O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Após a aplicação da Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes, grupos de direita no WhatsApp e no Telegram passaram a registrar, na sexta-feira (1º), um aumento significativo de mensagens em defesa do Supremo Tribunal Federal (STF). Com informações da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
Segundo levantamento da consultoria Palver, que monitora grupos públicos de mensagens, a cada 1.500 postagens sobre o caso, metade criticava as sanções impostas pelo governo de Donald Trump contra Moraes.
Usuários apontaram violações à soberania nacional e condenaram o uso da legislação americana — que permite penalidades a violadores de direitos humanos e corruptos estrangeiros — contra um ministro brasileiro.
“Absolutamente inaceitável e afrontoso que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defenda a aplicação da Magnitsky”, diz uma das mensagens analisadas.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Reprodução
A sanção contra Moraes foi anunciada na última quarta-feira (30), sob a alegação de que o magistrado teria atuado contra a liberdade de expressão e perseguido o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), hoje réu por tentativa de golpe.
De acordo com Felipe Bailez, CEO da Palver, no início houve uma onda de críticas ao STF. No entanto, esse padrão se reverteu nas horas seguintes. “Essa tendência indica que as sanções contra o ministro e as tarifas têm sido mal recebidas pela maioria dos usuários no WhatsApp”, afirma.
O monitoramento, feito entre quarta (30) e sexta-feira (1º), identificou o pico de menções à Lei Magnitsky logo no primeiro dia, com 474 registros a cada 100 mil mensagens trocadas nos grupos analisados.
O presidente Lula (PT) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Foto: Reprodução
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou durante jantar com o presidente Lula (PT) que, por ora, não há interesse em acionar a Justiça americana para contestar as sanções impostas pelos Estados Unidos, conforme informações do Globo.
O encontro ocorreu na noite da última quinta-feira (1º), no Palácio da Alvorada, com a presença de ministros do STF e integrantes do governo.
Segundo um dos participantes, Moraes descartou a adoção imediata do caminho jurídico nos EUA, mas não excluiu a possibilidade de medidas futuras. O ministro não vê, no momento, necessidade de adotar esse caminho jurídico.
A fala ocorreu um dia depois de Lula ter orientado o advogado-geral da União, Jorge Messias, a avaliar alternativas legais para contestar o enquadramento de Moraes na Lei Magnitsky. Com a sinalização de Moraes, a Advocacia-Geral da União deve focar inicialmente em possíveis ações em tribunais internacionais.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Reprodução
O jantar foi convocado por Lula para demonstrar apoio institucional ao Supremo, após o governo de Donald Trump anunciar sanções econômicas contra Moraes, sob a alegação de que ele teria violado a liberdade de expressão e perseguido Jair Bolsonaro (PL), hoje réu por tentativa de golpe.
Além de Moraes e Lula, participaram do encontro o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e os ministros Gilmar Mendes, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Edson Fachin. Também estiveram presentes Jorge Messias, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e o procurador-geral da República, Paulo Gonet.
As sanções foram divulgadas no mesmo dia em que Trump oficializou um tarifaço de 50% sobre exportações brasileiras, com exceções para cerca de 700 produtos, incluindo aviões, petróleo, suco de laranja e celulose.
O jornalista J.R. Guzzo, morto neste sábado (2) aos 82 anos. Reprodução
Morreu às 5h deste sábado (2), vítima de infarto, o jornalista José Roberto Dias Guzzo, conhecido como J.R. Guzzo. Ele tinha 82 anos e era colunista da Revista Oeste, da qual foi um dos fundadores.
Paulista da capital, Guzzo teve carreira longa e influente no jornalismo brasileiro, com passagens por importantes veículos da grande imprensa e, nos últimos anos, alinhado a pautas da extrema-direita.
Formado pela Faculdade Cásper Líbero, Guzzo começou a carreira nos anos 1960 e foi repórter, editor e diretor em diversos veículos. Seu nome se consolidou no comando da revista Veja, da qual foi diretor de redação entre 1976 e 1992, período em que a publicação atingiu seu auge em circulação e influência.
Também teve atuação destacada na Exame, no Jornal da Tarde e foi colunista de O Estado de S. Paulo e Gazeta do Povo.
