quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

“Dia triste para o Brasil e para a democracia”, diz Paulo Pimenta

Deputado critica aprovação do projeto que reduz penas de condenados pelo 8 de janeiro e afirma que decisão enfraquece as instituições

       Paulo Pimenta (Foto: ViniLoures / Câmara dos Deputados)

O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) reagiu com dureza, na madrugada desta quarta-feira 10, à aprovação pela Câmara dos Deputados do projeto que reduz penas de condenados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro e pela tentativa de golpe de Estado. Em publicação nas redes sociais, o parlamentar classificou o episódio como “um dia triste para o Brasil” e “um dia triste para a democracia”.



A manifestação ocorreu logo após a votação que aprovou, por 291 votos a 148, o texto-base da proposta que flexibiliza punições impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) aos responsáveis pelos ataques contra o Estado Democrático de Direito.

“Tenta reescrever a história para proteger quem atentou contra a República”

No texto publicado, Pimenta acusou a Câmara de promover uma operação política para recontar os fatos de 8 de janeiro e beneficiar os condenados. “A Câmara acaba de aprovar um projeto que tenta reescrever a história para proteger quem atentou contra a República”, afirmou.

O deputado destacou que a decisão diminui a gravidade dos crimes cometidos. “Reduziram a gravidade de um ataque direto ao Estado Democrático de Direito, como se fosse possível minimizar um dos momentos mais graves da nossa história recente”, escreveu.

“O que aconteceu nesta noite enfraquece as instituições”

Pimenta advertiu que a aprovação do projeto representa um retrocesso institucional. “O que aconteceu nesta noite não fortalece as instituições, enfraquece”, declarou.

Ele acrescentou que a medida não protege a democracia, mas “expõe suas feridas”.

O parlamentar encerrou sua avaliação com um alerta sobre a gravidade do momento: “Um dia triste para o Brasil, um dia triste para a democracia!”

Fonte: Brasil 247

Aprovado pela Câmara, PL da Dosimetria enfrenta resistência no Senado

Presidente do Senado, Davi Alcolumbre articula para convencer bancadas expressivas da Casa

Brasília-DF - 27/11/2025 - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), trabalha para levar ao plenário ainda este ano o projeto que diminui as penas aplicadas aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023 e, por consequência, pode reduzir o tempo de prisão de Jair Bolsonaro (PL). A iniciativa ganhou força após aprovação na Câmara, mas encontra barreiras entre bancadas influentes, segundo o jornal O Globo.

A proposta, que atende a pleitos antigos da oposição contrária às condenações relacionadas ao episódio, também foi tema de tratativas entre Alcolumbre e o presidente da Câmara, Hugo Motta. Embora o texto avance, lideranças de partidos como PSD e MDB demonstram resistência à votação acelerada.

Alcolumbre afirma ter assumido um compromisso político para apreciar a matéria ainda em 2025. “Fiz um compromisso com líderes, comigo mesmo, com o Senado e o Brasil, que se a Câmara deliberasse, o Senado deliberaria. [...] Nós vamos deliberar esse projeto assim que a Câmara deliberar. Este ano ainda”, declarou.

O relatório aprovado na Câmara, de autoria do deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), modifica dispositivos do Código Penal e da Lei de Execução Penal, atribuindo efeitos retroativos por se tratar de norma mais branda. Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses por crimes como tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Em defesa da modernização das leis, Alcolumbre argumentou: “Acho que temos que buscar um meio termo para modernizar a legislação, para suprirmos as lacunas estabelecidas na lei. Sempre disse e repito que achava que o bom entendimento entre a Câmara dos Deputados era fazermos a modernização e atualização dessa lei”.

Apesar do movimento do presidente do Senado, o clima na Comissão de Constituição e Justiça não é favorável à celeridade desejada. O presidente da CCJ, senador Otto Alencar (PSD-BA), afirmou ser contrário à votação imediata. “Ficou na Câmara há meses e chega aqui e vota no plenário? Não é possível que não possamos discutir uma matéria como essa. [...] Sem afogadilho”, declarou.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) reforçou a crítica, destacando o impacto direto da proposta sobre a pena de Bolsonaro. “O texto do relator traz a redução da pena do ex-presidente da República condenado e preso por tentar dar um golpe de Estado no Brasil. O Senado não pode aceitar passivamente que isso tramite aqui na Casa no mesmo dia”, afirmou, apoiando a posição de Otto Alencar.

