terça-feira, 15 de julho de 2025

Bolsonaro pode cumprir pena em casa se for condenado pelo STF

Apesar da expectativa de pena em regime fechado, especialistas dizem que prisão domiciliar por motivos de idade e saúde é praticamente certa

          Jair Bolsonaro durante interrogatório no STF (Foto: Gustavo Moreno/STF)

Caso o Supremo Tribunal Federal (STF) condene Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado, é alta a probabilidade de o ex-presidente cumprir a pena em prisão domiciliar. A avaliação é de juristas e especialistas ouvidos por Letícia Casado, do UOL, que destacam as condições previstas no artigo 117 da Lei de Execução Penal, como idade superior a 70 anos ou doença grave, para autorizar esse tipo de reclusão — mesmo em regimes que, em tese, não preveem essa medida.

Embora a legislação indique que o benefício se aplica a condenados em regime aberto, tribunais superiores, como o Superior Tribunal de Justiça (STJ), têm reconhecido a aplicação da chamada “prisão domiciliar humanitária” também em casos mais graves. Ainda que Bolsonaro tenha 70 anos e enfrente questões de saúde, a expectativa de quem acompanha o caso é que ele seja condenado ao regime fechado, reservado a penas superiores a oito anos.

◎ Precedente do caso Collor reforça possibilidade - O advogado e professor da USP e da ESPM, Rafael Mafei, explicou que o STJ já consolidou o entendimento de que a prisão domiciliar humanitária pode ser autorizada mesmo quando o condenado não estiver em regime aberto. “um desses casos é justamente a hipótese de o preso ser portador de doença grave ou condição de saúde frágil, exigindo cuidados médicos que não podem ser adequadamente prestados pelos serviços médicos do estabelecimento prisional”, afirmou.

Mafei citou o exemplo do ex-presidente Fernando Collor, que cumpre pena em casa após ser condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. O jurista destacou, no entanto, que o regime domiciliar não elimina o status de preso: “o importante é saber que o preso em regime domiciliar continua sendo, juridicamente, um preso, isto é, uma pessoa que vive em regime jurídico de privação de liberdade”.

Segundo o professor, o regime domiciliar impõe “regras rígidas de reclusão e limitações de comportamento”, determinadas pelo juiz responsável. Isso pode incluir visitas restritas — apenas familiares e médicos, por exemplo — e impedimento de participação em atividades públicas. “No caso de Bolsonaro, isso poderia incluir não participar de campanhas políticas”, pontuou.

Mafei também observou que a Justiça pode indeferir o benefício se entender que o condenado tem condições físicas para cumprir pena em regime comum. “Se o preso demonstra ter saúde o suficiente para levar uma vida profissional ou política ativa, a Justiça pode entender que ele teria saúde o suficiente para cumprir a pena no regime de regra, não se justificando a exceção da prisão domiciliar”.

◎ Julgamento será concluído em 2025 - A previsão é que o processo que apura a tentativa de golpe de Estado, liderado por Jair Bolsonaro, seja julgado ainda em 2025. A possibilidade de condenação é considerada concreta por juristas e analistas que acompanham o caso, embora a definição do regime de cumprimento da pena só ocorra após o trânsito em julgado e o esgotamento de todos os recursos cabíveis, como os embargos de declaração — que visam esclarecer pontos da decisão.

A legislação penal brasileira prevê o cumprimento da pena em regime fechado quando a sentença ultrapassa oito anos de prisão, o que é cogitado nesse caso. Ainda assim, o histórico de decisões judiciais e o quadro de saúde do ex-presidente tornam a alternativa de prisão domiciliar quase inevitável, mesmo que se trate de uma condenação em regime mais severo.

Fonte: Brasil 247 com informações do UOL

43 anos de cadeia: esta é a pena máxima prevista para os crimes de Bolsonaro

Ex-presidente pode ser condenado pela 1ª Turma do STF por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes, segundo manifestação da PGR

Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes no STF - 10/06/2025 (Foto: Antonio Augusto/STF)

O ex-presidente Jair Bolsonaro pode ser condenado a até 43 anos de prisão, caso o Supremo Tribunal Federal (STF) aplique a pena máxima para cada um dos crimes atribuídos a ele pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A manifestação, reportada pelo jornal O Globo, foi enviada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, à Corte, detalhando os cinco crimes pelos quais Bolsonaro foi denunciado no contexto da tentativa de golpe de Estado.

