quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Ex-ministra de Bolsonaro tem marido preso no caso Banco Master



O banqueiro baiano Augusto Lima, marido da ex-ministra do governo Jair Bolsonaro, Flávia Péres, ex-Arruda, foi preso na Operação Compliance Zero, deflagrada pela Polícia Federal. Lima era sócio e CEO do Banco Master.

Lima idealizou o CredCesta, produto que se tornou um dos pilares da instituição. O CredCesta funciona como um cartão de crédito consignado direcionado a servidores públicos e também a funcionários de algumas empresas privadas.

A investigação apura fraudes no Banco Master que podem superar R$ 12 bilhões, volume suficiente para levar o Banco Central a decretar a liquidação extrajudicial de quase todo o conglomerado.

Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, parte do dinheiro ilícito já foi localizada. Em depoimento à CPI do Crime Organizado, ele informou que R$ 1,6 milhão em espécie foram apreendidos na residência de um dos investigados.

Entre os alvos da operação de terça (18) estava uma mansão no Park Way, área nobre de Brasília, onde vivem Flávia e Augusto Lima. A PF não informou se o valor apreendido estava no imóvel do casal.

Os banqueiros mantinham relações estreitas com figuras influentes de Brasília. Há expectativa de que o material apreendido inclua diálogos envolvendo o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, Michel Temer e Ciro Nogueira, entre outros.

A trajetória de Flávia é emblemática. Ex-personal trainer do então governador José Roberto Arruda, ela se tornou assessora especial do político e casou-se com ele. Em 2010, enfrentou a prisão do marido no escândalo conhecido como Mensalão do DEM.

Arruda acabou inelegível, mas conseguiu eleger Flávia deputada federal em 2018. Em 2021, ela assumiu a Secretaria de Governo no período Bolsonaro. No ano seguinte, perdeu a corrida para o Senado para Damares Alves.

Desde 2023, passou a usar o nome Flávia Péres, após assumir publicamente o relacionamento com Augusto Lima, a quem desposou em 2024. No Master, virou chefe de um tal Instituto Terra Firme, que “oferece cursos de capacitação profissional e autodefesa gratuitos para mulheres em situação de vulnerabilidade”.
Flávia Péres, ex-Arruda, e o marido Augusto Lima, sócio do Banco Master preso

O cerco ao Banco Master se intensificou ao longo do ano. A instituição chegou a negociar sua venda ao Banco de Brasília (BRB) por cerca de R$ 2 bilhões, operação considerada vantajosa para o banco privado, mas roubada para a estatal do DF.

O Banco Central vetou o negócio em março, alegando risco de herdar ativos problemáticos e comprometer a solidez do BRB. O episódio já causava estranhamento devido ao trânsito político dos envolvidos dentro do governo Ibaneis Rocha.

Naquele mesmo mês, Flávia recebeu a empresária Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza, para um evento do Terra Firme. Em sua apresentação, emocionou o público ao contar histórias de mulheres que passaram pelo programa e saíram empoderadas, prontas para enfrentar o mercado de trabalho e as adversidades diárias.

“Muitas chegam até nós sem esperança, sem confiança em si mesmas. Nosso trabalho vai além da formação profissional. Nós ensinamos que essas mulheres podem ser donas de seus destinos, que podem lutar por suas oportunidades e pela própria segurança”, afirmou, para os aplausos gerais.

Fonte: DCM

CPMI: depoente admite conhecer investigados, mas evita explicar milhões transferidos


O senador Carlos Viana, a depoente Cecília Rodrigues Mota (centro) e sua advogada, Ilana Martins Luz
Jefferson Rudy/Agência Senado

No segundo depoimento desta terça-feira (18), a CPMI do INSS ouviu a advogada Cecília Rodrigues Mota, ex-presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (Aapen) e da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB). Ela admitiu conhecer parte das pessoas citadas nas investigações da Operação Sem Desconto, reconheceu ser proprietária de várias empresas suspeitas de lavagem de dinheiro e confirmou ter movimentado milhões de reais, mas negou que esses recursos tenham origem ilícita.

Amparada por um habeas corpus concedido pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, ela declarou inicialmente que faria uso do direito ao silêncio para não prejudicar investigações em andamento, mas acabou respondendo parte das perguntas do relator da CPMI, o deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL).

Na sua apresentação inicial, Cecília criticou a cobertura da mídia sobre seu caso e afirmou que toda a sua renda advém do trabalho como advogada — que incluiria serviços à Aapen, à AAPB e a outras duas entidades, sendo uma delas a Caixa de Assistência dos Aposentados e Pensionistas do INSS (Caap) —, além do trabalho em seu escritório de advocacia e em empresas privadas. Ela negou irregularidades em suas viagens e operações profissionais, mas vários parlamentares não se mostraram convencidos com esses argumentos.

