Deputada está na lista da Interpol e já foi alvo de prisão preventiva determinada por Alexandre de Moraes
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi localizada pela polícia italiana em Roma, nesta segunda-feira (29), vivendo no sexto andar de um prédio nos arredores do Vaticano, conforme revelou a Revista Piauí.
Agentes da Digos, divisão italiana especializada em investigações e operações especiais, conduziram a parlamentar até uma delegacia para coleta de informações ao anoitecer, na capital do país europeu. Segundo o Ministério da Justiça do Brasil, Zambelli foi presa.
As autoridades italianas investigavam pistas sobre a localização da deputada em outras cidades, como Siena, e na região da Campânia, mas só agora conseguiram confirmar sua presença em Roma, na residência de uma brasileira.
◉ Condenação e fuga
Em maio deste ano, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Carla Zambelli a dez anos de prisão, além da perda de mandato, por ter contratado um hacker para invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Já no início de junho, o ministro Alexandre de Moraes determinou sua prisão preventiva. Porém, antes que a ordem fosse cumprida, Zambelli deixou o Brasil rumo aos Estados Unidos e, na sequência, partiu para a Itália, utilizando documentos que atestam sua cidadania italiana. Desde então, passou a integrar a lista de procurados da Interpol.
Mesmo após a ordem judicial que mandou bloquear suas redes sociais, Zambelli continuou se manifestando pela internet. Com uma nova conta no Instagram, ela publicou conteúdos nos quais chamava sua estadia na Itália de “exílio” e fazia ataques ao Supremo Tribunal Federal.
◉ Defesa e cassação
Em entrevista à GloboNews, na véspera da localização da deputada, o advogado Fábio Pagnozzi alegou que sua cliente estava “aguardando apenas um pedido formal das autoridades italianas para se apresentar”. No entanto, a prisão ocorreu de forma direta, por ação da polícia italiana em cooperação com autoridades brasileiras.
Apesar da condenação à perda de mandato, a cassação de Zambelli ainda está em curso na Câmara dos Deputados. Em junho, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), encaminhou o processo à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que ainda não concluiu a análise. Se o relatório for aprovado, o caso seguirá para votação no plenário.
◉ Ascensão e queda
Zambelli se tornou figura conhecida nacionalmente ao participar dos protestos pelo impeachment de Dilma Rousseff, em 2015 e 2016. Ligada ao bolsonarismo desde a eleição de Jair Bolsonaro em 2018, filiou-se ao PSL e se elegeu deputada federal por São Paulo. Em 2022, foi reeleita com cerca de 950 mil votos — a segunda maior votação do estado.
Entretanto, sua trajetória política sofreu forte abalo na reta final daquele pleito. Dias antes do segundo turno, Zambelli foi filmada empunhando uma arma de fogo durante uma discussão nas ruas do bairro dos Jardins, em São Paulo. A cena, que viralizou, expôs a parlamentar perseguindo um homem com a pistola em punho, tornando-se um episódio incômodo para a campanha de Bolsonaro.
Desde então, o ex-presidente e aliados a responsabilizam pela derrota nas urnas. “A Carla Zambelli tirou o mandato da gente”, declarou Bolsonaro recentemente a um podcast.
Por conta do episódio da arma, Zambelli responde ainda a um processo no STF por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal. A Corte já formou maioria para sua condenação nesse caso, embora a votação ainda não tenha sido finalizada.
Fonte: Brasil 247
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