Congresso revoga decreto de Lula sobre o IOF; última vez que Legislativo anulou norma presidencial foi no governo Collor
Plenário da Câmara dos Deputados durante sessão conjunta do Congresso Nacional (Foto: Jonas Pereira/Agência Senado)
O Congresso Nacional revogou nesta quarta-feira (25) um decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que aumentava as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A decisão representa uma derrota política significativa para o governo e marca um fato histórico: a última vez que uma norma presidencial foi derrubada pelo Legislativo havia sido em 1992, durante o governo Fernando Collor. As informações são da CNN Brasil.
Em 1992, o decreto revogado tratava de mudanças no pagamento de precatórios, em um momento de forte tensão política que antecedeu o processo de impeachment de Collor. Trinta e três anos depois, o novo embate entre os Poderes envolve uma tentativa do governo de elevar a arrecadação federal.
O decreto mais recente sobre o IOF foi publicado em junho e previa arrecadação de R$ 10 bilhões em 2025. Era uma versão recalibrada do texto anterior, de maio, que estimava ganhos de até R$ 20 bilhões. A revisão não impediu, no entanto, que parlamentares reagissem de forma contrária à elevação de tributos.
A revogação ocorreu em duas etapas. A Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) com 383 votos a favor e 98 contra. Cerca de uma hora depois, o Senado confirmou a decisão em votação simbólica. A proposta será agora promulgada pelo presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP).
Com isso, os decretos editados pelo Executivo desde maio perdem validade e voltam a vigorar as regras anteriores sobre o IOF. A proposta aprovada susta três normas publicadas pelo governo e tramitou em conjunto com outras 36 iniciativas de teor semelhante, a maioria delas apresentadas por parlamentares da oposição.
Embora o governo tenha tentado negociar ajustes no decreto — incluindo uma nova versão editada em junho e o envio de uma medida provisória com alternativas — as críticas no Congresso persistiram. Deputados e senadores mantiveram o discurso contra o aumento de impostos e passaram a cobrar medidas focadas na redução de gastos públicos.
Diante da derrota, aliados do governo no Senado afirmaram que pretendem discutir com o presidente Lula a possibilidade de acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a legalidade da revogação feita pelo Congresso. A decisão poderá abrir um precedente relevante sobre os limites da atuação do Legislativo em relação a decretos do Executivo.
Fonte: Brasil 247 com informações da CNN Brasil
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