O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu uma bronca na defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro durante o depoimento de Hamilton Mourão (Republicanos-RS), senador e ex-vice-presidente, nesta sexta (23). O magistrado tem comandado as oitivas das testemunhas no processo da trama golpista.
Paulo Bueno, que defende Bolsonaro, questionou se Mourão via o ataque de 8 de janeiro de 2023 como um ato orquestrado ou se teria sido uma ação espontânea. “O 8 de janeiro foi uma orquestração ou uma situação daquele dia?”, perguntou o defensor.
Moraes interveio e sequer deixou o advogado terminar a pergunta: “A testemunha não é um perito. Testemunha não pode chegar a nenhuma conclusão”. Bueno então fez outras perguntas sobre o episódio e o ministro não voltou a interferir.
Hamilton Mourão (então vice-presidente), Jair Bolsonaro (então presidente) e Augusto Heleno (então ministro-chefe do GSI) durante cerimônia no Palácio do Planalto, em 2021. Foto: Carolina Antunes/PR
Mourão diz que os bolsonaristas que acamparam na frente de quartéis-generais do Exército pediam “algo que era totalmente inviável, que era intervenção militar”. Ele classifica a invasão da Praça dos Três Poderes como “baderna” e diz que estava na piscina de sua casa na ocasião.
“Estava em casa. Saí do Palácio do Jaburu logo após o Natal. Estava dentro da piscina. É a situação em que eu me encontrava naquele domingo. Tomei conhecimento da baderna que estava acontecendo porque meu filho telefonou para avisar daquela baderna. Fui ligar a TV e vi aquilo”, relatou.
Mourão foi convocado como testemunha de Bolsonaro e Walter Braga Netto, ex-ministro e ex-candidato a vice em 2022. Durante a oitiva, ele ainda negou a existência da “minuta golpista” e disse que o ex-presidente estava “pronto para entregar o governo para o presidente recém-eleito [Lula]”.
O ex-vice-presidente não foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por participação na tentativa de golpe. Ele já chamou publicamente a trama de plano “sem pé nem cabeça” criado por um pequeno grupo de militares que “escreveram bobagem”.
Fonte: DCM