Alfredo Gaspar questionou sua atuação como presidente da AAPB e da Aapen (que antes tinha o nome de Associação Brasileira Dos Servidores Públicos - ABSP). Ela negou irregularidades:

— Presidi a ABSP, hoje denominada Aapen, entre os anos de 2018 e 2022. Também presidi a AAPB entre 2019 e, aproximadamente, 2020. E faço aqui um esclarecimento essencial: nesse período não havia ACT [Acordo de Cooperação Técnica] vigente, portanto qualquer tentativa de vincular minha presidência à existência de ACT naquela época é simplesmente incorreta — disse Cecília.

O relator, então, lembrou que a ABSP foi descredenciada após investigação do INSS e voltou a atuar com novo nome em 2023. Ele também confrontou a depoente com repasses milionários feitos por ela e suas empresas a terceiros, incluindo Eric Fidelis, filho de André Fidelis, ex-diretor de Benefícios do INSS em 2023 e 2024. Cecília então exerceu o direito de silêncio, preservando detalhes de transferências e relacionamentos comerciais.

— Por que a senhora coloca mais de R$ 4 milhões na conta do filho do André Fidelis [Eric Fidelis] depois desse ACT? — questionou Alfredo Gaspar.

Ela respondeu:

— Eu prefiro ficar em silêncio.

Outros investigados

Cecília também optou pelo silêncio quando foi questionada sobre movimentações envolvendo outros investigados. O relator citou, por exemplo, transferências para Thaísa Hoffmann Jonasson e Maria Paula Xavier da Fonseca Oliveira. Thaísa é esposa do ex-procurador do INSS Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho; Maria Paula é irmã do mesmo ex-procurador.

— Qual foi o serviço que a esposa do procurador-geral do INSS em 2023 e 2024 prestou? Thaísa Hoffmann Jonasson recebeu R$ 630 mil da senhora ou do seu escritório — questionou o relator.

— Excelência, eu também vou ficar em silêncio pelo mesmo motivo da pergunta anterior — disse a depoente.

Ainda assim, ela admitiu conhecer vários nomes ligados ao INSS, embora tenha afirmado, na maior parte das vezes, tratar-se apenas de “relações institucionais”. É o caso de André Fidelis, Eric Fidelis, Virgílio de Oliveira, Carlos Lupi e José Carlos Oliveira.

Sobre outros nomes — Felipe Macedo Gomes, Anderson Vasconcelos e Américo Monte, apontados como integrantes de um núcleo empresarial —, Cecília afirmou conhecê-los, mas sem detalhar essas relações.

Em outros momentos, ela manteve o silêncio em relação a sócios de empresas, repasses específicos e conexões com procuradores e operadores do INSS, alegando não ter acesso às provas.

O relator também destacou coincidências de datas de voos entre a depoente e outros investigados, como Antonio Carlos Camilo, conhecido como o “Careca do INSS”. Cecília negou ter qualquer contato ou relação com Camilo.

Empresas

Ao tratar das empresas ligadas à depoente, o relator detalhou repasses milionários a terceiros e pagamentos a empresas. Questionada sobre a estrutura societária delas e as funções desempenhadas, Cecília recorreu novamente ao direito de silêncio.

Entre as empresas citadas, a Highway Comércio e Serviço de Informática recebeu atenção especial. Cecília e Igor Oliveira Freitas aparecem como sócios, com 50% cada um. A advogada afirmou que a Highway atua na produção de softwares e no desenvolvimento de sites. Sobre a prestação de serviços para associações investigadas, disse apenas que isso “pode ter ocorrido” e que não se lembrava dos valores.

Em todos os casos apontados, ela admitiu deter parte do capital das empresas mencionadas, mas recorreu ao direito de silêncio sobre detalhes de movimentações financeiras, reiterando não ter acesso completo às investigações e argumentando que aguardaria os respectivos procedimentos legais.

Enriquecimento

Além de fazer questionamentos sobre as pessoas investigadas e as movimentações financeiras, Alfredo Gaspar se concentrou nas aquisições de veículos de luxo e nas viagens ao exterior realizadas pela depoente. Segundo ele, Cecília tinha um Ford Ka de R$ 59 mil em 2020 e hoje possui dois Mustangs avaliados em mais de R$ 350 mil cada. O deputado quis entender como ocorreu essa evolução patrimonial. Ela confirmou as aquisições e afirmou que os veículos foram pagos com recursos provenientes da sua atuação na advocacia.

Sobre as viagens, Cecília afirmou:

— Agora eu quero falar sobre a acusação de 33 viagens internacionais. Isso é uma inverdade, totalmente: o máximo que pode ter ocorrido são sete ou oito viagens internacionais — declarou ela.

Alfredo Gaspar também destacou o volume total das movimentações financeiras — estimadas em quase R$ 20 milhões — entre contas pessoais e da advocacia, incluindo transferências milionárias recebidas e enviadas, apontando a possibilidade de indícios de lavagem de dinheiro.

