quinta-feira, 26 de junho de 2025

Aliados de Hugo Motta ameaçam com "guerra" se governo acionar STF contra decisão da Câmara sobre IOF

Aliados do presidente da Câmara veem judicialização como erro político que pode acirrar crise entre os Poderes

          Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, em Brasília (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)

A decisão do Congresso Nacional de derrubar o decreto do governo federal que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) expôs uma nova tensão entre os Poderes. A possibilidade de o Palácio do Planalto recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a derrota é considerada um equívoco político por lideranças influentes do Legislativo, segundo a coluna da jornalista Andréia Sadi, do g1.

Na quarta-feira (25), a Câmara dos Deputados e o Senado Federal aprovaram em conjunto a revogação do decreto, impondo uma derrota contundente ao Executivo. A articulação foi liderada pelo presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), que, com apoio expressivo no plenário, garantiu um placar de 383 votos a favor da derrubada e apenas 98 contrários. O requerimento de urgência já havia sido aprovado com ampla maioria: 346 votos favoráveis e 97 contra.

"Nem a MP [Medida Provisória] passa assim", afirmaram aliados de Motta, demonstrando ceticismo quanto às chances de sucesso de medidas governamentais no atual cenário político. Para esse grupo, a judicialização da questão teria o potencial de deteriorar ainda mais as já tensas relações entre os Poderes da República.

A preocupação manifestada por parlamentares próximos à presidência da Câmara é de que um eventual recurso ao STF possa intensificar o conflito institucional. "Aí vira guerra. Não respeitar a decisão do Congresso", declarou um interlocutor de Motta, evidenciando o clima de desconfiança que permeia as relações entre Executivo e Legislativo.

Parlamentares consultados pela reportagem apontam que o governo federal tem adotado como prática recorrente o acionamento da Suprema Corte sempre que enfrenta reveses no Congresso. Essa estratégia, segundo eles, decorre da ausência de uma base sólida no Legislativo, levando o Executivo a buscar na via judicial aquilo que não consegue obter no âmbito político.

O líder do Partido Liberal (PL) no Congresso, Sóstenes Cavalcante, não poupou críticas ao que classificou como "consórcio Executivo + alguns ministros do STF". Para ele, a derrota sofrida pelo governo na votação do decreto do IOF foi um "recado dado ao consórcio Executivo + alguns ministros do STF", afirmou.Ele também ironizou a eventual judicialização da questão. "Acho uma excelente ideia se o governo fizer isso, assim o governo e alguns ministros do STF vão se distanciando do Congresso cada vez mais".

Para aliados do presidente da Câmara, a sessão de quarta-feira representou o momento mais significativo da gestão de Hugo Motta até o presente momento. A votação foi interpretada como uma clara demonstração de força e uma demarcação de território político, estabelecendo limites na relação com o Poder Executivo.

O grupo próximo a Motta enfatiza que a atuação do parlamentar deixou evidente que ele não atua como líder governista e que não pretende facilitar as articulações do Planalto, mesmo mantendo relações cordiais com integrantes do governo, incluindo o presidente Lula.

Fonte: Brasil 247 com informações do G1

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