domingo, 6 de julho de 2025

‘Odeio pobre’: após viralizar, pastor bolsonarista do PR diz que foi mal interpretado

 

O pastor Nicoletti, da Igreja Recomeçar. Foto: Reprodução/Instagram

Durante uma conferência realizada em 25 de maio, no Rafain Palace Hotel, em Foz do Iguaçu (PR), o pastor Nicoletti da Igreja Recomeçar, fez declarações polêmicas que repercutiram nas redes sociais. Ele afirmou “odiar pobre”, disse que “Jesus nunca foi pobre” e chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “nove dedos ladrão”. O vídeo com as falas foi amplamente compartilhado e gerou críticas e manifestações nas redes sociais.

O conteúdo do vídeo mostra o pastor fazendo críticas à pobreza e a programas sociais, durante sua pregação. Ele defendeu que “dar esmola é patrocinar a escravidão” e que a verdadeira transformação social ocorre por meio do que chamou de “desbloqueio de mentalidade”. Para Nicoletti, os pobres não são apenas carentes de recursos, mas vítimas de um sistema que os faz acreditar que o mundo lhes deve algo e que os mais ricos são os culpados por sua condição.

Em outro momento da fala, o pastor menciona o presidente Lula ao abordar o tema da corrupção. Segundo ele, “todo ladrão tem discurso de ajudar pobre” e complementa dizendo que isso não se aplica apenas ao “nove dedos”, mas também a “cristãos ladrões dentro da igreja”, que “roubam no altar” e ao mesmo tempo criticam a corrupção no meio político.

A repercussão do vídeo gerou reações mistas no perfil do pastor no Instagram. Em uma publicação em que aparece com crianças africanas durante uma missão, seguidores deixaram tanto mensagens de apoio quanto de repúdio. Alguns o chamaram de “mercador da fé” e “filhote de Belzebu”, enquanto outros o defenderam, elogiando sua fé e simplicidade.

Após a viralização, Nicoletti alegou que suas palavras foram tiradas de contexto. Em entrevista ao UOL, esclareceu que não odeia pessoas pobres, mas sim a “pobreza como sistema opressor”. Segundo ele, sua intenção era criticar uma estrutura que “limita vidas, mata sonhos e prende pessoas à escassez”, e reforçou seu “amor pelas pessoas” como motivação principal de sua pregação.

O pastor também pediu desculpas pela declaração sobre o presidente. Afirmou que foi uma “expressão pessoal de indignação” e reconheceu que a fala não foi apropriada. Disse ainda que a declaração não representa a posição da Igreja Recomeçar, que, segundo ele, “respeita a autoridade civil e defende o diálogo construtivo, mesmo quando há divergências políticas”.

Sobre programas sociais como o Bolsa Família, Nicoletti afirmou não ser contra sua existência, mas criticou o que considera a dependência criada por discursos políticos. Para ele, “ajuda que não liberta, escraviza”. Ele defende que a igreja tem papel em “capacitar”, e não apenas em “socorrer”, promovendo expansão de consciência ao invés de reforçar ciclos de dependência.

Ao justificar a afirmação de que “Jesus nunca foi pobre”, o pastor citou passagens bíblicas que, segundo ele, demonstram que Cristo teve provisão suficiente durante sua vida. Ele lembrou os presentes dados pelos magos, a posse de uma túnica de alto valor e a existência de um tesoureiro entre os discípulos. Nicoletti também compartilhou sua trajetória pessoal de pobreza no interior do Paraná e disse que seu objetivo é promover transformação espiritual e econômica por meio da fé.

Fonte: DCM com informações do UOL

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