MPRJ acusa agentes por desvios e manipulação de câmeras durante megaoperação de 28 de outubro
A megaoperação realizada em 28 de outubro no Complexo do Alemão e na Penha, no Rio de Janeiro, continua gerando desdobramentos. Seis policiais militares do Batalhão de Choque foram denunciados por peculato e furto qualificado após terem suas ações registradas pelas câmeras operacionais portáteis durante a incursão.
As denúncias, apresentadas pela 1ª e 2ª Promotorias de Justiça junto à Auditoria Militar, tiveram como base imagens analisadas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e pela Corregedoria da PM. Segundo o órgão, os policiais teriam se aproveitado do cenário da operação para subtrair um fuzil, desmontar partes de um veículo e tentar manipular as câmeras corporais, informa o jornal O Globo.
● Fuzil escondido em residência no Alemão
Na primeira denúncia, os 3º sargentos Marcos Vinicius Pereira Silva Vieira e Charles William Gomes dos Santos são acusados de peculato. As câmeras corporais registraram o momento em que um fuzil semelhante a um AK-47 foi retirado de uma casa onde cerca de 25 homens já haviam se rendido.
De acordo com o MPRJ, Silva Vieira afastou-se do grupo que fazia o registro oficial do material apreendido e, em seguida, encontrou o colega Charles Santos. As imagens mostram que ambos esconderam o armamento em uma mochila, sem incluí-lo na lista de apreensões da operação. Em áudio captado pela câmera, Silva Vieira afirma: "É o quê? É ruim de eu entregar esse daqui. Esse aqui vai ficar para a gente”, segundo vídeo exibido pelo Fantástico, da TV Globo. Ele também comenta: “Ninguém tem esse AK aqui, não".
Os dois sargentos chegam a discutir como ocultar o fuzil e cogitam desmontá-lo, mas acabam desistindo pela falta de ferramentas. “Fecha de qualquer jeito. Já é, vamos sair daqui”, diz Silva Vieira, conforme o material divulgado.
● Furto de peças de caminhonete na Vila Cruzeiro
A segunda denúncia aponta que, na Vila Cruzeiro, o subtenente Marcelo Luiz do Amaral, o sargento Eduardo de Oliveira Coutinho, um policial identificado como Machado e outro agente ainda não nomeado praticaram furto qualificado ao desmancharem partes de uma caminhonete Fiat Toro.
Segundo o MPRJ, Coutinho retirou o tampão do motor, um farol e as capas dos retrovisores. Amaral e outro PM teriam atuado para facilitar a ação, inclusive tentando impedir que as câmeras corporais registrassem o crime. Já o agente identificado como Machado estava no local, mas não reagiu para evitar a subtração.
● Tentativas de manipulação das câmeras corporais
Nos dois episódios, o Ministério Público destaca que houve tentativas deliberadas de obstrução das COPs. O Termo de Análise de Vídeo aponta momentos em que os policiais tentam desligar, cobrir ou alterar o ângulo das câmeras, medida que, segundo o órgão, buscava dificultar o controle da atividade policial e comprometer a produção de provas.
● Agente do Bope também é flagrado
As denúncias apresentadas agora somam-se a outras reveladas pelo Fantástico. Em uma das gravações, um policial do Bope, sem identificação na farda, conversa com o sargento Silva Vieira antes de recolher um radiotransmissor e a capa de um colete à prova de balas dentro da mesma casa onde ocorreram as rendições. “Vê se tem uma coisinha para levar”, diz o agente. O sargento responde: “Pega, pô.” O policial então completa: “O radinho também vou levar!”
Segundo o MPRJ, dois agentes já haviam sido denunciados por peculato nesse contexto. O órgão afirma que ainda analisa todas as gravações da megaoperação, considerada a mais letal da história do estado, com 122 mortos.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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