quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Governo vê "tiro no pé" da direita em ataque à PF e comemora recuo de Derrite

Planalto avalia que a tentativa de enfraquecer a Polícia Federal no projeto antifacção fortaleceu a posição do governo e obrigou o relator a voltar atrás

Guilherme Derrite e Hugo Motta em entrevista coletiva (Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados)

Integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e parlamentares da base consideraram um “tiro no pé” da direita a tentativa de reduzir as competências da Polícia Federal (PF) no relatório inicial do deputado Guilherme Derrite (PP-SP) sobre o projeto de lei antifacção, uma das principais apostas do Executivo para a segurança pública.

Segundo a Folha de S.Paulo, auxiliares do presidente avaliam que, após dias de desgaste político em meio à crise na segurança — intensificada pela operação no Rio de Janeiro no fim de outubro —, a proposta de Derrite acabou abrindo espaço para o Planalto retomar a iniciativa no debate público.

O texto apresentado por Derrite, secretário de Segurança do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), equiparava facções criminosas a grupos terroristas e restringia o papel da PF no combate ao crime organizado. A medida provocou forte reação de entidades da sociedade civil, juristas e setores do próprio Congresso. Para o governo, a proposta fragilizava uma instituição com grande respaldo popular.

Após o anúncio do relatório, o Planalto articulou uma ampla ofensiva política e de comunicação. A Secretaria de Comunicação Social produziu vídeos explicativos defendendo a autonomia da PF, enquanto parlamentares aliados associavam o texto de Derrite à chamada “PEC da Blindagem”, proposta rejeitada pelo Senado após pressão da opinião pública. A defesa da PF é um tema que a população entende e apoia, disse um interlocutor governista.

A mobilização surtiu efeito. Na tarde de terça-feira (11), Derrite recuou nos dois pontos considerados mais problemáticos — entre eles, a retirada de poderes da PF. O anúncio, feito ao lado do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), foi recebido com alívio por governistas. Questionado se as mudanças atendiam ao governo, o deputado afirmou: “Isso não é recuo, isso é estratégia”.

Mesmo aliados de Motta reconheceram que a escolha de Derrite para relatar o projeto foi arriscada. O presidente da Câmara, que vinha se aproximando do Planalto, buscava demonstrar independência, mas acabou tendo de atuar como mediador entre o relator, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

Para assessores de Lula, o episódio consolidou uma vitória política. O recuo de Derrite, dizem, não apenas amenizou desgastes do governo, como também atingiu a imagem de Tarcísio de Freitas, possível adversário de Lula em 2026. Ainda assim, a base aliada adota cautela. A votação do projeto está marcada para esta quarta-feira (12), e a oposição deve insistir na equiparação entre facções e terrorismo.

Apesar das críticas, Derrite saiu do episódio com maior visibilidade, sendo cotado como futuro candidato ao Senado ou ao governo paulista. Em entrevista coletiva, ele apareceu ao lado de Motta e de líderes de partidos como PL, PP, PSDB, PDT, Novo, União Brasil e Solidariedade, numa tentativa de mostrar apoio político.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

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