quinta-feira, 10 de julho de 2025

Alcolumbre e Hugo Motta se calam após Trump anunciar sobretaxa contra o Brasil

Presidentes do Senado e da Câmara não comentaram ofensiva de Donald Trump, que impôs tarifa de 50% e atacou decisões do STF

Hugo Motta e Davi Alcolumbre
Hugo Motta e Davi Alcolumbre (Foto: Andressa Anholete/Agência Senado)

As principais lideranças do Congresso Nacional permaneceram em silêncio diante da ofensiva comercial deflagrada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil. Nesta quarta-feira (9), Trump anunciou uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, medida que veio acompanhada de críticas diretas ao Judiciário brasileiro e menção a Jair Bolsonaro (PL).

Apesar da gravidade do anúncio, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), optaram por não se pronunciar publicamente, informa a Folha de S. Paulo. Motta chegou a conduzir os trabalhos no plenário da Câmara durante o dia, mas evitou comentar o assunto, mesmo após ser procurado por jornalistas. Alcolumbre, por sua vez, não participou da sessão no Senado, mas estava em Brasília e também se manteve em silêncio.

★ Trump mira Brasil em defesa de Bolsonaro - Na carta enviada ao governo brasileiro, Trump afirmou que a decisão de sobretaxar o Brasil se deve, em parte, aos “ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos”. O documento foi devolvido oficialmente pelo governo brasileiro.

A tarifa de 50% foi a mais alta entre as 21 medidas protecionistas anunciadas nesta semana por Trump. O republicano justificou a medida alegando preocupação com decisões judiciais brasileiras que, segundo ele, limitam a atuação de plataformas digitais.

Em resposta à medida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, conversaram por telefone no início da noite. De acordo com interlocutores, ficou decidido que as reações oficiais do Brasil serão conduzidas pelo Executivo, com foco no Palácio do Planalto, Itamaraty e outros órgãos do governo.

Nos bastidores, ministros do STF afirmaram que não pretendem se pronunciar publicamente neste momento, por considerarem que a atitude de Trump tem natureza política e não impacta diretamente os processos em curso no tribunal.

★ Reações no Congresso - Durante o dia, a decisão de Trump gerou intensos debates entre parlamentares. Aliados do governo Lula apontaram Bolsonaro como responsável por mais um episódio de desgaste internacional do Brasil. Já deputados bolsonaristas culparam a política externa do atual governo, acusando-o de gerar atritos com os Estados Unidos.

A bancada ruralista, representada pelo deputado Pedro Lupion (PP-PR) e pela senadora Tereza Cristina (PP-MS), vice-presidente do grupo e ex-ministra da Agricultura de Bolsonaro, divulgou nota em que manifesta preocupação com os impactos da nova tarifa sobre o agronegócio. “A nova alíquota produz reflexos diretos e atinge o agronegócio nacional, com impactos no câmbio, no consequente aumento do custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras”, alertou a nota, que defende uma resposta “firme e estratégica”.

★ Lula responde: “Brasil é soberano” - À noite, Lula se pronunciou pelas redes sociais e por meio de nota oficial do Palácio do Planalto. O presidente reafirmou a soberania do Brasil e o respeito às instituições nacionais: “o Brasil é um país soberano, com instituições independentes e não aceitará ser tutelado por ninguém”.

A nota também rebate a tentativa de interferência de Trump no processo judicial que envolve Bolsonaro, réu no Supremo por liderar uma tentativa de golpe de Estado em 2022. “O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de Estado é de competência apenas da Justiça brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”, afirmou Lula.

Por fim, o presidente destacou a diferença entre liberdade de expressão e disseminação de violência: “no Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas. Para operar em nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras estão submetidas à legislação brasileira”.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

STF vê Trump preparando fuga de Bolsonaro, réu por tentativa de golpe

Para os magistrados, o presidente dos EUA e aliados de Bolsonaro tentam criar as condições para a concessão de asilo político

Estátua da Justiça em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal em Brasília e Jair Bolsonaro
Estátua da Justiça em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal em Brasília e Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Ricardo Moraes | REUTERS/Adriano Machado)

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) interpretam as recentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como parte de uma estratégia para permitir que Jair Bolsonaro (PL) fuja do Brasil sob a justificativa de perseguição política, informa Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.

Segundo relataram aliados de Bolsonaro ao próprio Supremo, ele estaria em “estado de pânico” diante da possibilidade concreta de prisão, e seu histórico reforça essa hipótese, lembram os magistrados. Entre os sinais observados, está a estadia de Bolsonaro por duas noites na embaixada da Hungria, após ter o passaporte apreendido.

