quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Câmara vota nesta quarta projeto contra adultização de crianças e adolescentes nas redes

Proposta impõe dever de cuidado às plataformas, prevê verificação de idade, controle parental e multas de até 10% do faturamento

Hugo Motta e Felca (Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados | Reprodução)

A Câmara dos Deputados deve votar nesta quarta-feira (20) o projeto que cria regras para combater a adultização de crianças e adolescentes nas redes sociais, impondo às plataformas o “dever de cuidado” — obrigação jurídica de prevenir danos a terceiros e permitir responsabilização por omissão.

Na terça-feira, foi aprovado o regime de urgência em votação simbólica, com protestos da oposição pela falta de registro nominal dos votos

✲ O que muda para as plataformas

Segundo reportagem do G1, empresas de tecnologia com produtos voltados a menores — ou acessados por eles — deverão adotar mecanismos para prevenir ou mitigar a exposição a conteúdos de:

  • exploração e abuso sexual
  • violência física, bullying virtual e assédio
  • incentivo à automutilação e a transtornos de saúde mental
  • jogos de azar, tabaco, álcool e drogas
  • publicidade enganosa

Entre as medidas obrigatórias estão:

  • avaliações de risco e oferta de ferramentas de controle parental
  • remoção imediata, após notificação, de conteúdos ilegais de abuso sexual infantil, mesmo sem ordem judicial
  • barreiras confiáveis de verificação de idade em sites pornográficos
  • proibição de perfis comportamentais de menores para fins publicitários
  • impedimento da venda de “loot boxes” em jogos eletrônicos direcionados a crianças e adolescentes

  • vinculação de perfis de menores às contas de seus responsáveis legais


✲ Controle parental como padrão

As plataformas deverão ativar, por padrão, configurações que:

  • limitem a comunicação de terceiros com crianças e adolescentes
  • evitem o acesso de usuários não autorizados a dados pessoais do público infantojuvenil
  • limitem tempo de uso e recursos que estendam a permanência nos serviços
  • controlem sistemas de recomendação personalizados
  • restrinjam o compartilhamento de geolocalização
  • promovam educação midiática para uso seguro das mídias digitais
  • controlem ferramentas de inteligência artificial que não sejam estritamente necessárias ao funcionamento do serviço

✲ Penalidades previstas

O descumprimento poderá gerar sanções cíveis, criminais e administrativas, como:

  • advertência com prazo para correção
  • multa de até 10% do faturamento ou até R$ 50 milhões por infração
  • suspensão temporária das atividades
  • proibição definitiva de funcionamento no Brasil

Os valores arrecadados serão destinados ao Fundo Nacional para a Criança e o Adolescente.

✲ Contexto político e social

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), classificou a proposta como tema central da semana e convocou uma comissão geral para esta quarta-feira a fim de debater o texto. A mobilização ganhou força após a prisão do influenciador Hytalo Santos, investigado por exploração e exposição de menores em vídeos nas redes sociais, caso revelado pelo influenciador Felca no dia 9.

Fonte: Brasil 247

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