Dados de emprego e desemprego em agosto reforçam pressão sobre o Federal Reserve por corte de juros
O mercado de trabalho dos Estados Unidos registrou em agosto uma forte desaceleração, com criação de apenas 22 mil vagas, enquanto a taxa de desemprego subiu para 4,3%, o maior patamar desde 2021. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (5) pelo Bureau of Labor Statistics (BLS) e destacados pela Bloomberg.
Segundo o relatório, revisões recentes mostraram que o mercado perdeu força nos últimos meses: em junho, houve a primeira queda líquida de empregos desde 2020. A média de contratações no trimestre ficou em apenas 29 mil novos postos, marcando a sequência mais fraca de crescimento desde a pandemia.
◈ Perspectiva para o Federal Reserve
A fraqueza dos indicadores reforçou as apostas de investidores de que o Federal Reserve reduzirá a taxa de juros em sua próxima reunião, marcada para os dias 16 e 17 de setembro. O presidente da instituição, Jerome Powell, já havia sinalizado essa possibilidade em agosto, durante o simpósio anual de Jackson Hole.
Na abertura dos mercados, o S&P 500 registrou alta e os títulos do Tesouro americano também reagiram positivamente à expectativa de corte dos juros.
◈ Setores em retração e sinais de recessão
Diversos segmentos apresentaram cortes de vagas no último mês, entre eles tecnologia da informação, serviços financeiros, manufatura, governo federal e serviços empresariais. Os únicos setores que conseguiram sustentar crescimento foram saúde, lazer e hospitalidade.
Para Heather Long, economista-chefe do Navy Federal Credit Union, o quadro é preocupante:
“O mercado de trabalho está passando de congelado para em frangalhos. Trata-se de uma recessão tanto para empregos de colarinho branco quanto para os de colarinho azul”, afirmou.
◈ Trump troca comando do BLS após revisões negativas
As revisões nos dados também tiveram repercussão política. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, demitiu a comissária do BLS após acusá-la, sem apresentar provas, de manipular os números por motivações políticas. Em seu lugar, indicou EJ Antoni, economista da Heritage Foundation, que ainda precisará da aprovação do Senado para assumir o cargo.
Indicadores detalhados
- Criação de empregos: +22 mil (previsão era de +75 mil)
- Taxa de desemprego: 4,3% (alta em relação ao mês anterior)
- Salário médio por hora: crescimento mensal de 0,3% e alta anual de 3,7%
O aumento no desemprego foi influenciado por mais pessoas voltando ao mercado de trabalho, mas também pelo crescimento no número de americanos que perderam o emprego de forma definitiva. O contingente de trabalhadores desempregados por mais de 27 semanas chegou ao nível mais alto em quase quatro anos.
◈ Impacto social e desigualdade
A taxa de participação da força de trabalho subiu para 62,3%, e entre trabalhadores de 25 a 54 anos atingiu o maior nível em quase um ano. No entanto, alguns grupos foram mais atingidos: o desemprego entre trabalhadores negros e hispânicos, além daqueles sem diploma do ensino médio, alcançou os maiores índices em quatro anos.
◈ Cortes em empresas e sinal de fragilidade
De acordo com a consultoria Challenger, Gray & Christmas, o número de anúncios de demissões em agosto foi o maior para o mês desde 2020. A ConocoPhillips, maior produtora independente de petróleo dos EUA, anunciou que pretende cortar até um quarto de sua força de trabalho global.
Outros indicadores, como os levantados pelo ADP Research, Revelio Labs e o Instituto de Gestão de Suprimentos (ISM), confirmam que o emprego nos setores de manufatura e serviços vem encolhendo.
O cenário reforça as preocupações sobre a resiliência da economia americana, ampliando a pressão sobre o Federal Reserve para agir de forma mais agressiva diante da fragilidade do mercado de trabalho.
Fonte: Brasil 247 com informações da Bloomberg
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