Outro indicativo, para os ministros, seria a mudança do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para os Estados Unidos. Em declarações públicas, o parlamentar passou a se referir a si próprio como “deputado em exílio”, em clara tentativa de construir a narrativa de perseguição familiar.

Trump intensifica defesa de Bolsonaro - Donald Trump tem reforçado publicamente sua defesa a Bolsonaro, com discursos carregados de acusações falsas ao sistema de justiça brasileiro. Na quarta-feira (9), Trump escreveu em sua rede social: “deixem o grande ex-presidente do Brasil em paz. Caça às bruxas!!!". Três dias antes, já havia publicado: “eu tenho assistido, assim como o mundo, como eles não fizeram nada além de ir atrás dele, dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano! Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo”.

Além das postagens, Trump enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na qual afirmou que “este julgamento não deveria estar acontecendo” e que ele deve “acabar imediatamente!". O republicano ainda chamou a situação de “vergonha interna”, sugerindo interferência direta nos assuntos do Judiciário brasileiro.

Segundo ministros do STF, essas falas de Trump sinalizam a montagem de um cenário de “asilo político”, no qual Bolsonaro seria apresentado como alvo de perseguição, criando assim as condições para um eventual acolhimento legal nos Estados Unidos.

A avaliação do Supremo considera o passado de Bolsonaro, que indica uma tentativa de escapar de processos judiciais. Em dezembro de 2022, antes mesmo do fim de seu mandato, o ex-presidente viajou para os Estados Unidos, alegando um “pressentimento” de que poderia enfrentar problemas no Brasil — como ele próprio admitiu posteriormente.

A relação com o governo da Hungria, liderado pelo ultradireitista Viktor Orbán, também foi lembrada pelos ministros. Após ter o passaporte retido pela Polícia Federal, Bolsonaro passou duas noites hospedado na embaixada húngara em Brasília, o que também foi visto como um possível ensaio de fuga.

O temor de uma evasão do país é compartilhado entre integrantes do STF que acompanham de perto os desdobramentos judiciais envolvendo o ex-presidente. No entendimento desses magistrados, o aumento da pressão nos processos pode acelerar os planos de Bolsonaro de buscar abrigo no exterior, com apoio explícito de Trump.

Réu por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro está sujeito à adoção de medidas cautelares para garantir o cumprimento de eventual pena. Estas medidas estão previstas no ordenamento jurídico brasileiro e têm como objetivo garantir a efetividade do processo penal e a aplicação da lei. As medidas cauterales incluem: prisão preventiva, proibição de ausentar-se da comarca ou do país, recolhimento domiciliar noturno e nos fins de semana, cancelamento ou apreensão de passaporte e inserção do nome em listas de controle migratório.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

“O motivo da braveza toda são os BRICS”, diz Kátia Abreu, ao comentar a agressão trumpista

Ex-ministra da Agricultura afirma que avanço do bloco liderado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul está na raiz do ataque de Trump ao País

Senadora deixou o PDT após votar a favor da reforma da Previdência
Senadora deixou o PDT após votar a favor da reforma da Previdência (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A ex-ministra da Agricultura e ex-senadora Kátia Abreu atribuiu o ataque tarifário do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao avanço estratégico dos BRICS. Em comentário publicado nas redes sociais, nesta quinta-feira 10, Kátia afirmou que a razão por trás da “braveza” de Trump não está nos processos contra Jair Bolsonaro ou nas decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), mas sim no fortalecimento do bloco econômico que vem desafiando a hegemonia ocidental.

A declaração da ex-ministra insere uma nova perspectiva geopolítica no debate provocado pela medida extrema adotada por Trump, que enviou uma carta ao presidente Lula para comunicar a aplicação de tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras aos Estados Unidos. A justificativa oficial de Trump é a de que o Brasil estaria perseguindo seu aliado Jair Bolsonaro e punindo, por meio do Judiciário, empresas de tecnologia americanas — alegações consideradas absurdas e inaceitáveis por diversas autoridades brasileiras.

Na visão de Kátia Abreu, no entanto, a verdadeira motivação seria o temor do avanço dos BRICS como polo de poder econômico e político global, especialmente diante da possibilidade de criação de um sistema de pagamentos próprio, semelhante ao SWIFT — rede bancária internacional controlada majoritariamente por países ocidentais. A proposta de um sistema alternativo pelos BRICS vem sendo discutida para reduzir a dependência do dólar nas transações internacionais e reforçar a soberania financeira dos países-membros.