O julgamento ocorrerá na 1ª Turma do STF, responsável por analisar o caso e definir as punições cabíveis. Após o envio do parecer da PGR, inicia-se um prazo de 15 dias para que os réus, além de Bolsonaro, apresentem suas alegações finais ao Supremo.

◉ Delator Mauro Cid será o primeiro a apresentar defesa

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator premiado, será o primeiro a protocolar sua manifestação individual. Cid fechou acordo de delação e, por isso, terá prazo diferenciado para se manifestar. Em seguida, os demais acusados deverão apresentar suas alegações finais no mesmo prazo de 15 dias.

Consultados pelo jornal O Globo em março deste ano, especialistas da área jurídica afirmaram que, apesar do cálculo da pena máxima chegar a 43 anos, a condenação mais provável estaria num patamar intermediário — superior a 14 anos, mas inferior ao limite máximo previsto pelo Código Penal.

◉ Quais são os crimes atribuídos a Bolsonaro

A denúncia da PGR, apresentada em fevereiro, lista os seguintes crimes e suas respectivas penas previstas: 

    • Organização criminosa: de 3 a 8 anos de prisão, podendo ser acrescida de até 4 anos pelo uso de arma de fogo e até 5 anos pelo envolvimento de funcionário público;
    • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito: de 4 a 8 anos de prisão;
    • Golpe de Estado: de 4 a 12 anos de prisão;
  • Dano qualificado pela violência ou grave ameaça: de 6 meses a 3 anos de prisão;
    • Deterioração de patrimônio tombado: de 1 a 3 anos de prisão.

No caso específico da acusação por organização criminosa, a PGR apontou agravantes como o uso de arma de fogo, que pode elevar a pena em até 50%, e o fato de Bolsonaro exercer a liderança do grupo, o que implica aumento adicional entre um sexto e dois terços da pena base.

◉ Julgamento definirá peso da punição

O processo entra agora na fase final antes do julgamento, com a possibilidade de novas revelações a partir das alegações dos demais réus, principalmente pela delação de Mauro Cid. A expectativa entre especialistas é que o Supremo leve em consideração a gravidade dos crimes e o papel central desempenhado por Bolsonaro na tentativa de ruptura democrática.

Caso as penas máximas sejam aplicadas, o ex-presidente poderá enfrentar a maior condenação já registrada contra um ocupante do Palácio do Planalto, consolidando um dos maiores escândalos políticos da história recente do país.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

Convocados por Moraes, Hugo Motta e Alcolumbre desistem de audiência de conciliação sobre IOF

Presidentes do Senado e da Câmara devem enviar apenas representantes

      Hugo Motta e Davi Alcolumbre (Foto: Andressa Anholete/Agência Senado)

A audiência de conciliação marcada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para esta terça-feira (15), a fim de discutir o impasse envolvendo o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), deverá ser marcada por importantes ausências, informa Malu Gaspar, do jornal O Globo.

Segundo a assessoria da Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), não comparecerá. Ele será representado pelo advogado Jules Michelet Pereira Queiroz e Silva, da Advocacia-Geral da Câmara. No Senado, o cenário é semelhante: aliados do presidente Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) indicam que ele também não estará presente. “É provável que ele não vá”, afirmou uma fonte próxima ao senador.

Além das duas casas legislativas, Moraes intimou para o encontro representantes da Presidência da República, da Advocacia-Geral da União (AGU), da Procuradoria-Geral da República (PGR) e dos partidos autores das ações sobre o tema — PL e Psol. A audiência será fechada à imprensa e não terá transmissão ao vivo.

A convocação do ministro ocorre em meio à disputa entre os Poderes após decisões conflitantes sobre a alíquota do IOF. Em 4 de julho, Moraes derrubou tanto o decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que previa a elevação do imposto quanto a resolução do Congresso que suspendia os efeitos do ato presidencial. O resultado foi a manutenção da alíquota atual, em uma decisão considerada uma vitória parcial para parlamentares da oposição.

Na decisão que originou a audiência, Moraes escreveu: “O mandamento constitucional previsto no artigo 2º é real e concreto, tendo por objetivo pautar as relações dos Poderes Executivo e Legislativo no binômio INDEPENDÊNCIA e HARMONIA, sendo, portanto, necessário na presente hipótese a DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO”.

