Editorial desta terça-feira 2 afirma que presidente do Senado agrava crise entre poderes e contamina debate sobre a indicação de Jorge Messias ao STF
O jornal Estado de S. Paulo publicou, nesta terça-feira 2, um editorial contundente no qual afirma que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, “rebaixa o Senado” ao divulgar uma nota considerada agressiva e politicamente temerária. O texto critica a postura do senador e sustenta que sua reação amplifica a crispação entre os poderes desde a indicação do advogado Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com o editorial, Alcolumbre tentou “recriar a narrativa” ao acusar setores do Poder Executivo de sugerirem que divergências institucionais seriam resolvidas por meio de “ajuste de interesse fisiológico, com cargos e emendas”. O jornal observa que essa acusação gera estranhamento porque, segundo o próprio Estado de S. Paulo, o senador do Amapá teria larga influência na distribuição de cargos e emendas, especialmente com sua atuação nos bastidores do orçamento secreto, onde ganhou o apelido de “Ghost” por controlar, de forma discreta, verbas discricionárias do Orçamento.
● Nota de Alcolumbre é classificada como “desarrazoada”
O editorial destaca que o inconformismo de Alcolumbre ficou evidente após Lula escolher Messias, preterindo seu preferido, Rodrigo Pacheco. A partir daí, afirma o jornal, abriu-se uma disputa política que se aprofundou quando o governo decidiu sustar o envio da mensagem presidencial ao Senado, movimento interpretado como tentativa de adiar a sabatina marcada para o dia 10 e ampliar o tempo de articulação política do indicado.
O texto reconhece que a manobra do governo é injustificável, mas sustenta que isso não legitima a reação do presidente do Senado. Ao negar a influência de negociações de cargos e emendas, afirma o editorial, Alcolumbre “esbofeteia os fatos” e reforça a percepção de que interesses privados continuam orientando decisões políticas em Brasília.
● Editorial alerta para danos ao processo constitucional
Segundo o Estado de S. Paulo, o episódio passa a contaminar um processo constitucional que deveria ser conduzido “com sobriedade e espírito público”: a escolha de um ministro do STF. Para o jornal, ao operar com “chantagem política”, condicionando a aprovação ou rejeição de Messias a suas próprias disputas pessoais, Alcolumbre teria “conspurcado a sabatina antes mesmo de sua realização”.
O editorial conclui que, seja Messias aprovado ou rejeitado, o resultado estará sob suspeita, não pela qualidade do indicado, mas pela “guerra de vaidades” desencadeada pelo presidente do Senado. Com isso, argumenta o jornal, o País perde ao ver uma discussão essencial sobre o papel do STF ser substituída por confrontos que revelam como Brasília ainda se deixa capturar por agendas particulares.
Fonte: Brasil 247
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