Ministra das Relações Institucionais exime Galípolo de responsabilidade pelas decisões recentes
Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, durante coletiva de imprensa, em Brasília - 27/03/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), voltou a atacar a política monetária do Banco Central e saiu em defesa de Gabriel Galípolo, que assumiu a presidência da instituição há seis meses. Em entrevista publicada nesta segunda-feira (16) pelo jornal Valor Econômico, Gleisi classificou como “estratosférica” a atual taxa básica de juros, fixada em 14,75% ao ano, e afirmou que Galípolo não teve margem para alterar o curso das últimas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom).
“Os dois últimos aumentos de juros já estavam precificados. O Galípolo não tinha o que fazer”, disse a ministra, reconhecendo que, apesar de seu desejo por cortes na taxa, o cenário indica possibilidade de manutenção da Selic na reunião desta semana. “Eu gostaria, é claro, que os juros caíssem, porque são estratosféricos. Não se justifica ter essa taxa neste cenário macroeconômico.”
◎ Galípolo e a herança do bolsonarismo no BC
A defesa de Gleisi ocorre em meio à frustração do governo com a continuidade de uma política monetária considerada excessivamente restritiva, mesmo após a saída de Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro, da presidência do BC. Galípolo, ex-secretário-executivo de Fernando Haddad na Fazenda, era visto como a oportunidade de alinhamento entre a política monetária e os objetivos de crescimento econômico do governo Lula.
Contudo, segundo a ministra, a transição no comando do Banco Central ainda não foi suficiente para promover uma inflexão real. As decisões, de acordo com ela, vinham sendo “precificadas” antes mesmo de Galípolo assumir. A crítica implícita é de que o arcabouço institucional do BC, com autonomia operacional e composição técnica herdada do governo anterior, tem dificultado mudanças substantivas.
◎ Pressão do Planalto por cortes
A posição de Gleisi reforça a pressão crescente exercida por integrantes do governo para que o Banco Central inicie um ciclo de cortes nos juros. A avaliação no Planalto é de que a manutenção da Selic em 14,75% prejudica investimentos, freia a atividade econômica e mina os esforços fiscais e distributivos da gestão Lula. “Não se justifica ter essa taxa neste cenário”, insistiu a ministra.
A entrevista insere-se em um contexto de embate contínuo entre o núcleo político do governo e a autoridade monetária, cuja autonomia formal foi estabelecida em 2021. Mesmo com Galípolo na presidência, o Copom segue dividido e sujeito a pressões do mercado financeiro, o que tem limitado a eficácia do novo comando.
Fonte: Brasil 247
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