segunda-feira, 14 de julho de 2025

Supersalários no governo Tarcísio: jetons elevam rendimentos de secretários a mais de R$ 50 mil

Pagamentos extras por participação em conselhos garantem ganhos mensais superiores ao teto estadual para quase metade dos secretários

      Tarcísio de Freitas (Foto: Mônica Andrade/Governo do Estado de SP)

Secretários estaduais da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), em São Paulo, vêm acumulando rendimentos acima do teto constitucional por meio de jetons — pagamentos extras por participação em conselhos de estatais. A informação foi publicada pelo Metrópoles com base em dados do portal da transparência do governo paulista.

Ao todo, 12 secretários titulares aparecem como conselheiros fiscais ou administrativos de empresas públicas ligadas ao Estado, recebendo valores que podem somar até R$ 20 mil mensais além do salário oficial de R$ 31 mil. Com isso, pelo menos quatro deles superam os R$ 50 mil em remuneração bruta mensal. Os jetons não entram na conta do chamado abate-teto, o que permite que o ganho total ultrapasse o limite legal, que é o salário do governador (R$ 34.572,89).

☆ Quem são os secretários com supersalários - Entre os mais bem remunerados estão Arthur Lima (Casa Civil), Andreza Rosalém Vieira (Desenvolvimento Social), Samuel Kinoshita (Fazenda) e Guilherme Afif Domingos (Projetos Estratégicos), que acumulam R$ 19.744 em jetons por participarem de dois conselhos de administração distintos. Cada um deles chega a R$ 50.859,58 de renda bruta mensal.

Outro destaque é o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP). Ele recebe R$ 6.581,79 de cada uma das duas estatais onde atua como conselheiro fiscal: o Metrô e a Cetesb. Além disso, mantém o salário de deputado estadual, de R$ 33.763, e recebe R$ 9.663,55 da aposentadoria como capitão da Polícia Militar. No total, sua remuneração bruta alcança R$ 56.590,13, com valor líquido em torno de R$ 44 mil após descontos — ainda assim superior ao teto do Executivo paulista. Derrite está construindo uma casa de R$ 3 milhões em Porto Feliz, três vezes mais do que declarou ao TSE em 2022.

Veja os valores brutos mensais recebidos por secretários do governo paulista, incluindo jetons: 

Guilherme Muraro Derrite (Segurança Pública): R$ 56.590,13
Andreza Rosalém Vieira (Desenvolvimento Social): R$ 50.859,58
Arthur Luis Pinho de Lima (Casa Civil): R$ 50.859,58
Guilherme Afif Domingos (Projetos Estratégicos): R$ 50.859,58
Samuel Yoshiaki Kinoshita (Fazenda): R$ 50.859,58
Rafael Benini (Parcerias): R$ 47.568,58
Jorge Luiz De Lima (Desenvolvimento Econômico): R$ 40.987,58
Lais Vita (Comunicação): R$ 40.987,58
Marco Assalve (Transportes Metropolitanos): R$ 40.987,58
Natalia Resende (Meio Ambiente): R$ 40.987,58
Marilia Marton (Cultura): R$ 37.696,58
Wagner Rosário (Controladoria): R$ 37.696,58

☆ O que diz o governo de São Paulo - A gestão paulista afirmou que as nomeações para conselhos estão em conformidade com a legislação vigente. Em nota, o governo declarou:

“Os conselheiros têm entre suas atribuições fiscalizar os atos dos administradores e verificar o cumprimento dos seus deveres legais e estatutários, além de opinar sobre o relatório anual da administração. Tais competências são exigíveis de todo gestor público, caso de todos os secretários do Estado de São Paulo”.

☆ Jetons também impulsionam salários em estatais - A prática dos jetons não se restringe ao secretariado. Segundo o Metrópoles, o Metrô de São Paulo, estatal controlada pelo governo estadual, voltou a ultrapassar o teto salarial após mudar seu status de dependente para independente, o que a desobriga de seguir o limite de remuneração do governador. Com isso, 112 funcionários da companhia passaram a receber vencimentos de até R$ 58 mil — entre eles especialistas, chefes de departamento e diretores com tempo de serviço elevado.

Se esses salários fossem ajustados ao teto, a economia mensal para os cofres públicos seria de R$ 1 milhão, estima a reportagem.

Na CPTM, que mantém o status de empresa dependente, o teto constitucional ainda é aplicado. Já no Departamento de Águas e Esgotos do Estado (atualmente SP Águas), há registros de contracheques que superam R$ 200 mil, embora o pagamento efetivo seja inferior devido a limitações internas.

Segundo o governo estadual, os casos de remuneração acima do teto podem incluir decisões judiciais e parcelas indenizatórias que não entram na base de cálculo para o abate-teto, como auxílio-transporte, salário-família, abono de permanência, licença-prêmio em pecúnia e ajuda de custo para alimentação.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

STF: Mendonça relata ação que pode interromper processo da trama golpista

 

André Mendonça, ministro do STF – Foto: Reprodução
Indicado por Jair Bolsonaro (PL), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça será o relator de uma nova ação que busca paralisar o processo sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022. O pedido foi apresentado pela defesa de Filipe Martins, ex-assessor presidencial e réu no caso, e questiona a atuação do ministro Alexandre de Moraes durante as investigações e julgamentos.

O recurso apresentado é um agravo regimental, instrumento jurídico usado para contestar decisões individuais. No documento, o advogado de Martins, Jeffrey Chiquini, critica o veto de Moraes a depoimentos de defesa de outras pessoas também acusadas no processo, incluindo Bolsonaro e seus filhos Eduardo e Carlos. Para Chiquini, a decisão foi tomada “monocraticamente, sem qualquer fundamentação específica”.

