
As recentes sanções impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil inseriram o país na crescente lista de nações em que a imagem dos EUA se deteriorou drasticamente. Com informações do Globo.
A decisão de aplicar uma tarifa de 50% a produtos brasileiros, vinculada à tentativa de interferência em processos judiciais contra Jair Bolsonaro (PL), ampliou a rejeição à postura americana — e, segundo pesquisas, também minou a confiança da população brasileira nos EUA.
O impacto do tarifaço já é mensurável: 72% dos brasileiros consideram errada a tentativa de condicionar tarifas ao andamento de ações contra o ex-presidente, segundo pesquisa Genial/Quaest. Para 79%, a medida afetará diretamente a vida cotidiana. Já 63% discordam da tese propagada por Trump de que há um desequilíbrio injusto na balança comercial entre os dois países.
Embora o novo levantamento da Quaest não tenha medido diretamente a imagem dos EUA, dados anteriores do próprio instituto e do Pew Research Center já apontavam queda no apreço dos brasileiros desde que Trump assumiu. Em junho, mesmo antes do tarifaço, o índice de favorabilidade dos EUA no Brasil caiu de 64% para 56%.
A tendência é global. Segundo o Pew, 14 das 25 nações pesquisadas entre 2019 e 2025 registraram piora na percepção sobre os EUA. Em países como México e Canadá, vizinhos diretos dos americanos, os números saltaram: no caso mexicano, de 56% para 68% dos que veem os EUA como ameaça; no canadense, de 20% para 59%.
Nacionalismo
No Brasil, a interferência de Trump ajudou a unir setores em torno do discurso da soberania nacional, agora apropriado pelo governo Lula. A estratégia inclui resgatar símbolos como a bandeira e as cores verde e amarela, com uso até de bonés com a frase “Meu partido é o Brasil”.
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A postura nacionalista busca reverter a série de desgastes em pesquisas recentes — e, segundo o cientista político e sociólogo Antonio Lavareda, fundador do Ipespe, tem surtido efeito. “Há uma tendência de erosão substancial da confiança nos EUA”, afirmou ele.
A Atlas/Bloomberg também detectou crescimento da rejeição pessoal a Trump no Brasil: sua imagem negativa subiu de 52% para 63,2% em apenas seis meses, especialmente após a carta em que o ex-presidente dos EUA vinculou tarifas à defesa de Bolsonaro.
A iniciativa, considerada por analistas como um erro tático, contribuiu para o fortalecimento político de Lula diante do eleitorado e para um novo isolamento da direita bolsonarista.
Na mesma sexta-feira (18) em que a Polícia Federal (PF) determinou o uso de tornozeleira eletrônica por Bolsonaro para evitar fuga, o governo Trump anunciou a suspensão dos vistos de ministros do STF. A medida foi amplamente criticada. “Um erro básico de misturar justificativa econômica com a questão judicial”, definiu Lavareda.
Fonte: DCM com informações do jornal O Globo
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