— Quando a senhora entrou, a senhora me passou uma ótima impressão: uma pessoa com uma carreira a zelar. Quando a senhora chegou aqui, eu queria acreditar que todas as suspeitas seriam jogadas na lata do lixo. Mas estamos falando de milhões de reais retirados de aposentados e pensionistas, dinheiro roubado do povo brasileiro, que já enfrenta tanto sofrimento — enfatizou o relator.

Críticas dos senadores

Ao senador Izalci Lucas (PL-DF), Cecília disse não ver conflito de interesses por ter sido contratada como advogada de uma associação que ela mesma já tinha presidido. Mas o parlamentar alertou para a semelhança desse procedimento com o de outras associações sob investigação, que teriam repassado a advogados o dinheiro retirado de forma fraudulenta de aposentados e pensionistas.

A depoente respondeu que não podia presumir que houve "roubo" (como declarou Izalci).

— Não posso presumir que foi um roubo, até porque eu conhecia o trabalho dessas associações a que prestei serviços. Elas realmente tinham um serviço — declarou ela.

O líder da oposição no Senado, Rogerio Marinho (PL-RN), não fez perguntas a Cecília, mas criticou o advogado-geral da União, Jorge Messias. Segundo Rogerio Marinho, Messias teria usado critérios políticos na investigação de entidades associativas.

— Ele [estava] claramente engajado em um processo para esconder a verdade, de varrê-la para debaixo do tapete, de fazer investigação seletiva. Isso é indigno do papel de quem se propõe a ser ministro do Supremo Tribunal Federal — afirmou Marinho.

O senador Sergio Moro (União-PR) chamou de “mensalão” os repasses financeiros do escritório de Cecília a pessoas vinculadas a dirigentes do INSS.

— A senhora se corrompeu, a senhora pagou suborno, a senhora se locupletou, e eu espero que a senhora encontre a justiça que a senhora merece — declarou Moro.

O senador Eduardo Girão (Novo-CE) destacou os repasses da depoente a empresas que, segundo ele, são “de fachada”.

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) avaliou que os documentos resultantes da quebra de sigilo de Cecília são suficientes para levar a depoente a “pegar as penas mais altas” ao fim do inquérito.

Cecília, por sua vez, disse ser bom que a CPMI tenha acesso a documentos que, segundo ela, vão demonstrar sua inocência.

— Estou até assustada com o meu poder [atribuído pelas acusações contra ela], porque nem eu sabia disso — respondeu ela.

Suspensão do consignado

No encerramento da reunião, o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), reiterou sua proposta de suspensão, por seis meses, da cobrança de empréstimo consignado de aposentados e pensionistas. Segundo ele, isso seria uma atitude importante do governo federal em favor das vítimas das fraudes.

Viana acrescentou que a CPMI já sabe quem são os fraudadores.

— Temos nomes, núcleos, o rastro financeiro, os operadores e quanto cada um desses senhores desviou. Nada ficará escondido da nação.

Fonte: Agência Senado

CPMI: 'alfaiate dos famosos' é apontado como possível elo de lavagem de dinheiro


João Carlos Camargo Júnior preferiu manter o silêncio na CPMI do INSS
Geraldo Magela/Agência Senado

Chamado para depor na condição de testemunha, o empresário João Carlos Camargo Júnior — conhecido como “alfaiate dos famosos” — compareceu nesta terça-feira (18) à CPMI do INSS munido de um habeas corpus e preferiu ficar calado, mas foi apontado pelos parlamentares como o possível “elo principal” utilizado para lavar recursos do esquema que desviou benefícios de aposentados e pensionistas.

Segundo o relator, deputado Alfredo Gaspar (União–AL), documentos oficiais mostram que a MKT Connection Group — empresa aberta por Camargo em 2022 — recebeu mais de R$ 31 milhões da Associação Amar Brasil, apontada como uma das envolvidas da fraude no INSS. O relator afirmou ainda que a Camargo Alfaiataria também teria recebido R$ 1,7 milhão da mesma entidade, sem comprovação dos serviços prestados.

Na avaliação de Alfredo Gaspar, João Carlos Camargo Júnior é o “elo principal” do que chamou de “organização criminosa”. Para ele, o empresário se estruturou num vínculo com as pessoas citadas na investigação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União. Entre essas pessoas que formam essa estrutura ele citou Américo Monte Júnior, Anderson Cordeiro de Vasconcelos, Felipe Macêdo Gomes, José Branco Garcia e Igor Dias Delecrode, que integrariam o núcleo empresarial que teria operado o esquema bilionário de descontos fraudulentos em benefícios previdenciários por meio de associações de fachada. O relator informou que vai solicitar ao Supremo Tribunal Federal a prisão do alfaiate.