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), declarou que o governo é contrário ao projeto. Caso o Senado altere o texto, ele retornará à Câmara; se mantido, seguirá para decisão presidencial, podendo ser sancionado integralmente ou com vetos.

Ainda que a norma seja aprovada, a redução das penas não será automática. As defesas deverão requisitar a revisão à Justiça, e no caso dos crimes relacionados ao 8 de janeiro, a execução penal permanece sob responsabilidade do Supremo Tribunal Federal (STF).

Penas previstas atualmente

  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito: até 8 anos
  • Golpe de Estado: até 12 anos
  • Organização criminosa: até 8 anos (com possível agravante de 4 anos se houver uso de arma de fogo)
  • Dano qualificado: até 3 anos
  • Deterioração de patrimônio público: até 3 anos

Condenações aplicadas a Jair Bolsonaro

  • Organização criminosa: 7 anos e 7 meses
  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito: 6 anos e 6 meses
  • Golpe de Estado: 8 anos e 2 meses
  • Dano qualificado: 2 anos e 6 meses
  • Deterioração de patrimônio tombado: 2 anos e 6 meses

Impacto do projeto na pena de Bolsonaro

  • Projeção de saída antes: 5 anos e 11 meses
  • Projeção de saída agora: 3 anos e 3 meses (podendo cair para 2 anos e 3 meses, segundo o relator)
  • Pena total antes: 27 anos e 3 meses
  • Pena total agora: 22 anos e 1 mês
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

AP 2693: STF ouve defesas dos réus do Núcleo 2 da tentativa de golpe de Estado

Julgamento será retomado na próxima terça-feira (16), a partir das 9h, com o voto do relator e dos demais integrantes da Primeira Turma
        Foto: Antonio Augusto/STF

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) ouviu, nesta terça-feira (9), os argumentos das defesas dos seis réus do Núcleo 2 da tentativa de golpe de Estado, que respondem  à Ação Penal (AP) 2693. Eles são acusados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de elaborar a chamada “minuta do golpe”, articular a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para dificultar o voto de eleitores da Região Nordeste nas eleições de 2022 e, ainda, de planejar a operação “Punhal Verde Amarelo”, que tinha como objetivo o assassinato de autoridades.

Os réus respondem pelos crimes de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, envolvimento em organização criminosa armada, deterioração do patrimônio tombado e dano qualificado por violência e grave ameaça contra o patrimônio da União.  

Confira o resumo dos argumentos apresentados pelas defesas: 

Fernando de Sousa Oliveira
O advogado Guilherme de Mattos Fontes afirmou que a PGR não apresentou provas da participação do delegado da Polícia Federal e ex-secretário-adjunto de Segurança Pública do Distrito Federal na tentativa de golpe de Estado. Oliveira é acusado de colaborar com a operação da PRF que teria buscado impedir que eleitores da Região Nordeste votassem nas eleições de 2022 e de se omitir nos atos de 8 de janeiro.

Segundo o advogado, testemunhas de defesa e de acusação foram unânimes em afirmar que o réu não tinha nenhuma ascendência sobre as Polícias Federal e Rodoviária Federal e que não houve orientação de Oliveira para alterar o planejamento das corporações nas eleições de 2022. A defesa também negou que ele tivesse vínculo pessoal com Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da PRF, e com Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF. Disse que Fernando Oliveira foi convidado a assumir o cargo de secretário-adjunto de Segurança Pública do DF por seu perfil técnico e discreto e, embora ele estivesse à frente da secretaria no dia 8 de janeiro de 2023, não estava formalmente nomeado.

Filipe Martins
O advogado Jeffrey Chiquini afirmou que o ex-assessor internacional da Presidência da República estaria sendo responsabilizado por “uma viagem que não fez, uma minuta que não existe e reuniões das quais não participou”. Ele sustentou que a delação de Mauro Cid teria originado toda a narrativa contra seu cliente. Sobre o primeiro ponto, o advogado disse que o nome de Martins estava na lista provisória da viagem da comitiva presidencial para Orlando (EUA) em 30/12/2022. Contudo, desde outubro de 2023, a Polícia Federal teria acesso a registros de geolocalização que indicavam que ele não deixou o Brasil, e, ainda assim, sua prisão foi solicitada.

