segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Brasil e Paraguai anunciam retomada das negociações sobre acordo de Itaipu

Países voltam a negociar revisão do Anexo C após crise envolvendo ações da Abin

      Divulgação/MRE (Foto: Divulgação/MRE)

As chancelarias de Brasil e Paraguai anunciaram a reabertura das negociações sobre o Anexo C do Tratado de Itaipu, passo decisivo para destravar a agenda binacional após meses de tensão diplomática. A retomada está prevista para a primeira quinzena de dezembro de 2025, depois de um período de impasse motivado pela revelação de operações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em território paraguaio entre 2022 e 2023.

Em comunicado conjunto, ambos informam que a reunião desta segunda-feira serviu para “analisar a agenda bilateral” e permitir o retorno do diálogo interrompido pela crise. A revisão do Anexo C — que trata das regras financeiras e operacionais da hidrelétrica, incluindo tarifas, remuneração e comercialização de energia — tornou-se obrigatória após o tratado completar 50 anos em 2023 e é considerada central para os interesses econômicos das duas nações.

Durante o encontro, Vieira entregou ao chanceler paraguaio um relatório confidencial contendo os esclarecimentos pedidos pelo governo de Assunção sobre as ações da Abin. Segundo o documento, o governo do presidente Lula “tornou sem efeito a operação tão logo dela tomou conhecimento”, além de lamentar “o impacto desse episódio na relação bilateral” e garantir que o Brasil adotará medidas para “identificar os envolvidos e permitir sua responsabilização judicial”.

Lezcano, por sua vez, declarou que, após receber o material e ouvir as explicações, o Paraguai considera o caso encerrado. Essa sinalização abriu caminho para restaurar o diálogo sobre Itaipu, interrompido desde que veio à tona que agentes da Abin haviam buscado informações estratégicas de autoridades paraguaias entre 2022 e 2023.

A revelação provocou forte reação do governo paraguaio, que convocou o embaixador brasileiro em Assunção e suspendeu as conversas sobre o tratado até receber esclarecimentos formais. A crise também repercutiu internamente no Brasil, levando à revisão de protocolos e ao reforço dos mecanismos de controle das atividades de inteligência.

Fonte: Brasil 247

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