A relatoria de Mendonça foi definida na última sexta-feira (11) com a publicação de uma certidão de distribuição. Nas redes, Chiquini celebrou o sorteio, chamando Mendonça de ministro “não suspeito” para apreciar o recurso. Segundo a defesa, Moraes não poderia ser relator por ser “vítima dos fatos apurados, parte ativa da apuração e julgador do processo”, o que colocaria em dúvida sua imparcialidade.

Além do veto às testemunhas, a defesa também alega que o prazo dado para análise das provas apresentadas foi insuficiente. Moraes, por sua vez, defendeu em decisão anterior que as testemunhas já haviam sido ouvidas no âmbito do “núcleo 1” do processo e que os documentos produzidos foram organizados de forma transparente para todas as partes. “O fato de existirem inúmeros documentos e mídias nos autos deriva da complexidade das investigações”, escreveu o ministro.

Caso o pedido não seja aceito, as oitivas dos núcleos 2, 3 e 4 do processo devem continuar nesta segunda-feira (14) e estão previstas para ocorrer até 23 de julho.

Martins integra o “núcleo 2”, que reúne autoridades de cargos intermediários, suspeitas de redigir a minuta de decreto golpista e organizar outras ações preparatórias.

Filipe Garcia Martins, ex-assessor especial da Presidência, falando em microfone e gesticulando, sentado, sério
Filipe Garcia Martins, ex-assessor especial da Presidência – Divulgação

Também são réus no núcleo 2 o delegado da Polícia Federal Fernando de Sousa Oliveira, o coronel da reserva Marcelo Costa Câmara, a ex-diretora de Inteligência da PF Marília Alencar, o general da reserva Mário Fernandes e o ex-diretor-geral da PRF Silvinei Vasques. Todos os acusados respondem por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Fonte: DCM

Bolsonaro culpa o TSE por reuniões golpistas com militares

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante depoimento no STF, no âmbito da ação penal em que é réu. Foto: Pedro Ladeira


O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a mirar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao justificar reuniões com militares após sua derrota nas eleições de 2022.

Durante depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), ele alegou que teria discutido com os comandantes das Forças Armadas a possibilidade de decretar estado de sítio ou estado de defesa, após o TSE multar seu partido em quase R$ 23 milhões por tentar invalidar votos do segundo turno. Com informações da Folha de S.Paulo.

“Essas outras hipóteses constitucionais [foram discutidas] tendo em vista o TSE ter fechado as portas para a gente com aquela multa”, disse Bolsonaro em sua oitiva. A declaração reforça a estratégia do ex-capitão de associar as investigações sobre tentativa de golpe a supostos excessos do Judiciário, especialmente do TSE.

Apesar da retórica adotada por Bolsonaro, sua defesa técnica segue outro caminho. Os advogados têm focado em apontar nulidades processuais, alegar ausência de provas que liguem o ex-presidente aos atos de 8 de Janeiro e sustentar que ele nunca assinou qualquer decreto com medidas de exceção.

A atuação do TSE e a multa aplicada ao PL não são mencionadas, e as críticas públicas ao sistema eleitoral tampouco são abordadas nos autos.

Especialistas apontam que o argumento de que a multa do TSE justificaria articulações com militares não tem respaldo jurídico. Para o advogado criminalista Renato Stanziola Vieira, “ele não escolheu seguir pelo mundo jurídico. Ele claramente fez um divórcio dos caminhos processuais cabíveis e decidiu partir dali para o rompimento das instituições”.

TSE na mira de Bolsonaro

Mesmo sem ser alvo formal no processo em curso, o TSE se mantém como alvo constante das críticas de Bolsonaro. Ele repete acusações de parcialidade e se diz prejudicado na campanha de 2022, citando decisões que proibiram o uso de imagens do 7 de Setembro, transmissões ao vivo no Palácio da Alvorada e falas durante a viagem ao enterro da rainha Elizabeth II.

Como está o julgamento de Bolsonaro no STF? Acompanhe ao vivo o resultado

Bolsonaro com o advogado Celso Vilardi. Foto: Gustavo Moreno/STF
“O maior prejuízo que eu tive, no meu entender, foi não poder usar imagens do 7 de Setembro”, disse o ex-presidente em seu depoimento ao STF.

A advogada Carla Nicolini, da Abradep (Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político), explica que a proibição teve base legal: “O TSE não proibiu o uso das imagens por proibir. O fundamento da proibição é o uso de bens e serviços públicos em prol da campanha do Bolsonaro”.

Em ações sobre os eventos de 7 de Setembro, Bolsonaro foi declarado inelegível — condenação que se somou à punição por ter feito reunião com embaixadores atacando as urnas eletrônicas. Ainda assim, o ex-presidente continua dizendo que sua propaganda foi censurada, mesmo em casos em que decisões do tribunal o favoreceram, como no veto a conteúdos que o associavam à pedofilia.

Apesar de ser réu por tentar abolir o Estado democrático de Direito, Bolsonaro continua colocando em xeque o sistema eleitoral. Em seu depoimento ao STF, afirmou: “Para o bem da democracia, seria bom que algo fosse aperfeiçoado no sistema eleitoral para que não houvesse dúvidas”.

A retórica, no entanto, contrasta com sua própria defesa técnica, que até agora evita levantar suspeitas sobre a Justiça Eleitoral e busca afastar o ex-presidente de qualquer vínculo direto com os atos golpistas.