Nos últimos anos, assumiu a defesa do bolsonarismo. Em 2020, ajudou a fundar a Revista Oeste, uma cloaca golpista. Lá, atuava como conselheiro editorial e principal colunista.
Com sua morte, encerra-se uma trajetória de mais de 60 anos de atuação no jornalismo político brasileiro, marcada por uma transição entre o jornalismo corporativo tradicional e o ativismo ideológico. Vai tarde.
Destroços da aeronave que caiu em Vinhedo (SP) há quase um ano. Foto: Divulgação
Quase um ano após o acidente aéreo que matou 62 pessoas em Vinhedo (SP), um ex-auxiliar de manutenção afirmou que uma falha no sistema de degelo foi omitida do diário de bordo (TLB) horas antes da decolagem do voo 2283 da Voepass, na madrugada de 9 de agosto de 2024, conforme informações do g1.
De acordo com o testemunho, o comandante do voo 2293 reportou à equipe que a aeronave havia apresentado “airframe fault” durante o voo, alertando que “foi acionado e ela desarmava”, um comportamento anormal do sistema de degelo.
Segundo ele: “Essa aeronave nunca tinha apresentado esse tipo de falha, né? Só que no dia do acidente, quando essa aeronave chegou de Guarulhos para Ribeirão, ela foi reportada verbalmente pelo comandante que trouxe ela. Foi alegado que ela tinha apresentado o airframe [fault] (alerta emitido quando há problema no degelo) durante o voo. E ela estava desarmando sozinha. Ele acionava [o sistema] e ela desarmava. Coisa que não poderia acontecer.”
Mesmo assim, como o alerta foi verbal e não registrado no diário de bordo técnico (TLB), a liderança de manutenção ignorou o problema, conforme as normas regulatórias exigem registro formal para medida corretiva.
Com base em registros do Flightradar e no relato do ex-funcionário, a sequência foi a seguinte:
00h12 – decolagem de Guarulhos
01h00 – pouso em Ribeirão Preto; falha de degelo relatada verbalmente pelo piloto
01h–05h30 – aeronave no hangar; aviso ignorado
05h32 – decolagem para Guarulhos
06h35 – pouso em Guarulhos
08h20 – decolagem para Cascavel
11h56 – decolagem de Cascavel rumo a Guarulhos
13h22 – queda em Vinhedo
◆ Falha ignorada por pressões internas
O ex-auxiliar relatou que havia pressão da diretoria para que os voos fossem realizados sem atrasos, mesmo com falhas técnicas não registradas: “Era a própria diretoria que exigia isso, queria o avião voando. Então, assim, eles nem pesquisaram [o problema no sistema de degelo].”
A equipe de manutenção, com poucas horas para agir, decidiu não investigar o problema por não constar formalmente no TLB.
“O próprio líder questionou: ‘Bom, se ele não reportou em livro, não tem pane na aeronave’. Esse era o legado da empresa: se o comandante reporta, tem ação de manutenção; se não reportou, eles não vão perder tempo com nada que ele falar”, disse.
O ex-funcionário concluiu: “Se o piloto reporta, essa aeronave tinha ficado aqui [em Ribeirão Preto] ou ela não teria ido para o destino final que ela foi. Então, assim, com certeza um acidente poderia ter sido evitado.”
◆ Quebra técnica e limites da segurança
Durante o voo fatal, a perícia constatou que o sistema de airframe de-icing foi acionado três vezes, mas aparentemente não funcionou.
Carlos Eduardo Palhares Machado, do Instituto Nacional de Criminalística, declarou: “Eles estarem voando em uma altitude, uma altitude que tem gelo, em uma condição de gelo severo, e ter apertado por três vezes e, muito provavelmente, aquele dispositivo não ter funcionado, isso é muito relevante do ponto de vista do que causou… do que pode ter causado o acidente.”
Além disso, o Cenipa destacou que a caixa-preta captou conversa dos pilotos mencionando a falha e a situação crítica de gelo: “bastante gelo” foi dito por um dos tripulantes pouco antes da queda.
◆ Histórico de problemas e investigação
A aeronave era conhecida internamente por falhas recorrentes, como tail-strike e despressurização, além do uso constante de ACR (Ação Corretiva Retardada) para driblar manutenções programadas. O funcionário afirmou: “Ela saía com uma lista gigantesca de ACR… Já ia voar com problema.”
