segunda-feira, 23 de junho de 2025

Embaixada brasileira em Teerã enfrenta blackout de internet, enquanto bombardeios israelenses se aproximam

Representação diplomática ficou três dias sem conexão enquanto explosões se aproximam do bairro onde está localizada

       Prédio bombardeado em Teerã, Irã (Foto: Majid Asgaripour/WANA (West Asia News Agency) via Reuters)

A representação diplomática brasileira na capital iraniana passou por três dias consecutivos de interrupção total de internet, enfrentando sérias dificuldades para estabelecer comunicação tanto com o território nacional quanto com os cidadãos brasileiros residentes no Irã, segundo a coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.

O restabelecimento da conexão ocorreu apenas entre sábado (20) e domingo (21), ainda apresentando problemas de instabilidade no serviço. A situação se agravou significativamente quando os bombardeios israelenses contra Teerã, anteriormente concentrados em áreas mais afastadas, passaram a atingir locais próximos ao bairro de Zafaranieh na manhã desta segunda-feira (23), exatamente onde se encontra instalada a sede diplomática brasileira.

Durante a semana anterior, as explosões já haviam sido registradas quando Israel direcionou seus ataques contra as instalações da emissora oficial de televisão iraniana. Apesar de uma aparente diminuição nas hostilidades, a situação voltou a se intensificar rapidamente.

Nesta segunda, novos bombardeios foram registrados nas proximidades da embaixada, destacando-se particularmente aqueles que atingiram a prisão de Evin, localizada no bairro homônimo, que faz divisa com Zafaranieh. A sequência e a proximidade geográfica desses ataques têm elevado consideravelmente o nível de tensão entre os membros do corpo diplomático.

Além da prisão de Evin, os alvos dos bombardeios incluíram a sede do Basij, organização miliciana de caráter ideológico e religioso vinculada à Guarda Revolucionária, bem como as instalações do serviço de segurança interna do país.

O corte no acesso à internet em toda Teerã foi implementado pelas próprias autoridades iranianas, como resposta direta à invasão dos sistemas do Bank Sepah, instituição bancária estatal do país, executada pelo coletivo de hackers denominado Pardal Predador. Este grupo, que possui um histórico de operações cibernéticas sofisticadas contra o Irã que ultrapassam as capacidades típicas de hackers ativistas, é apontado pela própria imprensa israelense como tendo vínculos com Israel.

De acordo com informações divulgadas pela agência Reuters, o coletivo Pardal Predador (Gonjeshke Darande) reivindicou a responsabilidade pelo ataque cibernético, justificando a ação com a alegação de que o banco estatal iraniano forneceria suporte financeiro às forças armadas do Irã. O ataque resultou em dificuldades significativas para os clientes acessarem suas contas bancárias, conforme reportado pela mídia israelense.

As consequências do ataque cibernético podem desencadear uma crise de confiança no sistema bancário iraniano, com repercussões ainda não totalmente dimensionadas. Em 2022, o mesmo grupo Gonjeshke Darande assumiu a autoria de um ataque cibernético contra uma siderúrgica iraniana e foi associado a uma operação de 2021 que provocou interrupções generalizadas em postos de combustível em todo o território iraniano.

Até o momento, Israel não reconheceu oficialmente qualquer ligação com o grupo de hackers.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário