terça-feira, 17 de junho de 2025

Advogado de réu do plano golpista entrega ao STF prints de conversa com Mauro Cid no Instagram

Conversas atribuídas a Mauro Cid e entregues ao STF revelam ataques a Moraes, Barroso e Gilmar e alegações de coação durante delação

           Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Foto: Edilson Rodrigues-Agência Senado

O advogado Eduardo Kuntz, responsável pela defesa do coronel Marcelo Câmara, anexou ao Supremo Tribunal Federal (STF) registros de mensagens privadas com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). A revelação ocorreu após a revista Veja divulgar, na semana passada, capturas de tela de conversas feitas via Instagram pelo perfil @gabrielar702. Diante do conteúdo, o ministro Alexandre de Moraes ordenou que a Meta entregasse ao STF os dados do titular da conta.

Segundo a CNN Brasil, Kuntz admitiu que os diálogos foram trocados entre os dias 29 de janeiro e 13 de março de 2024, período em que Cid, então delator da ação penal sobre o plano golpista, estava impedido judicialmente de usar redes sociais e de manter contato com investigados. A defesa de Mauro Cid nega a autenticidade das mensagens publicadas pela revista.

Mesmo assim, Kuntz apresentou ao processo um documento nomeado "defesa prévia" e uma ata notarial com 51 páginas contendo os prints das conversas. O material foi incorporado ao processo como parte de um pedido de anulação da delação premiada firmada por Cid com a Polícia Federal, sob o argumento de que ela teria sido feita sob coação.

Nas mensagens, de acordo com a reportagem, Mauro Cid afirma que o delegado responsável pelo inquérito, Fábio Shor, “queria colocar palavras” em sua boca durante os depoimentos. “Várias vezes eles queriam colocar palavras na minha boca… E eu pedia para trocar”, relatou Cid ao advogado. “Eles toda hora queriam jogar para o lado do golpe. E eu falava para trocar pq não era aquilo que tinha dito”, escreveu o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.

Kuntz sustenta no processo que “o malfadado acordo de colaboração premiada firmado com o TC Cid não pode e nem deve prosperar e, assim sendo, toda a sua prova dele derivada também deve ser imediatamente desconsiderada”. Além da defesa de Marcelo Câmara, as mensagens também vêm sendo usadas como argumento por advogados de Jair Bolsonaro e de Braga Netto para tentar enfraquecer a delação de Cid.

Durante depoimento prestado ao STF na semana anterior, Mauro Cid foi questionado por Celso Vilardi, advogado de Bolsonaro, se havia utilizado perfis em redes sociais que não estavam em seu nome. Visivelmente desconcertado, respondeu: “não”. E acrescentou: “todos os meus celulares foram apreendidos”. Vilardi insistiu: “Conhece um perfil chamado @gabrielar702?” Ao que Cid respondeu: “Esse perfil, eu não sei se é da minha esposa”.

Em outro trecho das mensagens entregues ao STF, Cid descreve o delegado Fábio Shor como alguém interessado em ganhos políticos. “É delegado novo”, disse. “Recebeu um objetivo final e está somente preenchendo lacuna.” Acrescentou ainda: “É esperto... não é burro... sabe interrogar... sabe tentar te conduzir para onde ele quer chegar”.

Os diálogos incluem também comentários sobre ministros do Supremo. Cid atribui papéis específicos a três integrantes da Corte: “AM e Barroso são os mentores”, escreveu, referindo-se a Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. “Gilmar é o articulador... que coloca todo mundo no eixo.” E arrematou: “AM é o cão de ataque... O Barroso é o iluminista pensador... Quem executa é o AM... como um CEO de uma empresa”.

Fonte: Brasil 247 com informações da CNN Brasil

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