Atualmente, a Polícia Federal investiga possível crime na omissão do TLB, enquanto a Anac já cassou o certificado de operação da Voepass. O Cenipa continua com a análise técnica e a PF apura qual participação humana levou ao acidente. O delegado Edson Geraldo de Souza resumiu:
“Embora, num primeiro momento, nós saibamos já desde o início o que levou à queda do avião, agora é entender como houve a ação humana… e quem são as pessoas que estão relacionadas a essa ação humana.”
Celulares das marcas Oppo, Jovi e Honor. Foto: reprodução
As fabricantes chinesas de smartphones aumentaram sua presença no Brasil desde o fim do ano passado, com algumas anunciando produção local. No entanto, apesar dos esforços, elas ainda não conseguiram abalar a hegemonia de Samsung, Motorola e Apple, que, junto com a Xiaomi, dominam quase 90% do mercado.
Segundo a IDC, consultoria global de tecnologia, o impacto das novas concorrentes nas vendas tem sido mínimo. “Passados mais de seis meses desse movimento, a gente ainda não viu nenhuma grande mudança”, afirmou Reinaldo Sakis, diretor de pesquisa da IDC para a América Latina.
Atualmente, sete fabricantes chinesas atuam no país, com estratégias distintas. Enquanto Huawei e Honor optaram por importar aparelhos, outras, como Oppo e Infinix, firmaram parcerias com empresas locais para montagem. Já Jovi e Realme estão produzindo por conta própria em Manaus, com a primeira contratando executivos experientes do mercado brasileiro.
Apesar desses investimentos, as vendas ainda não decolaram. Sakis destacou apenas uma pequena mudança: “Lojas em marketplaces como Mercado Livre e Amazon começaram a oferecer aparelhos da realme no lugar dos da Xiaomi”. Dados da Canalys mostram que, entre janeiro e março, foram vendidos 9,5 milhões de smartphones no Brasil, um crescimento de 3% em relação ao mesmo período de 2023.
Janaina Paschoal é expulsa da 4ª Conferência Estadual LGBT+ em São Paulo
A abertura da 4ª Conferência Estadual dos Direitos da População LGBT+, realizada nesta sexta-feira (1º) no CÉU Carrão/Tatuapé, em São Paulo, foi marcada por um tumulto envolvendo a vereadora Janaina Paschoal (PP).
Convidada apenas como ouvinte, a ex-deputada invadiu o palco sem autorização, interrompeu falas oficiais e provocou a plateia ao afirmar que o impeachment de Dilma Rousseff em 2016 “não foi golpe”. A declaração inflamou os presentes, que reagiram com vaias e palavras de ordem, exigindo sua saída imediata do espaço.
Janaina, que não fazia parte da mesa nem tinha direito à palavra no evento, foi retirada às pressas. Sua presença, considerada inadequada por participantes e organizadores, foi vista como tentativa de desestabilizar um espaço construído por e para pessoas LGBTQIAPN+.
“Ela foi à Conferência apenas para lacrar e provocar tumulto. Expulsamos porque ela não representa nossa luta nem respeita nossa história”, afirmou Diego Carvalho, coordenador de Políticas LGBTQIA+ do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
A atitude da vereadora de extrema-direita foi classificada como “um ataque à democracia” por diversos representantes da sociedade civil. A confusão fez até a cônsul-geral da Bélgica em São Paulo abandonar o palco, em protesto ao desrespeito protagonizado por Janaina.
Em nota, participantes destacaram que a Conferência foi fruto de anos de mobilização e que a presença de figuras contrárias às pautas do movimento não será tolerada como forma de sabotagem.
Com 350 delegados de todo o estado, a 4ª Conferência Estadual LGBT+ de São Paulo segue até domingo (4), com debates sobre enfrentamento à violência, saúde, trabalho, juventude e institucionalização de políticas públicas. As propostas aprovadas serão encaminhadas à etapa nacional, prevista para outubro, em Brasília, como parte do processo de reconstrução da política LGBTQIA+ no Brasil.