Fonte: DCM com informações da Folha de S. Paulo

PT reforça ao STF pedido de cassação de Eduardo Bolsonaro após tarifa dos EUA

Para o partido, Eduardo está agindo “ostensivamente” para interferir nas investigações contra seu pai, Jair Bolsonaro

         Deputado Eduardo Bolsonaro - 24/02/2024 (Foto: REUTERS/Elizabeth Frantz)

O Partido dos Trabalhadores (PT) protocolou nova petição no Supremo Tribunal Federal (STF) reforçando o pedido de cassação do mandato do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O documento, enviado após o anúncio de tarifas de 50% pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra produtos brasileiros, sustenta que o parlamentar atua de forma deliberada contra o Estado brasileiro. As informações são do Metrópoles.

Na petição, o partido solicita que o Supremo adote as “providências necessárias para responsabilização de Eduardo Bolsonaro, bem como que sejam tomadas as medidas necessárias, junto à Câmara dos Deputados, para que se promova a cassação de seu mandato de deputado federal”.

Eduardo Bolsonaro é investigado em um inquérito autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, aberto a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), para apurar possível tentativa de obstrução de investigações e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A PGR aponta que o deputado teria feito declarações públicas e postagens em redes sociais nas quais defende que o governo dos Estados Unidos imponha sanções a ministros do STF e outras autoridades brasileiras.

Desde março nos Estados Unidos, Eduardo se licenciou do cargo de deputado federal e passou a manter contato com parlamentares norte-americanos para tratar da situação política brasileira. De acordo com o PT, ele vem tentando vincular a superação da crise diplomática entre os dois países a uma “anistia ampla, geral e irrestrita em favor dos crimes cometidos por Jair Messias Bolsonaro, investigados no inquérito”.

Na semana passada, Trump anunciou a aplicação da tarifa de 50%, citando diretamente, em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o processo que corre no STF contra Jair Bolsonaro, que classificou como uma “caça às bruxas”. Esse episódio foi incluído na nova notícia de fato apresentada pelo PT ao Supremo, que menciona as “recentes condutas do Sr. Eduardo Nantes Bolsonaro, relacionadas à recente situação instaurada entre os Estados Unidos da América e o Brasil, no que tange às tarifas comerciais impostas pelo Presidente Donald J. Trump contra o Estado brasileiro”.

Para o partido, Eduardo está agindo “ostensivamente” para interferir nas apurações no Brasil. O documento afirma que ele atua “contra as instituições democráticas do próprio país”, que o elegeu “com a única finalidade de prejudicar a apuração de crimes cometidos por seu pai e seus aliados”.

O PT também cita postagens recentes feitas por Eduardo Bolsonaro em redes sociais voltadas ao público internacional, em que pede sanções contra o ministro Alexandre de Moraes. No texto da petição, o partido afirma: “Com efeito, é inaceitável a vandalização à soberania nacional e o Estado de Direito brasileiro, praticada por Eduardo Bolsonaro. Inclusive, trata-se de um verdadeiro acinte considerar que o noticiante ocupa cargo de deputado federal, membro do Congresso Nacional, e, ainda assim, promove tamanha humilhação para a sua pátria”.

Diante disso, o partido reitera que sejam adotadas as “providências criminais necessárias” e considera “imprescindível a adoção de medidas que levem à cassação de seu mandato parlamentar”.

Esse pedido se soma a outras ações do PT contra o deputado. Na semana passada, a sigla já havia protocolado petição complementar ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados com o mesmo objetivo. O líder do partido na Casa, Lindbergh Farias, também solicitou a prisão de Eduardo Bolsonaro e a inclusão de Jair Bolsonaro e Flávio Bolsonaro no inquérito que tramita no Supremo.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

Lula quer acionar empresários em estratégia contra tarifa dos EUA

Presidente descarta concessões políticas e deve aprofundar diálogo com representantes do setor produtivo

      Luiz Inácio Lula da Silva - 02/07/2025 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Em reunião realizada na noite de domingo (13) no Palácio da Alvorada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) definiu uma estratégia para tentar conter a imposição de uma tarifa de até 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos. As informações são da CNN Brasil.

Segundo relatos do encontro, Lula orientou sua equipe a aprofundar o diálogo com as autoridades norte-americanas e determinou que representantes do setor produtivo mais afetado participem ativamente das negociações. Estão previstas conversas com empresários dos segmentos de café, laranja, celulose e petróleo ainda nesta semana.

O presidente também indicou que não há espaço para concessões políticas no contexto das negociações comerciais, rejeitando qualquer associação com temas como a anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O governo brasileiro avalia que, caso não haja disposição dos Estados Unidos para rever o percentual anunciado, medidas de reciprocidade poderão ser adotadas. Uma das alternativas discutidas entre ministros é a criação de cotas comerciais para exportações de produtos como café e laranja, como forma de mitigar os impactos da tarifa.

Embora haja preocupação com a possibilidade de a medida entrar em vigor a partir de agosto, integrantes do governo acreditam que ainda há margem para negociação. Interlocutores que mantêm contato com autoridades norte-americanas consideram possível uma redução da tarifa para 30%, percentual semelhante ao aplicado recentemente à União Europeia e ao México, que, diferentemente do Brasil, mantêm superávit na balança comercial com os EUA.

Fonte: Brasil 24'7 com CNN Brasil

ECA completa 35 anos como marco na defesa das infâncias no Brasil

Criado após a Constituição de 1988, Estatuto é referência global

      (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completou 35 anos no domingo (13), reafirmando sua importância como marco legal da proteção integral da infância no Brasil. Instituído pela Lei nº 8.069/1990, o ECA consolidou o reconhecimento de crianças e adolescentes como sujeitos de direitos e baseou-se nos princípios da Convenção sobre os Direitos da Criança, adotada pela Assembleia Geral da ONU em 1989.