O PL será representado por seus líderes no Congresso: o senador Carlos Portinho (RJ) e o deputado federal Sóstenes Cavalcante (RJ). Um dirigente da legenda, em declaração reservada, afirmou: “o PL vai comparecer, até por respeito ao ministro”.

Já o Psol, por sua vez, pretende enviar apenas sua equipe jurídica ao encontro.

Apesar do esvaziamento político com a ausência dos chefes do Legislativo, a audiência busca abrir um canal de diálogo institucional diante da crise entre os Poderes e pode ser determinante para sinalizar os próximos passos jurídicos e políticos sobre o IOF.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

PGR denuncia Bolsonaro como “líder da organização criminosa” em trama golpista

 Procuradoria-Geral da República acusa o ex-presidente de arquitetar atentado contra a democracia e pede sua condenação por cinco crimes graves

Jair Bolsonaro durante interrogatório no STF (Foto: Gustavo Moreno/STF)

A Procuradoria-Geral da República (PGR) classificou o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) como o “líder da organização criminosa” responsável pela tentativa de golpe contra o Estado Democrático de Direito. A informação foi divulgada pelo portal Metrópoles na noite desta segunda-feira (14), após o órgão apresentar as alegações finais ao Supremo Tribunal Federal (STF), solicitando a condenação de Bolsonaro e de outros sete acusados.

O parecer é assinado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, que descreve Bolsonaro como o principal articulador e maior beneficiário da ofensiva golpista. “No exercício do cargo mais elevado da República, instrumentalizou o aparato estatal e operou, de forma dolosa, esquema persistente de ataque às instituições públicas e ao processo sucessório”, afirmou Gonet.

☆ PGR detalha a ofensiva antidemocrática

Segundo a denúncia apresentada, Bolsonaro teria utilizado o apoio de membros do alto escalão do governo e setores das Forças Armadas para mobilizar agentes, recursos e competências estatais em uma campanha sistemática contra a democracia. A PGR afirma que o ex-presidente propagou “narrativas inverídicas”, incentivou a instabilidade social e defendeu medidas autoritárias com o objetivo de se manter no poder.

De acordo com o procurador-geral, as ações de Bolsonaro tiveram como meta “sua continuação ilegítima no comando do país e o enfraquecimento das instâncias públicas, em negação do princípio da alternância democrática, da soberania popular e do equilíbrio entre os Poderes”.

☆ Cinco crimes imputados ao ex-presidente

A PGR pediu a condenação de Jair Bolsonaro pelos seguintes crimes:

• Liderança de organização criminosa armada;
• Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
• Golpe de Estado;
• Dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União;
• Deterioração de patrimônio tombado, com considerável prejuízo para a vítima.

O processo é conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Conforme prevê a legislação, as alegações finais da PGR dão início ao prazo para as defesas apresentarem suas manifestações.

☆ Prazos e próximos passos no STF

Após a manifestação do Ministério Público, o próximo a se pronunciar será o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, que firmou acordo de delação premiada. O prazo concedido a Cid é de 15 dias, após o qual abre-se o prazo conjunto para a defesa dos demais réus, incluindo a de Bolsonaro.

O Metrópoles apurou que o julgamento do caso pode ocorrer entre agosto e setembro. Com a contagem dos prazos em andamento, mesmo durante o recesso do Judiciário, a expectativa é que todas as manifestações estejam finalizadas até 11 de agosto.

A denúncia da PGR representa mais um capítulo das investigações que tramitam na Suprema Corte sobre a tentativa de ruptura institucional, colocando Bolsonaro sob risco iminente de condenação pelos ataques ao regime democrático.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles





segunda-feira, 14 de julho de 2025

Bolsonaro acusa a Jovem Pan, sua antiga aliada, de mentir

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro em entrevista à Jovem Pan. Foto: reprodução
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gravou um vídeo nesta segunda-feira (14) para desmentir informações veiculadas pela Jovem Pan sobre sua possível desistência eleitoral para 2026. Em tom contundente, o líder da extrema-direita afirmou que “não procede a informação da Jovem Pan que eu estou fora, o Eduardo está fora e querem botar a Michelle para fora também. Não existe isso”.

A reação veio após a emissora sugerir que Bolsonaro, sua esposa Michelle e o filho Eduardo estariam fora da disputa eleitoral, mencionando inclusive Carlos Bolsonaro. O ex-presidente esclareceu: “O que eu falei com a Jovem Pan é que, no momento, eu estou inelegível”.