Ao tratar da “minuta do golpe” e da suposta presença de Filipe Martins em reuniões com comandantes militares, o defensor afirmou que Cid teria atribuído a seu cliente a autoria e a apresentação do documento, embora a denúncia se baseasse em uma minuta “apócrifa e sem origem identificada”. O advogado citou ainda inconsistências nas datas apontadas pela PGR e alegou que Mauro Cid teria manipulado registros extraoficiais de entrada no Palácio da Alvorada para inserir o nome de Martins em momentos em que buscava se eximir de responsabilidade.

Marcelo Costa Câmara
O advogado Luiz Eduardo Kuntz pediu a absolvição do coronel da reserva e ex-assessor da Presidência da República sob alegação de que ele apenas cumpria rotinas administrativas de sua função. Para a defesa, a própria acareação realizada no processo reforça que Câmara não sabia da existência da operação “Copa 2022” e do plano “Punhal Verde e Amarelo” nem participou de reuniões ou núcleos operacionais relacionados ao intento golpista.

As informações repassadas por ele a Mauro Cid, segundo o advogado, decorreram exclusivamente de suas funções administrativas, com base em fontes abertas. O coronel teria sido usado pelo ajudante de ordens para obter dados para práticas ilícitas. Sobre uma das mensagens a respeito do monitoramento do ministro Alexandre de Moraes, o advogado disse que Câmara se referiu ao magistrado com o codinome “professor” porque a expressão surgiu como “uma brincadeira”, pela qual o próprio coronel já pediu desculpas em interrogatório. O defensor reconheceu que a brincadeira foi indevida, mas insistiu que o cliente “não merece ser criminalizado por isso”.

Marília Alencar
Segundo o advogado Eugênio Aragão, a acusação de envolvimento da ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça na operação da PRF no segundo turno das eleições de 2022 se baseia apenas em um relato, sem respaldo nas provas. Ele afirmou também que as mensagens encontradas no celular dela sobre o caso não permitem mais do que uma dúvida razoável sobre sua participação e são insuficientes para condená-la.

Sobre os ataques de 8 de janeiro, Aragão sustentou que sua cliente atuou dentro dos limites de sua função no Ministério da Justiça, emitindo informes sobre a mobilização nos dias anteriores nos arredores da Praça dos Três Poderes. “Se a Polícia Militar, responsável pela ordem pública naquele momento, não mobilizou efetivo suficiente, não se pode atribuir a Marília má vontade ou omissão. Ela fez o que podia naquele momento”, defendeu.

Mário Fernandes
O advogado Marcos Vinícius Figueiredo sustentou que o general da reserva do Exército não praticou nenhum crime e não pode ser responsabilizado por atos de outras pessoas. Ao pedir a absolvição de seu cliente, ressaltou que o general não participou de organização armada e não fazia parte do núcleo de monitoramento de autoridades públicas.

Segundo a defesa, Mauro Cid declarou que Fernandes nunca solicitou, participou ou teve conhecimento de monitoramentos. Disse também que a perícia contratada confirmou informações da Polícia Federal de que a minuta do plano “Punhal Verde e Amarelo” não foi impressa em três vias e concluiu que, sem o HD apreendido, restariam apenas coincidências no processo.

Silvinei Vasques
Segundo o advogado Eduardo Pedro Nostrani Simão, não há prova de que o ex-diretor-geral da PRF tenha determinado ações irregulares da corporação no dia das eleições de 2022. A defesa sustenta que a acusação se apoia em material desinformativo que viralizou nas redes sociais e posteriormente foi reproduzida pela imprensa, sem comprovação factual.

O advogado insistiu que não há, nos autos, nenhuma foto, vídeo ou prova material de bloqueios da PRF que tenham impedido eleitores de votar e que todos os relatos verificados pela própria corporação mostraram fiscalizações rotineiras, paradas por falha mecânica de ônibus ou vídeos antigos usados como se fossem daquele dia. Silvinei, segundo a defesa, cumpriu as diretrizes operacionais do Ministério da Justiça, incompatíveis com a tese de que teria atuado para impedir o resultado legítimo das urnas.

O julgamento da AP 2693 prosseguirá na próxima terça-feira (16), a partir das 9h, com o voto do relator e dos demais integrantes da Primeira Turma.

