domingo, 2 de novembro de 2025

Moraes ordena preservação de provas da chacina no Rio e convoca entidades de direitos humanos ao STF


O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou neste domingo (2) a preservação e documentação integral de todas as provas relacionadas à Operação Contenção, ação policial realizada no Rio de Janeiro que deixou 121 mortos, entre eles quatro policiais.

A decisão foi tomada no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635 — conhecida como ADPF das Favelas — e atende a um pedido da Defensoria Pública da União (DPU).

Moraes ordenou que o governo do Rio garanta a conservação de todos os elementos materiais, registros periciais e respectivas cadeias de custódia, permitindo o acesso às informações pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública estadual.

Segundo o ministro, a medida segue o entendimento do plenário do STF, que determinou a obrigatoriedade da preservação de vestígios de crimes e a independência técnica das perícias em casos de mortes decorrentes de operações policiais. O governador Cláudio Castro deverá ser intimado ainda neste domingo para assegurar o cumprimento imediato da decisão.

O ministro também marcou para quarta-feira (5), às 10h, uma audiência com a presença de diversas entidades de direitos humanos e organizações da sociedade civil, como o Conselho Nacional de Direitos Humanos, a Conectas, a Justiça Global, a Educafro, a Rede da Maré, o ISER, o Movimento Negro Unificado (MNU) e o Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (IARA).

As instituições deverão indicar seus representantes até a tarde de terça-feira (4). Moraes afirmou que o encontro tem o objetivo de garantir transparência e acompanhamento independente das investigações sobre a operação, classificada pelo governo do Rio como “um sucesso” e por entidades civis como uma “chacina patrocinada pelo Estado”.

A decisão de Moraes reacende o debate sobre o cumprimento das regras impostas pelo Supremo à segurança pública fluminense. A ADPF das Favelas, apresentada em 2019 pelo PSB e julgada em 2022, estabeleceu um conjunto de diretrizes para reduzir a letalidade policial e proteger moradores de comunidades, especialmente durante operações em áreas densamente povoadas.

Entre as medidas fixadas estão o uso proporcional da força, o acompanhamento de ambulâncias em todas as operações, a instalação obrigatória de câmeras em viaturas e uniformes policiais, a comunicação imediata de mortes ao Ministério Público e a proibição de buscas domiciliares noturnas, salvo em flagrante delito.

Entidades de direitos humanos apontam que o governo estadual vem descumprindo sistematicamente as decisões do Supremo. A operação da semana passada, classificada pelo governador Cláudio Castro como “um sucesso” e “um duro golpe contra o crime”, foi uma catástrofe humanitária.

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que a União não foi avisada previamente e que não houve pedido de cooperação por parte do governo estadual. Já a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, disse que o episódio representa “o triunfo da barbárie sobre a inteligência”.

Fonte: DCM

"Combate ao tráfico de drogas é restrito aos territórios periféricos", afirma Renato Freitas

Deputado aponta que operações militares atingem apenas periferias e que verdadeiros donos do tráfico permanecem impunes

"Combate ao tráfico de drogas é restrito aos territórios periféricos", afirma Renato Freitas (Foto: Divulgação)

O deputado estadual Renato Freitas (PT-PR) usou a sua página nas redes sociais para criticar a seletividade das operações policiais e a concentração de poder econômico e político dos grandes traficantes. As declarações foram feitas em vídeo publicado no X.

Segundo Freitas, o problema do combate ao crime não está nos territórios periféricos, mas na concentração de riqueza e influência política de quem realmente lucra com o tráfico. "Navio não sobe o morro, aeroporto no morro não tem, e mesmo assim o combate ao tráfico de drogas é restrito aos territórios periféricos", afirmou o parlamentar.

Ele questiona ainda a distribuição da riqueza envolvida no comércio ilegal: "Se o negócio é bilionário, em que banco estão esses bilhões? Quem são os donos dos aviões e táxis aéreos? Os portos e aeroportos são controlados por quem? As empresas de importação e exportação estão sob controle de quem? Eu não caio em conto de fardas".

Freitas aponta que as operações policiais frequentemente atingem apenas os trabalhadores periféricos envolvidos no tráfico, enquanto os grandes operadores permanecem impunes: "Sei que no morro tem muita gente envolvida no tráfico, todos sabemos. Mas também sei que os verdadeiros traficantes são os que pagam os políticos e demais autoridades para não serem investigados ou punidos".

O deputado citou episódios recentes que reforçam essa seletividade. Um deles envolve o helicóptero dos Perrella, aliados de Aécio Neves, encontrado com meia tonelada de pasta base de cocaína. "Quem foi preso nesse episódio? Pra você ver, qual o combate ao tráfico", questionou Freitas.

