segunda-feira, 1 de setembro de 2025

VÍDEO – Eduardo se irrita com especulação sobre Michelle para 2026: “Querem me tirar”


     Eduardo Bolsonaro em entrevista ao canal Cláudio Dantas. Foto: reprodução

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) se revoltou com a possibilidade de a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) se lançar como candidata do Partido Liberal (PL) nas eleições presidenciais de 2026. Em entrevista ao canal Claudio Dantas no YouTube nesta segunda-feira (1º), Eduardo afirmou que Michelle “nunca se abriu para o público politicamente” e sugeriu que a escolha dela como candidata não seria uma decisão bem recebida por ele.

Segundo o parlamentar, que fugiu para os Estados Unidos em março, a sigla presidida por Valdemar Costa Neto, aparentemente, interessado em direcionar sua candidatura para o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ou para algum outro nome, sem envolver os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“O PL, ao que parece, quer direcionar uma candidatura para o Tarcísio ou para alguma outra pessoa que não sejam os filhos do Bolsonaro. Na minha visão, isso é um atropelo da opinião pública”, disse o deputado.

A prisão domiciliar de Bolsonaro tem levado a um aumento nas especulações sobre uma possível candidatura de Michelle à presidência. Segundo o Metrópoles, pessoas próximas à família relataram que o ex-presidente está mais próximo de sua esposa, e está revoltado com políticos que, em sua visão, tentam se aproveitar de sua situação para ganhar apoio eleitoral.

Eduardo também se referiu ao movimento dentro do PL para desconsiderar seu nome e o do irmão, o senador Flávio Bolsonaro (PL), nas pesquisas para a eleição de 2026.


“Então querem tirar eu, querem tirar o Flávio. É o que eu falo, querem tirar qualquer pessoa que tenha uma identificação maior com esse discurso anti-establishment, ou com um discurso que vá adiante com as bandeiras do Bolsonaro. Querem enterrar com o movimento do Bolsonaro”, afirmou.

Ao ser questionado sobre sua própria possível candidatura à presidência, Eduardo confirmou que, com o apoio popular que tem, acredita ser capaz de seguir os passos do pai. “Pelo respaldo popular que eu tenho, eu acredito que sim. A minha ideia não é ser candidato no ano que vem, eu só o farei em caso de necessidade”, disse ele, destacando que sua candidatura só ocorrerá se for uma necessidade para o movimento bolsonarista.

Em relação ao futuro político e ao partido, o deputado afirmou que, apesar de não desejar deixar o PL, uma mudança de rumo dentro da legenda é possível.

“O meu desejo não é sair do PL. O meu desejo é que o PL se consolide como um partido verdadeiramente conservador, de direita, e por que não dizer, bolsonarista, porque são as bandeiras levantadas pelo Jair Bolsonaro. Mas, a conjectura futura, vamos ter que aguardar as cenas dos próximos capítulos”, explicou.

Fonte: DCM

Eduardo Bolsonaro diz que Lei Magnitsky teve pouca eficácia contra Moraes e cobra EUA por mais sanções

Deputado afirmou que restrições da Lei Magnitsky ainda não impactaram ministro do STF e prevê endurecimento das medidas

Eduardo Bolsonaro e Alexandre de Moraes (Foto: Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados | LR Moreira/Secom/TSE)

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) levou às autoridades dos Estados Unidos uma queixa sobre os efeitos limitados das sanções impostas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A afirmação, segundo o Metrópoles, foi compartilhada em entrevista ao canal Claudio Dantas, no YouTube, na qual o parlamentar relatou ter discutido o tema com Scott Bessent, secretário do Tesouro dos Estados Unidos.

Segundo Eduardo Bolsonaro, a medida prevista pela Lei Magnitsky, que busca punir autoridades estrangeiras acusadas de violações de direitos humanos, não estaria produzindo impacto relevante na vida do magistrado. O deputado afirmou ter apresentado a preocupação em conjunto com o blogueiro bolsonarista Paulo Figueiredo.

“Essa foi uma das pautas que eu e o Paulo Figueiredo apresentamos ao secretário do Tesouro americano, dizendo que: ‘Olha, as matérias da imprensa brasileira estão dando conta que a vida do Alexandre de Moraes não mudou tanto’. É preciso realmente colocar para valer essa aplicação da Lei Magnitsky, até para que os EUA não percam força”, declarou.

Durante a entrevista, o parlamentar destacou que vê como provável a adoção de medidas adicionais contra o ministro do STF, especialmente sob o governo de Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos. “Se os americanos sancionam alguém e tem pouco impacto na sua vida, há de concordar que há um enfraquecimento então dessa ferramenta à disposição dos americanos. Eu não vejo o presidente Trump permitindo esse enfraquecimento, então acho que é muito mais provável você avançar nessas sanções, você partir para outros mecanismos”, afirmou.