Jair Bolsonaro durante depoimento a Alexandre de Moraes no STF. Foto: Gustavo Moreno/STF
A tentativa de interferência do governo estadunidense no processo sobre a trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF) está produzindo um efeito contrário ao desejado por Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados. Segundo a Folha de S.Paulo, quatro ministros do Supremo afirmaram que as ações de Donald Trump, incluindo sanções contra Alexandre de Moraes, estão fortalecendo o espírito de corpo da corte e devem resultar em votos ainda mais enfáticos em defesa da soberania nacional durante o julgamento marcado para setembro.
Os ministros da Primeira Turma, grupo responsável pelo caso, descartam qualquer possibilidade de suavizar as penas dos réus diante da pressão internacional.
Pelo contrário: avaliam que a atuação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para obter apoio de Trump contra o STF será analisada em processo separado, por suposta obstrução de Justiça. A PF já mantém sob custódia publicações do deputado nas redes sociais, consideradas provas contra ele.
O julgamento do núcleo central da trama golpista entra na fase final, com as defesas tendo até 13 de agosto para apresentar alegações finais. Advogados dos réus admitem à Folha que a estratégia de pressionar o STF por meio do governo Trump está surtindo efeito inverso. “O Supremo não vai recuar”, reconhece um deles, que chega a temer aumento nas penas.
Jair Bolsonaro e Donald Trump. Foto: reprodução
A reação institucional do STF vem em camadas. Inicialmente, os ministros minimizaram as críticas de Trump nas redes sociais. Porém, após a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros e a aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes, a postura se tornou mais firme. O presidente do tribunal, Luís Roberto Barroso, emitiu carta afirmando que as sanções se baseiam em “compreensão imprecisa dos fatos”.
Os votos recentes na Primeira Turma (Moraes, Zanin, Dino e Fux) mostram a união em torno da defesa da soberania, mesmo com divergências pontuais. Até Fux, que votou contra as medidas cautelares a Bolsonaro, exaltou a independência da corte. Moraes foi incisivo: “Nenhuma autoridade, por mais conhecida e acreditada que seja, está acima da lei”.
Flávio Dino comparou a ação de Trump a um “sequestro da economia” brasileira, cujo “resgate” seria o arquivamento do processo. “Esse ‘sequestro’ certamente merecerá muitos estudos acadêmicos, inclusive nas Universidades dos Estados Unidos, por seu caráter absolutamente esdrúxulo”, afirmou.
Paula Zambelli afirma que partido não oferece apoio jurídico nem financeiro e teme pelas condições de saúde da parlamentar presa em Roma
Carla Zambelli. Foto: Pablo Valadares / Agência Câmara
A advogada e professora universitária Paula Zambelli afirmou que sua irmã, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), vem enfrentando um processo de abandono por parte do Partido Liberal, desde que deixou o Brasil até sua prisão na Itália, ocorrida na última terça-feira (29).
“O que mais me deixa perplexa é o abandono institucional: eu não imaginava que uma deputada da envergadura da Carla, a parlamentar mulher mais votada desta legislatura e do partido, ao passar por uma situação como esta seria desconsiderada pelo próprio partido”, disse Paula ao criticar a postura do PL, que segundo ela, deixou de oferecer suporte financeiro e jurídico à irmã, de acordo com a coluna Painel, da Folha de S. Paulo.
A irmã da deputada demonstrou ainda profunda preocupação com o estado de saúde de Carla Zambelli, que já passou por cirurgias cardíacas e para retirada de um tumor cerebral, além de sofrer de depressão severa. Segundo Paula, Carla depende de medicação contínua e enfrenta uma série de condições que requerem cuidado permanente.
“Carla possui muitas doenças que, combinadas, podem trazer efeitos muito diferentes, a depender de como ela está, e de qual remédio lhe falta. Isso é um motivo de muita preocupação, pois ela pode perder os sentidos, desmaiar, ficar com falta de sensibilidade de membros, fora as questões emocionais e psicológicas de alguém que tem depressão profunda”, detalhou.
Paula, que tem posicionamento político alinhado à esquerda — diferente da irmã —, relatou que, apesar de hoje manterem uma relação próxima, as duas chegaram a ficar três anos distantes por divergências ideológicas. O afastamento coincidiu com o período entre o fim do governo Dilma Rousseff (PT) e a eleição de 2018, quando Carla foi eleita deputada.