Ele se refere à condenação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornou inelegível até 2030 por abuso de poder político nas eleições de 2022.

Sobre a possível candidatura de Michelle Bolsonaro, o ex-presidente foi evasivo: “E obviamente aparece o nome da Michelle tem tudo para talvez, talvez vir como candidata a algo mais importante”. A declaração alimenta especulações sobre um possível plano B da família Bolsonaro para manter influência política.

O vídeo foi publicado em um momento delicado para o ex-presidente. Nesta mesma segunda-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) entrega ao Supremo Tribunal Federal (STF) as alegações finais no processo que acusa Bolsonaro de tentativa de golpe de Estado. Espera-se que o MPF peça condenação por crimes que somados podem ultrapassar 30 anos de prisão.



A crise se agrava com as repercussões do “tarifaço” de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, às exportações brasileiras. O estadunidense justificou a medida como retaliação ao que chamou de “caça às bruxas” contra Bolsonaro no STF.

Nos bastidores, aliados do ex-presidente brasileiro avaliam que a proposta de anistia perde força no Congresso após a família Bolsonaro ficar associada à crise comercial.

O desgaste político se reflete nas declarações de Bolsonaro sobre os filhos Eduardo, investigado no por interferência no processo sobre a trama golpista e Carluxo, alvo da Justiça nos casos das Fake News, do Gabinete do Ódio e da Abin Paralela: “E a situação do Carlos, ele está no inquérito, tudo pode acontecer com ele”.

O ex-presidente encerrou o vídeo com um recado direto à emissora: “Não tem furo jornalístico. Se eu tiver que falar algo nesse sentido, eu convoco uma coletiva de imprensa, então lamento, Jovem Pan”. A postura agressiva revela a tensão em torno de sua imagem pública enquanto enfrenta simultaneamente batalhas jurídicas e políticas.

Fonte: DCM

Em novo depoimento, Cid reafirma que Bolsonaro leu e editou minuta do golpe

Segundo relato do tenente-coronel, ex-presidente teria editado a minuta, tornando-a “mais enxuta” e focada especificamente na prisão de Alexandre de Moraes

Mauro Cid, Jair Bolsonaro e advogados em interrogatório no STF (Foto: Ton Molina/STF)

Andre Richter – Repórter da Agência Brasil
O tenente-coronel Mauro Cid confirmou, nesta segunda-feira (14), que o ex-presidente Jair Bolsonaro teve contato e leu o documento golpista que previa a decretação de novas eleições e a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2022. Durante as investigações, o documento ficou conhecido como minuta do golpe.

Cid voltou a prestar depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, relator das ações penais que tratam dos núcleos 2,3 e 4 da trama golpista. Ele foi arrolado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), responsável pela acusação.

O militar, que foi ajudante de ordens no governo do presidente Jair Bolsonaro e é delator nas investigações, confirmou que Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais de Bolsonaro e réu no processo, levou um jurista para duas reuniões com o ex-presidente para apresentação do documento golpista.

Segundo Cid, durante a reunião, Bolsonaro leu o documento e pediu alterações.

De acordo com o delator, o documento previa a prisão de ministros do Supremo, entre os quais, Alexandre de Moraes, e do então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mas foi alterado para prever somente a prisão de Moraes.

“O documento era composto de duas partes. A primeira parte eram os considerandos. Eram possíveis interferências que o STF e o TSE fizeram no processo eleitoral. A segunda, a prisão de autoridades e a decretação de eleições”, disse.

Mauro Cid presta depoimento por videoconferência. Por determinação do ministro, não são permitidas fotos, gravações de áudio e vídeo, nem transmissão ao vivo. Contudo, os advogados dos acusados e a imprensa podem acompanhar o depoimento.

Nova fase

O processo da trama golpista entra em uma nova fase nesta semana. Amanhã (15), começam a depor as testemunhas indicadas pelos réus que fazem parte dos três núcleos. Os depoimentos devem seguir até o dia 23 de julho.

No mês passado, o STF ouviu os depoimentos das testemunhas do Núcleo 1, formado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados.

