Mensagem em grupos de WhatsApp pede abordagem sem “sarro demais”, destaque para crimes atribuídos ao ex-mandatário e evita associação ao presidente Lula
Manifestantes celebram prisão de Bolsonaro em Brasília-DF - 22/11/2025 (Foto: REUTERS/Mateus Bonomi)
Circulam em grupos de WhatsApp ligados ao PT orientações internas sobre como a militância e influenciadores devem tratar nas redes sociais a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os conteúdos destacam que o tema deve ser abordado “sem tirar sarro demais” e, principalmente, sem associar a prisão ao presidente Lula. Segundo a orientação, a comunicação deve ressaltar que se trata de uma decisão das autoridades judiciais e de “a Justiça sendo feita”, rebatendo discursos de vitimização difundidos por apoiadores do ex-mandatário.
◎ Orientações sobre tom, foco e temas a reforçar
Nas mensagens encaminhadas aos grupos, administrados por militantes e influenciadores alinhados ao PT, é solicitado que as publicações destaquem “todos os crimes” atribuídos a Bolsonaro, retomando episódios marcantes de sua atuação pública. Entre os temas citados estão:
- Conduta durante a pandemia de Covid-19
- Apoio ao tarifaço anunciado pelos Estados Unidos sobre produtos americanos
- Acusações de que manteria “relações com milicianos” no Rio de Janeiro
- Conteúdos que retomam trechos do julgamento da trama golpista
- Imagens da tornozeleira eletrônica usada por Bolsonaro, que teria sido violada com “o ferro quente”
Há também a indicação de vídeos explicativos sobre o motivo da prisão e cards que reforçam mensagens como “bandido bom é bandido preso” e “remédio para golpista é cadeia”.
A orientação central, no entanto, é explícita: evitar a produção de memes envolvendo o presidente Lula. “A mensagem orienta os integrantes do grupo a não cair na tentação de tirar sarro demais para não contribuir com a vitimização de Bolsonaro”, diz o texto compartilhado. Também enfatiza-se que “essa é uma decisão das autoridades e órgãos da justiça brasileira”.
◎ Estratégia de comunicação ampliada
O grupo de WhatsApp que reúne militantes e influenciadores foi criado em julho, como parte de uma iniciativa do PT para divulgar a campanha pela taxação dos super-ricos. Desde então, passou a ser utilizado como espaço de coordenação comunicacional em momentos considerados estratégicos — como a reação à campanha pela soberania nacional, em resposta ao atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e, mais recentemente, no debate legislativo do PL Antifacção, aprovado na semana anterior.
A diretriz de “aproveitar o momento” para relembrar episódios envolvendo Bolsonaro também está expressa nas mensagens internas. Um dos textos afirma que o ex-presidente “não é vítima”, mas “culpado por muitos crimes que marcaram a história recente do Brasil”, mencionando o número de mortes na pandemia, casos de corrupção, rachadinhas e o alegado plano para matar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.
◎ Reações de parlamentares da esquerda
A prisão de Bolsonaro também provocou manifestações de parlamentares de partidos de esquerda.
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), escreveu no X que o dia seria “um grande dia”, fazendo referência à frase usada pelo próprio Bolsonaro em 2019, após a renúncia do então deputado Jean Wyllys (PSOL).
A líder do PSOL na Câmara, Talíria Petrone (RJ), afirmou que “hoje o alarme tocou diferente” e que a notícia “iluminou a manhã”.
A postagem foi replicada pelo perfil oficial do PT.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB) declarou que a prisão “reafirma que ninguém está acima da lei” e que a democracia exige “responsabilidade, respeito às instituições e consequência para quem atentou contra elas”.
Já o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) afirmou que “ainda existem duras batalhas pela frente”, citando a necessidade de responsabilizar “os financiadores golpistas e oficiais cúmplices da tentativa de fechamento de regime”.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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