sábado, 13 de dezembro de 2025

Reinaldo, o ídolo do Atlético, abre o jogo: "O projeto da ditadura era eliminar qualquer um que pensava diferente"

Reinaldo, o artilheiro de punho erguido, tem conversa sincera com o 247. Assista

Reinaldo, o ídolo do Atlético, abre o jogo: "O projeto da ditadura era eliminar qualquer um que pensava diferente" (Foto: Divulgação Atlético-MG)

Em uma conversa emocionada com o “Denise Assis Convida”, que vai ao ar na TV 247 no domingo (14), às 12h, Reinaldo revela, por exemplo, que foi Telê Santana o responsável pela sua não ida à Copa da Espanha, quando o Brasil, com um time estelar, saiu derrotado “por ele mesmo, pela arrogância da equipe”, analisa. Segundo ele, “Telê era um conservador, reacionário”

Num dia 7 de setembro de 1971, em plena ditadura militar, o jovem José Reinaldo Lima é tirado do desfile cívico, na cidade de Ponte Nova, no interior de Minas Gerais, para falar com um coronel, representante do Clube Atlético Mineiro. O caça talentos, ouviu falar sobre as manobras e dribles daquele garoto de apenas 15 anos, e o queria em campo, no próximo treino.

A família de classe média, de pai ferroviário e a mãe professora, começava a distribuir pelo mundo, os seus oito filhos, que iam em busca de oportunidades profissionais, depois de cursarem o colégio de freiras - as meninas -, e o colégio Salesiano, de padres, – os meninos. Reinaldo achou que havia chegado a sua vez. Agarrou a oportunidade e, com as bençãos da mãe, que aprovou a escolha, lá foi ele, de Ponte Nova para a capital, Belo Horizonte, exibir o que havia aprendido nas peladas de rua, no primeiro treino do time de aspirantes.

Depois de correr feito azougue, dar fintas magistrais e finalizar o treino com um gol, fato inusitado para os meninos tímidos que chegam a um grande time, foi catapultado para o time profissional, premiado por seu talento.

De cara, participou de um jogo contra o Valério de Itabira, num campeonato “populista”, organizado pelos milicos ditadores, chamado “Campeonato do Povo”. Àquela altura, ainda sem o senso crítico afiado que foi adquirindo à medida que amadurecia, Reinaldo não fez gol, mas suas jogadas foram de tal modo apreciadas que assinou contrato e começou a ganhar como profissional e a agir como tal. Logo deixava a sua marca nos gramados. Preocupado com as desigualdades sociais e o racismo que não chegou a perceber contra si, mas que via acontecer ao seu redor, adotou o punho esquerdo cerrado e para o alto, símbolo da luta dos Panteras Negras, um grupo ativista contra o racismo nos Estados Unidos, na década de 1970.

O gesto não incomodou ao seu clube, mas começou a ser visto como por demais desafiador pelos militares que povoavam os postos chave do futebol e das confederações desportistas, como o almirante Heleno Nunes, presidente da Confederação Brasileira de Desportos. Deitaram os olhos sobre a sua vida, as suas amizades, os seus interesses, explicitados quando já era um nome nos gramados. Procurado pelo jornal alternativo O Movimento – a imprensa de resistência na época da ditadura -, abriu o verbo contra o arrocho salarial, o racismo, a falta de democracia, pregou a favor da anistia e pelo direito ao voto para a escolha dos dirigentes do país. Pelo fim da ditadura.

Desde então, passou a ser achincalhado dentro e fora do campo. Vida profissional e pessoal passaram a ser esculachadas em revistas especializadas de futebol e nas colunas de fofocas. Era hetero, mas por ser totalmente desprovido de preconceito, como as pessoas de bem devem ser, não se furtava a receber amigos gays, e a ter como compadre o irmão do religioso Frei Beto, um então exilado e perseguido político. Daí para ser rotulado de “viado”, “comunista” e “drogado” foi um pulo. “Eu me preocupava com a minha mãe, que se revoltava com aquilo tudo, discutia na rua, não se conformava. Eu não queria ver a minha mãe sofrendo por minha causa”, diz, até hoje demonstrando mágoa.

Não se drogava, mas levava a fama. “Eu era um jovem de 20 anos. Tinha uma vida normal dos que têm essa idade. Nada demais, porque eu era um atleta, não podia abusar, tinha a minha carreira”, reage, como se ainda tivesse apontados para si os dedos daqueles que ajudaram a afastá-lo para fora dos campos.

Não era comunista: “eu tinha consciência, me preocupava com esse racismo estrutural que a gente tem até hoje e que precisamos continuar a combater. Queria a democracia. Eu queria, como acredito que a maior parte dos jovens daquela época queriam, ver a normalização. Não ter um governo de exceção, militar, que existia, o AI-5 e toda a aparelhagem que usavam para prender, torturar e matar os filhos do Brasil. Os próprios brasileiros”, diz, ainda com grande carga de indignação.

“Então eu comecei a fazer o gesto (dos Panteras Negras), porque eu era artilheiro do campeonato brasileiro, com um recorde até hoje, porque eu fiz 28 gols no conjunto de partidas, um recorde que permanece até hoje. Eu fazia esse gesto nas minhas comemorações, além de ter me manifestado nessa entrevista (ao Movimento), dizendo que a gente queria ver um país praticando a democracia, que desse a anistia e que os militares voltassem para o quartel. Os militares têm outra função, que não é a de dirigir o país. Por causa desse gesto e da minha manifestação eu sofri uma perseguição severa”, recorda.