Fonte: Brasil 247

Moraes repreende advogado durante depoimento de Cid no STF: "Enquanto eu falo, o senhor fica quieto"

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro começou a prestar depoimento nesta segunda, como testemunha de acusação no processo que apura uma tentativa de golpe

      Alexandre de Moraes (Foto: Gustavo Moreno / STF)

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, começou a prestar depoimento nesta segunda-feira (14), no Supremo Tribunal Federal, como testemunha de acusação no processo que investiga uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Logo no início da audiência, o ministro Alexandre de Moraes bateu de frente com o advogado Jeffrey Chiquini da Costa, que defende o tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo, acusado de integrar a trama golpista.

O defensor protestou contra o curto prazo para analisar os 78 terabytes de material do processo, alegando que era impossível montar uma defesa adequada. Moraes reagiu, dizendo que os documentos foram incluídos pelas próprias defesas, e cortou o advogado ao ser interrompido.

“Isso já foi decidido no núcleo anterior. Quem pediu esse material, quem juntou, não foi a acusação. Foram as defesas. Não há nada nesse material imputado... [interrupção do advogado] Doutor, enquanto eu falo, o senhor fica quieto”, disse.

Em tom sarcástico, o ministro ainda completou: “Se o senhor quiser conduzir a acusação, deveria ter prestado concurso para o Ministério Público.”

Cid foi convocado a dar detalhes sobre os réus dos núcleos 2, 3 e 4 da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República. Como delator, ele é obrigado a falar a verdade e não pode omitir informações.

Fonte: Brasil 247

VÍDEO – Janones denuncia agressão física e sexual por deputados bolsonaristas

 

Deputados bolsonaristas cercam Janones no Plenário da Câmara. Foto: Divulgação
O deputado federal André Janones (Avante-MG) registrou uma queixa de lesão corporal, injúria e importunação sexual contra dois deputados da oposição. O boletim de ocorrência, obtido pelo Metrópoles, relata que ele foi vítima das agressões no plenário da Câmara, na quarta-feira (9), durante o pronunciamento do deputado federal bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) sobre a tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros.

Segundo Janones, ele estava gravando um vídeo quando foi cercado por um grupo de bolsonaristas durante a fala de Nikolas. “Está ali, defendendo o canalha que agora quer taxar os brasileiros”, disse o parlamentar em suas redes sociais.

Foi nesse momento que o grupo adversário se aproximou gritando “Não à rachadinha”, em referência às acusações contra o deputado. O confronto se intensificou quando o deputado Sargento Gonçalves (PL/RN) se aproximou e desferiu uma paulistinha (chute atrás do joelho) em Janones. A agressão foi capturada em um vídeo feito por outro parlamentar.



De acordo com o depoimento de Janones, ele tentou retornar ao seu lugar quando foi impedido por cerca de 20 deputados, incluindo Evandro Gonçalves da Silva Junior (Sargento Gonçalves) e Giovani Cherini (PL-RS).

Ele relatou ter sido agredido com socos no abdômen e nas costas, além de chutes nas pernas. Em seu depoimento, Janones também detalhou que foi empurrado e apalpado nas partes íntimas, além de ter sido alvo de ofensas verbais como “bandido, ladrão, vagabundo, chupador de rola”.

O caso foi registrado na 1ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal, que iniciou uma investigação sobre as agressões.

Fonte: DCM

Por que Lula cresceu até entre os bolsonaristas nas pesquisas

 

Presidente Lula e ex-presidente Bolsonaro. Foto: Divulgação
Nas últimas pesquisas eleitorais estaduais, o presidente Lula registrou um crescimento de cerca de dois pontos percentuais. Esse avanço coincide com a adoção de uma postura mais firme do governo federal contra a elite econômica e uma resposta direta ao tarifaço de 50% imposto por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.

Segundo informações divulgadas pela coluna de Bela Megale no jornal O Globo, Lula tem visto um aumento expressivo em sua popularidade, tanto nas pesquisas realizadas pelo Palácio do Planalto quanto nas internas do Partido Liberal (PL), de Jair Bolsonaro.

Esse movimento de crescimento de Lula ocorre após o governo federal abraçar o discurso de “ricos contra pobres”, ampliando a retórica de defesa das classes mais baixas e das questões sociais.

Além disso, a postura firme do presidente brasileiro contra a tarifa de 50% aplicada por Trump sobre produtos brasileiros tem sido bem recebida, especialmente entre eleitores mais sensíveis a temas econômicos.

