Líder do PT afirma que manifestações colocaram ‘em xeque’ o ‘semipresidencialismo que estava sendo imposto’ ao governo Lula
As manifestações realizadas no domingo (21) em todas as capitais brasileiras ganharam destaque na avaliação do líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias. Em fala publicada por Bela Megale, do jornal O Globo, o deputado apontou que a mobilização popular não se limita ao rechaço à anistia dos golpistas de 8 de janeiro e a Jair Bolsonaro (PL), mas representa um questionamento mais profundo sobre a condução política do Congresso.
"Acredito que vem aí uma mudança mais estrutural. Essa aliança do Centrão com o bolsonarismo, expressa na 'PEC da Bandidagem' e na anistia, fez explodir um sentimento de indignação contra o sistema. A pauta do país vai mudar. Esqueçam PEC da Blindagem, anistia ou redução de penas. É mais do que a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil ou o fim da escala 6x1. Creio que o semipresidencialismo que estava sendo imposto entra em xeque”, declarou Lindbergh.
☆ Mobilização popular altera o rumo do Congresso
Ministros do governo Lula e parlamentares aliados compartilham a leitura de que os atos de 21 de setembro funcionaram como um ponto de inflexão. Para eles, a pressão das ruas tornou ainda mais difícil a tramitação da anistia, que já enfrentava desgaste após divergências internas no centrão e no PL.
Enquanto o relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP) defendia um texto para suavizar penas de Bolsonaro e dos condenados pelo 8 de janeiro, deputados da oposição rejeitaram qualquer acordo. A resistência se intensificou após os protestos, ampliando as divisões.
☆ Avenida Paulista como símbolo da virada
Os números levantados pelo Monitor do Debate Político da USP reforçam o impacto do movimento. Só na Avenida Paulista, em São Paulo, o ato reuniu 42.379 pessoas — praticamente o mesmo contingente que os bolsonaristas mobilizaram no 7 de setembro de 2024, data considerada um sucesso pelas lideranças do campo oposicionista.
A surpresa com a força das manifestações foi admitida até mesmo por aliados de Bolsonaro, que viram no cenário uma “contaminação da pauta da anistia” após a aprovação da urgência da proposta, em meio ao desgaste da PEC da Blindagem.
☆ Um novo ciclo político
Para governistas, a dimensão dos protestos indica que a população rejeita tanto a anistia quanto os arranjos que fortalecem um modelo de semipresidencialismo informal no país. A avaliação é de que, após a reação das ruas, a agenda do Congresso tende a se deslocar.
A fala de Lindbergh sintetiza essa interpretação: a mobilização não apenas travou a pauta da anistia, mas abriu espaço para uma reorganização do debate político nacional, com potencial de alterar a correlação de forças entre governo, Centrão e bolsonaristas.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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