"Não são os investimentos do governo que pressionam a dívida. É a política monetária", afirma ainda a ministra
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), utilizou suas redes sociais nesta segunda-feira (30) para reagir ao que classificou como uma narrativa recorrente em setores da elite econômica e política: a defesa de cortes em políticas sociais sob o pretexto de responsabilidade fiscal. Em tom incisivo, Gleisi criticou o que chamou de "defesa de privilégios e injustiças" e apontou distorções estruturais no sistema tributário brasileiro.
“O Brasil está cansado dessa conversa de cortar políticas sociais, congelar o salário-mínimo e sacrificar os aposentados. Isso não é debate sério sobre política fiscal; é defesa de privilégios e injustiças”, escreveu a ministra.
☆ Crítica à política monetária e defesa dos investimentos sociais - Gleisi afirmou que os investimentos públicos, tanto na área social quanto em infraestrutura, não são os responsáveis pelo aumento da dívida pública, como alegam setores conservadores. Segundo ela, a principal pressão sobre as contas públicas advém da política monetária herdada do governo Jair Bolsonaro (PL), marcada por juros elevados.
"Não são os investimentos do governo, sociais e em infraestrutura, que pressionam a dívida pública. É a política monetária que herdamos do governo passado, com juros estratosféricos que vão levar essa conta a R$ 1 trilhão este ano. Uma ciranda maluca, que não se justifica diante de uma inflação que está abaixo da média nacional nos últimos 30 anos”, apontou.
Ela destacou ainda que o atual governo tem se esforçado para equilibrar as contas públicas, reduzindo o déficit primário de 2,3% do PIB em 2023 para apenas 0,09% em 2024, uma meta atingida, segundo Gleisi, não apenas pelo aumento da arrecadação, mas também por cortes em despesas.
“As despesas primárias foram reduzidas nestes dois anos, de 19,6% para 18,6% do PIB”, detalhou.
☆ Justiça tributária e cobrança sobre os mais ricos - A ministra também dirigiu críticas à estrutura tributária brasileira, que considera injusta por isentar grandes rendimentos de impostos e penalizar os mais pobres. Segundo Gleisi, falta a contribuição do “andar de cima”, que se beneficia de isenções fiscais, lucros e dividendos não tributados e de aplicações financeiras isentas de imposto.
“O que está faltando nesse esforço para equilibrar as contas é a contribuição do chamado andar de cima, que não paga imposto pelo rendimento de aplicações financeiras, pelos lucros e dividendos distribuídos aos acionistas, que goza de isenções fiscais injustificáveis e são os que lucram com a escandalosa taxa de juros".
A ministra defendeu propostas já encaminhadas ao Congresso Nacional, como a elevação do Imposto de Renda para faixas mais altas de renda, isenção para quem ganha até R$ 5 mil, e o fim de benefícios tributários que não resultaram em geração de empregos, mas custaram mais de R$ 600 bilhões apenas em 2024.
“As propostas estão no Congresso Nacional para serem debatidas e aperfeiçoadas. É cobrar imposto de quem não paga, ou paga proporcionalmente pouquíssimo. Só alcançaremos o verdadeiro equilíbrio, fiscal e social, com justiça tributária”, concluiu.
Fonte: Brasil 247