Donald Trump anunciando que vai falar com o presidente Lula. Foto: Divulgação
A resposta de Lula à medida protecionista de Trump tem ressoado positivamente em setores que tradicionalmente enfrentam mais resistência ao governo, incluindo algumas bases eleitorais ligadas ao bolsonarismo.

Dentro do PL, a leitura predominante sobre o crescimento de Lula é de que ele possui um “teto”, ou seja, acredita-se que o avanço não ultrapassará variações modestas, o que visa evitar pânico entre aliados e militantes da extrema-direita.

No entanto, apesar dessa leitura, nos bastidores, a apreensão sobre os efeitos do tarifaço de Trump é grande. A dúvida que paira entre os aliados de Bolsonaro é quanto impacto o tarifaço pode ter na popularidade da direita no Brasil, visto que a associação dele com o presidente dos EUA tem sido uma estratégia da extrema-direita brasileira.

Fonte: DCM com informações do jornal O Globo

Mauro Cid diz que Filipe Martins alterou minuta golpista a mando de Bolsonaro e a levou aos militares

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-assessor Filipe Martins
O tenente-coronel Mauro Cid afirmou nesta segunda-feira, 14, ao Supremo Tribunal Federal (STF), que Filipe Martins, ex-assessor da Presidência, modificou uma minuta de decreto com medidas de exceção a pedido direto do então presidente Jair Bolsonaro.

Segundo Cid, o documento previa ações como prisão de autoridades e convocação de novas eleições para reverter o resultado do pleito de 2022. Martins nega envolvimento no caso.

Durante o depoimento como delator, Cid relatou que Martins apresentou os “considerandos” do decreto golpista em uma reunião realizada na biblioteca do Palácio da Alvorada, nos últimos meses de 2022, com a presença de Bolsonaro e comandantes das Forças Armadas.

Segundo ele, o assessor saiu de um encontro com Bolsonaro com o texto rabiscado, contendo alterações feitas conforme as instruções do presidente. “Foi quando ele pegou o computador para fazer as modificações sugeridas pelo presidente”, disse Cid.

Questionado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, Cid confirmou que o conteúdo da minuta incluía medidas como a prisão de autoridades, novas eleições e outras ações voltadas à reversão do resultado eleitoral. Ele também disse que Filipe Martins participou de outras reuniões com Bolsonaro, com o mesmo objetivo.

A defesa de Martins, representada pelo advogado Jeffrey Chiquini, confrontou Cid com o depoimento do ex-comandante do Exército Freire Gomes, que afirmou não se lembrar da participação do assessor em tais encontros. Cid, porém, manteve a versão de que Martins esteve presente em reuniões ao lado de Freire Gomes.

Fonte: DCM

Como o governo Bolsonaro tentou vincular Lula a facções criminosas

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Divulgação
O depoimento de um servidor do Ministério da Justiça ao Supremo Tribunal Federal (STF) trouxe novas revelações sobre o uso do aparato estatal durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) para tentar vincular o atual presidente Lula (PT) a facções criminosas.

Clebson Ferreira, ex-integrante da Secretaria de Inteligência do Ministério da Justiça, prestou depoimento nesta segunda-feira (14) em uma das ações penais relacionadas à tentativa de golpe de Estado em 2022.

Ele foi questionado sobre um diálogo com sua esposa, no qual mencionou um pedido recebido para analisar a correlação estatística de votos em áreas dominadas por facções criminosas. O objetivo era identificar se o petista apresentava maior concentração de votos em regiões sob controle do Comando Vermelho.

“Eu lembro que tinha mencionado que chegou um pedido para tentar ver análise e correlação estatística da concentração de votos em territórios do Comando Vermelho no Rio de Janeiro, para ver se tinha correlação, se o candidato Lula tinha maior concentração de votos em área dominadas por facção criminosa”, declarou Ferreira durante o depoimento.

Presidente Lula durante coletiva no BRICS. Foto: Divulgação
O servidor relatou que a Inteligência do ministério solicitou a análise das concentrações de votos em Bolsonaro e Lula, a fim de identificar onde cada candidato teria pelo menos 75% de apoio. Ao realizar a filtragem dos dados, Ferreira saleintou que encontrou uma grande concentração de votos no Nordeste, especialmente em regiões de forte apoio a ao presidente.

