O voto de Fux no julgamento de Jair Bolsonaro reacendeu sua rivalidade com Gilmar Mendes
Ministro do STF Luiz fux durante o julgamento do núcleo 4 da trama golpista (Foto: Gustavo Moreno/STF)
A recente mudança do ministro Luiz Fux da Primeira para a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) promete acirrar ainda mais os ânimos dentro da Corte. Fux, que ficou isolado ao votar pela absolvição de Jair Bolsonaro no julgamento da trama golpista, agora integrará o mesmo colegiado que reúne os ministros André Mendonça e Kassio Nunes Marques, ambos indicados pelo ex-presidente, e também seu principal desafeto, Gilmar Mendes.
De acordo com informações do jornal O Globo, Fux fez um comentário irônico sobre o reencontro com o colega: “Agora ele pode falar dos votos proferidos lá sem cometer infrações previstas na Lei Orgânica da Magistratura, como fez anteriormente”.
◉ Clima de animosidade no Supremo
A rivalidade entre os dois ministros vem se intensificando desde a condenação de Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão. Em setembro, após o julgamento do núcleo central do caso, Gilmar Mendes criticou publicamente o extenso voto de Fux, de 12 horas de duração, afirmando que ele estava “prenhe de incoerências”. Embora não fizesse parte da Primeira Turma, Gilmar acompanhou a sessão presencialmente, um gesto que foi visto como provocativo por colegas.
A tensão ganhou novo capítulo na semana passada, quando Fux pediu vista e suspendeu a análise do recurso apresentado pelo senador Sergio Moro (União Brasil-PR) contra a abertura de uma ação penal por calúnia movida por Gilmar Mendes. O pedido gerou um embate direto entre os ministros. Segundo testemunhas, durante o intervalo de uma sessão plenária, Gilmar chamou Fux de “figura lamentável” e disse que ele “precisa de terapia” para superar a Lava-Jato. O ex-presidente do STF retrucou que o colega não poderia ter comentado seu voto em público, o que seria uma violação da Lei Orgânica da Magistratura (Loman).
◉ Troca de farpas e novo embate em plenário
Durante a sessão do dia 21, Fux deixou claro que não havia esquecido o episódio. Ao justificar sua mudança de posição em relação a julgamentos anteriores da Lava-Jato, ele disparou: “A manifestação de ministros que não participaram do julgamento fora dos autos recebeu uma crítica contundente sobre a violação à Lei Orgânica da Magistratura”. Nos bastidores, o ministro tem reforçado a interlocutores que Gilmar Mendes é quem “precisa de terapia para superar a Lava-Jato”, ironizando o colega que, segundo ele, não perde uma oportunidade para atacar a operação.
◉ Novos choques à vista na Segunda Turma
Com a mudança de turma, Luiz Fux pode vir a assumir a relatoria de processos ligados à Lava-Jato, antes sob responsabilidade do ministro Luís Roberto Barroso. A depender do critério de redistribuição, o movimento pode colocar Fux no centro de julgamentos emblemáticos — e reacender a disputa com Gilmar.
Fontes próximas ao STF afirmam que Gilmar Mendes já declarou que não pretende se afastar da Segunda Turma e que vê Fux como o “isolado” da Corte. Além disso, o decano teria sugerido que o colega deveria se declarar impedido de atuar em certos casos, por conta de um antigo assessor citado em depoimento durante a operação.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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