terça-feira, 22 de julho de 2025

Bolsonaristas criticam decisão de Hugo Motta que suspendeu reuniões de comissões: 'absurdo total'

Oposição protestou contra ato que impede reuniões até 1º de agosto; base do governo apoiou medida que barra manobras pró-Bolsonaro

       Hugo Motta (Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados)

A decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), de suspender o funcionamento das comissões parlamentares durante o recesso informal provocou reações de parlamentares aliados de Jair Bolsonaro (PL). A medida, publicada em ato oficial nesta terça-feira (22), impede a convocação de qualquer comissão até o dia 1º de agosto, o que frustra os planos da oposição de realizar sessões para defender o ex-mandatário.

Segundo o jornal O Globo, bolsonaristas como Nikolas Ferreira (PL-MG), Mauricio Marcon (Podemos-RS) e Carlos Jordy (PL-RJ) foram às redes sociais para criticar a decisão. Já deputados governistas como Lindbergh Farias (PT-RJ) e Rogério Correia (PT-MG) saíram em defesa do presidente da Câmara. “A extrema-direita quer transformar o Parlamento num circo de horrores”, escreveu Lindbergh.

O ato de Hugo Motta impede, até 1º de agosto, “a realização de reuniões de comissões da Câmara dos Deputados”, conforme texto publicado na manhã desta terça-feira (22). A justificativa é o recesso informal, já que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), cuja votação oficializa o recesso, ainda não foi apreciada. O retorno das atividades legislativas está previsto para 4 de agosto, uma segunda-feira.

Mesmo com a proibição, a base bolsonarista tentou manter as sessões e convocaram as comissões de Segurança Pública e de Relações Exteriores, com o objetivo de criticar decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que impôs medidas cautelares a Bolsonaro, como o uso de tornozeleira eletrônica e o veto a publicações em redes sociais

O deputado Nikolas Ferreira ironizou a rapidez da medida. “Pra impedir parlamentar de falar é sempre tudo muito rápido”. Mauricio Marcon (Podemos-RS) foi mais agressivo ao insinuar que Hugo Motta teria se aliado a “ditadores”, sem nomeá-los. Já Julia Zanatta (PL-SC) relatou que sua assessora “quase desmaiou” ao saber que nem o ar-condicionado da sala de reuniões pôde ser ligado. Carlos Jordy classificou a medida como “absurdo total”. Ainda assim, parlamentares bolsonaristas abriram painel e registraram presença na Comissão de Segurança Pública nesta terça-feira.

Segundo Duda Salabert (PDT-MG), houve tentativa de aprovar uma “moção de aplauso para Bolsonaro”. A deputada afirmou que, caso insistam em desobedecer a decisão de Hugo Motta, solicitará à Comissão de Ética a suspensão dos mandatos desses parlamentares.

Rogério Marinho (PL-RN) foi chamado de “golpista” pelo deputado Rogério Correia (PT-MG), enquanto a base governista reiterou que o ato da presidência da Câmara está de acordo com o regimento da Casa. A decisão é vista como uma barreira a tentativas da oposição de transformar o recesso em palco para ataques ao Judiciário e defesa do ex-presidente.

Jair Bolsonaro esteve na Câmara nesta segunda-feira (21), circulou entre aliados, exibiu sua tornozeleira eletrônica à imprensa e discursou, apesar das restrições judiciais. Diante disso, a oposição organizou uma ofensiva legislativa, que inclui pressão sobre Hugo Motta para pautar projetos como a anistia aos presos do 8 de janeiro e mudanças nas regras do foro privilegiado — uma forma de deslocar eventuais processos de Bolsonaro do STF para a justiça comum. Segundo o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), essas serão prioridades da bancada.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

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