— Eu lamento que a Alfaiataria Camargo, tão famosa, tenha usado as suas contas com dinheiro sujo roubado de aposentados e pensionistas […]. Esse rapaz aqui é um profissional de sucesso, sujou a carreira, o futuro, pela ganância. Usou as suas contas para lavar dinheiro, para pegar dinheiro sujo. Infelizmente, essa é a realidade que nós temos visto na CPMI do INSS. Poderia ter usado a sua habilidade para fazer ternos, mas a habilidade dele foi, infelizmente, desviada para construir tramas criminosas no meio de organizações criminosas.

Acusação que também foi reforçada pelo senador Sergio Moro (União-PR).

— Aqui ficou evidenciado que a Amar é uma dessas empresas envolvidas no roubo de aposentados e pensionistas, foi beneficiária de descontos fraudulentos feitos nos benefícios desses aposentados e pensionistas, e seguindo o fluxo de dinheiro chega a essa empresa em que o senhor é sócio. A indagação que fica, evidentemente, é que a sua empresa recebeu R$ 24 milhões, em princípio com suspeitas de lavagem de dinheiro, já que o senhor também não esclarece os motivos [...] desses pagamentos de suborno a funcionários do INSS. Em um esquema desse tamanho, é muito difícil que tenha sido realizado sem qualquer espécie de conivência ou participação de agentes políticos.

Coaf

O nome do empresário João Camargo surgiu nas investigações da CPMI do INSS a partir de relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que identificou transferências de mais de R$ 31 milhões realizadas pela Associação Amar Brasil Clube de Benefícios à empresa MKT Connection Group, de propriedade exclusiva do referido empresário.

João Camargo também figura como ex-sócio da Kairos Representações Ltda., empresa que teve como sócios outros investigados pela Polícia Federal no âmbito do mesmo esquema, entre os quais Américo Monte Júnior, Anderson Cordeiro Vasconcelos, Felipe Macedo Gomes e José Branco Garcia — todos citados em operações de natureza semelhante.

Direito ao silêncio

João Camargo compareceu à CPMI, mas recorreu ao direito de permanecer em silêncio em quase todo o depoimento, assegurado por um habeas corpus proferido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), disse no início da reunião, que mesmo com a decisão da Corte, a testemunha deveria responder a todas as perguntas que não o incriminem e que deveria assinar o termo de compromisso de dizer a verdade, conforme entendimento da Advocacia do Senado.

A defesa de João Camargo discordou e recorreu à justificativa de que o caso está sob investigação. Com isso, o depoente prestou o juramento e o compromisso de dizer a verdade em pontos que não o incriminem. O alfaiate classificou como uma injustiça a relação que as matérias jornalísticas fizeram entre as fraudes em benefícios do INSS com a sua alfaiataria.

Ele confirmou ser proprietário da empresa MKT Connection Group e que a mesma prestou serviço a uma associação.

— Tais serviços foram declarados, impostos devidamente pagos, despesas quitadas e os lucros realizados como o dia a dia de qualquer empresa.

O empresário ainda alegou que as denúncias não procedem e que a sua renda é compatível ao trabalho que ele exerce.

Empresas e contador

João Camargo informou que possui duas empresas em seu nome, a Camargo Alfaiataria e a MKT Connection, mas Alfredo Gaspar (União-AL) contestou e disse que chegou a identificar 14 CNPJ relacionadas ao depoente, como a Kairos Representações Ltda. O relator quis saber quem eram os sócios para a abertura da empresa, quais serviços foram prestados e para qual finalidade. Questionamentos que ficaram sem resposta do depoente.

No entendimento do relator, o que une todos esses nomes, como Américo Monte Júnior, Anderson Cordeiro Vasconcelos, Felipe Macedo Gomes e José Branco Garcia e os colocam no foco da investigação, é o contador Mauro Palumbo Concílio, com convocação já aprovada pela pela CPMI. Segundo Alfredo Gaspar, ele presta serviço para cinco empresas ativas de João Camargo e para empresas dos demais ex-sócios de Camargo na Kairos.

— Essa organização criminosa se juntou em várias empresas e retiraram mais de R$ 700 milhões roubados de aposentados e pensionistas. Trataram milhões de reais como se fossem nada. Aí você pega quatro criminosos, junta aqui, cada um montou uma empresa diferente. Está ótimo, é direito do cidadão abrir uma empresa e receber milhões de reais. Mas de dinheiro roubado dos aposentados e pensionistas? Aí do nada aparece o alfaiate. Ele aparece ligado a todos eles, na Kairo, que é uma empresa que eles abriram e fecharam juntos. Sabe quanto o alfaiate conseguiu? Quase R$ 32 milhões até agora descobertos.

Esse dinheiro, segundo o relator, foi colocado na empresa Rob Comércio, que tem como sócia e administradora Juliana Campos da Silva. Essa pessoa, de acordo com Alfredo Gaspar, teria recebido benefícios sociais como o Auxílio Brasil e o Bolsa Família. Para ele, uma sinalização de que a empresa foi usada para lavar dinheiro do crime que desviou dinheiro de aposentados e pensionistas.

