segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

Galípolo se cala sobre suposta pressão de Alexandre de Moraes para evitar a intervenção no Banco Master

Presidente do Banco Central decidiu não comentar o caso revelado nesta segunda-feira pelo jornal O Globo

Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, durante coletiva de imprensa, em Brasília - 27/03/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, optou por não comentar as revelações feitas pela jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo, sobre supostas pressões exercidas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes em meio às discussões internas da autoridade monetária envolvendo o Banco Master. Procurados após a publicação da reportagem, tanto Galípolo quanto Moraes decidiram permanecer em silêncio.

Segundo a apuração de Malu Gaspar, Alexandre de Moraes teria procurado Galípolo em ao menos quatro ocasiões — três por telefone e uma presencialmente — para tratar da situação do Banco Master, controlado por Daniel Vorcaro, enquanto o Banco Central analisava a venda da instituição ao Banco de Brasília (BRB) e avaliava a possibilidade de uma intervenção. Seis fontes relataram os episódios ao blog, incluindo uma que ouviu o próprio ministro falar sobre a reunião e outras cinco que tomaram conhecimento dos contatos por integrantes do BC.

De acordo com o relato, Moraes buscou informações sobre o andamento da operação de venda anunciada em março e ainda pendente de autorização. Em um encontro presencial solicitado em julho, o ministro teria afirmado que “gostava de Vorcaro” e repetido o argumento de que o Banco Master estaria sendo alvo de resistência por disputar espaço com grandes bancos. Ainda segundo a reportagem, Moraes pediu que o Banco Central aprovasse a operação.

Divergências internas no BC

Na ocasião, porém, já havia divergências internas no BC sobre decretar ou não intervenção no banco. Galípolo teria informado ao ministro que técnicos da autarquia haviam identificado fraudes no repasse de R$ 12,2 bilhões em créditos do Banco Master para o BRB. Conforme os relatos, Moraes reconheceu que, caso a fraude fosse comprovada, a operação não poderia ser aprovada.

O caso teve desfecho na segunda-feira (18), quando a Polícia Federal prendeu Daniel Vorcaro e outros seis executivos acusados de envolvimento nas fraudes. No mesmo dia, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master.

A reportagem também revelou que o escritório Barci de Moraes Associados, da advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do STF, mantinha contrato com o Banco Master. O acordo previa honorários mensais de R$ 3,6 milhões por três anos, a partir de janeiro de 2024, o que totalizaria cerca de R$ 130 milhões. O contrato indicava atuação junto ao Banco Central, à Receita Federal, ao Cade e ao Congresso Nacional. No entanto, informações obtidas via Lei de Acesso à Informação apontam que nenhuma dessas instituições registrou pedidos de reuniões ou petições do escritório.

A tensão institucional aumentou quando, na quarta-feira (17), o ministro Dias Toffoli decidiu avocar para o Supremo a investigação sobre o Banco Master, decretou sigilo total e concedeu à Polícia Federal 30 dias para a realização de oitivas, com acompanhamento de juízes auxiliares. Técnicos do Banco Central relataram apreensão diante da possibilidade de serem chamados a depor, afirmando a investigadores que nunca haviam sofrido tanta pressão política em favor de um único banco.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

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