Ele mencionou, ainda, que a atuação da Polícia Rodoviária Federal nas áreas dominadas por facções foi questionável, com registros de impedimentos de votos devido a congestionamentos em locais onde a votação era predominante de Lula.

Durante a campanha eleitoral de 2022, a estratégia de associar Lula a facções criminosas sem provas foi uma tônica usada por aliados de Bolsonaro. Esse tipo de narrativa gerou repercussão em várias frentes, incluindo uma ação judicial no Rio de Janeiro movida por um morador do Complexo do Alemão, que busca indenização após Bolsonaro associar o local a traficantes de drogas.

Além disso, o uso da sigla “CPX” por Lula durante uma visita ao complexo, quando Bolsonaro acusou o presidente de se alinhar a criminosos, também foi amplamente disseminado como parte de uma campanha de fake news, com apoio de figuras da extrema-direita, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-secretário de Cultura Mario Frias (PL-SP).

Fonte: DCM

“É um desrespeito comigo”, afirma Eduardo Bolsonaro após Tarcísio tentar negociar com os EUA

Deputado afirma que só volta ao Brasil se Moraes for sancionado: ‘se voltar hoje, sou preso’

        Eduardo Bolsonaro (Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados)

Em entrevista à Folha de S.Paulo, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou duramente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por tentar negociar com os Estados Unidos para reverter a aplicação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Eduardo classificou a movimentação do governador como um “desrespeito”.

“O Tarcísio utilizou os canais errados. O filho do presidente está nos Estados Unidos. O Tarcísio não tem nada que querer costurar por fora uma decisão que provavelmente vai chegar a mais um acordo caracol. O Tarcísio tem que entender que o filho do presidente está nos Estados Unidos e tem acesso à Casa Branca”, disse. Na última sexta-feira (11), Tarcísio de reunir com um representante do governo dos Estados Unidos para tratar sobre as tarifas pelo governo de Donald Trump.

“O Tarcísio utilizou os canais errados. O filho do presidente está nos Estados Unidos. O Tarcísio não tem nada que querer costurar por fora uma decisão que provavelmente vai chegar a mais um acordo caracol. O Tarcísio tem que entender que o filho do presidente está nos Estados Unidos e tem acesso à Casa Branca”, completou.

Apesar da avaliação de líderes da direita de que o tarifaço pode ser um “tiro no pé” da oposição, Eduardo sustenta que não houve erro no movimento. “Nenhum arrependimento. O que não é benéfico para o país é continuar jogando velinha na cadeia, é continuar ligando para o presidente do partido quando tem que votar a manutenção de prisões de Daniel Silveira. Para resolver o problema tem que atuar na causa, e a causa é institucional. Ou o Brasil se comporta como uma democracia, ou vai ser de 50% a mais”.

Eduardo Bolsonaro também indicou que não pretende retornar ao Brasil, ao menos enquanto não houver sanções ao ministro Alexandre de Moraes por parte do governo norte-americano. Ele admitiu que pode renunciar ao mandato caso não haja alternativa. “Muito provavelmente [vou abrir mão do mandato]. Eu não vejo a possibilidade de eu voltar, porque se eu voltar, eles chamam para me prender”, afirmou.

Eduardo afirmou ainda que sua prioridade não é a opinião pública, mas sim exercer pressão direta sobre Moraes. “Mas eu não estou buscando convencimento da população, eu estou buscando pressionar o Moraes. Se o Moraes entende que vale a pena trancar a velinha de 70 anos na cadeia, tratando como terrorista, condenados a 14, 15, 16 anos, é o preço que o país vai pagar. Não depende mais de mim. Eu não tenho poder sobre o Trump, acho que nem a esposa dele tem poder sobre ele”.

Embora aliados busquem uma solução regimental que permita o exercício remoto do mandato, Eduardo é claro ao dizer que sua permanência no exterior depende exclusivamente da pressão internacional sobre o STF. Ele vê no pacote de sanções e tarifas uma forma legítima de interferência para conter o que chama de autoritarismo institucional no Brasil.

“O foco é no Moraes. [...] Se a lei Magnitsky for aplicada, já existe margem para você aplicar por além do Moraes. Ele pode aplicar para cima da esposa do Moraes, para cima do Fábio Schorr, para cima de outras autoridades brasileiras. Então, se as autoridades brasileiras quiserem se apresentar e antever esse caso de caos para elas próprias, individualmente, é providencial que elas leiam a carta do Trump e ajam rápido para desarmar essa bomba.”