Mesmo com visões distintas, Paula reconhece o papel representativo da irmã: “Nossas convicções políticas são diferentes, e me entristece toda essa polarização, mas precisamos lembrar que ela representa muitas pessoas que pensam como ela, e essa é a beleza maior da democracia”, afirmou.
De São Paulo, Paula mantém contato frequente com o pai, João Hélio Salgado, que embarcou para a Itália antes da prisão da filha. Toda a família — incluindo a mãe e o irmão caçula, o deputado estadual Bruno Zambelli (PL-SP) — está mobilizada em torno da saúde e do bem-estar da parlamentar.
Sobre a possibilidade de extradição, Paula considera o cenário como angustiante: “Um processo de extradição implica em cumprir uma pena no Brasil de algo que ela reafirma que não fez. E, em sendo uma pena injusta e alta, aplicada a um fato que ela diz não ter cometido, há também o receio de não ser convertida em domiciliar”.
Apesar disso, Paula acredita que a prisão pode ser um ponto de virada na trajetória da irmã. “Considero que é um dos capítulos da história dela. Carla tem 45 anos. Então eu tenho um desejo profundo de que tudo isso tenha algum propósito maior”, disse, acrescentando que o episódio pode levar Carla a “moderar algumas ideias em que é radical ou extremista” e a “solidificar alguns dos princípios que são fundamento do caráter dela”.
Carla Zambelli foi presa na última terça-feira (29) em um apartamento em Roma, após ser localizada pela polícia italiana com base em um alerta da Interpol. Desde o fim de maio, ela estava foragida da Justiça brasileira, após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão. A sentença, proferida de forma unânime pela Primeira Turma do STF, não permite mais recursos — o processo transitou em julgado.
A condenação diz respeito à participação da deputada na invasão hacker ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em janeiro de 2023. Segundo os registros, Zambelli deixou o Brasil poucos dias após a decisão do Supremo, passando pela Argentina e depois pela Flórida, nos Estados Unidos, antes de buscar refúgio na Itália.
Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo
Movimento “Rage Against the Regime” organiza ações em centenas de cidades contra políticas autoritárias e violações de direitos humanos
Presidente dos EUA, Donald Trump (Foto: REUTERS/Christian Hartmann)
Cidades por todo os Estados Unidos se mobilizam neste sábado (2) para um dos maiores dias de protesto do ano contra o governo do presidente Donald Trump, que cumpre seu segundo mandato desde janeiro de 2025. Batizado de “Rage Against the Regime” (Raiva Contra o Regime), o movimento é articulado pelo coletivo 50501, que promete mobilizar dezenas de milhares de manifestantes em centenas de localidades pelo país. As informações são da RFI.
O nome do grupo remete à proposta de realizar protestos simultâneos nos 50 estados norte-americanos, uma estratégia que já resultou em oito jornadas nacionais de mobilização desde a volta de Trump à Casa Branca. Entre elas, destaca-se o ato “No Kings”, realizado em 14 de junho — data de aniversário do presidente — em paralelo a um desfile militar em Washington. Outra ação importante foi a homenagem nacional ao congressista e ícone dos direitos civis John Lewis, promovida em 17 de julho.
A mobilização deste sábado tem como foco denunciar uma série de medidas adotadas pelo governo Trump, que os organizadores classificam como autoritárias e violadoras de direitos civis. Em nota oficial, o coletivo 50501 afirma que o objetivo é transformar a “raiva coletiva em ação coordenada” contra iniciativas como a militarização da agência de imigração ICE e a construção de centros de detenção para migrantes em áreas pantanosas — apelidados de “Alligator Alcatraz” — erguidos em poucos meses.
Entre as denúncias levantadas também estão o suposto acobertamento de documentos ligados ao caso Jeffrey Epstein, os ataques aos direitos da população trans e o desmonte de políticas públicas.
“O governo Trump exalta o neofascismo americano e isso nos deu motivos de sobra para nos revoltarmos”, declarou Hunter Dunn, coordenador nacional de imprensa do 50501, de acordo com a reportagem. Segundo ele, o presidente é responsável por construir “campos de concentração” e por “financiar genocídios”.
