Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, e Davi Alcolumbre, presidente do Senado – Foto: Reprodução
A Câmara dos Deputados viveu nesta semana um espetáculo de chantagem orquestrada por parlamentares bolsonaristas que agiram, sem disfarces, como sabotadores da ordem institucional. Com ocupação da Mesa Diretora, obstrução contínua e uso de símbolos infantis — inclusive bebês de colo — como escudos políticos, o grupo tentou impor a qualquer custo a inclusão de um projeto de anistia a Jair Bolsonaro na pauta do Legislativo.
O episódio da queda de Nikolas Ferreira (PL-MG), após ser empurrado pela deputada Camila Jara (PT-MS), escancarou a escalada de tensão promovida pela extrema direita. Ferreira, que tem mais de 28 milhões de seguidores nas redes, tratou o caso como agressão. O vídeo viralizou e se transformou em munição para inflamar ainda mais os apoiadores do golpismo. Enquanto isso, Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara, fazia malabarismos para retomar o controle da Casa sem aplicar sanção efetiva a nenhum dos envolvidos.
Do lado do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), presidente da CCJ, mantém na gaveta dezenas de projetos que poderiam endurecer a resposta institucional a esse tipo de prática antidemocrática. Mas se Motta e Alcolumbre cederem um milímetro às exigências dos sequestradores do Congresso, o precedente será devastador. A extrema direita aprenderá que basta tumultuar, gritar, colar esparadrapos ou usar bebês como símbolo para frear ou manipular o funcionamento do Parlamento.
Não se trata de uma disputa ordinária de pautas. Trata-se da tentativa explícita de capturar o Legislativo para transformá-lo em instrumento de blindagem de um grupo político ameaçado pela Justiça. A anistia que exigem é uma confissão: o golpismo não quer julgamento, quer perdão sem responsabilidade. E está disposto a tomar o Congresso como refém para conseguir isso.
Cabe à presidência das duas Casas uma decisão urgente: ou reagem com firmeza agora, ou verão o Parlamento se transformar num palco de chantagens semanais. Um centímetro de concessão a esse tipo de ação é um passo a mais rumo à rendição institucional.
Fonte: DCM
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