Ele ainda criticou o caráter militarizado das operações e a letalidade desproporcional quando o alvo é periférico: "A maior apreensão de fuzis, inclusive do Rio de Janeiro, não foi do Bolsonaro. Mas por que quando há operação na Faria Lima, como teve em São Paulo, não tem letalidade?", indaga.

Para Freitas, o modelo atual é injusto e direcionado contra os mais pobres: "Estranho se alguém entrasse dentro do mercado Pão de Açúcar e falasse que a partir daquele momento seria proibida a existência do mercado, que seriam presos ou mortos. Depois, a operadora de caixa, depois o repositor, mas nunca o gerente, muito menos o dono".

Ele defende um combate mais estratégico e baseado em inteligência, ciência e investigação: "Por isso, se eles quisessem de fato acabar com o tráfico de drogas, eles teriam uma política de investigação, polícia de inteligência, não tão militarizada, pronta para guerra, para matar ou morrer, mas uma polícia que utilizasse a tecnologia, a estratégia, a ciência a seu favor e conseguisse desbaratar pelos peixes grandes".

Segundo Freitas, o problema estrutural do combate ao tráfico reside na conivência de quem lucra com o negócio: "Não vai acabar com o tráfico, até porque muitos dos que dão as cartas do jogo ganham dinheiro com o tráfico". A fala reforça a percepção de desigualdade e seletividade no enfrentamento à criminalidade no país, colocando em evidência a necessidade de políticas mais inteligentes e eficazes, que atinjam os verdadeiros operadores do mercado ilegal.
Fonte: Brasil 247

Gilmar reage à chacina do Rio: “favelas não podem ser campo de guerra”

Ministro do STF defende equilíbrio entre combate ao crime e proteção de vidas, destacando falhas estruturais na política de segurança do Rio

       Gilmar reage à chacina do Rio: “favelas não podem ser campo de guerra” (Foto: Reprodução)

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, usou a sua página nas redes sociais para comentar a chacina que deixou dezenas de mortos nos complexos do Alemão e da Penha, ressaltando que “favelas não podem ser campo de guerra”.

Para ele, o debate sobre segurança pública no Brasil é urgente e precisa conciliar o enfrentamento das facções criminosas com a redução da letalidade das ações policiais.

Segundo Gilmar, esse equilíbrio depende do reconhecimento da importância da atuação das forças de segurança, baseada em inteligência investigativa e na competência técnica dos agentes. Ao mesmo tempo, exige a criação de protocolos claros de prevenção e responsabilização por abusos, com fiscalização efetiva das instituições de controle.

O ministro enfatiza que ao julgar a ADPF das Favelas, o STF não proibiu operações policiais, mas estabeleceu parâmetros para que sejam planejadas, proporcionais e transparentes, com o objetivo de proteger a vida de civis e agentes públicos. “O Tribunal determinou medidas concretas, como instalação de câmeras em viaturas e uniformes, presença de ambulâncias em operações de alto risco, restrição de ações próximas a escolas e hospitais, preservação das cenas de crime e divulgação de dados sobre letalidade”, destacou o ministro.

Em abril de 2025, o Supremo foi além e exigiu que o Estado do Rio apresentasse um plano de reocupação das áreas dominadas por facções e milícias, garantindo a presença permanente de serviços públicos, como educação, saúde, moradia e assistência social. A medida visa restituir às comunidades segurança e dignidade, historicamente negadas pelo abandono estatal.

Gilmar Mendes alerta que, enquanto essas políticas não forem implementadas de forma estruturada, as operações pontuais continuarão produzindo resultados parciais e insustentáveis. “É urgente uma política de segurança que enfrente o crime sem transformar as favelas em campos de guerra, garantindo às populações locais o direito elementar de viver sem medo”, concluiu o ministro.
Fonte: Brasil 247

"Se tiro, porrada e bomba resolvessem, o Rio seria uma maravilha”, diz ex-ministro

Carlos Minc desmonta versão de Cláudio Castro sobre operação policial no Rio

         "Se tiro, porrada e bomba resolvessem, o Rio seria uma maravilha”, diz ex-ministro (Foto: ABR)

O deputado estadual Carlos Minc (PSB) fez duras críticas ao governador Cláudio Castro durante entrevista ao programa Boa Noite 247, exibido pela TV 247. Minc afirmou que o governo fluminense perdeu o controle da segurança pública e denunciou “duas grandes mentiras” ditas pelo governador sobre a recente operação que resultou em dezenas de mortes no Rio de Janeiro.