As sanções da Lei Magnitsky, em vigor há cerca de um mês, atingem principalmente bens e movimentações financeiras dos alvos em território norte-americano. O pacote inclui bloqueio de contas e imóveis, além da proibição de que cidadãos e empresas dos EUA mantenham negócios com os sancionados. Na prática, Moraes não pode utilizar cartões de crédito com bandeira norte-americana, nem realizar transações com companhias sediadas no país.

Eduardo Bolsonaro esteve em Washington no fim de fevereiro para articular medidas contra Alexandre de Moraes e outros ministros do STF. Desde então, reforçou em diferentes ocasiões que o governo dos EUA aplicaria a Lei Magnitsky no caso do magistrado. Moraes se tornou alvo prioritário das pressões internacionais por ser o relator do processo que pode levar à condenação de Jair Bolsonaro (PL), réu por tentativa de golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022 para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A tensão ganhou destaque internacional quando Trump acusou a Justiça brasileira de promover uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro, visto por ele como um aliado. O julgamento do ex-mandatário e de outros sete acusados no processo tem início nesta terça-feira (2), em Brasília, e deve ser acompanhado de perto por autoridades estrangeiras interessadas nos desdobramentos políticos e jurídicos do caso.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

Eduardo detona Tarcísio: não representa o "anti-establishment" esperado pelo bolsonarismo


Filho de Jair Bolsonaro critica perfil político do governador de SP e admite disputar presidência por outra sigla

Tarcísio de Freitas (menor destaque) e Eduardo Bolsonaro (Foto: Elizabeth Frantz/Reuters I Carla Carniel/Reuters )

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) declarou que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), não corresponde ao perfil de enfrentamento ao establishment desejado pelo eleitorado bolsonarista. A afirmação foi feita em entrevista ao canal do jornalista Cláudio Dantas no YouTube, de acordo com o jornal O Globo.

Durante a entrevista, Eduardo ressaltou que, embora reconheça o caráter e a capacidade de gestão de Tarcísio, considera que o estilo político do governador não atende às expectativas de grande parte da militância conservadora. “Enquanto a gente está nos nossos mandatos, a gente vai mostrando um pouco do nosso perfil, e o do Tarcísio realmente não é de combate ao establishment”, disse o parlamentar.

“Eu não estou aqui criticando-o, ele é uma pessoa de excelente caráter, um bom gestor, mas faz política de uma maneira diferente. Acho que a nossa base espera outra coisa de nós, mas eu não sou o dono da verdade. O ideal é botar no pleito e ver o que o eleitor vai decidir”, completou.

Questionado sobre a chance de concorrer à Presidência da República, Eduardo Bolsonaro não descartou a hipótese de disputar por outra legenda, caso o PL opte por não apoiar uma candidatura de Jair Bolsonaro. “Ao que parece, o PL quer direcionar uma candidatura para o Tarcísio ou para alguém que não seja o Bolsonaro. Na minha opinião, isso é um atropelo da opinião pública e não é só do meu nome, é o do Flávio Bolsonaro também”, afirmou.

Ele ainda destacou que, se o ex-mandatário for impedido de disputar, buscará outro partido para se lançar candidato. “Se o Jair Bolsonaro não concorrer, eu vou ter que procurar outro partido e sair candidato. Mesmo que seja derrotado, existe vitória na derrota”, declarou.

Na entrevista, Eduardo Bolsonaro minimizou possíveis prejuízos de uma fragmentação da direita, citando nomes como Ronaldo Caiado (União-GO) e Romeu Zema (Novo-MG) como alternativas que podem disputar o pleito. Segundo ele, a presença de outros candidatos conservadores não representaria problema, desde que Jair Bolsonaro também tenha condições de participar.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

Cresce a possibilidade de Jair Bolsonaro cumprir pena na cadeia



Se condenado pelo STF, Bolsonaro pode sair da prisão domiciliar para cumprir pena em uma unidade prisional

Ex-presidente Jair Bolsonaro em casa, em Brasília, durante prisão domiciliar determinada pelo STF 14/08/2025 REUTERS/Adriano Machado (Foto: Reuters)

O indiciamento de Jair Bolsonaro e de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por coação no curso do processo ligado à chamada trama golpista, reacendeu o debate sobre o futuro do ex-presidente em caso de condenação. Além disso, a posição do procurador-geral da República, Paulo Gonet, em intensificar a vigilância sobre Bolsonaro reforça a percepção de que, se houver sentença condenatória, ele pode ser obrigado a cumprir pena em um presídio e não em regime domiciliar, como era esperado, relata Malu Gaspar, do jornal O Globo.

O fim do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) está previsto para o dia 12 de setembro. Apenas após a decisão final será definida a sentença. Os advogados de Bolsonaro, no entanto, já se articulam para tentar garantir prisão domiciliar, alegando problemas de saúde.

