Líder do PT na Câmara responsabiliza diretamente Bolsonaro por esquema que desviou milhões dos aposentados e rebate acusações da oposição
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do PT na Câmara dos Deputados, atribui a Jair Bolsonaro (PL) a responsabilidade principal pelo esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que desviou milhões de reais de aposentados. A apuração do caso, lembra o parlamentar, foi iniciada somente no governo Lula (PT), a partir de uma ação conjunta entre a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal.
“Essa investigação começa com a decisão do governo do presidente Lula. Foi a CGU. A Polícia Federal entrou, já prendeu várias pessoas ligadas a essas entidades envolvidas em fraude. Também apreendeu carros de luxo, dinheiro em espécie, no montante de milhões e a investigação vai seguir. Doa a quem doer”, afirmou Lindbergh.
A declaração do deputado é uma reação direta à tentativa de parlamentares bolsonaristas, como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), de associar o escândalo ao governo Lula. Segundo Lindbergh, trata-se de uma tentativa de inverter os fatos: “fazem de tudo para tentar relacionar o presidente com essa história. Mas o verdadeiro protagonismo tem um nome: Jair Bolsonaro. O escândalo começa em 2019. A CGU notificou o INSS, só que nada foi feito”.
Lindbergh destacou ainda os nomes de integrantes do governo Bolsonaro que, segundo ele, estavam à frente da estrutura responsável por permitir o avanço do esquema. Ele citou Paulo Guedes, então ministro da Economia; Rogério Marinho, então secretário da Previdência e hoje senador; e o ex-ministro da pasta, Onyx Lorenzoni.
“Tem muita coisa que o Nikolas não te contou. Inclusive, quem descobriu esse esquema foi uma investigação que começou no governo do presidente Lula. Isso jamais aconteceria no governo anterior”, disse, mencionando o histórico de tentativa de interferência de Bolsonaro na Polícia Federal.
O deputado lembrou a acusação feita por Sergio Moro, então ministro da Justiça de Bolsonaro, de que o ex-presidente queria interferir na PF para proteger seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, investigado no caso das “rachadinhas”.
Doações de investigados ao entorno de Bolsonaro - Outro ponto levantado por Lindbergh diz respeito à relação de figuras próximas ao bolsonarismo com o escândalo. “O careca do INSS, que roubou aposentados, desviou mais de R$ 9 milhões, registrou doação de dinheiro em 2022 para a campanha do Bolsonaro”, disse. “Onyx Lorenzoni foi ministro da Previdência de Bolsonaro. Recebeu do Felipe Gomes Macedo R$ 60 mil em doação para sua campanha a governador do Rio Grande do Sul. Quem era Felipe? Presidente da AMAR, uma dessas entidades investigadas pela Polícia Federal”, lembrou ainda. “A autorização para essa entidade descontar dos aposentados vem em 2022, quando Onyx era ministro e, logo depois, o dinheiro na conta da campanha. Coincidência? Acho que não. Mais uma demonstração de apoio a quem no mínimo fez vista grossa para seus crimes”.
Críticas às medidas provisórias de Bolsonaro - Lindbergh ainda rebateu as alegações de que as medidas provisórias editadas durante o governo Bolsonaro — especialmente a MP 871/2019 e a MP 1.006/2020 — buscavam coibir fraudes. Para ele, essas normas facilitaram os descontos ilegais e ampliaram o prazo para que associações fizessem a comprovação da autorização de cobrança.
“Essa medida provisória que o Nikolas cita, a 871, facilitou as fraudes, facilitou o desconto automático no salário dos aposentados. E o pior, em 2020, Bolsonaro fez outra medida provisória, a MP 1.006, que permitia que esse prazo virasse quatro anos se o presidente do INSS quisesse”, afirmou. Ele também lembrou que o relator da medida foi o deputado bolsonarista Capitão Alberto Neto, hoje presidente do PL em Manaus.
Reação à tentativa de envolver o TCU e o governo Lula - Lindbergh também contestou a narrativa de que um ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), indicado por Lula, teria travado o julgamento sobre as fraudes. “Mentira, mentira novamente. Esse ministro do TCU, Aroldo Cedraz, não foi indicado pelo Lula. Ele tinha sido deputado, era do PFL, sempre foi oposição ao Lula. E quem escolheu ele foi a Câmara dos Deputados”, esclareceu.
“Quem tem que ser protegido são os aposentados” - Encerrando sua fala, Lindbergh reforçou que o governo Lula está comprometido em investigar profundamente os crimes e proteger os aposentados. “Essa é a posição do presidente Lula. Investigar tudo. Quem fez no passado, quem agora se envolveu tem que ser punido e ir para a cadeia também. E quem tem que ser protegido são os aposentados”.
Fonte: Brasil 247