A trajetória da deputada Carla Zambelli (PL-SP), foragida da Justiça após ser condenada a 10 anos de prisão, remete a uma fuga que tem ecos históricos nas “ratlines” utilizadas por nazistas após a Segunda Guerra Mundial.
A escapada da deputada, que passou pela Argentina, Estados Unidos e seguiu para a Itália, revela uma estratégia de mobilidade e articulação internacional que repete as de oficiais do regime de Hitler que, décadas atrás, também buscaram governos de extrema-direita.
Ao passar por Foz do Iguaçu e Puerto Iguazú, Zambelli tomou um voo até Buenos Aires e de lá para os Estados Unidos, antes de seguir para a Itália, onde afirmou ter confiança na justiça local, considerando-se “intocável” por ser cidadã daquele país.
A declaração dela sobre “pagar para ver” é um reflexo da confiança que esses fugitivos, tanto nazistas originais quanto seus sucessores, depositam em sistemas jurídicos de países dispostos a conceder proteção, em um cenário de instabilidade internacional.
As “ratlines” utilizadas pelos nazistas para escapar para a América do Sul tiveram sustentação poderosa. A Igreja Católica e a Cruz Vermelha Internacional, no pós-guerra, desempenharam papéis importantes ao fornecerem documentos falsos e apoio logístico.
Aredita-se que até 90% dos nazistas que fugiram da Europa continental o fizeram pela Itália, principal aliada da Alemanha durante a guerra. Cerca de dez mil optaram pela “rota ibérica”, com a mãozinha de colaboradores que viviam na Espanha e utilizavam portos como os da Galícia, com a aprovação do ditador espanhol Francisco Franco.
O governo de Juan Domingo Perón, simpatizante do Terceiro Reich, facilitou a chegada desses criminosos. Mas o jornalista argentino Uki Goñi, um dos principais investigadores do tema, revela que a relação entre a Argentina e a Alemanha de Hitler antecede Perón.

Goñi aponta que, já em 1943, existia um acordo secreto entre a Schutzstaffel (SS), as forças de segurança alemãs, e o serviço secreto da Marinha argentina.
Esse acordo permitia que agentes das SS recebessem documentos de identidade argentinos, facilitando sua circulação livre pela América do Sul, onde operavam uma extensa rede de espionagem. Em troca, a Argentina obteve informações confidenciais sobre seus vizinhos.
A Argentina de Milei foi escolhida por Zambelli, Léo Índio e mais 61 brasileiros condenados por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Os EUA dão abrigo hoje a fascistas como Eduardo Bolsonaro, Paulo Figueiredo e Allan dos Santos.
A rota dos ratos nunca parou de funcionar.
Fonte: DCM
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