☉ Locais cogitados para o cumprimento da pena

Caso o STF determine que Bolsonaro seja encarcerado em unidade prisional, a lei prevê que ex-presidentes cumpram pena em celas de “estado maior”. Com base nisso, três alternativas vêm sendo consideradas pelas autoridades responsáveis pela operação do julgamento e pelo período posterior:

  • Superintendência da Polícia Federal em Brasília: a sede da PF já foi escolhida pela cúpula da instituição e conta com sala equipada com banheiro privativo. O espaço estaria pronto para receber Bolsonaro, caso o Supremo faça a solicitação.
  • Batalhão da Polícia Militar de Brasília: o mesmo local que abrigou o ex-ministro da Justiça Anderson Torres por cinco meses, entre janeiro e maio de 2023, após prisão preventiva decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.
  • Unidade militar em Brasília: ainda sem definição oficial por parte do Exército, mas com possibilidade de adaptação rápida, já que a instituição dispõe de instalações adequadas na capital federal.

☉ Aliados em alerta

Nos bastidores, aliados de Bolsonaro manifestam crescente apreensão diante do acirramento do embate com o STF. Embora ainda exista a expectativa de uma decisão favorável à prisão domiciliar, a intensificação do monitoramento pelo procurador-geral e as medidas preparatórias para abrigar o ex-presidente em Brasília são vistas como um indicativo de que o cenário pode ser mais severo do que o inicialmente previsto.

Fonte: Brasil 247

Maduro reage à ameaça dos EUA: "Venezuela jamais será escrava"

Presidente afirmou que Venezuela está pronta para defender seu território

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, participa de um evento perto de uma imagem do falecido presidente da Venezuela Hugo Chávez em Caracas, Venezuela - 4 de fevereiro de 2024 (Foto: REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria/File Phot)

Diante da imprensa internacional, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, declarou, nesta segunda-feira (1): “Aqui a opção é independência ou colônia, ser livres ou ser escravos, colônia e escravos jamais”.

As declarações foram divulgadas pela Telesur.

Maduro afirmou que Venezuela está pronta para defender seu território. “Sim, se a Venezuela for agredida, passaremos à luta armada para defender o território nacional e declararíamos a república em armas para garantir a paz, a soberania e o desenvolvimento do país”, afirmou Maduro.

Ainda segundo o presidente venezuelano, “a Máfia de Miami” tomou o poder na Casa Branca. "A Máfia de Miami tomou o poder político da Casa Branca e do Departamento de Estado norte-americano”, afirmou.

Além disso, Maduro destacou que esses setores impuseram sua visão extremista na política externa em relação à América Latina e ao Caribe, “porque ameaçar a Venezuela é ameaçar o continente inteiro”.

No início de agosto, o presidente Maduro mobilizou as milícias do país diante de relatos de que a Marinha dos Estados Unidos enviou várias embarcações à costa da Venezuela para “dissuadir” o tráfico de drogas. O deslocamento ocorreu após o Departamento de Justiça dos EUA oferecer uma recompensa de 50 milhões de dólares por informações que levassem à captura de Maduro, acusado pelos norte-americanos de liderar o Cartel de los Soles.

Nesse contexto, aliados da Venezuela—incluindo Rússia, China, Irã e membros da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA)—reafirmaram seu apoio a Caracas e solicitaram respeito ao direito internacional e à integridade territorial dos Estados da região.

Fonte: Brasil 247 com informações da Telesur

Moraes autoriza Lira a visitar Bolsonaro em prisão domiciliar

Visita de Lira a Bolsonaro deve ser realizada ainda nesta segunda, até às 18h, diz a decisão de Moraes

     Bolsonaro e Lira (Foto: Reuters)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou, nesta segunda-feira (1), que o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara, visite o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O último atualmente cumpre prisão domiciliar em Brasília-DF.

A visita de Lira a Bolsonaro deve ser realizada ainda nesta segunda, até às 18h, de acordo com a decisão. O pedido foi enviado mais cedo em nome de Bolsonaro a Moraes

"DEFIRO a AUTORIZAÇÃO DE VISITA de Arthur César Pereira de Lira, Deputado Federal, no dia 1/9/2025, até às 18h00, com a observância das determinações legais e judiciais anteriormente fixadas. RESSALTO que, nos termos da decisão de 30/8/2025 acima referida, serão realizadas vistorias nos habitáculos e porta-malas de todos os veículos que saírem da residência do réu", diz a decisão de Moraes.

A decisão foi proferida na véspera do julgamento do ex-capitão na Corte, que é réu por liderar a trama golpista.

Fonte: Brasil 247

The Washington Post: No julgamento de Bolsonaro, Brasil confronta Trump e seu próprio passado autoritário

Bolsonaro enfrenta julgamento histórico no STF, em processo que testa democracia e gera tensão com Trump

    Jair Bolsonaro (Foto: Ton Molina/STF | Reprodução)

O jornal norte-americano The Washington Post publicou nesta segunda-feira (1) uma análise assinada pelo repórter Terrence McCoy sobre o início do julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). O processo é descrito como um marco inédito na história do Brasil, país que já enfrentou mais de uma dezena de tentativas de golpe, mas nunca havia levado generais ou políticos a julgamento por atentar contra a democracia.

