de consenso, deve assumir a relatoria da CPI. Ele planeja colocar em votação já na terça-feira o plano de trabalho e os primeiros requerimentos de convites, convocações e pedidos de informação.A criação da CPI ocorre logo após a chacina realizada no Rio de Janeiro sob comando do governador Cláudio Castro (PL).

A ofensiva, marcada por forte repercussão nacional e críticas de organizações de direitos humanos, acendeu o debate sobre o uso da força policial e o enfrentamento das facções.Nos bastidores do Senado, a avaliação é que a CPI pode servir de plataforma política para a direita, que tenta recuperar fôlego após uma série de reveses. Entre eles estão a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o fracasso da tentativa de aprovar uma anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro e o fortalecimento do governo federal no controle da CPI do INSS.

Com a disputa entre PT e PL, a nova CPI deve se tornar mais um palco da polarização política que domina o Congresso, misturando interesses eleitorais, estratégias partidárias e o desafio de enfrentar a violência organizada no país.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

“Bandido tem direito a ser julgado e receber a pena proporcional a seu crime", diz José Sarney

Ex-presidente aponta para violações do Estado de Direito e questiona governadores que defendem ações violentas contra criminosos

      José Sarney (Foto: José Cruz/Agência Senado)

O ex-presidente José Sarney criticou práticas de execução sumária e a defesa de pena de morte, ressaltando a importância das garantias do Estado de Direito. As declarações foram destacadas em postagem do Blog do Noblat.

Sarney afirmou: "Bandido tem direito a ser julgado e receber a pena proporcional a seu crime. Quem julgou esses bandidos cumpriu ali mesmo a pena de morte vedada na Constituição".

Segundo o ex-presidente, tal conduta "são rasgadas todas as garantias que lhes assegura o Estado de Direito".
Fonte: Brasil 247

CPMI do INSS ouve presidente de confederação de pescadores nesta segunda


Comissão parlamentar de inquérito aprovou oito requerimentos para ouvir dirigente da CBPA - (Fotos: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

O presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, será o próximo investigado no esquema de fraudes em aposentadorias e pensões a prestar depoimento à CPMI do INSS.

O gestor, convocado a partir de oito requerimentos aprovados pelo colegiado, falará a senadores e deputados a partir das 16h desta segunda-feira (3).

A CBPA está entre as associações investigadas pela Polícia Federal no âmbito da Operação Sem Desconto, deflagrada em abril deste ano para apurar descontos irregulares em benefícios do INSS entre 2019 e 2024. Tanto a confederação como Abraão Lincoln Ferreira da Cruz tiveram bens bloqueados, a partir da requisição da Advocacia-Geral da União.

A CPMI já aprovou a quebra dos sigilos bancários e fiscal de Abraão Lincoln e requereu ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) o envio de Relatório de Inteligência Financeira (RIF).

De acordo com o senador Izalci Lucas (PL-DF), um dos requerentes da convocação do presidente da CBPA, a entidade é “um dos eixos centrais da arquitetura criminosa desvelada pela Operação Sem Desconto e responsável por um impacto financeiro estimado em R$ 221,8 milhões subtraídos de forma contumaz e sistêmica dos benefícios de aposentados e pensionistas”.


O nome de Abraão Lincoln já foi citado em questionamentos do relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), a convocados ouvidos pelo colegiado.

Fonte: Agência Senado

"A maioria do povo brasileiro rejeita a política do derramamento de sangue", diz Lindbergh Farias

Segundo o parlamentar, pesquisa Datafolha mostra que população prefere investigação e ações sociais a operações violentas

      Lindbergh Farias (Foto: ViniLoures/Câmara)

A maioria da população brasileira rejeita a política do derramamento de sangue, afirma o deputado e líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, em seu perfil no X (antigo Twitter), citando pesquisa Datafolha.

Segundo o levantamento, 77% dos brasileiros acreditam que investigar crimes é mais importante do que matar suspeitos, 73% defendem ações sociais em vez de operações violentas, e 67% condenam o uso político da segurança pública.

"A população quer política de segurança pública com garantia de direitos e resultados concretos", declarou Lindbergh, ressaltando a diferença entre as estratégias adotadas nos governos anteriores e a atual gestão do presidente Lula.

O parlamentar lembrou que a gestão de Jair Bolsonaro deixou um legado de flexibilização do controle de armas. Durante seu governo, 14 normas — entre decretos e portarias — ampliaram o número de armas por pessoa, liberaram fuzis semiautomáticos para colecionadores, atiradores e caçadores (CACs) e dispensaram até a comprovação de necessidade. O resultado, segundo especialistas, foi a explosão no desvio de armas: 112 por mês durante seu mandato.

O deputado ressaltou ainda que o Instituto Sou da Paz aponta que três em cada quatro fuzis apreendidos no Sudeste entre 2019 e 2023 utilizavam calibres 5,56×45 mm e 7,62×51 mm, os mesmos preferidos por CACs durante o governo anterior. Em 2023, foram apreendidas 1.665 armas de estilo militar na região, um aumento de 11,4% em relação a 2019.

Lindibergh enfatiza que o governo Lula adota outra estratégia: desarmamento, investigação, inteligência e cooperação federativa. "A Operação Carbono Oculto avança para atingir a máfia dos combustíveis, que movimentou R$ 52 bilhões em 2024, contra R$ 15 bilhões do tráfico de cocaína, numa estratégia para descapitalizar o PCC. Ao mesmo tempo, a PF prepara nova ofensiva para atingir o Comando Vermelho e seus tentáculos políticos com a investigação de operações suspeitas da Refit", salientou.

E conclui: "A segurança pública contra o crime organizado se faz com firmeza, estratégia, integração e inteligência".

Fonte: Brasil 247