Em declaração à ocasião, a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, ressaltou o papel transformador do Estatuto: “você conhece os Conselhos Tutelares? E os Conselhos de Direitos de Crianças e Adolescentes? Essas instituições foram criadas a partir do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e, hoje, estão em todos os municípios brasileiros, acompanhando as políticas para as infâncias e garantindo que nenhuma criança tenha o seu direito violado”.

Ao longo das últimas décadas, o ECA impulsionou profundas mudanças nas políticas públicas brasileiras. A ministra enfatizou esse percurso: “temos muito o que celebrar, e muito a fazer”.

☆ Antes do ECA: exclusão e desigualdade - Antes da promulgação do Estatuto, a infância no Brasil era marcada por desigualdades e exclusão. Crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade frequentemente eram tratados como “menores” e não como cidadãos com direitos. O Estado adotava uma abordagem tutelar e punitivista, muitas vezes ignorando a diversidade e complexidade das infâncias brasileiras.

A mobilização por mudanças ganhou força nos anos 1980, especialmente com a redemocratização do país. Um dos marcos dessa luta foi a “Ciranda da Constituinte”, em 1985, que reuniu mais de 20 mil crianças em Brasília. O movimento resultou na aprovação da chamada “Emenda Criança”, que incluiu os artigos 227 e 228 na Constituição de 1988, estabelecendo o princípio da prioridade absoluta para a infância e adolescência.

☆ Um novo paradigma - Com o ECA, o Brasil deu um passo inédito ao consolidar uma legislação que rompeu com visões assistencialistas. O Estatuto instituiu diretrizes para o respeito, cuidado e participação de crianças e adolescentes nas políticas públicas, transformando a infância em pauta estratégica de Estado.

Inspirado em normas internacionais, o Brasil foi pioneiro ao incorporar os princípios da Convenção da ONU à sua legislação interna. Em 1990, também foram criadas leis estruturantes como o Sistema Único de Saúde (Lei nº 8.080/1990) e foi promulgada a própria Convenção sobre os Direitos da Criança no país (Decreto nº 99.710/1990).

☆ Avanços estruturais e marcos legais - Um dos principais avanços promovidos pelo ECA foi a obrigatoriedade da criação dos Conselhos Tutelares, definida pela Lei nº 10.406/2003. Hoje, existem mais de 6.100 Conselhos Tutelares em todos os 5.570 municípios do país, com cerca de 30 mil conselheiros em atuação.

A secretária nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente e presidente do Conanda, Pilar Lacerda, destacou: “os conselhos passaram a ser um espaço de escuta ativa e diálogo permanente entre a sociedade, família e o Estado. Eles desempenham um papel fundamental na efetivação das políticas públicas e na vigilância cotidiana dos direitos de crianças e adolescentes nos territórios”.

Desde 1990, o ECA serviu de base para políticas como o Sistema de Garantia de Direitos (SGD), o Bolsa Família, o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), a Lei da Escuta Protegida (Lei nº 13.431/2017), a Lei da Palmada (Lei nº 13.010/2014) e a Lei Henry Borel (Lei nº 14.344/2022). Também impulsionou ações em áreas como educação, saúde, proteção digital, inclusão de crianças com deficiência, igualdade racial e participação infantojuvenil em conselhos e conferências.

☆ Reconhecimento internacional e compromissos climáticos - Internacionalmente, o Estatuto tornou-se referência em tratados e convenções. Em 2023, por exemplo, o Brasil incorporou pela primeira vez a perspectiva dos direitos da infância em sua política climática oficial, reconhecendo na NDC 2023 (Contribuição Nacionalmente Determinada) a vulnerabilidade de crianças diante das mudanças climáticas — um tema debatido na COP 28.

☆ Desafios e perspectivas - Ao completar 35 anos, o ECA mantém sua relevância e potência transformadora, mas ainda enfrenta desafios importantes, como o enfrentamento da violência sexual, o combate ao trabalho infantil, o acesso equitativo à educação e à saúde, e a proteção de crianças em situação de orfandade ou vivendo em contextos de vulnerabilidade.

A trajetória de avanços e lutas ao longo dos anos — sintetizada em uma linha do tempo com marcos históricos entre 1988 e 2025 — reforça a importância de preservar a memória das mobilizações que originaram o Estatuto e de atualizar permanentemente suas diretrizes para garantir o futuro de todas as infâncias.

Fonte: Brasil 247

Mercado reduz estimativa de inflação pela 7ª semana consecutiva, diz Boletim Focus

A mediana para o câmbio também recuou em 2025

            Sede do Banco Central em Brasília (Foto: Reuters/Adriano Machado)

Por Felipe Moreira, do Infomoney - As projeções do mercado para a inflação em 2025 recuaram pela sétima semana seguida, segundo o Relatório Focus divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (14). A estimativa para o IPCA no ano passou de 5,18% para 5,17%.

Já a mediana para o câmbio em 2025 caiu de R$ 5,70 em R$ 5,65.

A projeção do PIB, por sua vez, ficou em 2,23%.

Enquanto isso, a previsão para taxa básica de juros neste ano ficou em 15% pela terceira semana seguida.

☆ Inflação - A projeção para inflação no próximo ano permaneceu em 4,50%. A projeção para 2027 ficou em 4,00%, enquanto para 2028, a estimativa permaneceu 3,80%.

