terça-feira, 15 de julho de 2025

Para Paulo Gonet, o 8 de janeiro foi o 'resultado final da empreitada golpista'

Procurador-geral da República vê ligação direta entre atos golpistas e ofensiva para manter Bolsonaro no poder após derrota eleitoral

Paulo Gonet durante o julgamento, pela Primeira Turma do STF, da denúncia sobre o 'núcleo 2' da trama golpista - 22/04/2025 (Foto: Antonio Augusto/STF)

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que os ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 representaram o “resultado final da empreitada golpista” organizada para manter Jair Bolsonaro no poder, mesmo após sua derrota nas eleições de 2022. A informação foi divulgada pelo jornal Valor Econômico na noite desta segunda-feira (14), com base nas alegações finais enviadas pela PGR ao Supremo Tribunal Federal (STF).

No documento entregue ao STF, Gonet pediu a condenação de Jair Bolsonaro (PL) e de sete aliados do ex-presidente, apontados como integrantes do chamado “núcleo crucial” de uma organização criminosa. Para o procurador-geral, o objetivo do grupo era promover um golpe de Estado para inviabilizar a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e manter o ex-mandatário no poder.

“O evento dramático auxiliou a ressignificar toda uma série de acontecimentos pretéritos, que antes pareciam desconectados entre si”, afirmou Gonet.

“Atos que, até então, poderiam parecer reprováveis apenas do ponto de vista moral ou eleitoral, foram encaixados dentro de um plano maior de ruptura institucional. A trama delitiva ganhou coloridos expressivos com este seu desfecho, mostrando-se densa, com atos executórios iniciados ainda no ano de 2021”, acrescentou.

◍ Organização criminosa teria planejado e provocado a violência

Segundo o parecer da PGR, os atos de 8 de janeiro não foram espontâneos, mas fruto de planejamento desde 2021. Gonet destacou que as manifestações golpistas foram convocadas abertamente, com antecipação, por meio das redes sociais e de grupos de WhatsApp, sob o disfarce da “Festa da Selma”.

“Os convidados chegaram bem preparados, os trajes, em verde e amarelo, estavam coordenados, e as palavras de ordem, uníssonas, se referiam a 'código fonte', 'intervenção federal', 'SOS Forças Armadas', 'anulação das eleições', 'Bolsonaro no poder', 'tomada de poder'”, descreveu o procurador-geral.

De acordo com Gonet, os ataques não foram obra de uma massa desorganizada, mas de uma estrutura organizada que desejou, programou e incentivou a eclosão popular, disseminando uma narrativa golpista e antidemocrática desde antes do resultado das urnas.

“A todo momento, pela narrativa propagada, o grupo buscou a instabilidade social”, disse o chefe da PGR. “O 8.1.2023, visto de forma retrospectiva, nada mais consistiu do que o desfecho violento que se esperava”, concluiu.

◍ Aliados de Bolsonaro denunciados ao STF

O documento da PGR inclui, além de Bolsonaro, sete pessoas apontadas como parte do núcleo central da tentativa de golpe:

  •  Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro)
  •  Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional)
  •  Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)
  •  Anderson Torres (ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal)
  •  Alexandre Ramagem (deputado federal pelo PL-RJ e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência)
  •  Almir Garnier (ex-comandante da Marinha)
  •  Mauro Cid (tenente-coronel, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro)

A PGR aponta que o grupo atuou de forma coordenada para promover um movimento golpista que culminou na invasão e depredação do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal.

O julgamento dos réus ainda será conduzido pelo STF, que deverá analisar as alegações finais antes da sentença.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal Valor Econômico

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