— Até quando nós vamos permitir lavagem de dinheiro nessas proporções? Esse pessoal aqui meteu quase R$ 32 milhões para a MKT que tem o alfaiate como único sócio. E eu só fiz uma pergunta: que serviço foi prestado e ele se calou. Vocês acham que quem presta um serviço digno, sério, de uma empresa que está sendo aqui exposta ia perder essa oportunidade de explicar esse tipo de serviço? — questionou o relator.

Sem explicação

Parlamentares insistiram durante a reunião, mas o depoente manteve-se em silêncio. O senador Izalci Lucas (PL-DF) apontou que, entre dezembro de 2022 e abril de 2025, a MKT Connection Group teria recebido R$ 24,3 milhões da Amar Brasil e, no mesmo período, a empresa também teria enviado mais de R$ 780 mil para a Amar Brasil.

Entre outras questões, Izalci perguntou se haveria algum registro em foto ou vídeo da prestação desses serviços e questionou o empresário se ele teria sacado o dinheiro e repassado para alguém. Mas João Carlos Camargo Júnior se limitou a responder: "Me manterei em silêncio."

O senador Eduardo Girão (Novo-CE) afirmou que o depoente estava desperdiçando a oportunidade de defender sua própria biografia diante do país e perguntou se ele se arrependia de sua conduta. Camargo Júnior respondeu dizendo que “jamais foi conivente com essas fraudes”.

Em seguida, Girão questionou a origem dos R$ 24 milhões envolvidos no caso. Diante da pergunta, o depoente manteve a postura adotada ao longo da oitiva e limitou-se a dizer que permaneceria em silêncio.

Decepcionada com a escassez de respostas do depoente, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) disse que a CPMI conta com uma série de documentos que o ligam às fraudes.

— O senhor deveria ter ficado lá fazendo os seus ternos maravilhosos, mas não sei o que o levou a se envolver com bandidos. O seu silêncio pode estar lhe condenando. Não é isso aqui apenas [esta reunião]. São milhares de documentos recebidos por esta CPMI e o seu nome está lá.

Fonte: Agência Senado

Lawfare: judiciário argentino ordena confisco de bens de Cristina Kirchner

Entre os bens confiscados estão um imóvel em nome da ex-presidente e um conjunto de bens

A ex-presidente argentina Cristina Kirchner na Cidade do México - 3/8/2024 (Foto: REUTERS/Luis Cortes)

Um tribnunal de Buenos Aires pediu na terça-feira (18) o confisco dos bens da ex-presidente argentina Cristina Kirchner, juntamente com os de outros condenados no âmbito do "Caso Vialidad", informou o jornal Página 12.

Entre os bens confiscados estão um imóvel em nome da ex-presidente e um conjunto de bens transferidos a seus filhos, Máximo e Florencia Kirchner.

O procurador do caso Diego Luciani disse no final de outubro que estava travando uma “luta” para assegurar o confisco dos bens da ex-presidente. “O confisco está confirmado. A única coisa que falta é executar. Temos um confisco equivalente a mais de 500 milhões de dólares. É algo muito claro: é preciso ir atrás dos bens”, declarou o representante do Ministério Público, de acordo com a reportagem.

O caso acusa Kirchner e 86 outras ex-autoridades de participarem de uma suposta rede que recebia subornos de empresários em troca de contratos de obras públicas durante seu governo. Ela nega as acusações.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal Página 12

Jô, ex-Corinthians, fica sem pagar pensão e é preso pela quarta vez


        Jô em campo pelo Corinthians. Foto: reprodução

O ex-atacante Jô foi preso na última terça-feira (18) no Rio de Janeiro por não pagar pensão alimentícia. Esta é a quarta vez que o jogador é detido pelo mesmo motivo. Segundo o Uol, a dívida atual do ex-jogador chega a R$ 220.744,57, de acordo com informações da Polícia Civil.

O valor da pensão foi estabelecido em 12 salários mínimos mensais (R$ 18.216) após um acordo firmado no ano passado. Na ocasião, Jô alegou à Justiça uma queda significativa em seus rendimentos após a aposentadoria dos gramados, informando que atuava como integrante de uma banda musical em Belo Horizonte.

Esta não é a primeira vez que o ex-jogador do Corinthians enfrenta a lei por esse motivo. Em junho, ele havia sido preso pela terceira vez ao passar pelo aeroporto de Guarulhos. Na ocasião, seu advogado, Guilherme Motai, argumentou: “Esse não-pagamento ocorre de uma situação financeira que hoje é irreal, não condiz com a realidade do jogador. Cabe ressaltar que o Jô não foge da sua responsabilidade, mas ela deve ser adequada à sua realidade”.

As prisões anteriores de Jô ocorreram em maio de 2024, em Campinas, e em dezembro do mesmo ano, em Contagem (MG), quando ainda atuava por times do interior.

