Ação mobilizou 2,5 mil agentes e resultou na prisão de líderes do tráfico em uma ofensiva inédita
A maior operação já realizada contra o Comando Vermelho no Rio de Janeiro transformou os complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte da cidade, em cenário de guerra nesta terça-feira (28). A ação conjunta da Polícia Civil, Polícia Militar e do governo estadual mobilizou cerca de 2,5 mil agentes e resultou em 81 prisões e 64 mortes — entre elas, as de quatro policiais, dois civis e dois do Bope.
Durante entrevista coletiva no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), o governador Cláudio Castro afirmou que a operação foi planejada para ocorrer em áreas de mata, fora das comunidades, com o objetivo de reduzir riscos à população. Ele classificou a ofensiva como “a maior da história” e disse que o Estado agiu para conter o avanço territorial da facção.
Confira o ranking das operações mais letais na cidade:
- Operação desta terça nos Complexos Alemão e Penha: 60 mortes
- Jacarezinho (maio de 2021) – 28 mortos
- Vila Cruzeiro (maio de 2022) – 24 mortos
- Complexos do Alemão e da Penha (outubro de 2025) – 24 mortos
- Complexo do Alemão (junho de 2007) – 19 mortos
- Senador Camará (janeiro de 2003) – 15 mortos
- Fallet/Fogueteiro (fevereiro de 2019) – 15 mortos
- Complexo do Alemão (julho de 1994) – 14 mortos
- Complexo do Alemão (maio de 1995) – 13 mortos
- Morro do Vidigal (julho de 2006) – 13 mortos
- Catumbi (abril de 2007) – 13 mortos
☆ Drones e bombas contra policiais
A ação, deflagrada ao amanhecer, encontrou resistência violenta de criminosos, que usaram drones equipados com explosivos, bombas caseiras e veículos incendiados como barricadas. O confronto foi intenso nas duas comunidades, com relatos de moradores encurralados em casa e ruas interditadas por fogo e escombros.
Dois agentes da Polícia Civil morreram em serviço. Marcos Vinicius Cardoso Carvalho, de 51 anos, conhecido como Máskara, era chefe da 53ª DP (Mesquita) e foi atingido durante o confronto. O outro policial morto foi Rodrigo Velloso Cabral, de 34 anos, lotado na 39ª DP (Pavuna).
☆ Prisão de braço direito de Doca
Durante a coletiva, o secretário da Polícia Civil, Felipe Curi, recebeu a notícia de que o traficante Thiago do Nascimento Mendes, o Belão do Quitungo, havia sido preso. Ele é apontado como braço direito de Edgard Alves de Andrade, o Doca, considerado uma das principais lideranças do Comando Vermelho.
Belão, segundo a Polícia Civil, chefiava o tráfico no Morro do Quitungo, também na Penha, e estava envolvido em esquemas de tráfico de drogas, comércio ilegal de armas e confrontos entre facções. Sua prisão foi considerada um dos principais resultados da operação.
☆ Mandados e alvos do Ministério Público
A megaoperação tinha como foco o cumprimento de 51 mandados de prisão contra integrantes do CV no Complexo da Penha. Ela contou com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), da Core (Polícia Civil) e do Bope (Polícia Militar).
Segundo o Ministério Público, o Complexo da Penha é um ponto estratégico para o escoamento de drogas e armas devido à sua proximidade com vias expressas. O órgão denunciou 67 pessoas por associação ao tráfico e três por tortura. Entre os denunciados estão líderes como Doca, Pedro Paulo Guedes (Pedro Bala), Carlos Costa Neves (Gadernal) e Washington Cesar Braga da Silva (Grandão).
Essas lideranças, conforme a denúncia, comandam o comércio de entorpecentes, determinam escalas de vigilância armada e autorizam execuções de rivais ou subordinados que contrariem as ordens da facção. Outros 15 denunciados atuavam como gerentes do tráfico, responsáveis pela contabilidade e logística.
☆ Maior letalidade desde o Jacarezinho
Com 60 mortos confirmados, a operação entra para a história como uma das mais letais do estado. Fica atrás apenas da ação no Jacarezinho, em 2021, que deixou 28 mortos, e iguala a da Vila Cruzeiro, em 2022, com 24 óbitos. Todas ocorreram sob o governo Cláudio Castro.
O governo do estado sustenta que as ações visam desarticular o poderio bélico das facções, enquanto entidades de direitos humanos e parlamentares da oposição prometem cobrar explicações sobre a alta letalidade e os métodos empregados pelas forças de segurança.
Fonte: Agenda do Poder
 
 
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