Segundo o parlamentar, a tragédia representa “um desastre de grandes dimensões” e “mostra um descontrole total do governador”. Ele destacou a contradição entre o discurso e a prática do governo: “Eles estão no poder há três anos dizendo que segurança é o mais importante de tudo, mas não reconquistam território, não asfixiam o tráfico e não combatem a corrupção policial. Agora, temos a maior mortandade da história do Rio.”

Na entrevista, Minc lembrou ter sido o autor de uma lei aprovada há alguns anos que define uma operação policial bem-sucedida como aquela que “mata menos, morre menos e apreende mais armas e prende mais criminosos”. “Essa operação foi exatamente o contrário do que a lei diz”, criticou.

O deputado apontou duas inverdades nas declarações de Cláudio Castro. “A primeira é que ele teria pedido apoio do governo federal e que esse pedido foi negado. Isso foi amplamente desmentido. Ele mesmo teve que ligar para o Planalto e dizer que foi mal compreendido”, afirmou. “A segunda mentira é sobre a ADPF das favelas. Durante os dois anos em que a decisão esteve em vigor, houve mais de 2.100 operações. Ou seja, eles operaram, mas operaram mal.”

Minc defendeu que a retomada de territórios não pode ser feita apenas pela polícia: “A reconquista do território não é só da polícia. Tem que chegar junto a cultura, o esporte, o lazer, os estágios, o saneamento, a saúde. Senão, não tem reconquista.”

Durante a entrevista, o ex-ministro do Meio Ambiente lembrou programas sociais que coordenou quando era secretário estadual, como as Fábricas Verdes e o Ecomoda, criados para levar emprego e capacitação a comunidades como o Complexo do Alemão e a Rocinha. “Naquela época, entrávamos nas favelas com projetos sociais e ambientais. Hoje, o que se vê é só tiro, porrada e bomba”, lamentou.

Minc também denunciou o abandono de políticas públicas de prevenção e inteligência: “O governo não coloca um tostão no Disque-Denúncia há cinco anos, o programa de proteção a testemunhas está parado e a perícia do Rio é a única do Brasil que não é autônoma nem comandada por um perito.”

O parlamentar criticou ainda o clima de celebração da violência nas redes sociais. “Deputados bolsonaristas comemoram dizendo ‘62 CPFs cancelados’. É inacreditável. Eles têm orgasmos de alegria com a morte”, afirmou.

Minc concluiu dizendo que a estratégia de confronto permanente fracassou: “Se tiro, porrada e bomba resolvessem, o Rio de Janeiro seria uma maravilha. Mas o que temos é um inferno, com tráfico e milícias controlando 45% do território do município.”

As declarações de Minc escancaram a crise da segurança pública fluminense e ampliam a pressão sobre o governo Castro, já criticado por falta de planejamento e transparência nas ações policiais. Assista:

 

Fonte: Brasil 247

Datafolha: 68% dos moradores do Rio desconhecem a ADPF das Favelas

O governador Cláudio Castro (PL) – Reprodução

Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (1º) mostra que 68% da população da cidade do Rio de Janeiro e da região metropolitana desconhecem a ADPF das Favelas, ação apresentada ao STF em 2019. O tema voltou ao debate após a Operação Contenção, considerada a mais letal do país. O índice de apoio à ADPF ficou em 41%, enquanto 43% se disseram contrários, 13% não souberam responder e 3% se declararam indiferentes.

O levantamento ouviu 626 pessoas com 16 anos ou mais por telefone, nos dias 30 e 31 de outubro, com margem de erro de quatro pontos percentuais. Na capital, 63% nunca ouviram falar da ADPF, e no Grande Rio o percentual chega a 73%. Entre quem considerou a operação mal executada, o apoio à ação judicial alcança 78%.

Os dados mostram divisão entre eleitores de 2022: entre apoiadores de Jair Bolsonaro, 64% são contrários à ADPF, enquanto entre eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 66% são favoráveis. Moradores de comunidades da capital e da região metropolitana demonstraram 50% de apoio, enquanto entre quem vive fora de favelas o índice é de 38%.

Corpos dos mortos pela “Operação Conteção” enfileirados na rua no Morro do Alemão. Reprodução
A ADPF passou a impor regras sobre operações em áreas sensíveis desde 2020, restringindo o uso de helicópteros e ações próximas a escolas, creches e hospitais. Em abril deste ano, o STF flexibilizou parte das normas, mas manteve exigências como produção de autópsias com laudos em até dez dias, acionamento do Ministério Público e preservação do local para perícia.