As manifestações ocorrerão em grandes centros urbanos como Nova York, Los Angeles, Atlanta e Houston, além de dezenas de capitais estaduais e cidades menores. No site oficial do movimento, foi disponibilizado um mapa interativo com os locais de protesto.
Ao todo, 278 grupos locais aderiram à jornada de ações, que vão além das tradicionais marchas e discursos. Estão programadas também atividades comunitárias como mutirões de limpeza urbana e campanhas de arrecadação de alimentos.
“Nosso movimento é enraizado na não violência, mas está longe de ser passivo. Estamos unidos, fortes e determinados a mostrar ao mundo a força irresistível de comunidades que se levantam contra a injustiça”, diz trecho do manifesto publicado pelo 50501.
O nome “Rage Against the Regime” é uma alusão direta à banda de rock Rage Against the Machine, conhecida por seu repertório crítico e postura anti-autoritária. Apesar da homenagem, não há envolvimento oficial dos integrantes da banda com os protestos. Com o aumento da tensão política nos Estados Unidos desde o retorno de Trump ao poder, a expectativa é de que esta seja uma das maiores mobilizações populares de 2025.
Levantamento também apontou que as decisões judiciais do magistrado contra Jair Bolsonaro são bem vistas pela maioria dos brasileiros
Presidente dos EUA Donald Trump em Doha 15/5/2025 (Foto: REUTERS/Brian Snyder)
Uma pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada nesta sexta-feira (1º), revela que a decisão do governo do presidente Donald Trump de revogar o visto americano do ministro Alexandre de Moraes, de seus familiares e de outros integrantes do Supremo Tribunal Federal, é aprovada por 47% dos brasileiros. Outros 42% se dizem contrários à medida.
A sanção estadunidense foi motivada por decisões de Moraes contra Jair Bolsonaro, no âmbito da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado. O ministro determinou medidas cautelares para impedir que o ex-presidente deixasse o país antes de ser julgado – entre elas, o uso de tornozeleira eletrônica e o recolhimento domiciliar noturno.
O mesmo levantamento, por outro lado, aponta que essas decisões judiciais do magistrado contra o ex-mandatário são bem vistas pela maioria dos brasileiros: 55% dos entrevistados disseram aprová-las, enquanto 41% se mostraram contrários às restrições.
A pesquisa ouviu 2.004 pessoas em 130 municípios, nos dias 29 e 30 de julho, e tem margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Como a inclusão de Moraes na Lei Magnitsky – que prevê o congelamento de bens nos EUA por supostas violações de direitos humanos – só foi anunciada no dia 30, o levantamento não captou a repercussão dessa nova fase da ofensiva trumpista.
Esta poderá ser a segunda condenação da parlamentar na Corte. Ela já foi condenada pela invasão ao sistema eletrônico do CNJ, em 2023
Carla Zambelli (Foto: Reprodução/Twitter)
André Richter, repórter da Agência Brasil - O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para o dia 15 de agosto a retomada do julgamento virtual que pode condenar a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) pela segunda vez na Corte. A parlamentar já foi condenada a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrido em 2023.
O plenário voltará a julgar o processo no qual Zambelli foi denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo.
A parlamentar é ré no STF pelo episódio em que ela sacou uma arma de fogo e perseguiu o jornalista Luan Araújo às vésperas do segundo turno das eleições de 2022. A perseguição começou após Zambelli e Luan trocarem provocações durante um ato político no bairro dos Jardins, em São Paulo.
Até o momento, o Supremo tem maioria de 6 votos a 0 para condenar a parlamentar a 5 anos e 3 meses de prisão em regime semiaberto. Os ministros que votaram pela condenação também se manifestaram pela perda do mandato em função da condenação criminal.
Desde março deste ano, o julgamento estava suspenso por um pedido de vista feito pelo ministro Nunes Marques, que devolveu o processo para deliberação nesta sexta-feira (1°).
Os ministros que já votaram seguiram o entendimento do relator, Gilmar Mendes, para quem a reação armada diante de ofensas não encontra amparo no Estado Democrático de Direito.
"Ao adentrar no estabelecimento comercial com a arma em punho apontada para Luan, determinando repetidas vezes que o mesmo deitasse no chão, a ré claramente forçou-o a fazer ato contrário a sua vontade, utilizando-se da arma de fogo para subjugá-lo, mediante grave ameaça, restringindo sua liberdade momentaneamente", afirmou Mendes.