Jô na 16ª DP, na Barra da Tijuca — Foto: Reprodução

Fonte: DCM com informações do UOL

PF vai investigar pressão política para venda do Master ao BRB

Relatório aponta suspeita de carteiras de crédito falsas e influência de políticos em operação bilionária, segundo a Folha de S.Paulo

     Banco Regional de Brasília BRB (Foto: Divulgação)

A Polícia Federal abriu investigação para apurar a possível pressão de figuras políticas na decisão do BRB (Banco de Brasília) de comprar o controle do Banco Master, do empresário Daniel Vorcaro, além de carteiras de crédito consideradas falsas. As informações foram reveladas pelo jornal Folha de S.Paulo, que obteve detalhes do inquérito.

Segundo pessoas que acompanham o caso, os investigadores querem entender por que o BRB autorizou operações que somam cerca de R$ 12,2 bilhões, mesmo diante de indícios de irregularidades. A apuração indica que a transferência de recursos do BRB ao Master teria começado antes mesmo do anúncio oficial da aquisição, em março deste ano, e continuado até maio. Do montante total, R$ 6,7 bilhões seriam referentes a contratos falsos e outros R$ 5,5 bilhões teriam sido pagos como “prêmios”, valor adicional supostamente relacionado ao preço das carteiras.

Mesmo sem supervisão direta do Banco Central sobre esse tipo de operação, a transferência chamou atenção da autoridade monetária durante a análise da compra do Master — que acabou vetada em setembro. Para investigadores, a continuidade das operações após o anúncio de aquisição de 58% do banco reforça a hipótese de que a direção do BRB não poderia desconhecer aquela que classificam como uma manobra grosseira.

☉ Ex-presidente do BRB diz que instituição alertou o Banco Central

Após os mandados de busca e apreensão cumpridos nesta terça-feira (18), Paulo Henrique Costa divulgou nota afirmando estar à disposição das autoridades e defendendo a legalidade das operações.

“Aquisições de carteiras são operações tradicionais do mercado financeiro. No caso do Banco Master, o BRB identificou, no primeiro quadrimestre, divergências documentais em parte das operações, comunicou o fato ao Banco Central do Brasil e promoveu, em sua grande maioria, a substituição dessas carteiras”, disse. “Após a identificação dessas questões, a atuação do BRB consistiu na revisão da documentação, reforço de controles e ajustes de processos, medidas adotadas para mitigar riscos e preservar a instituição”, afirmou o ex-presidente.

☉ Banco Central liquida Master e Justiça afasta cúpula do BRB

O Banco Central decretou nesta terça-feira a liquidação do Banco Master, citando crise de liquidez, deterioração financeira e “graves violações às normas que regem o sistema financeiro nacional”. A Justiça determinou o afastamento por 60 dias do presidente do BRB e do diretor financeiro, Dario Oswaldo Garcia Júnior.

Após a decisão, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), demitiu Paulo Henrique Costa e anunciou Celso Eloi, superintendente da Caixa Econômica Federal em Brasília, para assumir o comando do BRB.

A PF também deve investigar o ambiente político que cercava Daniel Vorcaro. O empresário ficou conhecido por promover festas luxuosas e financiar eventos, aproximando-se de figuras influentes como o senador Ciro Nogueira (PP-PI), e o presidente do PP; Antonio Rueda, presidente do União Brasil.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

'Careca do INSS' adquiriu lancha milionária durante auge das fraudes

Compra de embarcação avaliada em R$ 3,4 milhões ocorreu enquanto esquema de descontos ilegais avançava sobre aposentados

        Empresário Antônio Carlos Camilo Antunes (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

O lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, adquiriu uma lancha de luxo avaliada em R$ 3,4 milhões no período em que o esquema de descontos indevidos em benefícios do INSS atingia seu auge.

De acordo com Tácio Lorran, do Metrópoles, a lancha permanece atracada em uma marina no Lago Paranoá, área nobre de Brasília, mesmo após a deflagração da Operação Sem Desconto. No local, o lobista também guarda um jet ski modelo Sea-Doo RXP-X 325, avaliado em R$ 100 mil.

A embarcação, um modelo Azov Z480HT fabricado em 2022, comporta até 19 pessoas e reúne itens como ar-condicionado, revestimento acústico, quatro TVs de 32 polegadas, rádio bluetooth, dez alto-falantes JBL, plataforma submergível, micro-ondas, frigobar, cooktop, mesa cockpit e até uma churrasqueira elétrica integrada. O reservatório térmico tem capacidade para 40 litros.

☆ Compra milionária e contratos obtidos

A negociação da lancha começou em abril de 2024, por meio da Prospect Consultoria Empresarial SA. Inicialmente, o lobista adquiriu dois terços do bem por R$ 2,2 milhões, divididos em dez parcelas. Em janeiro deste ano, assinou um aditivo contratual para comprar o terço restante, desembolsando outros R$ 1,2 milhão, desta vez em três pagamentos via Pix — o último deles em 10 de abril, às vésperas da operação da Polícia Federal.