Fonte: STF

Juiz suspende benefícios a Bolsonaro após ação movida por Pedro Rousseff, sobrinho de Dilma

Magistrado afirma que manutenção das mordomias é ilegal durante o cumprimento de pena em regime fechado

       Dilma Rousseff e Pedro Rousseff (Foto: Reprodução/Instagram)

A Justiça Federal em Minas Gerais determinou a suspensão imediata das mordomias concedidas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, após pedido apresentado por Pedro Rousseff, vereador do PT em Belo Horizonte, em ação popular. A decisão foi proferida pelo juiz federal substituto Pedro Pereira Pimenta, da 8ª Vara Federal Cível de Belo Horizonte, e consta do processo analisado pelo magistrado

No pedido inicial, Pedro Rousseff argumentou que Bolsonaro — condenado pelo Supremo Tribunal Federal a 27 anos e 3 meses de prisão pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado — não poderia continuar recebendo os benefícios da Lei 7.474/1986 enquanto cumpre pena em regime fechado. Segundo o autor, somente no primeiro semestre de 2025, a manutenção da estrutura custou mais de R$ 521 mil aos cofres públicos.

Decisão afirma incompatibilidade entre regime fechado e mordomias

Ao analisar o caso, o juiz destacou que as prerrogativas concedidas pela Lei 7.474/1986 – como quatro seguranças, dois motoristas, dois veículos oficiais e assessores de nível DAS-5 – foram concebidas para ex-presidentes em vida civil, com circulação pública e agenda institucional ativa. No entanto, Bolsonaro encontra-se recolhido em cela na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, sob custódia integral do Estado, que é responsável por sua segurança e deslocamento.

Segundo o magistrado, manter essa estrutura durante o encarceramento é incompatível com a finalidade original da lei, configurando “ato administrativo ilegal, por inexistência de motivos e desvio de finalidade”, em prejuízo da moralidade administrativa.

Juiz cita risco ao erário e afronta ao princípio republicano

Na decisão, o juiz observou que os gastos são contínuos e elevados, o que justifica a urgência da medida. Ele também apontou o dano simbólico causado pela manutenção dos privilégios:

“A mensagem de que alguém condenado pelo STF [...] possa continuar a ser beneficiário de aparato estatal próprio de ex-Chefe de Estado em vida civil fragiliza a confiança no princípio republicano e na coerência da ordem constitucional”, escreveu o magistrado.

Além disso, o juiz afirmou que, no âmbito da execução penal, toda a segurança do preso cabe ao Estado e não pode coexistir com uma “dupla cadeia de comando”, caso houvesse simultaneamente escolta penitenciária e equipe do Gabinete de Segurança Institucional.

Suspensão deve ocorrer em até 48 horas

No dispositivo, o magistrado determinou:

  • suspensão, em até 48 horas, de toda a estrutura prevista na Lei 7.474/1986 colocada à disposição de Bolsonaro enquanto durar o regime fechado;
  • apresentação, pela União, de relatório detalhado com custos e servidores atualmente alocados;
  • esclarecimento de que a decisão não interfere nas obrigações legais de garantir a integridade física e moral do preso.

O juiz também ressaltou que a medida é reversível: caso a ação seja julgada improcedente, os benefícios poderão ser restabelecidos.

Processo reforça debate sobre privilégios e responsabilidade pública

Ao longo de mais de 15 páginas, a decisão cita precedentes do STF e do STJ para demonstrar que benefícios personalíssimos sem finalidade pública clara violam o princípio republicano. O magistrado também explicou que não se trata de “cancelamento” do direito previsto em lei, mas de delimitação de sua incidência diante da incompatibilidade fática causada pelo cumprimento da pena em regime fechado.

Com isso, a Justiça reconhece que, enquanto Bolsonaro permanecer preso, não há justificativa legal nem administrativa para que continue recebendo as mordomias pagas pela União – um gasto que, segundo a ação, já ultrapassa milhões desde 2023.

Fonte: Brasil 247

Entenda o PL da Dosimetria, aprovado pela Câmara e que reduz penas dos golpistas


Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator do PL da Dosimetria. Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados

A Câmara aprovou nesta quarta-feira (10) o Projeto de Lei da Dosimetria, proposta apresentada pelo deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) que altera regras do Código Penal e da Lei de Execução Penal e pode reduzir as penas dos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro. A votação foi pautada pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos), e ultrapassou as 3h da manhã.

O texto determina que, quando os crimes de tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito ocorrerem no mesmo contexto, as penas não poderão ser somadas — mesmo nos casos de “desígnio autônomo”, quando haveria intenção distinta para cada delito.