Para o IGP-M, as projeções para 2025 caíram de 2,25% para 2,18%, enquanto a estimativa para 2026 ficou em 4,50%. Para 2027, a projeção de inflação ficou em 4%, enquanto para 2028 caiu de 4% para 3,96%.

As expectativas para a variação dos preços administrados dentro do IPCA em 2025 subiu de 4,36% para 4,40%. As projeções para 2026 ficou caiu de 4,30% para 4,29%. Para 2027, a estimativa ficou em 4,00%, enquanto para 2028, a estimativa caiu de 3,79% para 3,70%.

☆ Câmbio - Para 2026, a estimativa caiu de R$ 5,75 para R$ 5,70, enquanto a projeção recuou de R$ 5,75 para R$ 5,71. Para 2028, a projeção recuou de R$ 5,80 para R$ 5,76.

☆ PIB - Para o produto interno bruto (PIB), a mediana das projeções de 2026 subiu de 1,86% para 1,89%. A projeção permaneceu ficou em 2,00% em 2027. Para 2028, a projeção continuou em 2%, há 70 semanas.

☆ Selic - A projeção para 2026 ficou em 12,50%, enquanto para 2027 permaneceu em 10,50%. Para 2028, a estimativa permaneceu em 10% por 29 semanas.

Fonte: Brasil 247 com Infomoney

Barroso defende atuação do STF e rebate sanções: “Brasil vive sob o império da lei”

“Foi tentativa de golpe”, disse o presidente do Supremo, ministro Luís Roberto Barroso, afirmando que a Corte evitou o colapso institucional no Brasil

     Ministro Luis Roberto Barroso, do STF (Foto: Carlos Alves Moura/SCO/STF)

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, divulgou nota oficial nesta terça-feira (9) em resposta a críticas internacionais e à decisão de um tradicional parceiro comercial de aplicar sanções ao Brasil. Segundo Barroso, a medida se baseia em uma “compreensão imprecisa dos fatos ocorridos no país nos últimos anos” e caberia ao Executivo e à diplomacia brasileira oferecer resposta imediata. Ao Judiciário, diz o ministro, cabe reconstituir com serenidade os fatos e reafirmar o papel do Supremo na preservação do Estado democrático de direito.

Barroso ressaltou que o Brasil vive há 40 anos sob estabilidade institucional, com eleições livres e respeito às liberdades civis, após um histórico de rupturas democráticas ao longo do século XX. “Levamos muito tempo para superar os ciclos do atraso. A preservação do Estado democrático de direito tornou-se um dos bens mais preciosos da nossa geração. Mas não foram poucas as ameaças”, afirmou.

Na nota, o ministro lista uma série de eventos recentes que ameaçaram as instituições, a partir de 2019: tentativas de atentado terrorista, acampamentos golpistas, ameaças contra ministros do STF, propagação de fake news sobre o sistema eleitoral, além do plano revelado pela Procuradoria-Geral da República para um golpe de Estado que incluiria o assassinato de autoridades da República.

“A democracia tem lugar para conservadores, liberais e progressistas. A oposição e a alternância no poder são da essência do regime. Porém, a vida ética deve ser vivida com valores, boa-fé e a busca sincera pela verdade”, escreveu Barroso, reforçando que não se trata de perseguição política, mas de responsabilização legal com base em provas.

Segundo o presidente do STF, todas as ações penais em curso seguem o devido processo legal, com sessões públicas, ampla defesa e cobertura da imprensa. “Se houver provas, os culpados serão responsabilizados. Se não houver, serão absolvidos. Assim funciona o Estado democrático de direito”, reiterou.

Barroso também lembrou que, diferentemente do período da ditadura militar, hoje a imprensa é livre, jornalistas são protegidos, e o STF tem atuado para garantir a liberdade de expressão. Ele citou decisões históricas da Corte que derrubaram dispositivos autoritários da antiga Lei de Imprensa, defenderam o humor político, as biografias não autorizadas e repeliram tentativas de censura.

Sobre a atuação do STF em relação às plataformas digitais, Barroso afirmou que a Corte adotou uma posição equilibrada, menos rígida que a regulação europeia, protegendo tanto a liberdade de expressão quanto o combate a crimes graves na internet. “Escapando dos extremos, demos um dos tratamentos mais avançados do mundo ao tema”, afirmou.

Barroso reiterou o papel do Judiciário como defensor da Constituição e da democracia: “É nos momentos difíceis que devemos nos apegar aos valores e princípios que nos unem: soberania, democracia, liberdade e justiça. Como as demais instituições do país, o Judiciário está ao lado dos que trabalham a favor do Brasil e está aqui para defendê-lo.”

Leia a íntegra da nota:

Em 9 de julho último, foram anunciadas sanções que seriam aplicadas ao Brasil, por um tradicional parceiro comercial, fundadas em compreensão imprecisa dos fatos ocorridos no país nos últimos anos. Cabia ao Executivo e, particularmente, à Diplomacia – não ao Judiciário – conduzir as respostas políticas imediatas, ainda no calor dos acontecimentos. Passada a reação inicial, considero de meu dever, como chefe do Poder Judiciário, proceder à reconstituição serena dos fatos relevantes da história recente do Brasil e, sobretudo, da atuação do Supremo Tribunal Federal.

As diferentes visões de mundo nas sociedades abertas e democráticas fazem parte da vida e é bom que seja assim. Mas não dão a ninguém o direito de torcer a verdade ou negar fatos concretos que todos viram e viveram. A democracia tem lugar para conservadores, liberais e progressistas. A oposição e a alternância no poder são da essência do regime. Porém, a vida ética deve ser vivida com valores, boa-fé e a busca sincera pela verdade. Para que cada um forme a sua própria opinião sobre o que é certo, justo e legítimo, segue uma descrição factual e objetiva da realidade.