A pesquisa aponta que 57% dos moradores do Rio consideraram a operação um sucesso. A aprovação do governador Cláudio Castro (PL) chegou a 40%, maior índice desde o início do mandato. Na segurança pública, 37% avaliam positivamente o trabalho do governo, percentual semelhante ao dos que consideram a atuação ruim ou péssima.

A presença de militares em ações de segurança registrou apoio de 76% dos entrevistados, e 72% concordam que as Forças Armadas deveriam ter participado da operação realizada na última terça-feira (28). Após a ação, Castro classificou a ADPF como “maldita” e atribuiu a ela dificuldades logísticas e crescimento de barricadas em comunidades do Rio.

Fonte: DCM

Risco de temporada da Papuda apavora o entorno de Bolsonaro; saiba mais


        O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – Reprodução

Aliados próximos de Jair Bolsonaro reagiram com apreensão após a circulação de rumores, nesta semana, de que o Supremo Tribunal Federal pode determinar que o ex-presidente cumpra 15 dias de prisão na Papuda antes de seguir para um período em regime domiciliar. Com informações do blog de Lauro Jardim no jornal O Globo.

O temor tomou força após a condenação de 27 anos por envolvimento na tentativa de golpe de Estado, relacionada aos ataques de janeiro de 2023. A versão se espalhou rapidamente entre parlamentares e assessores.

O clima de incerteza se intensificou com a avaliação de que novos desdobramentos judiciais podem ocorrer a qualquer momento. A condenação inclui acusações de organização e incentivo a atos antidemocráticos, com impacto direto sobre sua atuação política. Interlocutores afirmam que o avanço dos autos dificulta estratégias de defesa e amplia o risco de execução de penas restritivas de liberdade.

Ao mesmo tempo, relatos que circulam em Brasília apontam que Bolsonaro estaria mais recluso e enfrentando possível quadro de depressão. Pessoas próximas dizem que o ex-presidente tem evitado compromissos e reduzido interações políticas. Não há confirmação médica pública sobre o caso, e a família mantém silêncio sobre a condição emocional do ex-mandatário.

Rota para o Complexo Penitenciário da Papuda, no DF – Reprodução
A repercussão dos rumores mobilizou grupos de apoio nas redes sociais, que buscam organizar manifestações preventivas. Deputados da base bolsonarista afirmam acompanhar de perto movimentações judiciais e aguardam eventuais despachos. Para aliados, qualquer detenção, ainda que temporária, pode provocar desgaste interno e reduzir influência sobre alas radicais.

Nos bastidores do Congresso, partidos do Centrão avaliam que o cenário de prisão pressiona negociações e impacta cálculos eleitorais. Líderes partidários observam que a condenação por golpe de Estado reduz espaço para articulação política e pode fragmentar o movimento bolsonarista. Enquanto isso, a defesa afirma que pretende recorrer e aguarda prazos judiciais para próximos passos.

Fonte: DCM com informações do jornal O Globo

VÍDEO – As quatro propostas de Pimenta para o combate ao crime organizado


      O deputado federal Paulo Pimenta (PT) -Reprodução

O deputado federal Paulo Pimenta (PT) divulgou neste domingo (2) um vídeo com quatro propostas para fortalecer o combate ao crime organizado no Brasil, em meio ao debate provocado pela megaoperação policial no Rio de Janeiro, que deixou mais de cem mortos. A primeira iniciativa prevê a recuperação de territórios dominados por facções, com presença contínua do Estado e oferta de educação, saúde, emprego e outros serviços públicos.

A segunda proposta trata da reformulação do sistema penitenciário. Segundo Pimenta, as facções se consolidaram nas prisões, onde muitos detentos acabam dependendo dessas organizações para sobreviver. O parlamentar defende a separação entre presos provisórios e condenados, ampliação de vagas, desconcentração de lideranças e fortalecimento da polícia penal, citando presídios federais como modelo.

Como terceira medida, ele sugere ampliar a fiscalização sobre fintechs e instituições financeiras digitais para bloquear a lavagem de dinheiro. O deputado cita investigações recentes e afirma que a falta de controle facilitou a circulação de recursos ilícitos. Iniciativas anteriores nessa área, segundo ele, enfrentaram resistência pública e de parlamentares da direita.

A quarta proposta mira o controle da venda de armas e munições. Pimenta afirma que mudanças feitas no governo Jair Bolsonaro permitiram a comercialização de armamento de grosso calibre para civis, enfraqueceram o rastreamento de munições e facilitaram o acesso de facções a armamentos de alto poder de fogo por meio de lojas e clubes de tiro.