Durante todos esses anos, depois de relacionamentos destruídos, do sofrimento da mãe, e do seu próprio, que mais tarde desembocaram em uma dependência química, da qual se livrou graças à sua força emocional, como descreve, Reinaldo buscou documentação que comprovasse tudo o que dizia. Confessa que foi um alívio ver a concretude dos papéis do SNI comprovando os monitoramentos a que se referiu, sempre que teve a carreira obstruída, as escalações brecadas, o seu nome retirado de competições, com da Copa de 1982, por ingerência política.

“Na ocasião eu já sentia toda essa perseguição e toda essa pressão”, afirma. Por isso eu entrei com esse requerimento para que fosse reparada toda essa sabotagem, essa sacanagem que fizeram comigo durante esse período, que foi a minha melhor fase no futebol, que com certeza me tiraram muitas oportunidades”, revolta-se. Não só pessoal, mas sobretudo profissional. Eu fui muito prejudicado”.

Ninguém tinha ou tem dúvidas quanto a isso. Basta ver alguns replays de suas jogadas para constatar que Reinaldo deslizava pelo campo em busca da bola, deixando atrás de si marcadores atônitos, sem entender como, até mesmo sem bola - como no jogo do Atlético do Rio Grande do Norte, pelo Brasileirão -, ele deixou toda a defesa travada na pequena área, sem usar a bola. Apenas com giros de corpo, como num balé, cujos passos só ele dominava.

Reinaldo revela, por exemplo, que foi Telê Santana o responsável pela sua não ida à Copa da Espanha, em 1982, quando o Brasil, com um time estelar, saiu derrotado “por ele mesmo, pela arrogância da equipe”, analisa. Telê era um conservador, reacionário”, arremata. Essa é uma conversa que vocês não podem perder. O “Denise Assis Convida” vai ao ar na TV 247, no domingo (14), às 12h. Assista:
Fonte: Brasil 247

Governo promove mutirão nacional com mais de 61 mil cirurgias no SUS

Ação do Ministério da Saúde mobiliza 188 hospitais em todo o país para acelerar cirurgias, exames e consultas especializadas neste fim de semana

Governo promove mutirão nacional com mais de 61 mil cirurgias no SUS (Foto: Walterson Rosa/MS)

O Ministério da Saúde realiza, neste sábado (13) e domingo (14), um mutirão nacional para a realização de 61,6 mil cirurgias e exames pelo Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo 11,5 mil cirurgias eletivas. A mobilização alcança todos os estados e o Distrito Federal e envolve uma ampla rede de unidades hospitalares públicas, filantrópicas e universitárias.

De acordo com informações da Agência Brasil, a iniciativa reúne 188 hospitais, entre Santas Casas, unidades filantrópicas, hospitais universitários da Rede Ebserh e institutos federais, em um esforço concentrado para acelerar o acesso da população à atenção especializada e reduzir filas reprimidas no sistema público de saúde.

Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a ação representa um marco na atuação do governo federal na área. “Neste sábado e domingo, vamos realizar o maior mutirão da história do Sistema Único de Saúde. Pela primeira vez, além dos hospitais universitários, as Santas Casas, hospitais filantrópicos e instituições privadas que atendem pelo ‘Agora Tem Especialistas’ participarão de um esforço nacional conjunto”, afirmou.

O mutirão tem como foco a redução da demanda reprimida por cirurgias em especialidades como gastroenterologia, urologia, ortopedia, cardiologia e cirurgias plásticas reparadoras. Além disso, serão ofertadas consultas especializadas e exames de diagnóstico, como ultrassonografias, tomografias, ressonâncias magnéticas e endoscopias. O atendimento será destinado a pacientes previamente agendados no SUS.

As Santas Casas terão papel central na mobilização. Ao todo, 134 unidades filantrópicas devem realizar mais de 9 mil cirurgias em 19 estados. Entre os procedimentos previstos estão cirurgias bariátricas por videolaparoscopia, hernioplastias, plásticas abdominais, colecistostomias e vasectomias, ampliando o acesso a tratamentos de média e alta complexidade.

Também participam do mutirão importantes hospitais federais do Rio de Janeiro, como o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) e o Instituto de Cardiologia (INC), além dos hospitais da Lagoa, Andaraí, Ipanema, Bonsucesso, Cardoso Fontes e dos Servidores, reforçando a capacidade de atendimento da rede federal.

A ação integra o programa Agora Tem Especialistas, que busca qualificar e acelerar o acesso da população a consultas, exames e cirurgias no SUS. O programa prevê, além dos mutirões, a utilização de carretas de saúde da mulher, oftalmologia e diagnóstico por imagem, a ampliação dos horários de atendimento, a formação e o provimento de especialistas e parcerias com hospitais privados para atendimento gratuito, mediante abatimento de dívidas com a União.

No âmbito do mutirão, os 45 hospitais universitários vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) promovem a terceira edição do Mutirão no Dia E – Ebserh em Ação. Junto aos institutos e hospitais federais, a rede deverá realizar 2,2 mil cirurgias, 9,2 mil consultas e 40,7 mil exames ao longo do fim de semana.