Mesmo após a quitação, a embarcação continua registrada em nome da holding Madrid Participações, sediada no Recife. O presidente da empresa, Robson Medina Catão, afirmou que não conseguiu concluir a transferência porque perdeu contato com o lobista após a primeira fase da Operação Sem Desconto.

“Quando o Antonio pagou, eu mandei uma mensagem para ele pedindo todas as informações para encaminhar um despachante e eu transferir a lancha. Logo na sequência, ele teve os problemas dele e eu não tive mais contato com ele”, disse Catão ao Metrópoles. Ele também afirmou que todas as parcelas foram pagas em dia.

Catão relatou ainda que o lobista justificou a compra dizendo que os filhos viriam dos Estados Unidos para passar alguns meses no Brasil. O empresário afirmou que, à época, desconhecia o envolvimento de Antunes no esquema dos descontos ilegais revelado pela imprensa.

☆ Defesa e movimentações financeiras sob suspeita

O então advogado do Careca do INSS, Cleber Lopes, confirmou que o vendedor o procurou para regularizar a situação, mas a transferência nunca foi formalizada. A atual defensora, Danyelle Galvão, declarou que “está tomando par de toda situação patrimonial e que vai oferecer em juízo todas as informações sobre todos os bens do investigado”.

Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), enviado à CPMI do INSS, apontou transações suspeitas envolvendo Robson Catão. O documento registrou movimentações consideradas incompatíveis com seu perfil econômico e destacou que não foi possível identificar a origem, a finalidade ou a licitude dos recursos analisados.

☆ Estilo de vida e ostentação

A atuação de Antonio Antunes no esquema de fraudes coincidiu com uma rotina de alto padrão. Além de viagens internacionais, carros de luxo e a construção de uma mansão no Lago Sul, o lobista decidiu investir em itens náuticos para desfrutar do Lago Paranoá — área onde a frota de embarcações cresce a cada ano.

O jet ski comprado recentemente é um modelo de 2024, projetado para alta performance, com aceleração de 0 a 100 km/h em 3,4 segundos e ergonomia voltada para competição.

☆ Lancha segue guardada em marina do Lago Sul

A Marina Vip Service, no Lago Sul, informou que o lobista mantém contrato para guardar e atracar tanto a lancha quanto o jet ski. Um dos filhos de Antunes chegou a consultar advogados para saber se poderia ligar os equipamentos a fim de evitar desgaste dos motores.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

Jatos, ostentação e festas milionárias: a vida de luxo de Daniel Vorcaro, do Banco Master


     Martha Graeff e Daniel Vorcaro. Foto: reprodução

A vida de luxo do banqueiro Daniel Vorcaro, preso pela Polícia Federal na segunda-feira (18), contrasta com as graves suspeitas que recaem sobre ele e sobre o Banco Master. Antes de ser detido ao tentar embarcar em um jato particular no Aeroporto de Guarulhos, Vorcaro exibiu durante anos um padrão de riqueza marcado por viagens internacionais exclusivas, festas milionárias e uma frota de aeronaves de alto padrão.

O empresário, segundo a PF, seria responsável por um esquema que vendia títulos de crédito falsos e oferecia CDBs com remuneração até 40% acima da taxa básica, promessa considerada insustentável.

Dinheiro apreendido em mansão de Vorcaro. Foto: reprodução


Nas redes sociais, a namorada de Vorcaro, influenciadora Martha Graeff, com mais de 600 mil seguidores, publicava com frequência imagens de passeios ao lado do banqueiro em destinos disputados. O casal viajou para Capri e Puglia, na Itália, Costa Rica, Miami, Alpes Franceses, Saint Barths, além de Trancoso e Rio de Janeiro.

Os registros mostram hotéis de alto padrão, embarcações de luxo e jantares privativos, compondo um estilo de vida incompatível com a crescente pressão financeira que o Master enfrentava nos bastidores. Após a prisão de Vorcaro, ela arquivou os registros com ele e limitou os comentários em suas publicações.

Vorcaro e Martha Graeff em viagens luxuosas. Foto: reprodução


O banqueiro também é proprietário de três jatos particulares registrados na Viking Participações LTDA, holding sediada em Belo Horizonte. A aeronave mais sofisticada, um Gulfstream GV, tem autonomia de 12 mil quilômetros, permitindo viagens sem escalas entre continentes.

Foi justamente esse jato que Vorcaro usaria para viajar para Malta, segundo a PF. Segundo apuração feita pelo DCM, ele já tinha até reservas feitas no Resort Four Seasons, na praia de Jumeirah, em Dubai, onde as diárias vão de R$ 10 mil à R$ 300 mil.

Hotel Four Seasons, em Dubai. Foto: reprodução
As outras aeronaves são um Falcon 2000, com capacidade para 19 passageiros, avaliado em R$ 200 milhões, que foi apreendido pela PF na última terça-feira (18). Também consta no patrimônio do banqueiro um Falcon 7X, modelo considerado de alta performance no mercado executivo.

Aeronave apreendida pela Polícia Federal atribuída a Daniel Vorcaro, dono do Master – Polícia Federal

A ostentação também se estendia à vida familiar. Em 2023, Vorcaro promoveu uma festa de 15 anos para a filha, realizada em uma mansão em Nova Lima, na Grande Belo Horizonte, considerada uma das regiões mais caras do Brasil, em que gastou cerca de R$ 20 milhões. O evento reuniu atrações como Alok, Dennis DJ e The Chainsmokers.

O luxo foi tamanho que moradores do condomínio receberam um comunicado oferecendo hospedagem em um hotel cinco estrelas, com diárias a partir de R$ 2.986, caso o barulho fosse incômodo.


Formado em Economia, com MBA pelo Ibmec, Vorcaro tornou-se figura de destaque depois que o Banco Master passou a firmar operações vultosas com o governo do Distrito Federal por meio do BRB.

Além disso, o empresário investiu cerca de R$ 300 milhões para adquirir 20,2% da SAF do Atlético-MG, por meio do Galo Forte FIP. A origem desse dinheiro é investigada, e o Ministério Público apura possível ligação com recursos que teriam transitado por estruturas usadas pelo PCC.

Apesar do estilo de vida glamouroso, o cerco financeiro e policial se fechou rapidamente. A prisão ocorreu um dia após o anúncio de compra do Banco Master pela Fictor Holding Financeira. No dia seguinte, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial da instituição e tornou indisponíveis os bens dos controladores.

A PF sustenta que o Master criava títulos fraudulentos e oferecia retornos muito acima do mercado para atrair investidores e sustentar operações deficitárias.

Investigadores afirmam que Vorcaro deixou o banco de helicóptero rumo a Guarulhos após o anúncio da venda, planejando seguir para Malta.

A defesa, porém, afirma que “nega veementemente que ele estivesse fugindo do país” e que o “destino final do voo era Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde Vorcaro pretendia se encontrar com parte dos compradores do Banco Master”.

Fonte: DCM

Ciro Nogueira, do PP, é o maior aliado de Daniel Vorcaro no mundo da política

Relação entre o senador e o dono do Banco Master influenciou negociações, articulações em Brasília e redes de poder que vão da esquerda à direita

       Ciro Nogueira (Foto: Andressa Anholete/Agência Senado)

A teia de relações construída por Daniel Vorcaro, dono do Banco Master e preso nesta terça-feira pela Polícia Federal, revela o papel central desempenhado pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI) em sua ascensão no mundo político. A apuração é do jornalista Daniel Weterman, do jornal Estado de S. Paulo, que detalha como o banqueiro mineiro transitou com desenvoltura entre figurões da política e do mercado financeiro.

Segundo a PF, Vorcaro foi detido quando tentava deixar o País. Ele defendia publicamente a importância de “escolher as pessoas com quem se conectar”, princípio que norteava sua atuação e o levou a formar um círculo de poder com políticos de diferentes correntes ideológicas. Esse conjunto de relações está no centro das investigações que levaram à liquidação extrajudicial do Master pelo Banco Central e ao afastamento do presidente do BRB, Paulo Henrique Costa.

⊛ A influência direta de Ciro Nogueira nas negociações em Brasília

Entre todos os seus contatos políticos, ninguém teve papel tão relevante quanto Ciro Nogueira. O senador foi considerado por interlocutores como o aliado mais próximo de Vorcaro em Brasília. Segundo pessoas que acompanharam as tratativas, Ciro foi consultado antes de o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, autorizar o BRB a avançar nas negociações para adquirir parte do Banco Master.

O grupo político ligado ao senador — que inclui o presidente do União Brasil, Antônio Rueda — articulava apoio a Ibaneis para as eleições de 2026. Nessa engrenagem, Ciro também apadrinhou a escolha de Alexandre Cordeiro para a presidência do Cade, órgão que classificou a operação como “simples”. Nem Nogueira nem Ibaneis comentaram o caso. Vorcaro e Ciro apareciam juntos com frequência em seminários internacionais, que reúnem políticos e empresários.

⊛ O caminho até a tentativa de venda do Master ao BRB

As conversas para que o BRB adquirisse parte do Banco Master começaram em novembro do ano passado. Em janeiro, o banco brasiliense iniciou auditorias para avaliar se a operação poderia fortalecer sua atuação em áreas como cartões privados e banco digital. A proposta, porém, chamou a atenção do Banco Central e se tornou alvo da PF, que identificou fraudes na operação e desencadeou a ação que levou à prisão de Vorcaro.

Outro nome influente que se aproximou do banqueiro foi Fábio Faria, ex-ministro das Comunicações, que o apresentou a outros articuladores políticos. O ex-ministro não comenta a relação.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Estado de S. Paulo