Governo argentino classifica facções como terroristas e decreta “alerta máximo” em reação à megaoperação no Rio que deixou 121 mortos
Argentina envia tropas do Exército à fronteira com o Brasil em ação contra o Comando Vermelho (Foto: Fernando Araújo/IBGE)
O governo da Argentina decretou alerta máximo nos postos de fronteira com o Brasil e ordenou o envio do Exército para reforçar a segurança na região. A decisão, segundo a RFI, foi tomada após a Operação Contenção, realizada pelas forças de segurança do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho no Rio de Janeiro. A megaoperação, que envolveu 2,5 mil policiais, deixou 121 pessoas mortas, quatro delas agentes das forças de segurança.
Durante entrevista na Casa Rosada, a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, afirmou que a medida busca impedir a entrada de criminosos que possam tentar cruzar o território argentino. “Vou emitir o alerta máximo nas fronteiras para que não haja nenhuma travessia ao território argentino por parte daqueles que, evidentemente, estejam se deslocando do centro do conflito no Rio de Janeiro”, declarou.
☆ Inspeções reforçadas e cooperação com países vizinhos
Segundo Bullrich, o alerta implica inspeções rigorosas de todos os brasileiros que entrarem na Argentina. “Este alerta máximo significa olhar com quatro olhos para todos os brasileiros que vierem à Argentina, vendo se têm ou não antecedentes penais, mas sem confundir os turistas com integrantes do Comando Vermelho”, destacou.
A ministra enviou ainda uma carta ao Ministério da Defesa solicitando o reforço militar na fronteira com base na chamada “teoria da debandada”, segundo a qual, quando cercados, os grupos criminosos buscam refúgio em outros países. Ela também determinou a intensificação da cooperação com forças policiais do Brasil e do Paraguai, para troca de informações e ações conjuntas.
☆ Tropas, blindados e helicópteros enviados a Misiones
O ministro da Defesa, Luis Petri, confirmou o envio de tropas à província de Misiones, na fronteira com os estados brasileiros do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. “Vamos mandar equipes de controle e de vigilância do Exército para reforçar a fronteira com o Brasil. É fundamental proteger os argentinos diante da ‘debandada’ citada pela ministra de Segurança. São narcoterroristas com poder de fogo militar, utilizando drones armados”, disse Petri em entrevista ao canal A24.
As ações militares se concentrarão principalmente na Tríplice Fronteira, entre Puerto Iguazú (Argentina), Foz do Iguaçu (Brasil) e Ciudad del Este (Paraguai). O plano inclui o envio de blindados, helicópteros, caminhões militares e unidades de ciberdefesa, além de operações aéreas e de vigilância.
☆ Facções brasileiras são declaradas organizações terroristas
A ministra Bullrich confirmou que o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital (PCC) foram oficialmente classificados como organizações terroristas na Argentina. A decisão foi tomada no início de outubro e as duas facções foram incluídas no Registro Público de Pessoas e Entidades vinculadas a Atos de Terrorismo (REPET), vinculado ao Ministério da Justiça.
“Na Argentina há 39 brasileiros presos, dos quais cinco pertencem ao Comando Vermelho e sete ou oito ao PCC. Temos um controle muito estrito sobre eles, e estão isolados para que não tenham poder algum”, afirmou Bullrich, de acordo com a reportagem. A ministra também criticou o sistema penitenciário brasileiro. “Não concordamos com a teoria de conviver com o tráfico de drogas. No Brasil há penitenciárias nas quais os juízes não podem entrar porque estão controladas pelos traficantes”.
☆ Alinhamento aos EUA
Bullrich afirmou ainda que as facções brasileiras têm ligações com o terrorismo internacional, citando a prisão, em 2023, de brasileiros recrutados pelo grupo libanês Hezbollah. “Tinham toda a estrutura interna do PCC que ajudou os terroristas. Por isso, nós declaramos essa organização como narcoterrorista”, explicou.
Em agosto, o governo argentino já havia declarado o Cartel dos Sóis, da Venezuela, como organização terrorista, alinhando-se à decisão dos Estados Unidos. No início deste mês, as facções equatorianas Los Choneros e Los Lobos também receberam a mesma classificação.
Fonte: Brasil 247 com informações da RFI
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