Além do relator, votaram pela condenação os ministros Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Flávio Dino e Cristiano Zanin.
Prisão
A deputada foi detida na última terça-feira (29), em Roma, onde tentava escapar do cumprimento de um mandado de prisão emitido pelo ministro Alexandre de Moraes pela condenação no caso do CNJ.
Mais cedo, a Justiça da Itália decidiu manter a prisão de Carla Zambelli.
Por ter dupla cidadania, Zambelli deixou o Brasil em maio deste ano para buscar asilo político em terras italianas após ser
Após a fuga para a Itália, o governo brasileiro solicitou a extradição da deputada para o Brasil. Não há prazo para decisão final sobre a extradição, que será avaliada pela justiça italiana.
Pesquisa mostra empate entre os que defendem a prisão e os que querem o ex-presidente livre, enquanto Trump pressiona com sanções contra o Brasil
Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes no STF - 10/06/2025 (Foto: Antonio Augusto/STF)
A nova pesquisa do Datafolha, divulgada pela Folha de S.Paulo, revela que a sociedade brasileira está profundamente dividida sobre o destino de Jair Bolsonaro (PL) diante do julgamento que apura sua participação na trama golpista de 2022. Segundo o levantamento, 48% dos entrevistados defendem que o ex-presidente seja preso, enquanto 46% querem que ele permaneça em liberdade. No entanto, a percepção predominante é de que Bolsonaro escapará da cadeia: 51% dos brasileiros acreditam que ele não será preso.
O levantamento foi realizado na terça (29) e na quarta-feira (30), com 2.044 entrevistados, e possui margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Em comparação à pesquisa de abril, houve uma inversão dentro do limite da margem de erro: antes, 52% defendiam a prisão de Bolsonaro e 42% eram contrários. Agora, há um empate virtual, refletindo uma mudança momentânea de ânimos.
◈ Contexto internacional e pressão dos EUA
A divulgação da pesquisa ocorre em meio à crise diplomática entre Estados Unidos e Brasil. O presidente americano Donald Trump, em seu segundo mandato desde 2025, encampou o discurso de que Bolsonaro é vítima de perseguição política. O republicano chegou a usar esse argumento para justificar tarifas mais altas sobre produtos brasileiros, aumentando a tensão bilateral.
A ofensiva de Trump é sustentada por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, que se mudou para os Estados Unidos para liderar uma campanha em favor da anistia do pai. Paralelamente, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, relator do processo, tornou-se alvo direto do presidente americano. Moraes teve o visto americano revogado e, recentemente, foi incluído em uma lista de sanções dos EUA que congela bens de estrangeiros acusados de violar direitos humanos — uma norma originalmente desenhada para ditadores e criminosos internacionais. A medida deve ser contestada na Justiça por ilegalidade.
◈ Julgamento e acusação no Brasil
Bolsonaro será julgado no Supremo Tribunal Federal sob acusação de ter fomentado uma conspiração para se manter no poder após ser derrotado pelo presidente Lula (PT) no segundo turno de 2022. Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República, a articulação envolveu políticos e militares, mas fracassou e desaguou nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Se condenado, o ex-presidente pode enfrentar uma pena que varia de 12 a 43 anos de prisão. Bolsonaro nega todas as acusações e mantém o discurso de perseguição política, que encontrou eco junto à base bolsonarista e na articulação internacional liderada por Trump.
◈ Quem quer ver Bolsonaro preso
A pesquisa Datafolha também mostrou divisões regionais e sociais. Os que mais defendem a prisão do ex-presidente são eleitores que ganham até dois salários mínimos, nordestinos e apoiadores do PT. Já o apoio à inocência de Bolsonaro é maior entre evangélicos, moradores do Sul e integrantes da classe média mais baixa que se identificam com o bolsonarismo.
Apesar das tensões políticas e internacionais, a expectativa majoritária segue a de que o julgamento em setembro não levará à prisão do ex-presidente, reforçando a percepção de impunidade que persiste em parte da opinião pública.
