Brasil se coloca contra uso da força dos EUA na Venezuela, afirmou o embaixador em entrevista à TV 247. Assista
O assessor-chefe da Assessoria Especial do Presidente da República para Assuntos Internacionais, Celso Amorim (Foto: Roque de Sá/Ag. Senado)
O assessor-chefe da Assessoria Especial do Presidente da República para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, detalhou, em entrevista à TV 247, a posição diplomática do Itamaraty diante da pressão exercida pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a Venezuela, bem como das ofensivas militares de Washington no mar do Caribe
Amorim explicou que Brasília mantém relações com Caracas, embora a nível reduzido, em razão das controvérsias em torno do último pleito presidencial venezuelano.
"Mantemos uma relação, é óbvio, com Caracas. Não quero usar a palavra reconhecer, porque não nos cabe reconhecer ou deixar de reconhecer [a vitória do presidente venezuelano, Nicolás Maduro]. Não achamos que correu bem, não tanto a eleição, quanto a apuração, então não nos pronunciamos a esse respeito. Mantivemos a relação, temos uma embaixadora lá, mas não tinha mais havido contato de nível alto, presidencial", disse Amorim.
Amorim detalhou o telefonema recente entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. "O telefonema foi para mostrar que o Brasil se preocupa com a América do Sul e a possibilidade totalmente indesejável e repudiável de uso da força e, digamos, sem que necessariamente essas palavras tenham sido ditas, que o Brasil estaria disposto a ajudar se houver disposição", afirmou.
Ao abordar a possibilidade de mediação, Amorim ressaltou que o diálogo depende de vontade política das partes envolvidas. "Sem vontade política, não há técnica de mediação. Tem que haver dos dois lados, e as declarações de Trump não são animadoras", frisou.
Amorim foi enfático ao criticar as ações militares dos Estados Unidos na região costeira da Venezuela e afirmou que é preocupante que a situação tenha evoluído a esse nível de tensão.
"São dois países com níveis de poderes muito diferentes e então essas coisas acontecem, não se justificam, e é importante que o Brasil mantenha uma posição de diálogo, porque vimos situações, como na Coreia do Norte, de pressão, às vezes elevada ao máximo, o que é lamentável, para se negociar em termos mais vantajosos... vamos ver se é por aí", disse.
Na entrevista, Amorim também negou a existência de um suposto acordo entre os presidentes Lula e Trump em torno da situação na Venezuela. Amorim ainda classificou a interceptação de navios venezuelanos por forças dos EUA como ilegal, destacando que "não há evidências de que esses navios estariam transportando drogas".
Desde o início de setembro, o governo Trump autorizou uma série de ataques contra embarcações supostamente envolvidas no tráfico de drogas na costa da Venezuela. O governo venezuelano classificou essas ações como uma provocação destinada a desestabilizar a região e uma violação dos acordos internacionais sobre o status desmilitarizado e livre de armas nucleares do Caribe.
Em novembro, Trump afirmou acreditar que os dias de Maduro como chefe de Estado estavam contados, ao mesmo tempo em que garantiu que Washington não tinha planos de entrar em guerra com Caracas.
As tensões aumentaram ainda mais quando o presidente dos EUA anunciou, em 10 de dezembro, a apreensão de um navio-tanque na costa venezuelana. A Procuradoria Geral dos EUA afirmou que a embarcação era suspeita de transportar petróleo sancionado da Venezuela e do Irã. Assista à entrevista na íntegra:
Fonte: Brasil 247
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