Além dos quatro pontos, o petista defende a valorização de profissionais da segurança. Ele critica mudanças previdenciárias de 2019 e diz que policiais civis, federais, rodoviários federais e agentes socioeducativos perderam integralidade e paridade, com impacto direto em famílias de servidores mortos em serviço.

Por fim, Pimenta afirma que o governo federal já discute iniciativas estruturais sobre o tema. Ações coordenadas entre Estados, integração policial e políticas públicas articuladas, afirma, podem ampliar a capacidade estatal de enfrentamento ao crime organizado.

Fonte: DCM

Sakamoto: Maioria é a favor das mortes no Rio, mas também é contra anistia a golpista

 

Policiais civis avançam por viela nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Foto: Jose Lucena/TheNewsS2/Estadão Conteúdo

Por Leonardo Sakamoto

Após o Boeing derrubado pelo governo do Rio nos Complexos do Alemão e da Penha na semana que passou, matando 121 pessoas, institutos de pesquisa foram a campo para tomar o pulso dos vivos em relação à operação policial. Quem vive em Nárnia ficou surpreso com o apoio a ações violentas, mas o restante sabe que, em uma sociedade em que o Estado falha em garantir segurança, corpos sempre produziram votos. O preocupante é que os que governam o estado são os que mais sabem disso.

A extrema direita, aliás, celebrou que, segundo o Datafolha, 57% dos moradores do Rio viram a ação como um sucesso e outros 39%, como um fracasso — margem de erro de quatro pontos. A Genial/Quaest também fez a mesma pergunta, chegando a números semelhantes: 58% dos fluminenses apontam sucesso e 32%, fracasso — neste caso, margem de três pontos.

Com pesquisas embaixo do braço, a extrema direita brada que a minoria deveria aceitar calada a posição da maioria, o que é puro oportunismo. Porque, quando ela é minoria, ignora as pesquisas, chamando-as de mentirosas.

O Datafolha também questionou se a população chancela a afirmação “bandido bom é bandido morto”. Os que concordam totalmente ou em parte somam 51% e os que discordam totalmente ou em parte, 45%. Com quatro pontos de margem, poderíamos alegar um empate técnico, mas seria forçar a amizade. Historicamente sabemos que a maioria tende a concordar com a frase.

Contudo, o dado surpreendente não são os 57% ou 58% que veem a operação como um sucesso e os 51% que abraçam essa declaração, mas os 39% e 32% que viram fracasso e os 45% que discordam da afirmação. Apesar de toda violência, respiram fundo, racionalizam e ainda são capazes de não se deixar levar por soluções populistas e superficiais (que não consideram as causas, mas atacam apenas as consequências), pela vingança pura e simples, pela histeria coletiva do discurso do medo e pelo olho por olho, dente por dente.

A vocês, meus parabéns. Pois não é simples viver em uma sociedade em que pessoas temem ser agredidas por bandidos, mas também pelo próprio governo.

Corpos de vítima do massacre policial no Rio de Janeiro enfileirados. Reprodução
E se os números estiverem corretos, os índices de 39%, 32% e 45% mostram que não é todo o Rio que pensa que matar é a solução. Esse montante é mais do que suficiente para manter um debate público construtivo, buscando alternativas que não abram o alçapão que fica no fundo do poço.

Se você chegou até aqui no texto, bufando, saiba que não estou defendendo bandido, mas que o Estado comporte-se para não atuar como bandido. A polícia, um dos braços armados do Estado, deve seguir as leis e não usar os mesmos métodos de criminosos sob a pena de gerar filhotes monstruosos. Como as milícias brotadas no seio da polícia e que mantém o poder político e econômico em comunidades. Ou matando inocentes no meio de operações.

Tampouco o Estado deveria expor a vida de policiais como fez nesta semana, quando quatro deles, quatro trabalhadores, morreram em meio ao caos. Eles carregam nas costas uma profissão precarizada, sem apoio estrutural, pouco remunerada, jogados para matar e morrer sem se beneficiarem de um trabalho prévio de inteligência, que minimize os riscos que eles correm. Enquanto isso, muitos daqueles que os mandam para a guerra, não se importa se eles voltam para suas famílias.

Parte da população, cansada da violência, apoia desvios de Justiça por parte do Estado. O problema é que o impacto desse apoio se faz sentir no dia a dia do país nas periferias das grandes cidades, em que o Estado aterroriza jovens negros e pobres com a anuência velada de uma parcela de brancos ricos, ou na zona rural, com chacinas policiais cometidas contra quem questiona os interesses de produtores rurais.

A justificativa que damos para nós é a mesma usada nos anos da última ditadura: estamos em guerra contra aqueles que querem destruir nosso modo de vida. Ninguém explicou, contudo que essa guerra atropela os valores que nos fazem humanos e que, a cada batalha, vamos deixando um pouco para trás. Quando, sob a justificativa de erradicarmos um crime, limamos liberdades individuais e garantias de direitos fundamentais, estamos cavando nossa própria sepultura como sociedade.

Sim, a erosão da democracia pode vir através de um golpe rápido ou a conta gotas.

Novamente para quem está com o Tico e o Teco desligado neste domingo: não defendo o crime, muito menos bandidos e quero o Comando Vermelho desarticulado, denunciado, julgado, punido e preso. Defendo o pacto que os membros da sociedade fizeram entre si para poderem conviver (minimamente) em harmonia. Em suma, não entregamos para o Estado o poder de usar a violência como último recurso a fim de proteger os cidadãos para que ele a use como padrão de solução de todos os conflitos, matando inclusive cidadãos inocentes.

Por fim, vale a pena lembrar que uma democracia verdadeira passa pelo respeito à vontade da maioria, desde que garantindo a dignidade das minorias. Até porque, como sabemos, a maioria pode ser avassaladoramente violenta. Se não forem garantidos os direitos fundamentais das minorias (e quando digo “minoria”, não estou falando de uma questão numérica mas, sim, do nível de direitos efetivados, o que faz das mulheres uma minoria no país), estaremos apenas criando mais uma ditadura.

Ninguém esculacha morador de bairro rico, apesar de ser lá onde moram quem realmente lucra com o crime organizado.

A redução da violência passa pela ação policial nos territórios, claro, mas antes é necessário reduzir a capacidade bélica dos criminosos com ações de inteligência, estrangulando a conta bancária dos meliantes, cortando bens, grana e fluxo de drogas e de armas. Mas também com uma presença maioria do Estado, que precisa entrar na comunidade não apenas para atirar, mas para levar saúde e educação de qualidade, além de bons empregos aos jovens, cultura, lazer.

“Ah, mas a maioria quer isso, japonês. Você deveria calar sua boca.”

Oportunismo e cinismo em estado mais puro. O mesmo instituto Datafolha aponta que 54% da população são contra uma anistia por parte do Congresso para livrar Jair Bolsonaro de ser preso por tentar um golpe de Estado, enquanto 39% afirmam ser favoráveis à iniciativa. Já a Genial/Quaest aponta que 47% dos entrevistados são contra qualquer tipo de anistia, enquanto 35% a defendem.

Mas não vemos a extrema direita andar com essas pesquisas embaixo do braço. Ou assumir que tanto a execução sumária sem julgamento quanto a dissolução violenta do Estado democrático de direito são crimes em nosso ordenamento jurídico. Muito menos se lembrar que golpistas são criminosos extremamente perigosos, porque tentaram mobilizar militares para assassinar a democracia, ao defender em momentos como este que “bandido bom é bandido morto”.

Quem dera todos tivessem o mesmo direito de ter o seu dia no tribunal, como foi com o julgamento dos condenados pelos atos golpistas, sem ser morto ou preso sem acusação.

Publicado originalmente no Uol

Desesperados, filhos de Bolsonaro usam Segurança Pública para atacar a gestão Lula


        Flávio, Jair e Eduardo Bolsonaro – Reprodução

Desde terça-feira (29), após a megaoperação no Rio de Janeiro que resultou em pelo menos 121 mortos, os filhos de Jair Bolsonaro (PL) passaram a concentrar postagens sobre o tema da segurança pública. Eles interromperam temporariamente a praticamente fracassada campanha por anistia ao ex-presidente e direcionaram críticas ao governo Lula (PT), mencionando facções criminosas como o Comando Vermelho. As publicações apontam falhas no combate ao crime organizado.

O senador Flávio Bolsonaro, candidato à reeleição em 2026, realizou aproximadamente 50 postagens em quatro dias. Ele destacou elogios ao governador Cláudio Castro (PL) e ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Flávio também citou temas relacionados a policiamento e ações militares em comunidades do Rio, apresentando comparações com governos anteriores em suas redes sociais.


Presidente da Comissão de Segurança Pública do Senado, Flávio integra a CPI do Crime Organizado como membro titular ao lado do senador Sérgio Moro. Eduardo Bolsonaro (PL), que vinha comentando divergências entre Lula e Donald Trump, passou a abordar o tema da segurança no país. Carlos Bolsonaro também realizou postagens, mas em menor escala. Jair Renan (PL) não comentou o assunto.