A fala de Kátia ecoa um sentimento crescente entre lideranças políticas e econômicas do Sul Global de que a agressividade de Trump se conecta a um movimento de contenção à emergência de uma nova ordem multipolar. Com a entrada de novos membros no bloco, os BRICS ampliaram sua projeção geoeconômica, o que tem gerado desconforto nas potências ocidentais.

Embora Trump tenha declarado que sua medida visa defender os interesses americanos, especialistas e políticos apontam que a decisão representa uma forma de pressão injustificável e de ingerência nos assuntos internos do Brasil, especialmente ao tentar interferir nas decisões do Judiciário. O governo brasileiro já indicou que responderá à altura, com base no princípio da reciprocidade.

Com sua declaração, Kátia Abreu amplia o campo da análise, apontando que a disputa travada por Trump não se resume a episódios pontuais, mas faz parte de uma batalha maior: a do futuro da governança global. Nesse contexto, o fortalecimento dos BRICS representa uma ameaça direta à velha ordem que Trump, com sua retórica agressiva e isolacionista, tenta desesperadamente preservar.

Fonte: Brasil 247

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Líder do governo no Senado, Jaques Wagner manda recado a Trump: 'o Brasil é dos brasileiros, não de capachos’

“O Brasil não será quintal do país de ninguém”, escreveu o senador do PT em rede social

Jaques Wagner
Jaques Wagner (Foto: Andressa Anholete / Agência Senado)

O senador Jaques Wagner (PT-BA) afirmou nesta quarta-feira (9) que a decisão anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 50% ao Brasil é “autoritária” e “unilateral”.

De acordo com o parlamentar, “o presidente norte-americano está confundindo a quem está se dirigindo”. “O Brasil não será quintal do país de ninguém. Quem decide a nossa vida somos nós. Que fique claro: o Brasil é dos brasileiros e não de capachos!”, escreveu o petista na rede social X.

“Respeita o Brasil. A pedido da família Bolsonaro, Donald Trump anuncia a taxação de 50% em todos os produtos brasileiros, de forma autoritária e unilateral”, complementou o senador.

Fonte: Brasil 247

Brasil responderá ao tarifaço de Trump com base na Lei de Reciprocidade, diz Lula


Montagem de fotos de Donald Trump gritando e Lula sereno
Donald Trump, presidente dos EUA, e Lula, presidente do Brasil – Reprodução

Na noite desta quarta-feira (9), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou sua página no X para se pronunciar a respeito tarifa de importação de 50% sobre todos os produtos brasileiros anunciada mais cedo por Donald Trump. O chefe do governo norte-americano impôs a medida como uma represália aos processos dos quais Jair Bolsonaro (PL) é alvo.

Em seu texto, o petista destacou o fato de o Brasil ser um país soberano e reforçou que ele não aceitará tutela de ninguém. Lula ainda lembrou que a ação judicial contra os acusados de planejar um golpe de Estado é uma competência da Justiça Brasileira:

“Tendo em vista a manifestação pública do presidente norte-americano Donald Trump apresentada em uma rede social, na tarde desta-quarta (9), é importante ressaltar:

O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém.

O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais.

No contexto das plataformas digitais, a sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a liberdade democrática.

No Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas. Para operar em nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras estão submetidas à legislação brasileira.

É falsa a informação, no caso da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, sobre o alegado déficit norte-americano. As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de 410 bilhões de dólares ao longo dos últimos 15 anos.

Neste sentido, qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica.

A soberania, o respeito e a defesa intransigente dos interesses do povo brasileiro são os valores que orientam a nossa relação com o mundo”.

Fonte: DCM

RESPEITA O BRASIL: web reage ao tarifaço de Trump

 

Donald Trump gritando
Donald Trump, presidente dos EUA – Reprodução
Nesta quarta-feira (9), a tag ‘RESPEITA O BRASIL’ ficou entre os assuntos mais comentados do X depois que Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, anunciou a aplicação de uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil. A medida é uma represália à situação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe.

“Não podemos continuar tratando como parceiro um país que persegue adversários políticos”, escreveu o republicano, em alusão direta ao Judiciário brasileiro e ao que classifica como uma “injustiça” contra Bolsonaro. A fala reforça o tom de interferência nas instituições brasileiras, que já havia sido criticado oficialmente pelo Itamaraty horas antes.

Nas redes sociais, internautas elogiaram o posicionamento do governo brasileiro frente às ameaças norte-americanas. “Parabéns @LulaOficial por não aceitar interferência dos EUA. O BRASIL É SOBERANO, O BRASIL NÃO É QUINTAL AMERICANO. RESPEITA O BRASIL”, pediu uma usuária do X identificada como Malu.

