Pedido foi enviado ao Supremo após informações da CPI das Bets; Polícia Federal quer apurar relação do senador com empresário dono da One Internet Group
A Polícia Federal (PF) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) autorização para abrir investigação contra o senador Ciro Nogueira (PP-PI) por supostas ligações com o empresário Fernando Oliveira Lima, conhecido como Fernandin OIG, dono da empresa One Internet Group. A informação foi publicada nesta quinta-feira (17) pela revista Piauí e repercutida pelo jornal O Globo.
Segundo a reportagem da Piauí, o pedido de abertura de inquérito foi protocolado no fim de maio e distribuído ao gabinete da ministra Cármen Lúcia. A investigação corre sob sigilo, motivo pelo qual o Supremo informou à reportagem de O Globo que não localizou registros recentes envolvendo o nome do senador, sem descartar a existência do processo em segredo de Justiça.
◎ Relatórios da CPI embasaram pedido
O pedido da Polícia Federal tem como base documentos enviados pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora da CPI das Bets, que encaminhou informações da comissão à Procuradoria-Geral da República (PGR) e à própria PF. Entre os elementos estão relatórios de inteligência financeira que apontam movimentações suspeitas envolvendo Ciro Nogueira, seu ex-assessor e Fernandin OIG.
Conforme revelou a revista Piauí, os relatórios mostram que Fernandin teria transferido R$ 625 mil para um ex-assessor de Nogueira, que, posteriormente, depositou R$ 35 mil na conta do senador. Questionado pela reportagem da Piauí, Ciro alegou que o repasse de R$ 35 mil seria um reembolso de despesas com hotel na Itália, enquanto os R$ 625 mil pagos ao ex-assessor seriam relacionados à compra de um relógio de luxo negociado entre o empresário e o assessor.
A senadora Soraya Thronicke, na época da apuração da CPI, já havia solicitado a exclusão de Nogueira da comissão parlamentar após virem à tona informações de uma viagem do senador em jatinho de propriedade de Fernandin OIG, com destino à Europa para acompanhar o Grande Prêmio de Mônaco de Fórmula 1.
◎ Rejeição do relatório final da CPI blindou influenciadores
Apesar das denúncias, o relatório final da CPI das Bets, apresentado por Soraya Thronicke, foi rejeitado pelos membros da comissão em junho. O documento pedia o indiciamento de diversos influenciadores digitais e empresários, incluindo Fernandin OIG, sob a acusação de uso de contratos de publicidade e serviços digitais como fachada para encobrir receitas oriundas de apostas ilegais.
A rejeição do relatório se deu por uma diferença de quatro votos. Foram contrários ao indiciamento os senadores Angelo Coronel (PSD-BA), Eduardo Gomes (PL-TO), Efraim Filho (União-PB) e Professora Dorinha Seabra (União-TO). Apenas Soraya Thronicke, Eduardo Girão (Novo-CE) e Alessandro Vieira (MDB-SE) votaram favoravelmente ao parecer.
◎ Empresário se defendeu na CPI
Em depoimento à CPI, Fernandin OIG alegou que o chamado “Jogo do Tigrinho” é "malfalado" devido à atuação de empresas clandestinas que manipulam algoritmos para concentrar os lucros das apostas. O empresário negou ser o dono do jogo no Brasil e prometeu entregar um estudo técnico sobre o funcionamento dessas empresas à comissão parlamentar.
Ainda segundo dados do governo federal citados pela Piauí, o Brasil teria hoje mais de 5,2 mil sites ilegais de apostas, também conhecidos como “bets”.
◎ PF e STF não se manifestaram sobre o caso
Procurados por O Globo, tanto o senador Ciro Nogueira quanto a Polícia Federal preferiram o silêncio. A PF informou, por meio de nota oficial, que “não se manifesta sobre eventuais investigações em andamento”. Já a assessoria do STF reiterou que não localizou processos públicos contra o parlamentar, admitindo a possibilidade de a investigação estar sob sigilo.
Com o avanço das apurações, a situação de Ciro Nogueira deve ganhar novos desdobramentos, alimentando o debate sobre a regulação das apostas esportivas e o financiamento de atividades políticas no Brasil.
Fonte: Brasil 247 com informação publicada pela revista Piauí e repercutida pelo jornal O Globo
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