Começando em 1985, temos 40 anos de estabilidade institucional, com sucessivas eleições livres e limpas e plenitude das liberdades individuais. Só o que constitui crime tem sido reprimido. Não se deve desconsiderar a importância dessa conquista, num país que viveu, ao longo da história, sucessivas quebras da legalidade constitucional, em épocas diversas.

Essas rupturas ou tentativas de ruptura institucional incluem, apenas nos últimos 90 anos: a Intentona Comunista de 1935, o golpe do Estado Novo de 1937, a destituição de Getúlio Vargas em 1945, o contragolpe preventivo do Marechal Lott em 1955, a destituição de João Goulart em 1964, o Ato Institucional nº 5 em 1968, o impedimento à posse de Pedro Aleixo e a outorga de uma nova Constituição em 1969, os anos de chumbo até 1973 e o fechamento do Congresso, por Geisel, em 1977. Levamos muito tempo para superar os ciclos do atraso. A preservação do Estado democrático de direito tornou-se um dos bens mais preciosos da nossa geração. Mas não foram poucas as ameaças.

Nos últimos anos, a partir de 2019, vivemos episódios que incluíram: tentativa de atentado terrorista a bomba no aeroporto de Brasília; tentativa de invasão da sede da Polícia Federal; tentativa de explosão de bomba no Supremo Tribunal Federal (STF); acusações falsas de fraude eleitoral na eleição presidencial; mudança de relatório das Forças Armadas que havia concluído pela ausência de qualquer tipo de fraude nas urnas eletrônicas; ameaças à vida e à integridade física de Ministros do STF, inclusive com pedido de impeachment; acampamentos de milhares de pessoas em portas de quarteis pedindo a deposição do presidente eleito. E, de acordo com denúncia do Procurador-Geral da República, uma tentativa de golpe que incluía plano para assassinar o Presidente da República, o Vice e um Ministro do Supremo.

Foi necessário um tribunal independente e atuante para evitar o colapso das instituições, como ocorreu em vários países do mundo, do Leste Europeu à América Latina. As ações penais em curso, por crimes diversos contra o Estado democrático de direito, observam estritamente o devido processo legal, com absoluta transparência em todas as fases do julgamento. Sessões públicas, transmitidas pela televisão, acompanhadas por advogados, pela imprensa e pela sociedade.

O julgamento ainda está em curso. A denúncia da Procuradoria da República foi aceita, como de praxe em processos penais em qualquer instância, com base em indícios sérios de crime. Advogados experientes e qualificados ofereceram o contraditório. Há nos autos confissões, áudios, vídeos, textos e outros elementos que visam documentar os fatos. O STF vai julgar com independência e com base nas evidências. Se houver provas, os culpados serão responsabilizados. Se não houver, serão absolvidos. Assim funciona o Estado democrático de direito.

Para quem não viveu uma ditadura ou não a tem na memória, vale relembrar: ali, sim, havia falta de liberdade, tortura, desaparecimentos forçados, fechamento do Congresso e perseguição a juízes. No Brasil de hoje, não se persegue ninguém. Realiza-se a justiça, com base nas provas e respeitado o contraditório. Como todos os Poderes, numa sociedade aberta e democrática, o Judiciário está sujeito a divergências e críticas. Que se manifestam todo o tempo, sem qualquer grau de repressão. Ao lado das outras instituições, como o Congresso Nacional e o Poder Executivo, o Supremo Tribunal Federal tem desempenhado com sucesso os três grandes papeis que lhe cabem: assegurar o governo da maioria, preservar o Estado democrático de direito e proteger os direitos fundamentais.

Por fim, cabe registrar que todos os meios de comunicação, físicos e virtuais, circulam livremente, sem qualquer forma de censura. O STF tem protegido firmemente o direito à livre expressão: entre outras decisões, declarou inconstitucionais a antiga Lei de Imprensa, editada no regime militar (ADPF 130), as normas eleitorais que restringiam o humor e as críticas a agentes políticos durante as eleições (ADI 4.1451), bem como as que proibiam a divulgação de biografias não autorizadas (ADI 4815). Mais recentemente, assegurou proteção especial a jornalistas contra tentativas de assédio pela via judicial (ADI 6792).

Chamado a decidir casos concretos envolvendo as plataformas digitais, o STF produziu solução moderada, menos rigorosa que a regulação europeia, preservando a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa, a liberdade de empresa e os valores constitucionais. Escapando dos extremos, demos um dos tratamentos mais avançados do mundo ao tema: conteúdos veiculando crimes em geral devem ser removidos por notificação privada; certos conteúdos envolvendo crimes graves, como pornografia infantil e terrorismo devem ser evitados pelos próprios algoritmos; e tudo o mais dependerá de ordem judicial, inclusive no caso de crimes contra honra.

É nos momentos difíceis que devemos nos apegar aos valores e princípios que nos unem: soberania, democracia, liberdade e justiça. Como as demais instituições do país, o Judiciário está ao lado dos que trabalham a favor do Brasil e está aqui para defendê-lo.

Fonte: Brasil 247

Lula cria comitê para responder a tarifaço de Trump

Presidente articula resposta coordenada à sobretaxa de 50% imposta pelos EUA e reforça defesa da soberania nacional

Brasília (DF), 08/07/2025 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, em cerimônia oficial no Palácio da Alvorada (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Em resposta ao tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criou neste domingo (13) um comitê interministerial para avaliar os impactos econômicos da medida e articular uma estratégia de reação. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.