Sobre sua possível candidatura à Presidência, Eduardo reconheceu a possibilidade de ser preso pela sua atuação para interferir nas investigações contra seu pai.“Só se o Moraes for sancionado. Senão não tem como. Se eu voltar pro Brasil hoje, eu sou preso. Mas eu acho que tem esperança dele ser sancionado e a gente conseguir ter sucesso”, concluiu.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

Eduardo confirma que fica nos EUA e vai largar o mandato: “Eu tô me sacrificando”

 

Eduardo Bolsonaro nos EUA.  (Foto: Gage Skidmore/Wikimedia Commons)
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou, em entrevista à Coluna do Estadão, publicada nesta segunda-feira (14), que decidiu não retornar ao Brasil por temer ser preso pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele disse “lamentar” a decisão, mas confirmou que abrirá mão do mandato e permanecerá nos Estados Unidos. “Por ora eu não volto. A minha data para voltar é quando Alexandre de Moraes não tiver mais força para me prender”, declarou.

Eduardo pode se licenciar do mandato até o próximo domingo (20), data em que completa quatro meses longe do cargo. Questionado sobre o prazo, confirmou que não pretende voltar. “Se for o caso de perder o mandato, vou perder o mandato e continuar aqui. O trabalho que estou fazendo aqui é mais importante do que o trabalho que eu poderia fazer no Brasil”, disse.

O parlamentar afirmou que, caso voltasse ao país, seria alvo de perseguição política. “No Brasil, o STF, quer dizer, Alexandre de Moraes, ia tentar colocar uma coleira em mim, tirar meu passaporte, me fazer de refém, ficar ameaçando, como ele sempre faz – mandando a Polícia Federal na casa, abrindo inquérito, inquirindo pessoas ao meu entorno”, alegou.

Eduardo também criticou a atuação de deputados de esquerda e afirmou que não há tratamento igual para os de direita. “Se o Brasil estivesse vivendo uma normalidade democrática, em que o deputado pudesse falar, onde os deputados de direita pudessem ser iguais a um deputado de esquerda… Mas como não tem, eu tô me sacrificando, sacrificando o mandato, para levar adiante a esperança de liberdade”.

Alexandre de Moraes, arqui-inimigo do bolsonarismo

Ele também declarou ter convicção de que será preso se pisar novamente no país. “O mesmo movimento feito para pegar meu passaporte está sendo feito agora para a minha prisão”, disse. Eduardo se referiu a uma solicitação feita pelo deputado Lindbergh Farias (PT) ao STF, que, segundo ele, teria motivado a manifestação do procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, mesmo antes do prazo.

“Duas horas depois do meu anúncio de que ficaria nos Estados Unidos, o Gonet publicizou a decisão dele de não pegar meu passaporte e, no mesmo dia, Moraes arquivou meu caso”, afirmou.

Na avaliação do deputado, há uma tentativa orquestrada para prendê-lo. “Os próprios impetrantes – Lindbergh e Rogério Correia – fizeram um vídeo dizendo que ‘se o Eduardo voltasse para o Brasil o Xandão ia pegar o passaporte dele’. Então eu não tenho segurança de retornar ao Brasil”, completou.

Eduardo também afirmou que não repetirá o erro de outros aliados, como o ex-ministro bolsonarista Anderson Torres. “Eu não vou cometer o erro, por exemplo, que o Anderson Torres cometeu, de retornar ao Brasil achando que teria um julgamento decente e minimamente constitucional”, disse. E fez um desafio direto: “Se o Alexandre de Moraes quiser, eu desafio ele a me condenar à revelia e mandar o pedido de extradição para os Estados Unidos.”

O deputado disse que ainda não comunicou sua decisão ao pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL): “Não conversei com meu pai. Mas tenho dois caminhos bem claros: seguir nos Estados Unidos trabalhando na nossa causa ou retornar para ser preso”.

Por fim, Eduardo rebateu a ideia de que está fugindo. “Não, nenhuma [preocupação com a fama de fujão]. Eu tenho total segurança naquilo que estou fazendo. E, cada vez mais, você vê que tenho tido apoio.” Ele afirmou que vai realizar um evento em Miami no dia 26 de julho e reforçou sua visão crítica sobre o STF: “Um País que não tem um Judiciário decente não tem soberania.”

Fonte: DCM