Segundo o veículo, Bolsonaro — figura mais popular da direita brasileira — é acusado de articular um plano para subverter a ordem constitucional após a derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. Ao lado dele, também respondem militares de alta patente, incluindo um almirante e três generais, todos negando as acusações e denunciando suposta perseguição política.

☆ O peso histórico do julgamento

Especialistas ouvidos pelo jornal norte-americano apontam que o processo representa um divisor de águas. Carlos Fico, historiador da Universidade Federal do Rio de Janeiro, destacou: “Por décadas, estudei mais de uma dúzia de golpes e tentativas de golpe, e todos resultaram em impunidade ou anistia. Desta vez será diferente”.

A acusação sustenta que Bolsonaro não apenas questionou, sem provas, a legitimidade das urnas eletrônicas, mas também teria redigido e apresentado a militares um decreto para “corrigir” o resultado eleitoral. O documento previa ainda a possibilidade de prender e assassinar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, segundo mensagens interceptadas pela polícia, lembra a reportagem.

☆ Reação internacional e confronto com Trump

A análise ressalta também a crescente tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos. O presidente norte-americano, Donald Trump, aliado de Bolsonaro, classificou o processo como uma “caça às bruxas” e impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, além de sancionar Moraes. Em entrevista ao The Washington Post, o ministro rebateu: “O Brasil não vai ceder à pressão. Todos aqui reconhecem e respeitam o poder militar e econômico dos Estados Unidos, mas o Brasil é independente e continuará independente”.

☆ O impacto interno e os fantasmas da ditadura

O julgamento ocorre em um país ainda marcado por silêncios históricos: a escravidão e a ditadura militar. Ao contrário de vizinhos como Chile e Argentina, que processaram responsáveis por violações de direitos humanos, o Brasil optou pela anistia em 1979. Para a historiadora Lilia Schwarcz, da Universidade de São Paulo, o caso atual tem forte simbolismo: “O Brasil carrega dois pactos de silêncio. É por isso que este processo é tão simbólico”.

A análise do Post lembra que, ao longo da história republicana, o Brasil sofreu 14 tentativas de golpe, metade delas bem-sucedidas. A mais marcante, em 1964, instaurou 21 anos de regime militar, período de censura, torturas e assassinatos reconhecidos pela Comissão Nacional da Verdade em 2012.

☆ Efeitos políticos e o futuro da direita

As audiências devem durar menos de duas semanas, com transmissão nacional, e podem redefinir a relação entre militares e política. Para o cientista político Matias Spektor, da Fundação Getulio Vargas, trata-se de um momento sem precedentes: “O país nunca colocou na prisão alguém que teve acesso ao aparato bélico do Estado. Isso é revolucionário”.

Pesquisas recentes indicam que a maioria dos brasileiros apoia a prisão domiciliar de Bolsonaro. Além disso, análises sugerem que sua base de apoiadores começa a se fragmentar. A socióloga Esther Solano, da USP, afirmou: “Os bolsonaristas começaram a perceber que Bolsonaro acabou politicamente. A possibilidade de prisão é muito alta”.

Ainda assim, especialistas avaliam que a extrema direita continuará atuante. Uma pesquisa de dezembro apontou que apenas 69% da população declarou apoio pleno à democracia, enquanto 8% afirmaram preferir uma ditadura e 17% disseram não ter preferência. Para Spektor, o fenômeno político criado por Bolsonaro deve sobreviver ao próprio líder: “O movimento vai se desgrudar da família Bolsonaro e seguirá em frente. Essa onda está muito viva no Brasil e nada sugere que diminuirá tão cedo”.

Fonte: Brasil 247

Na véspera do julgamento de Bolsonaro, Barroso diz que Brasil vai "empurrar extremismo para a margem da história"

Presidente do STF afirmou que a análise da Corte sobre a tentativa de golpe pode encerrar ciclos de atraso e radicalização na política brasileira
Luís Roberto Barroso e Jair Bolsonaro (Foto: Gustavo Moreno/SCO/STF | Exército Brasileiro | Reuters/Adriano Machado)

Às vésperas do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou nesta segunda-feira (1) que o país caminha para um novo ciclo político, livre do radicalismo que marcou os últimos anos.

“Na democracia, a regra é quem ganha leva. Quem perde não fica despojado dos seus direitos e pode concorrer. O que me preocupa é o extremismo. Acho que em breve nós vamos empurrar o extremismo para a margem da história e teremos uma política em que estarão presentes conservadores, liberais, progressistas, como a vida deve ser”, disse Barroso, em entrevista a jornalistas após palestra na Procuradoria-Geral do Estado do Rio de Janeiro (PGE-RJ), segundo noticiou a Folha de S. Paulo.

O processo que começa nesta terça-feira (2) caberá à Primeira Turma do STF, formada pelos ministros Alexandre de Moraes (relator), Cristiano Zanin (presidente do colegiado), Flávio Dino, Cármen Lúcia e Luiz Fux. Barroso não participará do julgamento, já que não integra a turma.

