A Prefeitura de Cuiabá autorizou a entrada de mais de R$ 20 milhões em emendas federais para a Saúde, mas fez isso sem qualquer anúncio público. O dinheiro, encaminhado pela bancada federal de Mato Grosso, apareceu apenas em um suplemento da Gazeta Municipal desta terça-feira, 18, sem detalhamento de uso, cronograma ou metas.
As resoluções, assinadas pela presidente do Conselho Municipal de Saúde, Danielle Pedroso Bertucini, limitam-se a homologar as emendas, sem explicar como a verba será aplicada no atendimento à população.
Os valores contemplam especialidades que têm longas filas na capital. São R$ 3,9 milhões para cardiologia, R$ 2 milhões para otorrinolaringologia, R$ 5,7 milhões para oftalmologia, R$ 5,3 milhões para ginecologia e R$ 4 milhões para ortopedia.
Todo o montante é destinado ao Programa Mais Acesso a Especialistas (PMAE), criado para ampliar consultas e cirurgias. Sem transparência, porém, não há garantia de que a ampliação realmente ocorrerá. A publicação não informa quais hospitais receberão recursos, quantas consultas serão abertas, quantas cirurgias serão feitas ou quais profissionais serão contratados.

Não há referência a processos de licitação, metas de desempenho, critérios de distribuição ou datas para início da execução. Segundo o texto, nada esclarece “quem vai fiscalizar” ou como a população poderá acompanhar a aplicação dos valores.
O conteúdo destaca números milionários sem qualquer contrapartida de informação ao cidadão. Para quem depende do SUS, isso reforça um padrão presente na gestão: o dinheiro chega, mas a execução é lenta e pouco explicada. Falta clareza sobre como esses recursos podem aliviar as filas de espera, que seguem aumentando em áreas sensíveis como oftalmologia, ortopedia e ginecologia.
A escolha por publicar as homologações em suplemento, sem divulgação oficial, agrava a sensação de falta de transparência. O ato aparece escondido, como se não envolvesse uma das maiores injeções de recursos na saúde municipal deste ano
Enquanto isso, a rotina na rede de saúde continua marcada por atrasos. Consultas especializadas levam meses para serem agendadas e exames ficam represados. Pacientes, especialmente crianças e idosos, seguem enfrentando a desorganização do sistema. A verba poderia ajudar a reduzir essa pressão, mas, sem explicação concreta, não há previsão de quando, ou se, isso acontecerá.
Fonte: DCM
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