A ideia é utilizar os produtos alimentícios, como frutas e peixes, na merenda escolar
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad - 10/07/2025 (Foto: REUTERS/Mateus Bonomi)
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou, nesta sexta-feira (1º), que o governo federal avalia propor mudanças na legislação para permitir que Estados brasileiros comprem produtos que correm o risco de não serem exportados devido à nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos. A informação é do Valor Econômico.
A proposta foi apresentada pelo governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), durante reunião com Haddad em Brasília. A ideia é utilizar os produtos alimentícios, como frutas e peixes, na merenda escolar.
Segundo Haddad, a sugestão de redação para alterar a lei já foi encaminhada e está sendo analisada pela equipe econômica. Ele ressaltou que a autorização seria voltada exclusivamente para essa situação emergencial, provocada pelo tarifaço anunciado pelo governo do presidente Donald Trump.
"Eu não acredito num grande impacto macroeconômico. Nós estamos muito mais preocupados com o micro do que com o macro nesse momento", avaliou o ministro.
Fonte: Brasil 247 com informações do Valor Econômico
Críticas foram dirigidas aos governadores Tarcísio de Freitas , Ronaldo Caiado, Ratinho Jr., e Romeu Zema
João Amoêdo (Foto: Paulo Whitaker/Reuters)
O empresário João Amoêdo usou as redes sociais para criticar o silêncio dos governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Ratinho Jr. (PSD-PR) e Romeu Zema (Novo-MG) em torno da aplicação da Lei Magnitsky pelo governo dos Estados Unidos contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
“Tarcísio, Caiado, Ratinho Jr. e Zema seguem em silêncio sobre a aplicação da Lei Magnitsky contra um ministro do STF. Em vez de defender a autonomia do Brasil, a nossa Constituição e o cumprimento das leis, os governadores, com medo de perder o apoio de eleitores bolsonaristas, optaram pela omissão. Depois de uma postura de submissão a Bolsonaro em inúmeras ocasiões, agora dão uma demonstração de covardia.
Não são políticos assim - incapazes de liderar e de colocar princípios acima do cálculo eleitoral - que precisamos para presidir o Brasi”, escreveu Amoêdo no X (antigo Twitter).
A sanção do governo dos Estados Unidos contra o ministro Alexandre de Moraes foi anunciada em 30 de julho, com a justificativa de que o magistrado estaria envolvido em “censura opressiva, detenções arbitrárias que violam os direitos humanos e processos politizados — inclusive contra o ex-presidente Jair Bolsonaro”. Bolsonaro está inelegível até 2030 e é réu em uma ação penal que tramita no STF pela suposta participação em uma trama de golpe de Estado.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prestou solidariedade ao ministro do STF e classificou como “inaceitável a interferência do governo norte-americano na Justiça brasileira”.
Segundo o ministro da fazenda, Fernando Haddad, a União está disposta a mudar legislação
(Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
Wellton Máximo, repórter da Agência Brasil - O governo federal está disposto a alterar a legislação para que governos locais comprem alimentos que deixarem de ser exportados aos Estados Unidos para compor a merenda escolar, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele reuniu-se nesta sexta-feira (1º) com o governador do Ceará, Elmano de Freitas, que apresentou a sugestão de que o estado nordestino compre peixes e frutas, afetados pela tarifa de 50%.
“O governador [Elmano] apresentou um plano mais amplo, não só para a merenda escolar. Ele apresentou um plano mais amplo. Essas compras seriam feitas pelo Executivo estadual, mas dependem de uma lei federal, de uma autorização federal. Ele está mandando a sugestão de redação, nós vamos processar”, declarou Haddad na saída do Ministério da Fazenda.
Mais cedo, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disse que o governo está aberto a comprar alimentos de setores afetados pelo tarifaço e distribuí-los às escolas públicas, reforçando a merenda escolar ou o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). A medida faria parte do plano de contingência em discussão no governo.
A mudança na legislação, que pode ocorrer por meio de medida provisória ou projeto de lei, é necessária porque exigiria mudanças na regulação de compras governamentais. Em vez de seguir a lógica tradicional, com pregões eletrônicos pelo menor preço, com margem de preferência para produtos nacionais e cota de pelo menos 30% para produtos da agricultura familiar (no caso do PAA), as compras passariam a beneficiar exportadores.