sexta-feira, 25 de julho de 2025

'Se eu fosse o vice, Bolsonaro teria sido reeleito', diz Mourão

Senador afirma que, caso tivesse permanecido na chapa, não haveria investigação por tentativa de golpe contra Bolsonaro e Braga Netto

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão 23/05/2022 (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Em entrevista publicada pela Folha de S.Paulo, o senador e general da reserva Hamilton Mourão (Republicanos-RS) declarou que Jair Bolsonaro (PL) não enfrentaria hoje os processos por tentativa de golpe caso ele tivesse sido mantido como vice na eleição presidencial de 2022. "Se eu tivesse sido o candidato a vice dele, nós teríamos ganho", disse Mourão, que foi vice-presidente da República entre 2019 e 2022.

Segundo o parlamentar, a troca por Walter Braga Netto na chapa governista contribuiu para a derrota eleitoral e os desdobramentos judiciais que atingem tanto o ex-presidente quanto seu substituto. "Nada, não tinha acontecido nada, estava todo mundo feliz da vida, pô", respondeu, entre risos, ao ser questionado se os atuais processos não teriam ocorrido em caso de vitória bolsonarista.

Distanciamento e crítica velada a Bolsonaro - Mourão foi excluído das discussões do núcleo duro do governo ainda em 2021, após tensões públicas com Bolsonaro. “Quando o Bolsonaro escolheu, não quis mais que eu fosse o vice dele, ele deixou de me chamar para reunião ministerial, eu não participei de mais nada”, afirmou.

Em depoimento ao STF, em 23 de maio, Mourão foi arrolado como testemunha por quatro réus do processo que investiga a tentativa de golpe: Jair Bolsonaro, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto. Todos fazem parte do núcleo apontado pela PGR como liderança da organização criminosa que planejou impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O senador declarou à Corte que jamais ouviu qualquer menção a medidas de ruptura institucional durante a transição. Embora tenha elogiado Braga Netto e Heleno em seu depoimento, Mourão evitou estender a mesma deferência a Bolsonaro, com quem teve uma relação marcada por atritos. Em 2021, o próprio Bolsonaro ironizou o então vice-presidente: "o Mourão faz o seu trabalho, tem uma independência muito grande. Por vezes atrapalha um pouco a gente, mas o vice é igual cunhado, né. Você casa e tem que aturar o cunhado do teu lado, não pode mandar o cunhado embora".

Apoio a Braga Netto e visita no quartel - Apesar do distanciamento de Bolsonaro, Mourão mantém laços com Braga Netto, seu amigo há mais de 40 anos. Ele considera a prisão do general "injusta e absurda, porque ele não estava obstruindo a Justiça". Para Mourão, a detenção é um gesto simbólico do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF: “ele mantém um general de quatro estrelas preso”.

Em abril, o senador foi autorizado pela Justiça a visitar Braga Netto, que está detido desde dezembro de 2024 em uma unidade militar no Rio de Janeiro. Mourão relatou que conversaram por cerca de 40 minutos em uma sala próxima ao quarto onde o general está confinado. Segundo ele, a conversa foi marcada por “amenidades”, sem menções ao processo judicial. “Eu achei ele bem, mais magro, obviamente. Ele estava bronzeado, porque tem uma hora de sol para fazer ginástica todo dia.”

Como presente, o senador levou um exemplar do livro The Generals: Patton, MacArthur, Marshall, and the Winning of World War II, de Winston Groom, autor de Forrest Gump. Mourão justificou a escolha: “porque é um livro sobre liderança, bem escrito. E é um troço que levanta a moral de quem está precisando que se levante a moral”.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

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