Outro dispositivo trata dos crimes cometidos em contexto de multidão. Pela proposta, réus que não tenham financiado os atos nem exercido funções de liderança terão direito à redução da pena entre um terço e dois terços, o que pode alcançar parte dos condenados pelos ataques de 8 de janeiro.
Bolsonaristas nos atos golpistas do 8/1. Foto: reprodução
O projeto também modifica as regras de progressão de regime, restabelecendo o percentual geral de um sexto da pena para que o condenado possa solicitar a mudança de regime. Hoje, para crimes cometidos com violência ou grave ameaça — como os ligados à trama golpista — o percentual é de 25%. Com a nova regra, condenados primários teriam a exigência reduzida para cerca de 16% da pena total.

Além disso, o texto permite remição de pena para pessoas em prisão domiciliar, desde que comprovem trabalho ou estudo. A aplicação das novas regras aos casos já julgados dependerá de interpretação do STF, responsável pelos processos relativos aos atos antidemocráticos.

Fonte: DCM

VÍDEO – Motta ri de deputada do PSOL que teve microfone cortado na Câmara


           O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos) – Reprodução

Nesta terça-feira (9), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), riu ao perceber que a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL) teve sua fala interrompida enquanto repudiava a atitude dele em relação ao deputado federal Glauber Braga (PSOL).

“Acabou, acabou, chega, chega”, exclamou um parlamentar, quando o tempo da psolista terminou. O presidente da Casa riu e deu voz ao Partido Novo.

Durante seu discurso, Fernanda Melchionna denunciava a agressão a profissionais da imprensa e a deputados, em episódio que aconteceu mais cedo. “Enquanto ficaram em silêncio quando deputados golpistas sequestraram a mesa da Câmara por dois dias, Glauber foi arrastado para fora do plenário. Absurdo”, reclamou ela, no X.

Era sobre esse assunto que a parlamentar estava falando quando teve seu áudio cortado no plenário. Em agosto, a oposição obstruiu os trabalhos parlamentares em protesto à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Senadores e deputados ocuparam os plenários das Casas Legislativas pedindo que fossem pautados o projeto de anistia a condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 e o processo de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Na época, Hugo Motta recuperou seu posto após quase 48 horas, mas não acionou a Polícia Legislativa, como fez hoje com Glauber Braga, que foi retirado à força da Mesa Diretora da Câmara durante um ato de resistência após anúncio de análise de cassação de seu mandato.

Fonte: DCM

Câmara aprova PL da Dosimetria para reduzir penas dos golpistas do 8/1


     Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados. Reprodução YT

Em sessão presidida pelo deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) e que ultrapassou as 3h da manhã, o projeto de Lei da Dosimetria foi aprovado pela Câmara dos Deputados na noite desta terça-feira (9), após uma sessão marcada por tensão no plenário

.A votação ocorreu poucas horas depois da retirada à força do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) da Mesa Diretora, durante protesto contra sua possível cassação. Parlamentares contrários à proposta tentaram adiar a análise, mas o requerimento foi derrotado por 287 votos a 147.

O texto-base foi aprovado em seguida por 291 votos a favor e 148 contrários.

Relatado pelo deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), o projeto altera parâmetros de punição para crimes contra o Estado Democrático de Direito e impacta diretamente os golpistas do 8 de janeiro. A nova regra estabelece pena mínima entre um e quatro anos de reclusão, com cumprimento inicial em regime aberto no mínimo e, no máximo, no semiaberto.

A proposta também modifica critérios de progressão de regime e retira a possibilidade de regime fechado nos enquadramentos mínimos definidos pelo novo texto. O projeto não concede anistia, mas muda a forma de aplicação das penas para os envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília.

Antes da votação, Paulinho da Força afirmou: “O Brasil precisa virar a página, construir um futuro com diálogo e responsabilidade, e é essa a direção que este substitutivo indica. A virtude consiste em saber encontrar o meio-termo entre dois extremos. E o equilíbrio é a grande marca deste substitutivo”.

O Partido Liberal (PL), que inicialmente defendia anistia total aos condenados, passou a apoiar publicamente o texto da dosimetria após a consolidação de um acordo em torno da redução das penas, sem extinção dos crimes.

Nos bastidores, parlamentares do PL avaliam que a nova lei pode alterar o cenário penal de réus ligados aos atos contra o Estado Democrático de Direito, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses de prisão.

Com os novos critérios de dosimetria, a pena atribuída a ele pode sofrer redução significativa, o que também impacta diretamente o tempo de inelegibilidade previsto em lei.

Com a aprovação, o projeto seguirá ao Senado, já tendo a garantia de Davi Alcolumbre de que ele será votado já na próxima semana.

Fonte: DCM