A megaoperação realizada no Rio de Janeiro começou na terça-feira (29) e teve como foco o combate a facções criminosas que atuam em áreas dominadas pelo tráfico. A ação mobilizou policiais civis, militares e forças especiais, com incursões simultâneas em regiões de difícil acesso. O objetivo declarado era interromper rotas de armamentos, prender lideranças locais e apreender armas de alto calibre usadas em confrontos frequentes.


As ações ocorreram principalmente em complexos de favelas, onde agentes enfrentaram forte resistência armada. Durante os confrontos, helicópteros e blindados foram deslocados para apoio, e equipes de solo avançaram em áreas de mata e becos estreitos. Moradores relataram interrupções em serviços, fechamento de escolas e suspensão de atividades comerciais devido ao intenso tiroteio.

Ao menos 121 pessoas morreram, segundo balanços divulgados por autoridades locais ao longo da semana. Entre os mortos, a maior parte é apontada como integrante de organizações criminosas, segundo a polícia. O número elevado reacendeu discussões sobre operações de alto impacto, métodos de atuação e consequências para comunidades afetadas.

Fonte: DCM

Mulheres ganham 21% menos que homens mesmo com avanço no mercado

Relatório do Ministério do Trabalho mostra que mulheres negras ganham até 53% menos que homens brancos, apesar de avanços pontuais

Mulheres ganham 21% menos que homens mesmo com avanço no mercado (Foto: José Paulo Lacerda/CNI)

As mulheres continuam recebendo, em média, 21,2% menos que os homens nas 54 mil empresas brasileiras com cem ou mais funcionários. Os dados fazem parte do 4º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com base na Lei da Igualdade Salarial, sancionada em 2023.

Segundo o levantamento, publicado pela Folha de S.Paulo, a remuneração média feminina é de R$ 3.908,76, enquanto os homens recebem R$ 4.958,43. A desigualdade é ainda mais acentuada quando se consideram cor e raça: mulheres negras (pretas e pardas) ganham, em média, 53,3% menos que homens brancos. A diferença equivale a uma renda de R$ 2.986,50 contra R$ 6.391,94.

O estudo analisou 19,4 milhões de vínculos trabalhistas, sendo 41,1% de mulheres e 58,9% de homens, a partir dos dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) enviados pelas empresas entre o segundo semestre de 2024 e o primeiro de 2025.

Apesar do aumento de 11% no número de mulheres contratadas, que passou de 7,2 milhões para 8 milhões, a diferença salarial entre os gêneros permanece praticamente estagnada desde o início da divulgação do relatório, há dois anos. “O avanço ainda é tímido”, afirma Paula Montagner, subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho do MTE.

Segundo Montagner, o relatório não tem caráter punitivo, mas funciona como um instrumento de diagnóstico. “Ele mostra que há algo a ser corrigido dentro da empresa”, explica. Quando são identificadas diferenças salariais entre homens e mulheres na mesma função, as companhias são obrigadas a preencher um questionário adicional para justificar os motivos.

Entre os principais fatores apontados pelas empresas para justificar desigualdades estão o tempo de experiência (78,7%), metas de produção (64,9%) e planos de cargos e salários (56,4%).

◈ Mais mulheres contratadas, mas com salários menores

O aumento da presença feminina no mercado de trabalho, sobretudo em cargos de entrada, ajuda a explicar a persistência da disparidade. “O ingresso de mais mulheres é positivo, mas como muitas entram com salários mais baixos, isso pesa na massa salarial final”, avalia Paula Montagner.

Ela destaca que a redução da desigualdade depende também de mudanças culturais dentro das empresas. “Hoje, gestores já convidam mulheres para cargos de liderança, e elas têm respondido positivamente. São mais assertivas e buscam qualificação”, afirma.

Mesmo com avanços discretos, há sinais de melhora. De 2023 a 2025, cresceu 21,1% o número de empresas com ao menos 10% de mulheres negras em seus quadros, subindo de 29 mil para 35 mil. Também aumentou em 6,4% o número de companhias com diferença salarial de até 5% entre homens e mulheres, chegando a 17,8 mil.

Em diversas ocupações, o rendimento feminino apresentou leve aumento: 1,5% em serviços administrativos, 2,1% em atividades operacionais, 2,7% em cargos de direção e gerência e 3,5% entre profissionais com nível superior.

◈ Disparidades regionais e políticas públicas

Os estados com maior desigualdade salarial são Paraná (28,5%), Rio de Janeiro (28,5%), Santa Catarina (27,9%), Mato Grosso (27,9%) e Espírito Santo (26,9%). Já as menores diferenças aparecem no Piauí (7,2%), Amapá (8,9%), Acre (9,1%), Ceará (9,9%), Pernambuco (10,4%) e Distrito Federal (9,3%).