“Essa ideia de quem perdeu tenta levar a bola para casa ou mudar as regras é um passado que nós precisamos enterrar”, declarou o ministro, que agora entra em seu último mês na presidência da Corte. Ele será sucedido por Edson Fachin, que tomará posse no dia 29 e ocupará o cargo no período 2025-2027.

Barroso também comentou sobre o período que marcou sua presidência na Corte: "vivemos as tensões do julgamento do 8 de Janeiro e daquilo que o Procurador-Geral [Paulo Gonet] qualificou como tentativa de golpe, que ainda vai ser julgado. Nenhum país julga isso sem algum tipo de tensão. Mas a tensão foi absorvida institucionalmente. Acho que a vida democrática fluiu com naturalidade ao longo desse período."

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

Julgamento de Bolsonaro ganha repercussão mundial e ecoa em reportagens e podcasts internacionais

Imprensa estrangeira destaca julgamento histórico no STF e suas consequências para a democracia brasileira

Jair Bolsonaro comparece ao julgamento no Supremo Tribunal do Brasil sobre a tentativa de golpe perante o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes - 10/06/2025 (Foto: REUTERS/DIEGO HERCULANO)

O início do julgamento de Jair Bolsonaro e outros sete réus acusados de participação em uma trama golpista ganhou destaque em veículos de comunicação internacionais. Segundo o jornal O Globo, veículos de mídia internacional como Washington Post, New York Times, The Economist, The Guardian, El País e El Universal acompanham de perto o processo no Supremo Tribunal Federal (STF), considerado um dos mais relevantes da História recente do Brasil.

De acordo com o Washington Post, o país confronta agora não apenas o seu passado autoritário, mas também uma disputa indireta com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O jornal americano destacou que, apesar da “longa história de golpes”, esta é a primeira vez que autoridades brasileiras são julgadas por tentar subverter a vontade do povo”.

O New York Times classificou o julgamento como um “momento histórico” para a democracia brasileira, ressaltando que Bolsonaro pode ser condenado a décadas de prisão. O veículo ainda apontou preocupações das autoridades com uma possível fuga do ex-presidente, que atualmente cumpre prisão domiciliar. Policiais à paisana vigiam a residência, enquanto cresce a apreensão sobre as pressões doo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que tenta mobilizar apoio junto à Casa Branca.

Já a revista britânica The Economist destacou que, enquanto os Estados Unidos deixaram Donald Trump ileso após o ataque ao Capitólio em 2021, o Brasil busca responsabilizar Bolsonaro. Em podcast especial, a publicação classificou o julgamento como uma lição sobre como as democracias podem resistir ao populismo autoritário.

O The Guardian trouxe um olhar cultural, com entrevista ao trompetista Fabiano Leitão, conhecido por ironizar Bolsonaro com canções como Bella Ciao e a Marcha Fúnebre de Chopin. O jornal afirmou que o músico prepara um samba para o dia de uma eventual condenação.

O espanhol El País avaliou o processo como uma “contagem regressiva” não apenas para Bolsonaro, mas também para sua família e a direita brasileira. Segundo o veículo, o julgamento expõe fissuras no movimento conservador internacional e pode resultar em mais de 40 anos de prisão. A publicação também destacou as tentativas de Trump de pressionar o Brasil por meio de tarifas e sanções contra ministros do STF, sem sucesso.

No México, o jornal El Universal ressaltou as acusações contra o ex-presidente, que incluem organização criminosa armada, golpe de Estado e até conspirações extremas como supostos planos de envenenar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e assassinar o ministro Alexandre de Moraes. Para o diário, trata-se do “julgamento mais importante da História recente do Brasil”.

Ainda segundo a reportagem, no campo jurídico, especialistas apontam que o julgamento poderá trazer definições sobre a chamada “absorção” de crimes, isto é, a possibilidade de que algumas acusações sejam consideradas sobrepostas. O professor Thiago Bottino, da Fundação Getulio Vargas, explicou que “embora seja um único processo, cada crime é julgado de forma independente. Os ministros podem condenar por alguns crimes e absolver por outros”.

Outro ponto em discussão é a dosimetria da pena. A soma máxima das acusações pode chegar a 43 anos, mas o cálculo dependerá de fatores como antecedentes, agravantes e circunstâncias atenuantes. Caso a condenação ultrapasse oito anos, Bolsonaro deverá cumprir pena em regime fechado, o que pode abrir novo debate sobre onde o ex-mandatário, de 70 anos e com histórico de problemas de saúde, permanecerá preso.

Além do risco de prisão, Bolsonaro já está inelegível desde 2023 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral, mas uma nova condenação pode prolongar e agravar essa situação. A Lei da Ficha Limpa prevê que políticos condenados por órgãos colegiados fiquem inelegíveis por oito anos após o fim da pena, o que afastaria o ex-mandatário da cena eleitoral por um longo período.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

Mercado reduz previsão da inflação pela 14ª semana consecutiva, diz Boletim Focus

A mediana para o câmbio em 2025 também recuou de R$ 5,59 para R$ 5,56

Sede do Banco Central, em Brasília - 17/12/2024 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

Por Felipe Moreira, do Infomoney - As projeções do mercado para a inflação em 2025 recuaram pela décima quarta semana seguida, segundo o Relatório Focus divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (1º). A estimativa para o IPCA no ano passou de 4,86% para 4,85%.

