segunda-feira, 26 de maio de 2025

Os eventos que escancaram o golpismo de Eduardo Bolsonaro nos EUA


Eduardo Bolsonaro durante evento da extrema-direita nos EUA. Foto: Saul Loeb/AFP

O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) virou alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por articulações golpistas realizadas nos Estados Unidos. A investigação, solicitada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), foi instaurada por decisão do presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e terá como relator o ministro Alexandre de Moraes. A apuração corre sob sigilo e envolve suspeitas de coação no curso de processo e obstrução de investigações.

O terceiro filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está morando nos Estados Unidos desde março, tem ampliado suas ações contra instituições brasileiras. Desde o início do ano, ele tem frequentado eventos políticos e realizado encontros com aliados da extrema-direita internacional.

Em janeiro, marcou presença na posse de Donald Trump e se reuniu com o marqueteiro Steve Bannon, figura central na ascensão de governos autoritários. No evento, Bannon homenageou o ex-presidente segundos após um gesto que remete à saudação nazista.

Em seguida, ironizou a ausência do ex-presidente, atribuindo sua impossibilidade de viajar ao “comunista marxista no Brasil” que teria retido seu passaporte e se dirigiu a Eduardo como futuro presidente do Brasil.
Um levantamento do UOL mostrou que, até março, o ainda deputado havia feito mais publicações sobre os Estados Unidos do que sobre o Brasil e outras nações somadas. Foram 78 posts tratando dos EUA, com destaque para as 23 aparições de Donald Trump em seu perfil, contra 12 de Lula. O deputado também costuma abordar temas ligados a Israel e Venezuela.

Morando no Texas, ele revelou ter participado recentemente de um jantar promovido pela Florida International University, em Miami. No mesmo período, fez um bate-volta até Nova York para almoçar com Ciro Nogueira (PP) e Antonio Rueda (União Brasil), presidentes dos partidos que integram o Centrão e tidos como “caciques” dessas legendas. Também esteve presente o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, deputado federal licenciado pelo PP.

Antonio Rueda, Guilherme Derrite, Eduardo Bolsonaro e Ciro Nogueira. Foto: reprodução

As ações do parlamentar não se restringem ao campo diplomático. Ele tem feito pressão direta sobre congressistas estadunidenses, como no dia 26 de fevereiro, quando um comitê da Câmara dos Representantes aprovou um projeto de lei que prevê sanções contra Moraes, sob a justificativa de violação à liberdade de expressão.

A proposta, impulsionada por Eduardo, foi elaborada em parceria com Paulo Figueiredo, neto do ex-ditador João Figueiredo e investigado por participação na tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023.

Além do lobby junto ao Legislativo dos EUA, o deputado licenciado também tentou mobilizar autoridades do governo estadunidense. Ele esteve com o embaixador Michael Kozak, integrante do Escritório de Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado. Uma semana depois, o Departamento divulgou uma nota crítica ao Brasil, acusando o governo de censura.

O deputado também anunciou que está “trabalhando para que os EUA sancionem Alexandre de Moraes”. A fala ganhou força com uma declaração de Marco Rubio, senador e secretário de Estado do governo Trump, que disse haver “grande possibilidade” de sanções.

O PT reagiu com um requerimento ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, pedindo apuração por quebra de decoro parlamentar. Segundo o documento, Eduardo buscou impedir Moraes de entrar nos EUA, em uma articulação direta com deputados republicanos.

Também no início de maio, o “03” inventou que David Gamble viria ao Brasil para estudar ações contra Moraes pela suposta censura imposta pelo ministro. A narrativa foi “comprada” por diversos veículos como Metrópoles, Veja e CNN Brasil.

No entanto, ele foi desmentido pela própria Casa Branca na ocasião. Segundo um comunicado oficial, Gamble, coordenador interino do escritório de sanções do Departamento de Estado, veio ao Brasil a convite do Palácio do Planalto para reuniões sobre terrorismo e tráfico de drogas. “Ele participará de uma série de reuniões bilaterais sobre organizações criminosas transnacionais e discutirá os programas de sanções dos EUA voltados ao combate ao terrorismo e ao tráfico de drogas”, afirmou a Embaixada.

Mesmo após o desmentido, Eduardo seguiu insistindo na versão falsa: “Quando eu disse que a batata do Alexandre de Moraes estava esquentando aqui nos Estados Unidos, pode ter certeza que está esquentando de verdade”.

Fonte: DCM

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