Para a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, a simples inserção feminina no mercado de trabalho não é suficiente. “É inaceitável que mulheres negras recebam metade do rendimento de homens não negros. Temos como compromisso intensificar medidas que resolvam essas distorções”, afirmou.

Márcia defende políticas estruturais que enfrentem as desigualdades de gênero, como a ampliação da licença-paternidade, o auxílio-creche e a redistribuição do trabalho doméstico, que ainda recai majoritariamente sobre as mulheres.

A Lei da Igualdade Salarial, sancionada em 3 de julho de 2023, determina que empresas com cem ou mais empregados adotem medidas para assegurar a igualdade de remuneração entre homens e mulheres e publiquem relatórios semestrais de transparência. A norma também estimula práticas de conciliação entre vida profissional e familiar, como licença parental estendida (presente em 44% das empresas) e auxílio-creche (oferecido por 21,9%).

Fonte: Brasil 247

Brasil busca solução rápida para “tarifaço”, mas EUA ainda travam negociações

Governo quer resolver impasse tarifário com os EUA em até 15 dias, mas risco de Trump usar pressões e chantagens é grande

Bandeiras do Brasil e dos Estados Unidos (Foto: Reuters/Evelyn Hockstein)

O governo brasileiro tenta acelerar uma solução diplomática para o chamado “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos. A expectativa do Planalto é que uma reunião com representantes da Casa Branca aconteça em até 15 dias, em Washington, com o objetivo de discutir a retirada das sobretaxas de até 40% sobre produtos brasileiros.

Segundo o G1, devem participar do encontro o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Apesar do otimismo moderado, fontes do governo reconhecem que a ausência de clareza sobre as exigências norte-americanas gera preocupação e levanta o alerta para possíveis pressões do presidente Donald Trump, que pode tentar transformar a negociação em uma demonstração de força.

No Planalto, há receio de que o presidente dos Estados Unidos utilize o impasse tarifário para impor chantagens diplomáticas e cobrar concessões que extrapolem o campo comercial, especialmente em temas sensíveis como meio ambiente, tecnologia e geopolítica regional. Diplomatas avaliam que Trump pode tentar “vender” internamente um eventual acordo como uma vitória pessoal, o que limitaria a margem de manobra brasileira.“Se Trump se reúne com Lula e não menciona os termos da carta de julho, significa que esses tópicos estão fora da mesa da conversa”, disse uma fonte ouvida pelo G1, referindo-se às tentativas anteriores da Casa Branca de vincular a pauta tarifária a temas políticos. Mesmo assim, no Itamaraty, cresce o entendimento de que o presidente norte-americano pode recorrer a táticas de pressão para obter vantagens nas negociações.

◈ Brics e Venezuela seguem fora da pauta

O governo brasileiro descarta, por ora, a inclusão de temas como a participação do Brasil no Brics ou o comércio de terras raras na rodada de conversas. No entanto, diplomatas admitem que a Venezuela pode voltar a ser citada por Washington como forma de barganha, embora o assunto não deva ocupar posição central no encontro. “É um tema muito preocupante e traz consequências complicadas para a região, portanto não descartamos que volte a ser ventilado”, afirmou outra fonte do governo.

◈ Estratégia do Planalto busca preservar soberania e equilíbrio

A equipe econômica e diplomática brasileira tenta montar uma estratégia de negociação que evite concessões assimétricas, preservando a autonomia política do país e, ao mesmo tempo, garantindo uma saída rápida para o impasse comercial. Embora ainda não haja data confirmada para o encontro entre os negociadores, o governo teme que a cúpula do clima em Belém atrase a viagem da comitiva brasileira a Washington. Mesmo assim, o Ministério das Relações Exteriores segue empenhado em construir um entendimento que combine pragmatismo comercial e resistência a possíveis manobras de pressão política.

◈ Expectativas e riscos

A depender da postura americana, o Brasil pode enfrentar um dilema entre aceitar condições que favoreçam Washington ou prolongar o impasse, com impactos econômicos imediatos. Para diplomatas experientes, o risco de chantagem política não pode ser descartado, e o governo brasileiro precisa “negociar com firmeza, sem perder a independência”.

O resultado das conversas será decisivo para o comércio exterior e para a imagem do Brasil como ator relevante e soberano no cenário internacional. O desfecho também servirá como termômetro das relações entre o governo Lula e o presidente Donald Trump.

Fonte: Brasil 247 com informações do G1