O comitê será composto inicialmente pelos ministérios da Fazenda (Fernando Haddad), Relações Exteriores (Mauro Vieira) e Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Geraldo Alckmin), além de representantes da Casa Civil, da Secretaria de Relações Institucionais, da Secom e da Agricultura. Outros ministérios serão integrados conforme a pauta setorial de cada segmento atingido.

Lula comunicou aos ministros que ele próprio se reunirá com os empresários dos setores mais afetados, como parte da estratégia de escuta direta e construção de uma linha de negociação com o governo norte-americano. Entre os produtos que sofrerão mais com a medida estão laranja, carne bovina, celulose, café e etanol.

De acordo com fontes presentes no encontro, Lula orientou sua equipe a manter “firmeza e sobriedade” diante da investida norte-americana. O presidente afirmou que as negociações com os EUA devem se restringir ao campo econômico e reiterou que não aceitará discutir assuntos internos brasileiros — como o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro — nas tratativas comerciais. “A defesa das instituições e da soberania nacional não estão na mesa de negociação”, declarou.

A tarifa de 50% anunciada por Trump entrará em vigor a partir de 1º de agosto, substituindo a sobretaxa de 10% que já vinha sendo aplicada desde abril. No caso do etanol, por exemplo, a alíquota de importação passará dos atuais 12,5% para 52,5%. Produtos já sujeitos a tarifas setoriais, como aço e alumínio, não serão afetados pela nova medida.

O Palácio do Planalto avalia que é necessário mapear com precisão os efeitos econômicos, tanto para o Brasil quanto para os próprios Estados Unidos, da adoção da nova tarifa, antes de partir para uma mesa de negociação. A aposta é que uma resposta articulada e embasada tecnicamente possa abrir espaço para uma eventual flexibilização por parte de Washington.

A medida de Trump vem embalada por pressões políticas. Ao anunciar o tarifaço, o presidente dos EUA condicionou o fim das sobretaxas à suspensão do julgamento de Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado, além de ter criticado decisões recentes do Supremo Tribunal Federal (STF) — como a que autoriza a remoção automática de conteúdos criminosos por plataformas digitais.

Lula, que já havia rechaçado publicamente qualquer ingerência sobre o julgamento de Bolsonaro, reforçou seu apoio ao STF. O presidente do Supremo, ministro Luís Roberto Barroso, também reagiu às declarações de Trump neste domingo, afirmando, em carta pública, que as sanções americanas se baseiam em “compreensão imprecisa dos fatos” ocorridos no Brasil.

Ao mobilizar seus principais ministérios e se comprometer com o diálogo direto com o setor produtivo, Lula aposta na construção de uma resposta diplomática firme, mas orientada pelo pragmatismo econômico. A iniciativa busca, ao mesmo tempo, proteger os interesses do Brasil e preservar os valores democráticos do país diante da ofensiva de Washington.

A primeira reunião com os empresários deve ocorrer nos próximos dias. A depender dos desdobramentos, o Brasil poderá levar o caso a fóruns internacionais, como a OMC (Organização Mundial do Comércio), caso as negociações bilaterais não avancem.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

Foragida, Zambelli quer disputar eleição na Itália caso não consiga voltar ao Brasil

Deputada condenada pelo STF afirma que prioridade é provar inocência, mas avalia filiação a partido italiano para manter carreira política

       Carla Zambelli (Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados)

A deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP), condenada a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), está considerando ingressar na política italiana. Segundo Paulo Cappelli, do Metrópoles, a parlamentar pretende se filiar a um partido na Itália e disputar eleições no país europeu, caso não consiga reverter sua situação jurídica no Brasil.

De acordo com o advogado de Zambelli, Fabio Pagnozzi, a intenção principal da deputada é comprovar sua inocência. “A prioridade da deputada é provar a inocência e retornar ao Brasil para continuar com a atuação legislativa. É o que ela quer. Se isso não for possível, ela pretende ingressar em uma legenda na Itália para concorrer nas eleições italianas e prosseguir com o trabalho político”, afirmou o defensor.

Zambelli fugiu para a Itália após ser condenada pelo STF, alegando ser vítima de perseguição política. A defesa já encaminhou à Interpol um requerimento questionando se o nome da parlamentar foi incluído na lista de procurados pela organização internacional de polícia.

Cassação do mandato ainda depende da Câmara - Apesar da sentença do Supremo, a cassação de seu mandato depende de decisão da Câmara dos Deputados. A votação ainda será realizada, e, se os parlamentares optarem por manter o mandato, a equipe jurídica de Zambelli planeja usar essa decisão como prova de que a parlamentar estaria sendo alvo de perseguição política, conforme sustenta a defesa.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

Governo Lula e Centrão se unem contra tarifaço de Trump e isolam Bolsonaro e seus cúmplices

Alinhamento emergencial contra sanções dos EUA expõe desgaste do bolsonarismo e reacende discurso patriótico no Congresso

Lula, Haddad, notas de dólares e plenário da Câmara dos Deputados (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil | Pablo Valadares/Câmara dos Deputados | REUTERS/Sukree Sukplang)

Após semanas de tensão política em torno da crise provocada pela taxação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o governo Lula e o Centrão encontraram terreno comum para reagir ao tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A ameaça de retaliações comerciais a partir de 1º de agosto realinhou posições no Congresso e provocou o isolamento de parlamentares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que insistem em vincular a retirada das sanções à aprovação de uma anistia para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

O movimento de aproximação entre o Palácio do Planalto e lideranças do Congresso ocorre após meses de atritos. Diante do impacto do tarifaço americano e da reação nacional, o embate deu lugar a um discurso de defesa da soberania nacional, informa O Globo.

“Acho que já ampliou o leque de apoio ao governo, aproxima setores econômicos refratários, desgasta, como nunca, o bolsonarismo e refaz a relação harmoniosa entre Poderes”, afirmou o senador Renan Calheiros (MDB-AL).

A leitura predominante no Congresso é que a ofensiva de Trump enfraquece o discurso dos aliados de Bolsonaro e empurra o centro político para um campo de unidade nacional. Ainda assim, líderes do PP, MDB, União Brasil e PSDB avaliam que esse alinhamento é circunstancial e tende a se desmanchar com o arrefecimento da crise.

Mesmo entre os pragmáticos do Centrão, o discurso bolsonarista tem gerado desconforto. O líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA), foi direto:

“O que me chama atenção é essa capacidade de entreguismo do bolsonarismo. Eles colocam o boné [do Trump] e, ao mesmo tempo, se enrolam na bandeira do Brasil. É a definição de oportunismo. Houve esse alinhamento do governo com o centro, sim. Houve um sentimento de unidade. Quem tem sentimento de patriotismo tem que se unir. Eu acho que isso vai reacender essa unidade em defesa do Brasil.”

Agenda em disputa e nova rodada de votações

O realinhamento político ocorre em meio a uma semana legislativa agitada. Nesta segunda-feira, a Câmara vota a revisão nas regras de licenciamento ambiental. O projeto, que flexibiliza critérios ambientais, é visto como derrota para a ministra Marina Silva e para a ala ambientalista do governo. Em contrapartida, ministérios como o da Casa Civil, Transportes, Agricultura e Minas e Energia defendem o texto, alegando que ele permitirá acelerar obras de infraestrutura.

O governo ainda não definiu posição oficial sobre o projeto. O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), segue em negociação com as bancadas. Mesmo se for aprovado, o texto ainda depende de sanção presidencial. Lula poderá vetar total ou parcialmente o projeto, mas o Congresso pode reverter sua decisão.

A proposta já havia sido aprovada pelo Senado em maio, com atuação direta de Alcolumbre, que incluiu uma emenda criando a “Licença Ambiental Especial (LAE)”. O dispositivo permite autorizações simplificadas para obras consideradas “estratégicas”, mesmo que gerem significativa degradação ambiental. Organizações ambientais acusam o modelo de abrir margem para decisões políticas sobre projetos sem viabilidade ecológica.

Além disso, duas iniciativas importantes serão analisadas nas comissões nesta semana: a PEC da Segurança Pública, defendida pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e o projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, relatado por Arthur Lira (PP-AL).

A proposta de isenção deve ter um impacto fiscal de R$ 27 bilhões anuais. Lira ainda busca formas de compensar essa perda de receita, mas o governo vê na medida uma oportunidade para ampliar sua popularidade entre os trabalhadores formais.

Apesar das incertezas, líderes políticos avaliam que a crise com os EUA pode marcar o início de um esvaziamento do capital político de Bolsonaro e seus aliados, com efeitos sobre a corrida presidencial de 2026. Como observou um dirigente do União Brasil, “a política muda rápido, mas ninguém vence defendendo outro país contra o seu”.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

Gonet apresenta hoje parecer pela condenação de Bolsonaro e demais golpistas

Após encerrar o prazo legal, procurador-geral da República envia ao STF manifestação final em processo sobre tentativa de golpe

   Paulo Gonet, Alexandre de Moraes e Jair Bolsonaro no STF - 10/06/2025 (Foto: Antonio Augusto/STF)

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresenta nesta segunda-feira (14) as alegações finais no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado, envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sete de seus principais aliados. A informação é do jornal O Globo, que detalha os próximos passos do julgamento que se aproxima da fase decisiva no Supremo Tribunal Federal (STF).

Com a entrega do parecer pela Procuradoria-Geral da República (PGR), inicia-se oficialmente o período de 15 dias para que as defesas dos acusados se manifestem. O primeiro a apresentar alegações finais será o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que fechou acordo de delação premiada. Após ele, os demais réus terão o mesmo prazo para protocolar suas manifestações.

Paulo Gonet utilizou integralmente o prazo disponível, que se encerra nesta segunda-feira, para concluir o posicionamento da PGR. O período foi estabelecido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, em despacho assinado no dia 27 de junho. Embora o Poder Judiciário esteja em recesso durante o mês de julho, a contagem dos prazos não foi suspensa devido à condição de prisão preventiva de um dos réus, o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa.

Além de Bolsonaro, Mauro Cid e Braga Netto, também são réus na ação penal o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, e os ex-ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Anderson Torres (Justiça) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa). Segundo a PGR, todos eles integravam o chamado “núcleo crucial” da organização criminosa que planejou a ruptura institucional no Brasil.

Outras 23 pessoas são rés em ações penais paralelas, distribuídas em outros núcleos identificados nas investigações.

Concluído o prazo para as defesas, o ministro Alexandre de Moraes elaborará seu voto e liberará o caso para julgamento na Primeira Turma do STF, composta também pelos ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia. Será essa composição a responsável por decidir se os réus serão condenados ou absolvidos.

Conforme apuração de O Globo, a expectativa é que o julgamento tenha início até o mês de setembro, uma vez que todos os prazos processuais deverão ser concluídos dentro do cronograma estipulado. Integrantes do Supremo e da PGR já consideram o processo suficientemente maduro para ser levado a julgamento no terceiro trimestre do ano.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo