segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Inclusão racial avança lentamente no país, avalia Galípolo

"Todos nós estamos fazendo muito pouco perante aquilo que precisa ser feito", afirmou o presidente do Banco Central

      Gabriel Galípolo (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (17) que o país segue distante de promover a inclusão e a representatividade necessárias para enfrentar desigualdades estruturais. As declarações foram feitas durante sua participação no Fórum Internacional de Equidade Racial Empresarial, realizado na Fiesp, em São Paulo. Segundo ele, apesar de iniciativas recentes, o país ainda não acompanha a urgência do tema, relata o jornal O Globo.

Durante o evento, Galípolo explicou que o Banco Central vem adotando medidas internas para promover diversidade, como a inclusão de critérios relacionados ao tema nos concursos públicos e a criação, em junho deste ano, do primeiro grupo interdepartamental voltado a debater políticas inclusivas. Ele lembrou ainda que somente em 2023 a instituição teve seu primeiro diretor negro, Ailton Aquino dos Santos, atual responsável pela área de fiscalização.

Mesmo com esses avanços, o presidente do BC avalia que eles são insuficientes. “Minha sensação é que a gente fez muito pouco. Todos nós estamos fazendo muito pouco perante aquilo que precisa ser feito (para avançar na agenda de inclusão)”, afirmou.

Galípolo também falou sobre o peso histórico da escravização na formação da sociedade brasileira. Ele destacou que entre 35% e 40% das pessoas escravizadas retiradas da África foram trazidas ao Brasil, o que deixou consequências profundas nas estruturas sociais e econômicas do país. “(O povo brasileiro) não surgiu como um povo que foi, a partir dele mesmo, crescendo para satisfazer as demandas e necessidades daquele próprio povo. Ele nasce, a partir da visão da Europa, como uma extensão de um sistema econômico para atender necessidades de uma demanda de uma outra sociedade, enquanto sistema produtivo”, afirmou.

Em seguida, reforçou o impacto dessa herança histórica: “O Brasil foi destino de 35% a 40% dos seres humanos que foram tirados em condições violentas, escravizados da África, o que significa você ter uma fatia tão grande da sua população que era visto como um fator de produção, não como gente, não como um pedaço da sua sociedade, não como ser humano”.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

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