Confira a repercussão:

Fonte: DCM

Comissão da Câmara dominada por bolsonaristas aprova “moção de louvor” a Trump

 

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Reprodução

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (9) uma moção de louvor ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O requerimento, apresentado pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), destaca o republicano como um “exemplo a ser seguido” na condução de uma democracia.

O texto, de caráter simbólico, afirma que Trump “deve ser enaltecido e lembrado como um dos melhores presidentes do mundo e exemplo a ser seguido para a implementação e manutenção de uma democracia moderna e justa”. A proposta ressalta supostos feitos dos primeiros cem dias do governo do republicano.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Foto: Reprodução

Entre os pontos destacados está o “perdão dos envolvidos no incidente de 6 de janeiro de 2021, no Capitólio dos EUA”. Na data, apoiadores de Trump invadiram o Congresso americano tentando impedir a certificação da vitória de Joe Biden. Cinco pessoas morreram no ataque, que é frequentemente comparado aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 no Brasil.

A mesma comissão, presidida pelo deputado federal Filipe Barros (PL-PR), já havia aprovado, neste ano, uma moção de louvor a Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que alegou estar sendo perseguido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao pedir licença do mandato.

O requerimento foi apreciado na semana em que Brasil e Estados Unidos vivem uma tensão diplomática, depois que Trump saiu em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais. Trump se manifestou, pelo segundo dia consecutivo, em defesa de Bolsonaro.

Após o republicano defender o ex-capitão e a Embaixada dos EUA reforçar a posição do líder norte-americano, o Itamaraty convocou o representante da missão diplomática, Gabriel Escobar, para prestar esclarecimentos.

Fonte: DCM

Taxa de 50%: Veja os produtos que o Brasil mais exporta para os Estados Unidos

 

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante visita à U.S. Steel Corporation – Irvin Works, em West Mifflin. Foto: REUTERS/Leah Millis

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (9) a aplicação de uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil. A medida, que entra em vigor em 1º de agosto, representa a alíquota mais alta entre as novas sanções comerciais anunciadas pelo republicano nesta semana.

A decisão foi comunicada por meio de uma carta endereçada ao presidente Lula (PT), divulgada na plataforma Truth Social, rede social de Trump.

No texto, o republicano afirma que a medida se justifica por uma relação que considera “desbalanceada” com o Brasil, mas também faz referência explícita à situação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe.

Relação comercial em números

Os Estados Unidos são o segundo principal parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. As exportações brasileiras para os EUA somaram US$ 3,36 bilhões em junho de 2025, uma alta de 2,4% em comparação com o mesmo mês de 2024. No acumulado do primeiro semestre deste ano, o país exportou US$ 20,02 bilhões, com crescimento de 4,4%.

Principais produtos exportados pelo Brasil aos EUA em junho de 2025:

  • Ferro ou aço semi-acabado: US$ 423,93 milhões (+63,29%)
  • Petróleo bruto: US$ 268,95 milhões (–47,87%)
  • Aeronaves e partes: US$ 241,90 milhões (–19,24%)
  • Ferro-gusa e ligas: US$ 174,39 milhões (+66,52%)
  • Celulose: US$ 158,07 milhões (–13,88%)

Mais exportados no 1º semestre de 2025:

  • Petróleo bruto: US$ 2,378 bilhões (–24,47%)
  • Ferro ou aço semi-acabado: US$ 1,951 bilhão (+15,87%)
  • Café não torrado: US$ 1,168 bilhão (+38,84%)
  • Aeronaves e partes: US$ 1,043 bilhão (+12,14%)
  • Ferro-gusa e ligas: US$ 865,77 milhões (+1,79%)

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Contêineres em porto. Foto: Manu Dias/GovBA

Importações do Brasil vindas dos EUA também crescem


Apesar do crescimento das exportações, o Brasil importou mais do que vendeu aos EUA no mesmo período. As importações em junho foram de US$ 3,96 bilhões, alta de 18,5% em relação a junho de 2024. No acumulado do semestre, chegaram a US$ 21,70 bilhões, crescimento de 11,5%.

Com isso, a balança comercial com os EUA ficou negativa para o Brasil, com déficit de US$ 590 milhões em junho e de US$ 1,67 bilhão no semestre.