A mediana para o câmbio em 2025 também recuou de R$ 5,59 para R$ 5,56.

Já projeção do PIB subiu de 2,18% para 2,19%.

Enquanto isso, a previsão para taxa básica de juros neste ano ficou em 15% pela décima semana seguida.

☆ Inflação

A projeção para inflação no próximo ano caiu de 4,33% para 4,31%. A projeção para 2027 saiu de 3,97% para 3,94%, enquanto para 2028, a estimativa permaneceu em 3,80%.

Para o IGP-M, as projeções para 2025 subiram de 1,04% para 1,14%, enquanto a estimativa para 2026 caiu de 4,27% para 4,23%. Para 2027, a projeção de inflação ficou em 4%, enquanto para 2028 permaneceu 3,98%.

As expectativas para a variação dos preços administrados dentro do IPCA em 2025 recuou 4,70% para 4,68%. As projeções para 2026 ficaram em 4,00%. Para 2027, a estimativa ficou em 4,00%, enquanto para 2028, a estimativa subiu de 3,65% para 3,69%.

☆ Câmbio

Para 2026, a estimativa caiu de R$ 5,64 para R$ 5,62, enquanto a projeção para 2027 também recuou de R$ 5,63 para R$ 5,62. Para 2028, a estimativa ficou em R$ 5,60.

☆ PIB

Para o produto interno bruto (PIB), a mediana das projeções de 2026 subiu de 1,86% em 1,87%. A projeção passou de 1,87% para 1,89% em 2027. Para 2028, a projeção continuou em 2%, há 77 semanas.

☆ Selic

A projeção para 2026 ficou em 12,50%, enquanto para 2027 permaneceu em 10,50%. Para 2028, a estimativa permaneceu em 10% por 36 semanas.

Fonte: Brasil 247 com Infomoney

Bolsonaro é aconselhado a acompanhar de casa julgamento sobre trama golpista

Ex-mandatário enfrenta problemas de saúde e está em prisão domiciliar desde agosto

Jair Bolsonaro, em prisão domiciliar, em Brasília - 14/08/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

Médicos, familiares e advogados aconselharam Jair Bolsonaro (PL) a não comparecer presencialmente ao julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe de Estado. O processo terá início nesta terça-feira (3), e a expectativa é de que o ex-mandatário acompanhe as sessões de sua residência, onde cumpre prisão domiciliar desde agosto.

Segundo o jornal O Globo, o argumento central do entorno de Bolsonaro é a saúde debilitada. Nas últimas semanas, o ex-mandatário enfrentou crises de soluços e vômitos provocados por uma esofagite, quadro que reforça a recomendação para evitar o comparecimento físico ao Supremo. Ainda assim, aliados admitem que Bolsonaro pode decidir ir ao tribunal como uma “demonstração de força” diante de sua base de apoiadores.

Entre os aliados, o senador Rogério Marinho (PL-RN), secretário-geral do partido e líder da oposição, afirmou que não pretende se inscrever para representar Bolsonaro na sessão. “Vou acompanhar o julgamento do Senado, sabendo que o relator já prejulgou a ação. Bolsonaro tem o meu apoio e a minha solidariedade. Acredito que a única opção de mudarmos o jogo é no parlamento com a anistia”, declarou.

Na Câmara, o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), pretende levantar a proposta de anistia para os investigados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 durante a reunião de líderes. A medida, porém, encontra forte resistência em legendas de centro e esquerda.

O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), após visitar o pai na última sexta-feira (29), relatou nas redes sociais a fragilidade de sua saúde. “Está magro, não tem vontade de se alimentar e segue enfrentando intermináveis crises de soluço e vômitos. Dói demais ver tudo isso, mas sinto como obrigação compartilhar um pouco da realidade do momento com todos que estão sofrendo junto conosco”, afirmou.

O processo em curso no STF envolve, além de Bolsonaro, outros nomes ligados ao chamado “núcleo 1” da trama golpista, como Alexandre Ramagem, Almir Garnier Santos, Anderson Torres, Augusto Heleno, Mauro Cid, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. Eles respondem por crimes como tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e danos ao patrimônio público da União. No caso de Ramagem, parte das acusações foi suspensa.

