Relator no Senado, Alessandro Vieira deve se opor ao relatório de Guilherme Derrite na Câmara e recuperar parte da essência do projeto do governo
O Senado se prepara para analisar nesta semana o Projeto de Lei 5.582/25, conhecido como PL Antifacção, em meio a uma intensa disputa entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a oposição sobre os rumos da segurança pública no país. Segundo o Metrópoles, a votação deve ocorrer na quarta-feira (3).
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), confirmou que o texto chegará ao plenário após passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A relatoria ficará a cargo do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), ex-delegado e de perfil moderado, que deve apresentar um parecer diferente daquele aprovado na Câmara.
O projeto foi enviado pelo governo federal em 1º de novembro, como resposta à crise provocada pela chacina policial no Rio de Janeiro. A proposta original criava novas tipificações penais, aumentava penas relacionadas a facções criminosas e fortalecia medidas de sufocamento econômico dessas organizações.
Paralelamente, tramitava na Câmara uma iniciativa apoiada pela oposição que buscava equiparar facções a grupos terroristas. O texto tinha como relator o então secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PP-SP), que, após uma série de versões preliminares, ampliou o escopo do projeto e o transformou no chamado Marco Legal de Combate ao Crime Organizado.
A condução do tema gerou atrito entre o Planalto e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Embora tenha optado por dar andamento à proposta do governo, Motta manteve Derrite como relator, o que irritou setores governistas. Nas primeiras versões do texto, Derrite tentou restringir a atuação da Polícia Federal, enfraquecer mecanismos de rastreamento financeiro pelo Banco Central e pelo Fisco e inserir dispositivos que aproximavam condutas de facções da legislação antiterrorismo.
O texto aprovado na Câmara em 18 de novembro criou o tipo penal de “Domínio Social Estruturado”, endureceu penas e instituiu bancos nacional e estaduais de dados sobre organizações criminosas. O ponto de maior conflito com o governo ocorre na destinação dos bens apreendidos: quando a investigação é conduzida por órgãos estaduais, os valores vão para fundos estaduais; quando há participação da Polícia Federal, os recursos seguem para o Fundo Nacional de Segurança Pública. O Executivo afirma que essa divisão fragiliza o financiamento da PF.
No Senado, o governo tenta reverter o que considera distorções introduzidas pela Câmara e recuperar parte da proposta enviada originalmente. O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), afirmou que o diálogo com o relator é positivo e disse esperar a retomada do “bom senso” no texto final.
Alessandro Vieira, que também é relator da CPI do Crime Organizado, ainda não apresentou seu parecer. Com histórico de críticas a soluções consideradas meramente retóricas na segurança pública, o senador deverá definir nos próximos dias quais ajustes serão levados ao plenário.
Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles
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