Produtos mais importados dos EUA em junho de 2025:

  • Máquinas e motores não elétricos: US$ 631,74 milhões (+26,50%)
  • Óleos combustíveis (exceto brutos): US$ 467,21 milhões (+85,85%)
  • Aeronaves e partes: US$ 296,57 milhões (+73,34%)
  • Petróleo bruto: US$ 157,45 milhões (+14,26%)
  • Medicamentos (incluindo veterinários): US$ 127,69 milhões (+53,10%)

Mais importados no 1º semestre de 2025:

  • Máquinas e motores não elétricos: US$ 3,577 bilhões (+26,20%)
  • Óleos combustíveis: US$ 2,233 bilhões (+37,13%)
  • Aeronaves e partes: US$ 1,120 bilhão (+35,69%)
  • Petróleo bruto: US$ 1,098 bilhão (+35,61%)
  • Polímeros de etileno (formas primárias): US$ 720,63 milhões (–16,53%)
Os dados foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Fonte: DCM

Dino defende STF após Trump anunciar tarifa contra o Brasil e criticar julgamento de Bolsonaro

Presidente dos EUA chamou julgamento de Bolsonaro de “vergonha internacional” e impôs tarifa de 50% sobre produtos brasileiros

Flávio Dino - 26/03/2025
Flávio Dino - 26/03/2025 (Foto: Rosinei Coutinho/STF)

Em postagem nas redes sociais nesta quarta-feira (9), o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), saiu em defesa da Corte após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil.

Segundo Trump, uma das justificativas para a medida seria o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo STF. “Uma honra integrar o Supremo Tribunal Federal, que exerce com seriedade a função de proteger a soberania nacional, a democracia, os direitos e as liberdades, tudo nos termos da Constituição do BRASIL e das nossas leis”, escreveu Dino em sua conta oficial.

Atualmente, o Brasil já paga 10% de tarifas sobre produtos exportados aos Estados Unidos, taxa que havia sido fixada pelo governo Trump em 2 de abril deste ano. Com a nova decisão, as tarifas quintuplicam e passarão a valer a partir de 1º de agosto.

Fonte: Brasil 247

Alckmin critica Trump por sobretaxa ao Brasil: “Medida injusta e ruim para os EUA”

Vice-presidente responde a ameaças de tarifas do presidente Donald Trump e diz que Brasil não representa risco comercial aos Estados Unidos

Vice-presidente Geraldo Alckmin discursa durante Cúpula dos Brics, no Rio de Janeiro - 07/07/2025
Vice-presidente Geraldo Alckmin discursa durante Cúpula dos Brics, no Rio de Janeiro - 07/07/2025 (Foto: Agência Brasil/Fernando Frazão)

Em declaração à imprensa nesta quarta-feira (9), o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, reagiu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.

Antes do anúncio sobre a taxação, que é parte da guerra comercial trumpista, Alckmin disse que o aumento seria “injusto” e traria mais prejuízos à própria economia americana do que ao Brasil. “Eu não vejo nenhuma razão para aumento de tarifa em relação ao Brasil. O Brasil não é problema para os Estados Unidos. Então, é uma medida que em relação ao Brasil é injusta e prejudica a própria economia americana”, declarou Alckmin, criticando diretamente a postura adotada por Trump.

Em evento na Casa Branca com líderes da África Ocidental, Trump deixou claro que medidas contra o Brasil estão em análise. “O Brasil, por exemplo, não tem sido bom para nós, nada bom. Vamos divulgar um dado sobre o Brasil, acredito, no final desta tarde ou amanhã de manhã”, afirmou o presidente norte-americano.

Nos últimos dias, Trump tem adotado uma escalada protecionista, anunciando tarifas contra diferentes parceiros comerciais, sob a justificativa de buscar "reciprocidade" nos acordos. Até o momento, os Estados Unidos firmaram apenas dois novos acordos comerciais significativos, com o Vietnã e com o Reino Unido, além de avanços em tratativas com a China. O Brasil, por sua vez, tem preferido uma abordagem cautelosa, evitando reações duras.

Menor tarifa, tom cauteloso

Entre os países afetados pelas chamadas tarifas recíprocas anunciadas por Trump, o Brasil foi um dos menos atingidos, com uma sobretaxa de 10% sobre seus produtos. Ainda assim, o governo brasileiro se mantém atento e busca sustentar suas negociações com base em dados sólidos: o comércio entre os dois países é superavitário para os EUA, argumento reforçado nas rodadas diplomáticas.

Apesar da posição diplomática adotada nos bastidores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem usado um tom mais incisivo em discursos públicos ao se referir à postura de Trump. Em ocasiões recentes, o presidente brasileiro comparou o norte-americano a um “imperador” e defendeu a diminuição da dependência do dólar no comércio internacional, inclusive durante reuniões do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Fonte: Brasil 247 com informações da CNN