Com a proximidade do 7 de setembro, o STF determinou reforço no efetivo de segurança e intensificou a articulação com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. A avaliação é de que a data carrega forte simbolismo e histórico de tensões em Brasília, como as registradas em 2021 e 2022. Em 2021, manifestantes bolsonaristas chegaram a ameaçar invadir o tribunal.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

Bolsonaristas apostam em novas sanções e cogitam até embargo comercial de Trump contra o Brasil após julgamento de Bolsonaro

Aliados de Bolsonaro aguardam postura do presidente dos EUA: “é ele quem decide”

Jair Bolsonaro - 24/03/2025 (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro avaliam que a primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF) deve condená-lo no julgamento marcado para esta terça-feira (2), informa a jornalista Andréia Sadi, do g1. Nos bastidores, a leitura é de que um pedido de vista do ministro Luiz Fux poderia adiar a decisão, mas não alteraria o resultado final.

Líderes bolsonaristas já tratam a condenação como certa e, por isso, concentram seus esforços no cenário pós-julgamento. A principal aposta do grupo é de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reforce sanções contra ministros do Supremo por meio da Lei Magnitsky. Atualmente, Alexandre de Moraes já é alvo das medidas, e os aliados de Bolsonaro esperam que outros integrantes da Corte sejam incluídos.

Nos bastidores, um dos interlocutores do bolsonarismo, que mantém contato com a Casa Branca, afirmou que a decisão do STF já é considerada inevitável: “São favas contadas”. Para ele, a expectativa é de que a aplicação da Magnitsky seja estendida de forma gradual. Especialistas alertam, contudo, que o processo burocrático para ampliar sanções leva tempo e não ocorre de forma imediata.

A visão de parte da base bolsonarista é que a expansão das medidas seria o “caminho natural” e representaria menor desgaste político. O cálculo inclui ainda uma estratégia de pressão sobre o Congresso brasileiro em torno da pauta da anistia, reforçada recentemente pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Embora o núcleo bolsonarista veja nas sanções um trunfo político, há temor de que Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, vá além e adote medidas mais duras contra o Brasil. O receio é de que tarifas adicionais ou até um embargo comercial sejam impostos, prejudicando empresas nacionais e até companhias estrangeiras que mantêm negócios com o país.

De acordo com os aliados, nada estaria descartado, uma vez que a decisão cabe exclusivamente a Trump. “É ele quem decide”, resumiu um integrante do grupo. Entre as possíveis medidas, estariam restrições a transações financeiras e a proibição de relações comerciais com companhias brasileiras.

Em meio a esse cenário, Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo devem viajar a Washington nesta semana para encontros com integrantes do governo Trump. A missão tem como objetivo discutir os efeitos políticos e econômicos do julgamento do STF e alinhar estratégias com a administração norte-americana.

Fonte: Brasil 247 com informações do G1

Justiça manda X entregar dados de usuários que atacaram Marielle Franco

Decisão do TJ-RJ obriga rede social a fornecer IPs de perfis que divulgaram montagens falsas e mensagens de ódio contra a vereadora assassinada

     Marielle Franco. Foto: Câmara Municipal do Rio

A 16ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro confirmou a decisão que obriga a plataforma X, antigo Twitter, a fornecer os registros de IP de usuários que publicaram e compartilharam mensagens ofensivas contra Marielle Franco.

Segundo a coluna do jornalista Ancelmo Gois, de O Globo, a empresa terá 15 dias para cumprir a medida após ser formalmente notificada. Caso a ordem não seja respeitada, a multa pode chegar a R$ 50 mil. A corte destacou ainda que a decisão não se estende a perfis verificados com selo azul, já que suas identidades são de conhecimento público.

O colegiado também frisou que não cabe à rede social repassar dados pessoais completos dos usuários. A obtenção dessas informações, como nome e endereço, só é possível junto ao provedor de internet, a partir do rastreamento dos IPs entregues pela plataforma. A medida busca delimitar responsabilidades e respeitar a legislação sobre privacidade digital.

As publicações que motivaram a ação continham montagens violentas e falsas, retratando Marielle Franco decapitada, ensanguentada ou alvo de tiros. Além das imagens, circulavam também acusações infundadas e discursos de ódio sobre sua vida pessoal e trajetória política.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

Miguel Reale Jr afirma que anistia a Bolsonaro seria traição e diz que julgamento é essencial para democracia

Jurista diz que o processo no STF é necessário para curar a ferida aberta pelo 8 de Janeiro e critica lobby bolsonarista junto a Donald Trump

       Miguel Reale Júnior e Jair Bolsonaro (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado | Alan Santos/PR)

O advogado e professor aposentado de direito penal da USP, Miguel Reale Júnior, defendeu que o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) e de militares acusados de tentativa de golpe é um passo necessário para “curar a ferida” deixada na democracia brasileira após os eventos que culminaram no 8 de Janeiro. A entrevista foi publicada pela Folha de S.Paulo (leia a íntegra aqui).

Ex-ministro da Justiça no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e um dos autores do pedido que resultou no golpe de Estado contra Dilma Rousseff (PT), Reale Júnior é categórico ao rejeitar qualquer possibilidade de anistia aos envolvidos na trama golpista. “A anistia seria uma traição à democracia”, afirmou. Para ele, nenhuma das hipóteses que poderiam justificar a medida —como transição política ou pacificação nacional— se aplica ao caso. Pelo contrário: “Os defensores da anistia não querem pacificação, querem impunidade”.

