terça-feira, 17 de junho de 2025

Indiciado no caso da Abin paralela, Jair Bolsonaro soma três inquéritos abertos pela PF

Ex-mandatário foi indiciado nos inquéritos que apuram a tentativa de golpe, tentativa de venda de joias sauditas e espionagem ilegal de adversários

                           Jair Bolsonaro durante interrogatório no STF (Foto: Gustavo Moreno/STF)

A Polícia Federal concluiu e encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o relatório final da investigação sobre o uso ilegal de ferramentas de geolocalização da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), no escândalo que ficou conhecido como “Abin Paralela”. As informações são do Infomoney.

Entre os indiciados estão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que dirigiu a Abin, e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ). Segundo a PF, a estrutura foi utilizada de forma clandestina para monitorar adversários políticos, autoridades públicas, jornalistas e membros do Judiciário. As ordens para esse monitoramento teriam partido do próprio ex-presidente.

De acordo com o relatório, o objetivo do esquema era manter Bolsonaro no poder, especialmente durante o processo eleitoral de 2022. A PF concluiu que a Abin foi aparelhada para operar como uma ferramenta de vigilância política fora dos marcos legais.

Além desse inquérito, Bolsonaro é investigado em outros dois processos que tramitam no STF. Veja abaixo o panorama de cada um deles:

✱ Venda ilegal de joias sauditas: em andamento - Neste caso, a PF investiga a tentativa de desviar joias valiosas recebidas pelo governo brasileiro como presentes de autoridades da Arábia Saudita. Tais itens deveriam ter sido incorporados ao acervo público da Presidência da República, conforme determina a lei.

Os investigadores apuraram que parte das peças foi levada de forma irregular aos Estados Unidos e vendida a colecionadores. Bolsonaro foi indiciado por associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos.

A investigação apontou ainda movimentações financeiras e atuação de pessoas próximas ao ex-presidente na tentativa de ocultar a origem das joias e dividir os recursos obtidos com as vendas. O caso está sob análise da PGR, que ainda não emitiu parecer conclusivo.

✱ Tentativa de golpe de Estado: em andamento - O inquérito mais robusto envolve o indiciamento de Jair Bolsonaro e de outros 36 investigados por envolvimento em uma trama para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022. A apuração revelou articulações no núcleo do governo, produção de minutas golpistas, ataques ao sistema eleitoral e esforços para envolver as Forças Armadas em uma ruptura institucional.

Segundo o relatório da PF, aliados de Bolsonaro, entre militares, ex-ministros e operadores políticos, discutiram a chamada “minuta do golpe”, que previa a prisão de ministros do STF e do TSE e a decretação de estado de sítio.

A apuração cruzou informações de e-mails, celulares e o depoimento de Mauro Cid, revelando a existência de um núcleo coordenado diretamente por Bolsonaro para subverter a ordem democrática.

A ação penal encontra-se em sua etapa final. O ministro Alexandre de Moraes já abriu prazo para as manifestações das defesas. A expectativa é que o julgamento na Primeira Turma do STF ocorra ainda no segundo semestre de 2025.

✱ Fraude em certificado de vacinação: arquivado - A investigação analisou se Bolsonaro e aliados teriam falsificado certificados de vacinação contra a Covid-19 para driblar exigências sanitárias. A PF havia indiciado o ex-presidente, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e outros envolvidos pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde. O caso ganhou notoriedade após revelações de que Bolsonaro teria utilizado um certificado falso para entrar nos Estados Unidos em 2022.

No entanto, em março de 2025, o ministro Alexandre de Moraes arquivou o inquérito, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). O órgão entendeu que os indícios se baseavam apenas na delação de Mauro Cid e não estavam acompanhados de provas suficientes para embasar uma denúncia formal. O caso poderá ser reaberto caso surjam novos elementos.

Fonte: Brasil 247 com Infomoney

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