As duas primeiras edições do Dia E, realizadas nos meses de julho e setembro, já haviam contabilizado mais de 46,7 mil procedimentos, indicando o impacto das ações concentradas na ampliação do acesso da população aos serviços especializados do SUS.

Fonte: Brasil 247

VÍDEO – Bem-humorado, Lula ‘culpa’ Tarcísio pelo apagão em SP


Lula durante conversa com Tarcísio de Freitas e com Ricardo Nunes em evento em SP. Foto: Reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta sexta-feira (12) do lançamento do canal “SBT News”, em São Paulo, acompanhado do governador Tarcísio de Freitas e do prefeito Ricardo Nunes. Após a cerimônia, Nunes o procurou para tratar da interrupção no fornecimento de energia que atingiu a Grande São Paulo nos últimos dias.

No registro divulgado nas redes, Lula recebeu o prefeito e fez um comentário em tom de brincadeira ao abordar o tema. “A culpa é do Tarcísio”, disse o presidente, sorrindo, enquanto o governador acompanhava a conversa. Nunes respondeu que o problema não deveria ser atribuído nem ao presidente nem ao governador.

Antes da troca de frases, Nunes apresentou a Lula os dados mais recentes sobre o apagão. A tabela exibia aproximadamente 498 mil residências sem luz havia três dias em bairros da capital e de municípios vizinhos, situação que ainda exigia atendimento das equipes de distribuição.



Após a breve interação, Lula afirmou que trataria do assunto com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que estava no local. O presidente não detalhou medidas adicionais sobre o tema durante o evento.

A apresentação do “SBT News” reuniu integrantes do governo federal, autoridades estaduais e representantes do Judiciário. Estiveram presentes, entre outros, os ministros Fernando Haddad e Ricardo Lewandowski, que acompanharam a programação montada pela emissora para marcar o início das transmissões do novo canal.

A falta de energia registrada após o vendaval no início da semana afetou diferentes regiões da Grande São Paulo. As distribuidoras seguem trabalhando na recomposição do sistema, com áreas ainda pendentes de retomada completa do serviço até o início da noite desta sexta-feira.

Fonte: DCM

“A verdade prevaleceu”, diz Alexandre de Moraes, após a queda das sanções

Mais cedo, o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que retirou Moraes da lista de sanções da lei Magnitsky

       Alexandre de Moraes (Foto: Brasil 247)

O ministro Alexandre de Moraes disse nesta sexta-feira (12) que a remoção das sanções que sofreu do governo dos Estados Unidos representa uma vitória da "verdade", "do Judiciário", da "soberania nacional" e da "democracia", ao discursar em evento do canal SBT News, em São Paulo-SP.

Mais cedo, o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que retirou Moraes da lista de sanções da lei Magnitsky, aplicada contra o magistrado por conta de supostas irregularidades no processo que levou à condenação, por tentativa de golpe, do ex-presidente Jair Bolsonaro.

"É uma vitória do Judiciário e da soberania nacional... É a vitória também da democracia", disse Moraes, sublinhando que o Brasil dá "um exemplo" de democracia ao mundo.

Moraes também afirmou que "a desinformação é a grande ameaça à democracia no Brasil e no mundo". "As consequências são o discurso de ódio, amigos se separando, famílias se dividindo", disse.

O ministro fez questão de agradecer ao presidente Lula pela condução das negociações diplomáticas com Washington.

Fonte: Brasil 247

“O bicho está pegando”: O ÁUDIO do homem morto ao cobrar dívida no PR para a esposa


       Afonso, Robishley, Rafael e Alencar, os 4 mortos ao cobrarem dívida. Foto: reprodução

Áudios divulgados pela Polícia Civil do Paraná revelam a tensão vivida por cobradores de dívida horas antes de serem mortos em uma emboscada em Icaraíma, noroeste do estado. Em mensagem à esposa, Diego relatou a negociação: “O cara tava até com um revólver no bolso. O bicho tá pegando aqui hoje, hein?”. Ele e mais três colegas foram assassinados em 5 de agosto.

Os principais suspeitos são Antônio Buscariollo, 66, e o filho Paulo Ricardo, 22, ambos foragidos. A polícia apurou que as vítimas foram alvejadas instantaneamente ao chegar de carro a uma propriedade rural. “Foram realizados disparos de, ao menos, cinco armas de fogo, deflagrados de três pontos distintos”, afirmou a PC-PR.

Os corpos foram enterrados em uma cova junto com o veículo, um Fiat Toro. Em áudio anterior, outra vítima, Alencar, já demonstrava receio: “Ele mexe com uns trem errado aqui. Tivemos a notícia dele depois que eu fui saber quem era o cara”.

Fonte: DCM

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Como Lula convenceu Trump a anular Magnitsky contra Moraes

O presidente Lula e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Foto: Agência Brasil

O presidente Lula teve papel crucial na retirada do nome do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), da lista de sancionados da Lei Magnitsky. O petista tem se aproximado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e tratou diretamente do tema em ligações.

Segundo a GloboNews, membros do Itamaraty relataram que desde o início de dezembro já havia sinais concretos de que o recuo americano poderia ocorrer após uma conversa direta entre Lula e o presidente americano.

O telefonema entre os dois presidentes aconteceu no último dia 2 e, de acordo com integrantes do governo brasileiro, abriu caminho para a revisão das sanções. Desde então, o Planalto trabalhava com a expectativa de que a exclusão fosse formalizada antes do fim do ano, como resultado de um esforço diplomático contínuo liderado por Lula.

O tema das sanções esteve presente tanto em negociações ministeriais quanto em nível presidencial. O chanceler Mauro Vieira tratou do assunto com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, enquanto Lula manteve o tema na agenda direta com Trump. Paralelamente, os dois governos priorizaram destravar negociações sobre tarifas e resolver impasses que afetam exportadores brasileiros.

Os presidentes dos EUA, Donald Trump, e do Brasil, Lula. Foto: Ricardo Stuckert/PR
A exclusão de Alexandre de Moraes e de sua esposa, Viviane Barci, da lista da Lei Magnitsky foi formalizada pelo governo Trump nesta sexta (12). Embora o comunicado oficial não tenha detalhado os motivos da decisão, a medida já era considerada esperada pelo governo brasileiro desde a semana anterior, justamente em função das sinalizações feitas a Lula.

Moraes havia sido incluído na lista em julho, o que implicou bloqueio de eventuais bens nos Estados Unidos e restrições a transações envolvendo cidadãos americanos. À época, o governo dos EUA justificou a sanção com base no processo que tramitava no STF contra Jair Bolsonaro, então réu pela trama golpista.

Em setembro, Bolsonaro foi condenado a mais de 27 anos de prisão, e no mesmo mês a esposa de Moraes também foi incluída na lista. O ministro classificou a sanção como “ilegal e lamentável” e afirmou que “a independência do Judiciário, coragem institucional e defesa da soberania nacional” não seriam afetadas por pressões externas.

O próprio presidente confirmou publicamente que o tema das sanções foi tratado com Lula. “Falamos sobre comércio. Falamos sobre sanções porque, como você sabe, eu impus sanções relacionadas a certas coisas que aconteceram”, disse a jornalistas.

Fonte: DCM

Casa Branca sinalizou a Lula fim de sanções contra Moraes

Ministro do STF e sua esposa deixaram lista da Lei Magnitsky após sinalização dos Estados Unidos ao Brasil

      Trump e Lula (Foto: Reuters/AG.BRASIL/Evelyn Hockstein)

A Casa Branca havia sinalizado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que pretendia retirar as sanções impostas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e à sua esposa, a advogada Viviane Barci de Moraes. Ambos já não aparecem mais na lista do governo dos Estados Unidos relacionada à aplicação da chamada Lei Magnitsky.

Segundo a coluna da jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo, após uma conversa recente entre Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, integrantes do Palácio do Planalto e também aliados de Jair Bolsonaro (PL) foram avisados de que Washington poderia adotar uma medida de distensão nas relações com o Brasil.

● O que prevê a Lei Magnitsky

Criada durante o governo de Barack Obama (2009-2017), a Lei Magnitsky Global foi concebida para punir autoridades estrangeiras acusadas de violações de direitos humanos. Nos bastidores do governo estadunidense, as sanções são comparadas a uma “pena de morte financeira”, devido ao impacto amplo sobre a vida econômica dos alvos.

As restrições incluem a proibição de que empresas dos Estados Unidos realizem qualquer tipo de transação ou negociação com os sancionados. Isso pode afetar o acesso a cartões de crédito, instituições bancárias e até companhias aéreas, ampliando os efeitos práticos das punições.

● Inclusão e retirada das sanções

Alexandre de Moraes foi incluído formalmente na lista de sanções do governo americano em 30 de julho. A exclusão de seu nome ocorreu às vésperas de seu aniversário de 57 anos, celebrado neste sábado (13). Já Viviane Barci de Moraes havia sido sancionada em 22 de setembro.

A sanção contra Viviane ocorreu após a Primeira Turma do STF condenar Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão por crimes como organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

● Pressão política em Washington

Relator das principais investigações que avançaram contra Jair Bolsonaro e aliados, Alexandre de Moraes passou a ser alvo das sanções após articulação de apoiadores do ex-mandatário no exterior. O movimento foi liderado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que procurou integrantes do governo Trump para alegar que decisões do magistrado teriam atingido cidadãos americanos.

Entre os argumentos apresentados estavam a suspensão de perfis em redes sociais e a derrubada temporária do X, plataforma sediada nos Estados Unidos e controlada pelo bilionário Elon Musk.

● Declarações do Tesouro dos EUA

Na ocasião da inclusão de Moraes na lista, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, fez críticas públicas ao ministro do STF. Segundo ele, Moraes “assumiu a si mesmo o papel de juiz e júri em uma caça às bruxas ilegal contra cidadãos e empresas dos EUA e do Brasil”.

Em outra postagem, Bessent afirmou: “Moraes é responsável por uma campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias que violam os direitos humanos e processos politizados – inclusive contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. A ação de hoje deixa claro que o Tesouro continuará a responsabilizar aqueles que ameaçam os interesses dos EUA e as liberdades de nossos cidadãos”.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

Eduardo Bolsonaro admite que perdeu embate contra Alexandre de Moraes

O magistrado foi retirado pelo governo Trump da lista de sanções da Lei Magnitsky

      Eduardo Bolsonaro - 14/08/2025 (Foto: REUTERS/Jessica Koscielniak)

Após o ministro Alexandre de Moraes, do STF, ser retirado pelo governo Trump da lista de sanções econômicas da lei Magnitsky, dos EUA, o deputado federal autodeclarado asilado no país Eduardo Bolsonaro disse nesta sexta-feira (12) que recebeu com pesar o anúncio.

A declaração do filho do ex-presidente preso Jair Bolsonaro vem após meses de tentativas fracassadas de pressionar o governo Trump a interferir no julgamento da trama golpista, do qual Moraes é relator, e promover a chamada anistia aos golpistas envolvidos no 8 de Janeiro.

"Lamentamos que a sociedade brasileira, apesar da janela de oportunidade que se lhe apresentou, não tenha conseguido construir a unidade política necessária para enfrentar seus próprios problemas estruturais. A falta de coesão interna e o apoio insuficiente às iniciativas realizadas no exterior contribuíram para o agravamento da situação atual", escreveu o deputado em nota pública divulgada na rede X. Leia a íntegra:

"DECLARAÇÃO PÚBLICA

Recebemos com pesar a notícia da mais recente decisão anunciada pelo governo dos EUA. Somos gratos pelo apoio demonstrado pelo Presidente Trump ao longo deste processo e pela atenção que dedicou à grave crise de liberdades que afeta o Brasil.

Lamentamos que a sociedade brasileira, apesar da janela de oportunidade que se lhe apresentou, não tenha conseguido construir a unidade política necessária para enfrentar seus próprios problemas estruturais. A falta de coesão interna e o apoio insuficiente às iniciativas realizadas no exterior contribuíram para o agravamento da situação atual.

Esperamos sinceramente que a decisão do Presidente @realDonaldTrump seja bem-sucedida na defesa dos interesses estratégicos do povo americano, como é seu dever. Quanto a nós, continuaremos trabalhando com firmeza e determinação para encontrar um caminho que permita a libertação de nosso país, pelo tempo que for necessário e apesar das circunstâncias adversas.

Que Deus abençoe a América e tenha misericórdia do povo brasileiro.

Eduardo Bolsonaro

Paulo Figueiredo

@pfigueiredo08".

Fonte: Brasil 247

'Fim das sanções contra Moraes é vitória de Lula, da democracia e da soberania nacional', diz Lindbergh

Líder do PT diz que recuo do governo dos EUA evidencia a solidez das instituições e a independência do STF frente a tentativas de chantagem internacional

        Lindbergh Farias (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

A retirada do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e de sua esposa, Viviane Barci de Moraes, da lista de sanções da Lei Magnitsky provocou forte repercussão no Congresso Nacional. Para o líder do governo na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (PT-RJ), a decisão representa uma vitória da soberania brasileira, da democracia e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de uma derrota das iniciativas que buscaram pressionar o Judiciário a partir do exterior.

Em postagens nas redes sociais, o parlamentar avaliou que o recuo do governo dos Estados Unidos evidencia a solidez das instituições brasileiras e a independência do STF frente a tentativas de chantagem internacional. Segundo ele, a decisão deixa claro quem atuou em defesa do país e quem trabalhou contra os interesses nacionais.

☉ Decisão dos EUA distensiona crise diplomática

A decisão do governo estadunidense encerra uma sanção que estava em vigor desde 30 de julho e que havia aprofundado a maior crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos em mais de dois séculos. A medida foi adotada durante o governo Donald Trump sob supostas acusações de violações de direitos humanos relacionadas à atuação de Moraes como relator do processo da trama golpista que resultou na condenação de Jair Bolsonaro (PL) a mais de 27 anos de prisão.

Além disso, a sanção estava vinculada a decisões judiciais que determinaram a retirada de conteúdos de plataformas digitais sediadas nos Estados Unidos, o que ampliou o desgaste entre os dois países.

☉ Lindbergh aponta derrota da pressão externa

Na avaliação de Lindbergh Farias, a reversão da sanção representa um revés histórico para setores que buscaram articular punições internacionais contra integrantes do Judiciário brasileiro. O deputado afirmou que houve tentativas de negociação envolvendo sanções, revogação de vistos, tarifas comerciais e até o que classificou como “pena de morte financeira” contra o ministro do STF.

Para o líder do governo, o episódio reforça a mensagem de que o Brasil não aceita tutela externa nem submissão a interesses alheios à Constituição, destacando a força de um Judiciário independente e imune a pressões estrangeiras.

☉ Atuação direta de Lula pesou na reversão

Nos bastidores diplomáticos, a retirada de Moraes da lista da Magnitsky foi precedida por uma reavaliação interna em Washington, impulsionada pela melhora no relacionamento entre Lula e Donald Trump. Em diferentes conversas telefônicas e encontros presenciais, o presidente brasileiro afirmou que a normalização das relações bilaterais dependia do fim das sanções e da retirada das tarifas políticas de 40% impostas ao Brasil.

Após uma dessas conversas, no início de dezembro, Lula afirmou que “pode esperar. Muita coisa vai acontecer, pode esperar. Eu estou convencido”. Pouco depois, Trump mencionou publicamente “as sanções que coloquei neles por coisas que aconteceram” e disse que “muitas coisas boas” estavam por vir.

☉ PL da Dosimetria entra no debate

Autoridades estadunidense também associaram o gesto à tramitação do projeto de lei da dosimetria no Congresso brasileiro. Integrantes da administração Trump interpretaram a aprovação da proposta na Câmara como um sinal político relevante, ainda que o texto não perdoe crimes. Lindbergh Farias, no entanto, afirmou que o governo seguirá mobilizado contra a proposta, que, segundo ele, beneficia criminosos e enfraquece o sistema de Justiça.

☉ Recuo enfraquece aliados de Bolsonaro

O fim da sanção também representa um revés para a estratégia de pressão internacional defendida pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e por aliados bolsonaristas no exterior. Em outubro, Eduardo Bolsonaro havia declarado que não via possibilidade de reversão da medida.

 

 

Fonte: Brasil 247

EUA retiram Alexandre de Moraes da lista de sanções da Lei Magnitsky

Decisão ocorre após avanço do diálogo entre Lula e Donald Trump

Brasília (DF) 09/09/2025 - O ministro relator Alexandre de Moraes durante sessão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que retoma o julgamento dos réus do Núcleo 1 da trama golpista (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

O governo dos Estados Unidos decidiu retirar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e sua esposa, Viviane Barci de Moraes, da lista de sanções da Lei Magnitsky, encerrando uma medida que estava em vigor desde 30 de julho e que havia agravado de forma significativa a relação entre Brasília e Washington. A decisão representa uma inflexão na política externa estadunidense e sinaliza um movimento concreto de reaproximação entre os dois países. As informações são do UOL.

A sanção havia sido imposta pelo governo de Donald Trump sob a acusação de violações de direitos humanos relacionadas à atuação de Moraes como relator do processo da trama golpista que condenou Jair Bolsonaro (PL) a mais de 27 anos de prisão, além de decisões judiciais que determinaram a retirada do ar de conteúdos de usuários baseados nos EUA em plataformas digitais estadunidenses.

◉ Revisão em Washington encerra sanção aplicada desde julho

A inclusão de Moraes na lista Magnitsky integrou um conjunto de medidas adotadas por Washington que levou à maior crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos em mais de 200 anos. Nos últimos dias, no entanto, o tema passou a ser reavaliado internamente pelo governo norte-americano, diante da melhora do relacionamento entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Trump deu orientação direta a seus auxiliares para que buscassem um entendimento com o Brasil, o que colocou a sanção sob revisão. O governo norte-americano avaliava formas de recuar sem comprometer o uso da Magnitsky como instrumento de pressão internacional.

◉ Pressão diplomática de Lula foi decisiva

Em diferentes conversas telefônicas e encontros presenciais com Donald Trump, Lula afirmou que a normalização plena das relações bilaterais dependia da retirada das sanções contra o ministro do STF e do fim das tarifas políticas de 40% impostas ao Brasil. Após a última conversa entre os dois presidentes, em 2 de dezembro, Lula demonstrou confiança em avanços iminentes.

“Pode esperar. Muita coisa vai acontecer, pode esperar. Eu estou convencido”, disse o presidente brasileiro. Pouco depois, Trump mencionou publicamente “as sanções que coloquei neles por coisas que aconteceram” e afirmou que “muitas coisas boas” estavam por vir, sinalizando disposição para rever decisões adotadas durante o auge da crise.

◉ Projeto no Congresso e leitura dos EUA

Segundo a reportagem, autoridades estadunidenses identificaram na aprovação do projeto de lei da dosimetria na Câmara dos Deputados um gesto relevante do sistema político brasileiro. A proposta pode reduzir penas de Jair Bolsonaro e de outros envolvidos nos atos de 8 de janeiro, embora não perdoe crimes.

Um alto funcionário dos EUA chegou a classificar o projeto como uma “anistia”, mesmo sem aprovação no Senado ou sanção presidencial. Para integrantes da administração Trump, a medida foi interpretada como um resultado da estratégia de pressão associada à Magnitsky.

Na noite anterior à revogação, o subsecretário de Estado Christopher Landau comentou o tema. “Os Estados Unidos têm expressado consistentemente preocupação com os esforços para usar o processo judicial como arma para instrumentalizar as diferenças políticas no Brasil e, portanto, saúdam o projeto de lei aprovado pela Câmara dos Deputados do Congresso brasileiro como um primeiro passo para combater esses abusos. Finalmente, estamos vendo o início de um caminho para melhorar nossas relações”, afirmou.

◉ Cooperação contra o crime organizado avança

A retirada das sanções também facilita o avanço de um plano conjunto entre Brasil e Estados Unidos para o combate ao crime organizado nas Américas. Na conversa de 2 de dezembro, Lula relatou a Trump como organizações criminosas utilizavam mecanismos financeiros e propriedades nos EUA para lavar dinheiro do tráfico, ao mesmo tempo em que adquiriam armamentos para uso no Brasil.

Lula citou ações já realizadas por autoridades judiciais e policiais dos dois países para enfraquecer essas organizações e indicou que a cooperação poderia ser ampliada. Segundo o relato, a proposta foi bem recebida por Trump.

Os Estados Unidos finalizam agora uma contraproposta de parceria, que deverá ser apresentada ao governo brasileiro por Christopher Landau, com expectativa positiva de avanço.

◉ Impactos políticos da retirada da Magnitsky

Em paralelo, o Representante Comercial dos Estados Unidos avalia a suspensão das tarifas remanescentes sobre produtos brasileiros. A expectativa em Brasília é de que um anúncio ocorra em breve, seguido da criação de grupos de trabalho para elaborar um novo acordo comercial em até 90 dias.

O fim das sanções representa ainda um revés para a estratégia defendida pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e pelo influenciador bolsonarista Paulo Figueiredo, que atuaram por mais de um ano para manter a pressão internacional sobre Alexandre de Moraes.

Em outubro, Eduardo Bolsonaro afirmou que não via possibilidade de reversão da sanção. “Não vejo como o Alexandre de Moraes (sairia da Magnitsky), depois de tanta maneira tão robusta que foi documentada as suas violações. Essa realidade fática não há motivo pelo qual ocorra um (novo) posicionamento (dos EUA)”, disse.

Fonte: Brasil 247 com informações do UOL

Avaliação de Lula melhora entre deputados, diz Quaest

Pesquisa também mostra crescimento da percepção do favoritismo do presidente para as eleições de 2026

       Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Bruno Peres/Agência Brasil)

A avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva junto aos deputados federais apresentou melhora significativa nos últimos meses, segundo levantamento divulgado nesta sexta-feira (12). O estudo aponta que, diferentemente do cenário observado em junho, quando predominava uma visão negativa, agora há um empate técnico entre avaliações positivas e negativas no Congresso Nacional.

Os dados fazem parte de uma pesquisa realizada pela Quaest, em parceria com a Genial Investimentos, que detalhou a mudança de percepção entre os parlamentares ao longo do segundo semestre de 2025. O levantamento também revela uma alteração relevante no cenário eleitoral projetado para 2026, com redução da vantagem antes atribuída à oposição.

⊛ Empate técnico na avaliação presidencial

De acordo com a pesquisa, 38% dos deputados avaliam o governo Lula de forma positiva, ante 27% no levantamento anterior. Já a avaliação negativa recuou de 46% para 40%. Considerando a margem de erro, os percentuais configuram um empate técnico, sinalizando uma recuperação da imagem do presidente no Parlamento.

A sondagem ouviu 167 deputados federais — de um total de 513 — entre os dias 29 de outubro e 11 de dezembro. A margem de erro é de sete pontos percentuais, para mais ou para menos.

⊛ Disputa de 2026 mais aberta

A percepção sobre a corrida presidencial de 2026 também mudou. Em junho, a maioria dos parlamentares enxergava a oposição como favorita para vencer o pleito. Agora, esse cenário se tornou mais equilibrado: 43% consideram Lula o favorito, enquanto 42% apontam um candidato da oposição como principal nome para a próxima eleição presidencial.

Para Felipe Nunes, diretor da Quaest, fatores recentes ajudaram a alterar a leitura da elite política no Congresso. Segundo ele, “A elite política no Congresso está ponderando os acontecimentos do segundo semestre: tarifaço com fim feliz para Lula, inflação de alimentos em baixa e direita dividida. Tudo isso somado, aumentam as perspectivas eleitorais do Lula, na opinião dos parlamentares”.

O episódio citado por Nunes envolve o embate comercial com os Estados Unidos, liderado por Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, além da desaceleração da inflação de alimentos e das divisões internas no campo da direita brasileira.

⊛ Avaliação da presidência da Câmara

O levantamento também mediu a percepção dos deputados sobre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Segundo os dados, 55% avaliam sua atuação de forma positiva, enquanto 13% têm avaliação negativa. Embora os números indiquem estabilidade em relação à pesquisa anterior, a diferença entre avaliações positivas e negativas diminuiu, passando de 43 pontos percentuais em junho para 25 pontos agora.

Fonte: Brasil 247

Líderes associam operação contra ex-assessora de Lira à tentativa de cassação Glauber Braga

O deputado do Psol prestou depoimento no inquérito que investiga desvio de emendas

      Glauber Braga (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

A operação deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira, que teve como alvo uma ex-assessora do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), provocou forte reação entre lideranças do Legislativo e ampliou o clima de tensão entre o Parlamento e o Supremo Tribunal Federal. Deputados relacionaram a ação à frustrada tentativa de cassar o mandato de Glauber Braga (Psol-RJ), derrotada dias antes no plenário da Casa. As informações são do jornal O Globo.

A investigação foi determinada pelo ministro Flávio Dino, do STF, e decorre de um inquérito no qual Braga e outros congressistas chegaram a prestar depoimento.

A ação da Polícia Federal incluiu diligências na Câmara dos Deputados e em outros endereços, com foco em apurar suspeitas de desvios de emendas parlamentares. O principal alvo foi Mariângela Fialek, conhecida entre os parlamentares como Tuca, ex-assessora direta de Arthur Lira e atualmente vinculada à liderança do PP. O ex-presidente da Câmara não é investigado na operação.

Durante o período em que Lira comandou a Casa, Tuca era apontada por deputados como figura central no fluxo de distribuição e liberação de emendas. De perfil técnico, recebia parlamentares de diferentes partidos, acompanhava votações no plenário e era considerada um dos principais braços operacionais do então presidente da Câmara.

Para líderes da Câmara, o momento da operação chamou atenção. A ação ocorreu dois dias depois de o plenário não conseguir votos suficientes para cassar o mandato de Glauber Braga, desafeto declarado de Lira. Conhecido por uma atuação combativa, o deputado do PSOL acumulava resistências de parlamentares de diferentes espectros ideológicos, da esquerda à direita.

Integrantes do Centrão afirmam que havia um entendimento prévio entre Arthur Lira e Hugo Motta para que o atual presidente da Câmara conduzisse o processo de cassação. No entanto, a sessão realizada na quarta-feira terminou em reviravolta. Diante da falta de apoio para a perda definitiva do mandato, o bloco teve de recuar para evitar uma derrota mais ampla, resultando apenas na suspensão de Braga por seis meses, o que expôs fragilidades na condução política da Casa.

A operação desta sexta-feira agravou o desconforto institucional num momento em que parlamentares já vinham manifestando críticas à atuação do Supremo. A cúpula da Câmara reagiu especialmente às buscas e apreensões realizadas dentro das dependências do Legislativo, incluindo uma ação na sala onde a assessora trabalha.

Aliados de Motta relataram que, inicialmente, circulou entre deputados a informação de que haveria diligências na própria sala da presidência da Câmara, o que aumentou a insatisfação nos corredores da Casa. A hipótese não se confirmou, mas contribuiu para elevar a tensão política.

Segundo um deputado com trânsito entre diferentes bancadas, há preocupação generalizada entre parlamentares devido ao papel estratégico desempenhado por Mariângela Fialek na engrenagem de distribuição de emendas.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

Dino aponta continuação do orçamento secreto "mesmo com a troca na presidência da Câmara"

Segundo o ministro, indícios apontam que Mariângela Fialek, ex-assessora de Arthur Lira, segue comandando o orçamento secreto na gestão de Hugo Motta

        Hugo Motta e Flávio Dino (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados | Rosinei Coutinho/STF)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino afirmou, em decisão tornada pública nesta sexta-feira (12), que há fortes indícios de que o chamado “orçamento secreto” continua operando na Câmara dos Deputados, mesmo após a mudança no comando da Casa. Segundo o magistrado, os elementos reunidos pela investigação apontam para a permanência de um esquema de direcionamento irregular de emendas parlamentares, em desacordo com decisões anteriores da Corte que declararam a inconstitucionalidade desse mecanismo.

A decisão, tomada no âmbito de uma representação da Polícia Federal, tem como base um conjunto amplo de depoimentos, documentos e dados telemáticos analisados pelo STF. No despacho, Flávio Dino destaca que as provas indicam a atuação continuada de Mariângela Fialek, conhecida como “Tuca”, ex-assessora do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), como figura central na operacionalização das emendas, inclusive após a posse de Hugo Motta (Republicanos-PB) na presidência da Casa.

De acordo com o ministro, os elementos colhidos ao longo da apuração revelam que a servidora “permaneceu no exercício da função” relacionada ao controle e à organização das emendas, mesmo com a troca de comando na Câmara. Para Dino, esse dado é especialmente relevante porque sugere a continuidade de práticas consideradas ilegais pelo STF, contrariando o processo de reconstitucionalização das emendas parlamentares determinado no julgamento da ADPF 854.

A investigação reúne depoimentos de parlamentares de diferentes partidos, entre eles os deputados Glauber Braga (Psol-RJ), José Rocha (União Brasil-BA), Adriana Ventura (Novo-SP) e Fernando Marangoni (União Brasil-SP), além do senador Cleitinho (Republicanos-MG). Em comum, os relatos descrevem um modelo centralizado de distribuição de recursos, com envio de listas de emendas sem identificação clara de autores, beneficiários ou critérios objetivos. Em um dos trechos destacados na decisão, o ministro resume que há “indícios extremamente robustos de que não só a Câmara dos Deputados continua o processo de esguio às decisões do STF, como de que a Representada [Mariângela Fialek] mantém um papel relevante nesse processo, mesmo com a troca na presidência da Câmara”.

Os depoimentos também apontam para a concentração de grandes volumes de recursos em determinados estados e municípios, notadamente em Alagoas, reduto político de Arthur Lira. Segundo as investigações, parte dessas emendas teria sido direcionada por comissões temáticas que sequer contavam com parlamentares do estado beneficiado, o que, na avaliação do relator, reforça a suspeita de interferência indevida da antiga cúpula da Câmara na alocação dos recursos.

Além das oitivas, a Polícia Federal obteve autorização judicial para a quebra de sigilo de dados telemáticos de Mariângela Fialek. A análise desse material, segundo Flávio Dino, confirmou que a investigada exerceu, por um longo período, papel estratégico no controle do orçamento secreto, desde a fase das chamadas emendas de relator até as atuais emendas de comissão. O ministro ressalta que os registros demonstram uma atuação “contínua, sistemática e estruturada” na gestão desses recursos, com pouca ou nenhuma transparência.

Com base nesse conjunto probatório, Dino autorizou medidas cautelares de busca e apreensão em endereços ligados à investigada, bem como a quebra de sigilo de dados telefônicos e telemáticos. Ele também determinou o afastamento de Mariângela Fialek de qualquer atividade relacionada à proposição, tramitação ou destinação de emendas parlamentares na Câmara dos Deputados, até a conclusão das investigações.

Fonte: Brasil 247