Lula critica pressão de Trump e reforça soberania do país, ao mesmo tempo em que prepara resposta à ameaça de taxação de produtos nacionais pelos EUA
Durante evento em Juazeiro (BA), nesta quinta-feira (17/7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu com veemência à pressão feita pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo reportagem publicada pelo portal Metrópoles, Lula afirmou que, se Bolsonaro for condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, “o lugar dele é no xilindró”.
A declaração ocorreu em meio à crise diplomática provocada pela carta enviada por Trump ao governo brasileiro, na qual o republicano ameaça impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, caso Bolsonaro seja condenado. A carta foi considerada “desaforada” por Lula, que rechaçou a tentativa de interferência estrangeira nos assuntos internos do Brasil.
“Primeiro, quem vai condenar Bolsonaro não é o presidente da República, não é o governador da Bahia, mas a Suprema Corte brasileira. Então Bolsonaro será julgado e, se for condenado, o lugar dele é no xilindró. Neste país, a lei vale para todo mundo. Ninguém é melhor que ninguém”, afirmou o presidente.
Lula também ironizou a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a quem se referiu como “filho do coisa”, acusando-o de ter ido aos Estados Unidos pedir apoio a Trump para interferir no processo judicial brasileiro.
“Estes dias o presidente Trump, a troco não sei de que — talvez a pedido do filho do ‘coisa’, o filho do ‘coisa’ é deputado, pediu licença pra ir lá pedir golpe a Trump no Brasil —, manda uma carta desaforada pra mim… Desaforada. ‘Se não soltar Bolsonaro, dia 1º de agosto vou taxar o Brasil em 50%’. Veja que coisa absurda”, criticou Lula diante do público.
As falas na Bahia integraram uma série de manifestações públicas do presidente ao longo do dia sobre o tema. Mais cedo, ele já havia abordado a questão da taxação norte-americana em discurso no congresso da UNE, em Goiânia, e durante entrevista à rede CNN Internacional. A estratégia do Palácio do Planalto parece ser transformar a ameaça de Trump em um fator de unidade nacional e, especialmente, de aproximação com o empresariado brasileiro.
Segundo Lula, o Executivo brasileiro respeita a separação entre os Poderes e não aceitará pressões externas. “Sou um homem nascido na negociação. Nasci na vida política negociando, fazia greve e negociava. No governo quero fazer o mesmo, mas é preciso que o presidente dos EUA entenda que não é imperador do mundo. Para cuidar do Brasil, quem cuida somos nós”, declarou.
O presidente brasileiro também aproveitou a ocasião para acenar novamente com a possibilidade de disputar a reeleição em 2026, caso seja necessário conter o avanço da extrema direita. “Ainda está longe da eleição. Mas quero dizer que se for necessário ser candidato para evitar que essa turma do coisa volte, fique ficar certo que serei candidato para ganhar essas eleições. Nós vamos fortalecer e consolidar a democracia brasileira”, afirmou.
A visita de Lula à Bahia teve como objetivo central a entrega de investimentos na área da saúde, no âmbito do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A cerimônia em Juazeiro contou com a presença do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e dos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Saúde). No evento, foram anunciadas obras do PAC Seleções 2025 voltadas para saúde, educação, mobilidade urbana, qualidade de vida e acesso a direitos sociais.
Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles
Nenhum comentário:
Postar um comentário