✱ A importância do julgamento

O jurista considera que o processo em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF) não apenas cumpre uma função jurídica, mas também simbólica e pedagógica: “É uma ferida que ficou na democracia brasileira, e ela precisa ser curada. A cura se faz por via do processo criminal, em que os responsáveis sejam julgados com pleno direito de defesa, com contraditório, como está sendo”.

Na avaliação de Reale Júnior, a tentativa de golpe deve ser enquadrada principalmente no crime de golpe de Estado, que já abrange, a seu ver, a tentativa de abolição do Estado democrático de Direito. Essa leitura é compartilhada pelo ministro Luís Roberto Barroso em ações relacionadas ao 8 de Janeiro, embora não seja posição majoritária no STF.

✱ Críticas ao bolsonarismo e à pressão externa

Miguel Reale Júnior também denunciou a atuação da família Bolsonaro no exterior, acusando-os de buscar sanções junto ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para pressionar instituições brasileiras. “A maior potência norte-americana, alimentada por Bolsonaro e seus filhos, faz coação e chantagem com o Brasil”, criticou, ressaltando que tal comportamento demonstra a ausência de qualquer espírito de pacificação.

✱ A lei de crimes contra o Estado democrático

O jurista lembrou que a lei usada no processo contra Bolsonaro tem como base um projeto apresentado por ele ainda em 2002, quando integrava uma comissão presidida pelo ministro do STJ José Cernicchiaro e que contou também com a participação de Luís Roberto Barroso. Segundo ele, a revogação da antiga Lei de Segurança Nacional foi essencial para que o julgamento atual pudesse ocorrer com legitimidade democrática. “Houve uma sorte de não estarmos com a Lei de Segurança Nacional para apurar o golpe de Estado de Bolsonaro. Senão nós teríamos sempre essa pecha”, observou.

Apesar de reconhecer falhas no texto aprovado em 2021, Reale Júnior destacou que os dispositivos sobre golpe de Estado e abolição do Estado democrático de Direito são suficientes para proteger a democracia. “A democracia tem que ser uma democracia militante, que defende a si mesma, que não é ingênua de imaginar que deve dar liberdade para que a liberdade seja destruída”, defendeu.

✱ Avaliação política e trajetória pessoal

Ao ser questionado sobre seu apoio ao presidente Lula em 2022, o ex-ministro explicou que não houve arrependimento quanto ao pedido de impeachment de Dilma, mas uma decisão pragmática diante do risco representado por Bolsonaro. “Eu estava dizendo que votava no Lula porque tínhamos que nos unir contra o malefício do Bolsonaro. Era um processo de salvação do país do desastre que era Bolsonaro”, afirmou.

Sobre o governo atual, porém, ele avaliou que faltou um plano claro de execução e criticou “guerras desnecessárias”, como a disputa com o Banco Central. Também comentou a decadência do PSDB, partido ao qual foi filiado por mais de 25 anos, atribuindo sua crise à falta de renovação de lideranças.

A entrevista de Miguel Reale Júnior reforça a gravidade do julgamento de Bolsonaro e militares acusados de conspiração golpista, situando-o como um marco de reafirmação democrática. Para o jurista, não há espaço para anistia nem relativização das responsabilidades: a única forma de cicatrizar a ferida aberta no sistema político é garantir que os responsáveis enfrentem as consequências legais de seus atos.

Fonte: Brasil 247

Mauro Cid abre mão de comparecer ao julgamento no STF por orientação de advogados

Defesa avaliou que presença do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro não traria benefício durante julgamento do inquérito do golpe

Mauro Cid - 09/06/2025 (Foto: Ton Molina/STF)

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), decidiu não comparecer pessoalmente ao julgamento da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), relacionado ao inquérito do golpe. Segundo aliados ouvidos pela coluna do jornalista Igor Gadelha, do Metrópoles, os advogados avaliaram que a presença de Cid na sessão não lhe traria qualquer vantagem jurídica. Por isso, ele acompanhará o processo de casa, na Vila Militar de Brasília, enquanto seus representantes legais estarão no plenário do Supremo.

O julgamento do primeiro núcleo de investigados no inquérito do golpe começa nesta terça-feira (2) e está previsto para se estender até o dia 12 de setembro. Todos os réus têm o direito de acompanhar o processo presencialmente no STF. Entre eles está Jair Bolsonaro (PL), que, por estar em prisão domiciliar, precisa solicitar autorização para comparecer ao tribunal.Mauro Cid, peça-chave nas investigações por sua proximidade com Bolsonaro durante o mandato presidencial, optou por manter distância física do julgamento, reforçando a estratégia de sua defesa de reduzir sua exposição pública.

De acordo com informações repassadas por interlocutores, os advogados consideram que a ausência do militar no plenário não prejudica sua situação e permite que a equipe jurídica conduza as alegações de forma técnica, sem que a presença do cliente influencie o andamento do processo.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles